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Sistema contínuo de segunda ordem

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Um Sistema contínuo de segunda ordem é o Sistema dinâmico contínuo generalizado para sistemas mais gerais, de segunda ordem. Possibilitando reduzir qualquer sistema de equações diferenciais ordinárias a um sistema de várias equações, autônomas e de primeira ordem. [1]

Queda livre[editar | editar código-fonte]

No problema da queda livre de um objeto, para calcular a altura em função do tempo, é preciso resolver a equação diferencial [1]

onde é obtida a partir da equação que já resolvemos no capítulo anterior

Aplicando o método de Euler, teremos que encontrar duas sequências a partir de dois valores iniciais conhecidos:

usando as relações de recorrência:

onde é um pequeno intervalo de tempo e a aceleração calcula-se a partir de uma função conhecida, que depende de

O método do ponto médio consiste em usar a média entre e para calcular

ou, substituindo a expressão para na segunda equação:

Lançamento de projéteis[editar | editar código-fonte]

O movimento de um projétil, sob a ação da gravidade é um movimento plano, no plano definido pela gravidade e pela velocidade inicial. A posição, velocidade e a aceleração instantânea são vetores com duas componentes, por exemplo, e , que verificam duas equações diferenciais [1]

Essas equações são uma generalização vetorial das equações . Assim, o método de Euler também pode ser generalizado facilmente, introduzindo vetores nas equações

Essas equações resolvem-se em forma iterativa, começando com um valor conhecido para os vectores posição e velocidade iniciais.

Sistemas de segunda ordem[editar | editar código-fonte]

As funções e , calculadas num dado ponto , definem a velocidade de fase nesse ponto.

Um sistema autônomo de segunda ordem consiste em duas variáveis e que dependem do tempo, e duas equações de evolução, independentes do tempo:

O espaço de fase desse sistema é o plano , formado pelas duas variáveis de estado.

O vector , construído a partir das duas funções nas equações de evolução acima, é a ``velocidade com que o estado se desloca no espaço de fase. A velocidade de fase em cada ponto do espaço de fase representa-se por um múltiplo positivo do vetor nesse ponto. Usa-se um fator de escala para evitar complicar o desenho com vectores muito compridos a cruzarem-se.

Retrato de fase[editar | editar código-fonte]

O retrato de fase de um sistema autônomo de segunda ordem é uma representação gráfica do campo de direções, no espaço de fase a duas dimensões, mostrando os pontos fixos e algumas soluções que entram ou saem desses pontos. [1]

Resolução analítica das equações de segunda ordem[editar | editar código-fonte]

Existem dois tipos de equações de segunda ordem que podem ser resolvidas analiticamente. O primeiro tipo são as equações lineares com coeficientes constantes, com a forma geral [1]


onde , e são constantes, e tem alguma forma simples.

O segundo tipo de equação é a equação de Euler

Equações autônomas de segunda ordem[editar | editar código-fonte]

As equações diferenciais autônomas de segunda ordem são as que não dependem explicitamente da variável independente. Podem ser reduzidas a duas equações independentes, de primeira ordem. A forma geral de uma equação autônoma de segunda ordem é:

se designarmos de a função , a equação passa a ser de primeira ordem

mas como há 3 variáveis nesta equação, ela não pode ser resolvida independentemente mas deverá ser resolvida juntamente com a equação . Um método mais simples, que não exige a resolução de duas equações em simultâneo, consiste em obter uma equação diferencial ordinária (unicamente duas variáveis), usando a seguinte substituição:

substituindo na equação, obtém-se

que é uma EDO de primeira ordem, com variável independente e variável dependente . Cada solução dessa EDO será uma função que representa em função da variável . Para calcular resolve-se a seguir

que é também uma equação autônoma, mas de primeira ordem.

A dificuldade deste método é que nem sempre é possível escrever as soluções da equação na forma explícita .

Na analogia mecânica, é a velocidade e a função na equação é a força resultante, por unidade de massa.

Sistemas não autônomos e derivadas de ordem superior[editar | editar código-fonte]

Se as funções ou , nos Sistemas de segunda ordem, dependessem do tempo, o sistema deixaria de ser autônomo.

No entanto o sistema pode ser convertido num sistema autônomo, considerando o tempo como mais uma variável de estado, e introduzindo uma equação diferencial trivial para a derivada de (a derivada de em função de é 1).

Outra forma em que um sistema pode diferir da forma padrão será se aparecerem derivadas de ordem superior.

Nesse caso as derivadas de ordem superior podem ser reduzidas a primeira ordem, introduzindo mais variáveis. Vamos ilustrar esses métodos para obter sistemas autônomos por meio de um exemplo.

Transformando o seguinte sistema num sistema autônomo:


Resolução: Se fosse também variável de estado, o sistema seria autônomo; mas deveria haver uma equação de evolução para essa nova variável de estado. Assim, introduzimos mais uma equação (trivial):

Assim, o sistema é equivalente a um sistema autônomo de terceira ordem:

O espaço de fase tem três dimensões.

Eliminação de singularidades[editar | editar código-fonte]

Os métodos para resolver equações diferenciais estudados nas secções anteriores calculam o valor da solução a partir do valor da derivada num ponto inicial. Se a derivada no ponto inicial for infinita, o método falha. Quando o diagrama do campo de direções de um sistema, no plano , apresentar pontos onde o declive for vertical, os métodos numéricos falham nesses pontos. O problema pode ser resolvido introduzindo um parâmetro adicional, como é feito no exemplo seguinte. [1]

Encontramos a solução do sistema:

Resolução: O estado inicial, , , conduz a uma derivada infinita; assim, não vai ser possível calcular a derivada no ponto inicial (3,0). Não será possível representar o campo de direções nesse ponto, e os métodos numéricos não poderão ser usados para calcular a solução.

Introduzindo um parâmetro adicional, , admitimos que as duas variáveis, e dependem de . A equação é equivalente ao sistema de equações

Referências

  1. a b c d e f [ Introdução aos sistemas dinâmicos. Porto: Jaime E. Villate, 27 de fevereiro de 2007. 204 págs]. Creative Commons Atribuição-Partilha (versão 3.0) ISBN972-99396-0-8. Acesso em 09 julho. 2013.

Ver também[editar | editar código-fonte]