Fernando Braga Ubatuba
Fernando Braga Ubatuba | |
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Conhecido(a) por | aposentado compulsoriamente pela Ditadura Militar |
Nascimento | 9 de novembro de 1917 Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil |
Morte | 9 de março de 2003 (85 anos) Rio de Janeiro, RJ, Brasil |
Residência | Brasil |
Nacionalidade | brasileira |
Cônjuge | Arlette F. Ramos Ubatuba |
Alma mater | Faculdade de Medicina da Universidade do Brasil |
Prêmios | Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico (1995) |
Instituições | |
Campo(s) | Medicina e fisiologia |
Fernando Braga Ubatuba (Pelotas, 9 de novembro de 1917 – Rio de Janeiro, 9 de março de 2003) foi um médico e pesquisador brasileiro.
Membro da Academia Brasileira de Ciências, Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico, foi um dos cientistas compulsoriamente aposentados pela Ditadura militar brasileira, evento conhecido como o Massacre de Manguinhos.[1]
Biografia[editar | editar código-fonte]
Fernando nasceu em Pelotas, em 1917. Em 1940, casou-se com Arlette F. Ramos, com quem teve cinco filhos, e formou-se em medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade do Brasil, hoje a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 1942. Interessado em física e química, encontrou na medicina uma forma de estudar ambas as áreas de maneira interdisciplinar. Logo após sua formatura, começou a trabalhar na área. Foi professor assistente da Faculdade de Ciências Médicas do Rio de Janeiro entre 1946 e 1948; da Faculdade Nacional de Medicina entre 1956 e 1962 e da Escola Nacional de Veterinária (hoje Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro), de 1950 a 1970.[2]
Ingressou em Manguinhos, na Fiocruz, em 1942, como químico-analista, onde também foi professor, pesquisador e chefe da Seção de Endocrinologia, cargo que ocupou até 1964. Fernando montou laboratórios de padronização de hormônios na Fiocruz e na Santa Casa, após uma viagem à Suíça e Inglaterra. Também foi assessor de planejamento do Laboratório Central de Controle de Produtos Veterinários da Secretaria de Defesa Sanitária de Agricultura.[3]
A partir de 1970, impossibilitado de trabalhar no Brasil devido ao AI-5[1][4], Fernando aceitou o convite para lecionar na Universidad Centroccidental Lisandro Alvarado, na Venezuela, onde criou uma Unidade de Investigações em Ciências Fisiológicas.[2][3]
Em 1972, Fernando recebeu uma bolsa de estudos para trabalhar por um ano ARC Brabham’s Institute of Animal Physiology, em Cambridge, onde foi agregado ao laboratório de Marthe Vogt, onde pesquisou a farmacologia das prostaglandinas. A convite do professor Eric Horton entrou na Universidade de Edimburgo como professor visitante no departamento de farmacologia.[2] Trabalhou ainda no Wellcome Research Laboratories (WRL), de 1974 até sua aposentadoria em 1980.[3] Antes de seu exílio, ele vinha articulando uma transferência para a Universidade de Brasília, que só veio a acontecer em 1980, quando beneficiado pela anistia, quando retornou ao país e pode ser reintegrado ao quadro de funcionários da Fiocruz. Optando por se mudar para Brasília, na universidade assumiu o posto de professor de Farmacologia Médica.[2][3]
Aposentando-se por idade em Brasília, ele voltou para a UFRJ para trabalhar como professor visitante e bolsista do CNPq, no Departamento de Bioquímica Médica. Sua pesquisa focava na multidisciplinaridade do estudo da Fisiologia das secreções glandulares e da caracterização química e bioquímica dos hormônios tireoideanos, da córtico-adrenal e das gônadas.[2][3]
Trouxe importantes conhecimentos sobre os peróxidos e hidroperóxidos do ácido araquidônico e na caracterização de uma nova prostaglandina, produzida no endotélio vascular, posteriormente identificada como a prostaciclina (PGI2).[2][3]
Morte[editar | editar código-fonte]
Fernando morreu em 9 de março de 2003, na cidade do Rio de Janeiro, aos 85 anos. Deixou a esposa, cinco filhos e netos.[2]
Referências
- ↑ a b André Bernardo, ed. (13 de abril de 2020). «Quando a ditadura perseguiu cientistas e interrompeu pesquisas: os 50 anos do 'Massacre de Manguinhos'». Cultura UOL. Consultado em 21 de dezembro de 2020
- ↑ a b c d e f g «Fernando Braga Ubatuba». Academia Brasileira de Ciências. Consultado em 21 de dezembro de 2020
- ↑ a b c d e f «Fernando Braga Ubatuba». Fundação Oswaldo Cruz. Consultado em 21 de dezembro de 2020
- ↑ «AI-5 desfalca a inteligência do país». Memorial da Democracia. Consultado em 21 de dezembro de 2020