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Subespaço complementado

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Em análise funcional, um subespaço fechado de um espaço vetorial normado é dito complementado em se existe um subespaço fechado tal que . Uma motivação para o estudo de espaços complementados é o seguinte resultado: se é espaço de Banach e é complementado em , com complemento , então é homeomorfo a com a topologia produto.

Definição[editar | editar código-fonte]

Seja um espaço vetorial e sejam e subespaços vetoriais de . Dizemos que é a soma direta (interna) de e se, para todo , existem e tais que e essa decomposição é única. Denotamos nesse caso .[1]

Agora, se é um espaço vetorial normado e é um subespaço fechado de , é dito complementado em se existe um subespaço fechado de tal que .[2]

Note que para todo subespaço de existe um subespaço , não necessariamente fechado, tal que (se a dimensão de for infinita, a demonstração desse fato requer o uso do axioma da escolha, por meio do lema de Zorn[3]). Entretando, nem todo subespaço fechado de algum espaço vetorial normado é complementado.[4]

Caracterizações equivalentes para espaços de Banach[editar | editar código-fonte]

Relação com o produto cartesiano[editar | editar código-fonte]

Se é um espaço vetorial normado e , vale sempre que a função dada por é um isomorfismo linear contínuo (com a topologia do produto em ). Entretanto, não é verdade em geral que esse isomorfismo é um homeomorfismo (isto é, que a sua inversa também é contínua).

Por outro lado, se é um espaço de Banach e , são equivalentes:[5]

  1. e são fechados em
  2. é um homeomorfismo

Assim, se é um espaço de Banach, o subespaço é complementado em se, e somente se, existe subespaço de tal que é homeomorfo a via .

Relação com projeções[editar | editar código-fonte]

Se é um espaço de Banach e é um subespaço fechado de , são equivalentes:[5]

  1. é complementado em
  2. Existe transformação linear contínua tal que e

A função é dita uma projeção sobre . Esse nome se deve à semelhança que essa transformação possui com projeções ortogonais em espaços com produto interno.

Essa caracterização se mostra muito útil para provar que um subespaço é complementado.

Exemplos e outros fatos[editar | editar código-fonte]

Se é um espaço de Banach:

  • Todo subespaço de dimensão finita de é complementado em .[5]
  • Todo subespaço de fechado e de codimensão finita (isto é, cuja dimensão do quociente é finita) é complementado em .[5]

Alguns outros fatos sobre espaços complementados:

  • Todo subespaço fechado de um espaço de Hilbert é complementado nesse espaço (via projeção ortogonal).[1]
  • Um espaço de Banach com a propriedade de que todo subespaço fechado é complementado é isomorfo a um espaço de Hilbert. Em particular, todo espaço de Banach que não é isomorfo a algum espaço de Hilbert possui algum subespaço fechado não-complementado.[6]
  • O subespaço das sequências reais convergentes a não é complementado no espaço das sequências reais limitadas (considerando a norma do supremo).[4]

Referências

  1. a b KREYSZIG, Erwin. Introductory Functional Analysis with Applications. [S.l.: s.n.] pp. 146–148 
  2. BREZIS, Haim (2010). Functional Analysis, Sobolev Spaces and Partial Differential Equations. [S.l.]: Springer. pp. 38–40 
  3. LAX, Peter D. Functional Analysis. [S.l.]: Wiley Interscience. p. 14 
  4. a b BOTELHO, Geraldo; PELLEGRINO, Daniel; TEIXEIRA, Eduardo (2015). Fundamentos de Análise Funcional. [S.l.]: Editora SBM. p. 48 
  5. a b c d MEISE, Reinhold; VOGT, Dietmar. Introduction to Functional Analysis. [S.l.: s.n.] pp. 72–76 
  6. Lindenstrauss, J.; Tzafriri, L. (março de 1971). «On the complemented subspaces problem». Israel Journal of Mathematics (em inglês) (2): 263–269. ISSN 0021-2172. doi:10.1007/BF02771592. Consultado em 21 de julho de 2021