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Usuário(a):Isley Karen Rezende Guimarães/Testes

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A detecção direta de bactérias e vírus patogênicos e cistos de parasitas protozoários requer procedimentos caros e demorados e mão de obra bem treinada. Esses requisitos levaram ao conceito de organismos indicadores de contaminação fecal. [1] Os microrganismos indicadores são responsáveis por avaliar a qualidade e apresentar informações sobre o meio em que está presente ou em que foi detectado.

Para um microrganismo ser considerado como um bom indicador ele precisa apresentar algumas características específicas, tais como, estar presente em grande quantidade em fezes de animais de sangue quente, deve estar presente quando os patógenos estão presentes e ausente em amostras não contaminadas, estar presente em maior número do que o patógeno, não ser patogênico, ser detectável por meio de métodos fáceis, rápidos e baratos, estar presente em maior número do que o patógeno, ser resistente a agressões ambientais e a desinfecção em estações de tratamento de água e esgoto.[1]

Os microrganismos indicadores não causam necessariamente as doenças como os microrganismos patogênicos, porém possuem a mesma origem. [2]

A água é um recurso necessário e indispensável para a vida. Por isso, o seu grau de excelência deve ser mantido para não expor a população a doenças de veiculação hídrica.[3]

No Brasil a qualidade dos recursos hídricos é monitorada pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) através das informações passadas pelos órgãos estaduais gestores responsáveis pelos recursos hídricos, apesar de cada região usar diferentes critérios e parâmetros para avaliação da qualidade da água. O principal indicador do país é o Índice de Qualidade das Águas (IQA) que utiliza os seguintes parâmetros: temperatura da água, pH, oxigênio dissolvido, resíduo total, demanda bioquímica de oxigênio, coliformes termotolerantes, nitrogênio total, fósforo total e turbidez.[4]

Coliformes[editar | editar código-fonte]

Os coliformes são estabelecidos como bactérias aeróbias ou anaeróbias facultativas, gram-negativas, não formadoras de endósporos, em forma de bastonete, que fermentam a lactose, formando gás dentro de 48 horas após serem colocadas em caldo lactosado a 35°C.[1] O coliforme fecal predominante é a Escherichia coli, que apresenta-se em grande proporção na população bacteriana intestinal humana.[5] A ausência de E. coli pode indicar que os patógenos intestinais também não estão presentes no meio. Os coliformes como indicadores são essenciais para a qualidade dos recursos hídricos, porém possuem limitações, como o seu crescimento que ocorre agregado aos biofilmes nas áreas internas das tubulações de água, mas não são postos como uma ameaça para a saúde pública.[5]

Enterococos[editar | editar código-fonte]

Os enterococos, também utilizados como indicadores de contaminação hídrica, em que algumas de suas espécies aparecem nas fezes humanas e de animais de sangue quente, como Enterococcus faecalis, Enterococcus faecium, Enterococcus durans e Enterococcus hirae.[3] Além disso, uma de suas principais características é sua resistência e capacidade de sobreviver em condições adversas como pH alcalino (9,5), sua ampla faixa de temperatura (de 10ºC a 45ºC), cresce de forma aeróbica e anaerobicamente, é gram-positivo, e são mais resistentes à cloração.[2] A sua presença no meio como indicador é complementar ao grupo coliformes, outrossim, dá informações adicionais sobre potenciais contaminações fecais, comparada a E. coli sobrevive menos tempo em ambientes aquáticos.[5]

Clostridium perfringens[editar | editar código-fonte]

Clostridium perfringens, um grande bastonete, gram-positivo, que forma endósporos, anaeróbio obrigatório cresce no trato intestinal e produz uma exotoxina que causa os sintomas típicos de dor abdominal e diarreia. Os endósporos sobrevivem a altas temperaturas e a desinfetantes, e o tempo de geração da bactéria vegetativa é de menos de 20 minutos sob condições ideais. Sua presença indica deficiência no tratamento e que pode haver organismos mais resistentes.[3]

Pseudomonas aeruginosa[editar | editar código-fonte]

Pseudomonas aeruginosa, bactéria gram-negativa, aeróbios, resistente a alguns antibióticos e desinfetantes[5] e amplamente encontrados distribuídos no solo e em fontes de água, sobrevivem em ambientes úmidos com necessidades ambientais precisas para a sua sobrevivência. Elas podem crescer em resíduos de matéria orgânica incomuns, como filmes de sabão ou adesivos selantes, utilizados em muitos recipientes de produtos. Além da presença e deterioração em alimentos, estas bactérias podem ser importantes patógenos oportunistas.[2]

Doenças de veiculação hídrica pela ação de organismos patogênicos[editar | editar código-fonte]

As doenças decorrentes de veiculação hídrica são causadas principalmente por ações de microrganismos patogênicos de origem entérica, animal ou humana, transmitidas basicamente pela rota fecal-oral, ou seja, são excretados nas fezes de indivíduos infectados que entra em contato com a água contaminando-a, o que faz com que sejam ingeridos na forma de água ou alimento contaminado por fezes.[6]

As DTVH são consideradas uma das causas mais importantes de mortalidade e morbidade em todo o mundo, sua transmissão se dá por água e alimentos contaminados. Vírus, parasitas, bactérias e suas toxinas são os agentes epidemiológicos que causam a doença, toxinas naturais de plantas, fungos e substâncias químicas também causam as doenças.

Segundo a tabela apresentada no site pela Secretária Municipal da Saúde de Curitiba-PR[7] as doenças são, Cólera, Diarreias Agudas, Febre tifoide, Hepatite A e Leptospirose. A tabela traz de forma simplificada as doenças, agentes epidemiológicos transmissores, sinais e sintomas, período de incubação, modo de transmissão, período de transmissibilidade e diagnóstico laboratorial.

Doenças de Veiculação Hídrica [7]
Doença Cólera Diarreias Agudas Febre Tifoide Hepatite A Leptospirose
Agente Etiólogico Víbrio cholerae Diversos (E. coli, Giardia, Rotavírus, Salmonelas, etc...) Salmonella typhi Vírus"A" da Hepatite Bactéria Leptospira spp
Sinais e sintomas Diarréia aquosa, vômitos, dor abdominal, cãimbras, desidratação, choque. Pode haver a forma leve e inaparente. Diarréia, febre, vômito Febre alta, cefaléia, mal-estar geral, falta de apetite, diarréia ou obstipação Náuseas, vômitos, mal-estar geral, febre, icterícia, fezes esbranquiçadas urina escura Febre, mal-estar geral, cefaléia, anorexia, náuseas, vômitos, mialgia. Forma anictérica e Ictérica.
Período de incubação Algumas horas a 5 dias. Média: 2 dias Variável com a etiologia 1 a 3 semanas 15 a 45 dias. Média: 3 dias 1 a 20 dias. Média: 7 a 14 dias
Modo de transmissão Fecal-oral (ingestão de água e ou alimentos contami-nados) Fecal-oral Fecal-oral Fecal-oral Exposição direta ou indireta à urina de animais infectados (ratos). Penetração do microorganismo: pele lesada, mucosas quando imersas em água contaminada
Período de transmissilidade Enquanto houver eliminação do vibrião pelas fezes. Geralmente 15 dias após o início da doença. Há portadores (meses até ano) Variável com a etiologia Fecal-ora De 2 semanas após o início da doença Infecção inter-humana é raro
Diagnostico laboratorial Swab retal ou fecal. Diagnóstico clínico-epidemiológico Parasitológico, cultura, prova sorológica, bacteriologia
  • Relação de Widal
  • Hemocultura
  • Coprocultura
Transamina-ses marcador sorológico: Anti-HAV Aglutinação das leptospiras (2 amostras de soro com intervalos de 15 dias)

Análise socioambiental de fatores que levam a contaminação de recursos hídricos[editar | editar código-fonte]

Fora parâmetros, químicos, físicos e microbiológicos para avaliar a qualidade da água, é necessário acatar outros aspectos, como socioculturais, geoambientais, condições de conservação de recursos naturais, ocupação territorial e forma de uso deste espaço, tanto pela população rural quanto urbana, a fim de garantir um desenvolvimento sustentável.[8]

Grande parte da população brasileira não tem acesso a saneamento básico, comunidades mais pobres e desfavorecidas sócio-historicamente vivem em locais muitas vezes insalubres e sem condições de higiene básica mínimas. Controlar e manejar a qualidade de recursos hídricos é um dever do estado, infelizmente as políticas ambientais em relação ao saneamento básico de qualidade no Brasil fica a desejar e o estado atual de muitas localidades ficam à mercê de atenção devida.

Referências

  1. a b c Verfasser, Bitton, Gabriel. Wastewater Microbiology. [S.l.: s.n.] OCLC 836724620 
  2. a b c SOUTO, Juliane Pena et al. Poluição fecal da água: microorganismos indicadores. In: VI Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental. 2015. Disponível em <http://www.ibeas.org.br/congresso/Trabalhos2015/VIII-009.pdf>. Acesso em: 02 Abr. 2021.
  3. a b c PERES, Bianca de Miranda (2012). «Bactérias indicadoras e patogênicas em biofilmes de sistemas de tratamento de água, sistemas contaminados e esgoto». Consultado em 4 de abril de 2021 
  4. «Qualidade da água». Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). Consultado em 1 de abril de 2021 
  5. a b c d Tortora, Gerard J. (2017). Microbiologia 12º edição. Porto Alegre: ARTMED. p. 782 
  6. Santos, Marluzi Alcântara da Silva; Guimarães, Eliza; Santos, Crisliane Aparecida Pereira dos. «ANÁLISE SOCIOAMBIENTAL E MICROBIOLÓGICA DA ÁGUA EM TRECHOS DA MICROBACIA DO RIO DE JANEIRO, BARREIRAS, BAHIA». GEOSABERES: Revista de Estudos Geoeducacionais (16): 12–22. Consultado em 5 de abril de 2021 
  7. a b «Doenças de Veiculação Hídrica». Secretaria Municipal da Saúde. Consultado em 5 de abril de 2021 
  8. Santos, Marluzi Alcântara da Silva; Guimarães, Eliza; Santos, Crisliane Aparecida Pereira dos. «ANÁLISE SOCIOAMBIENTAL E MICROBIOLÓGICA DA ÁGUA EM TRECHOS DA MICROBACIA DO RIO DE JANEIRO, BARREIRAS, BAHIA». GEOSABERES: Revista de Estudos Geoeducacionais (16): 12–22. Consultado em 5 de abril de 2021