André Tecedeiro
André Duarte de Andrade Tecedeiro (fon. ɐ̃.ˈdɾɛ tɨ.sɨ.ˈdɐj.ɾu) (Santarém (Portugal), 1979) é um poeta, dramaturgo, artista plástico e ativista LGBT [1] português.
André Tecedeiro | |
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André Tecedeiro, em 2022 | |
Nascimento | 16 de Janeiro de 1979 Santarém |
Residência | Lisboa |
Nacionalidade | Portuguesa |
Género literário | Poesia, teatro |
Biografia[editar | editar código-fonte]
Nasceu em Santarém em 1979 e viveu em Portalegre até 1997.
Estudou Escultura e licenciou-se em Pintura em 2005 pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa. Em 2007, concluiu o mestrado em Artes Visuais Intermédia pela Universidade de Évora.
Em 2016, licenciou-se pela segunda vez, em Psicologia na Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa e três anos depois concluiu o mestrado na mesma área, especializando-se em Psicologia dos Recursos Humanos, do Trabalho e das Organizações.
André Tecedeiro é uma pessoa trans e fez a sua afirmação de género aos 38 anos, tornando-se uma voz pela visibilidade e diversidade de género em Portugal [2].
Além de escritor, é consultor de sensibilidade e comunicação inclusiva.
Em 2023 fez parte da comissão de apreciação para a representação portuguesa na Bienal de Veneza de 2024, subordinada ao tema Foreigners Everywhere/ Estrangeiros em Todos os Lugares.[3]
Vive em Lisboa, é casado e tem um filho [4].
Poesia[editar | editar código-fonte]
André Tecedeiro começou por publicar poesia em editoras independentes, como a Tea for One, do poeta Miguel Martins[5], Douda Correria, do poeta Nuno Moura e Do Lado Esquerdo, da poeta Maria Sousa e Nuno Abrantes. [6]
Em 2020 editou A Axila de Egon Schiele pela Porto Editora, integrando a coleção Elogio da Sombra, coordenada por Valter Hugo Mãe. Este volume compila os poemas dos quatro livros anteriores, poemas publicados em revistas e um novo livro. No final, pode ler-se uma conversa entre André Tecedeiro e a sua esposa sobre "andar a pé, limites e fronteiras, recolher objectos do chão, conhecer a paisagem e o corpo de uma cidade, abraçar o tédio e a solidão – mas também a adaptabilidade e a mudança"[7].
Sobre a poesia de André Tecedeiro, Valter Hugo Mãe escreveu que "não lhe falta contundência, clareza ou sobriedade, mas não se entrega exactamente a um aparato trágico de efeitos alardes ou exagerados. É um pensador junto à ciência possível. Interessa-lhe conhecer e mudar. Interessa-lhe a arte e a sabedoria, como se estivesse ao pé de educar a própria natureza. Ao pé de educar o corpo. Considero-o um dos mais importantes poetas portugueses surgidos neste século" [8].
Os poemas de André Tecedeiro descrevem muitas vezes pequenos movimentos. "Rituais domésticos, a escrita, o corpo, o amor: em Tecedeiro há lugar para tudo, em poemas breves, rasantes, em que cada palavra é colocada sobre a página com precisão cirúrgica, como uma colagem composta de pedaços colados com “uma pinça de aço frio”, como escreve Ana Bessa Carvalho, citando o próprio autor. [9]
Tecedeiro não tolera palavras a mais. A sua poesia é quase um "instantâneo fotográfico, uma impressão, conseguindo executar com destreza a difícil tarefa de se ser cortante e escrever com precisão ao mesmo tempo que se convoca imagens tão afetuosas como sujas, tal como as casas ou “tudo o que o amor possa ter de sujo” ao qual “brindaremos em copos de cristal”"[9].
Livros[editar | editar código-fonte]
Portugal[editar | editar código-fonte]
- A Axila de Egon Schiele [poesia reunida 2014-2020] (Porto Editora, 2020) - Livro recomendado pelo Plano Nacional de Leitura [10]
- A Arte da Fuga (Do Lado Esquerdo, 2019)
- O Número de Strahler (Do Lado Esquerdo, 2018)
- Deitar a Trazer (Douda Correria, 2016)
- Rebento-Ladrão (Tea for One, 2014)
Brasil[editar | editar código-fonte]
- A Axila de Egon Schiele (Edições Macondo[11], 2021)
Espanha[editar | editar código-fonte]
- El Arte de La Fuga, ed. bilingue, trad. Susana Abrantes Pereira, Inmaculada Carmona Pérez y Antonio M. Castaño Fernández. (Episkaia, maio de 2023) [12]
Colômbia[editar | editar código-fonte]
- El Cuerpo del Fugitivo, trad. Pedro Rapoula (Ediciones Vestigio, abril de 2022)
Outras publicações[editar | editar código-fonte]
2023[editar | editar código-fonte]
- Sem título, in Revista Limoeiro Real (vol. IV), Portugal [13]
2022[editar | editar código-fonte]
- Sem título, in Avenida Marginal, Artes e Letras Editora, São Miguel, Açores, Portugal [14]
2019[editar | editar código-fonte]
Dramaturgia[editar | editar código-fonte]
2023 [6]
- O Ensaio (Projeto PANOS, Teatro Nacional D. Maria II)
2021 [6]
- Joyeux Anniversaire (Teatro Meia Volta e Depois à Esquerda Quando Eu Disser)
- Desfazer - monólogo para um museu (Ao Cabo Teatro - Projeto PLA-TÔ, por Carminda Soares para o Museu Nacional Soares dos Reis) [16]
Referências[editar | editar código-fonte]
- ↑ «Caras | André Tecedeiro admite: "Sou o verdadeiro 'self-made man', fiz-me a mim próprio"». Caras. 20 de junho de 2022. Consultado em 23 de setembro de 2023
- ↑ «De onde vem o que julga saber? Já conversou com pessoas trans e não-binárias?». Expresso. 21 de julho de 2022. Consultado em 23 de setembro de 2023
- ↑ «Abriu o concurso para a Representação Portuguesa na Bienal de Arte de Veneza 2024 | DGARTES». www.dgartes.gov.pt. Consultado em 14 de novembro de 2023
- ↑ «Diário (Arquivo) | André Tecedeiro: "Quando consegui mudar o nome e o género, o meu filho recebeu-me com cartazes que diziam 'Bem-vindo mãe-André'"». Jornal Expresso. Consultado em 23 de setembro de 2023
- ↑ «André Tecedeiro: "Não temos de ter medo de sermos nós os impulsionadores da mudança"». Gerador. 17 de novembro de 2020. Consultado em 26 de setembro de 2023
- ↑ a b c w4h. «André Tecedeiro». ALKANTARA. Consultado em 23 de setembro de 2023
- ↑ «"A Axila de Egon Schiele" | André Tecedeiro». deusmelivro (em inglês). Consultado em 26 de setembro de 2023
- ↑ Mãe, Valter Hugo. «Sobre André Tecedeiro». Porto Editora. Consultado em 26 de setembro de 2023
- ↑ a b Carvalho, Ana Bessa (31 de janeiro de 2021). «A Axila de Egon Schiele - André Tecedeiro (Porto Editora, 2020)». INTRO. Consultado em 26 de setembro de 2023
- ↑ Leitura 2027, Plano Nacional de. «Plano Nacional de Leitura 2027». www.pnl2027.gov.pt. Consultado em 26 de setembro de 2023
- ↑ Tecedeiro, André (1 de janeiro de 2021). A axila de Egon Schiele 1ª edição ed. [S.l.]: Edições Macondo
- ↑ «El arte de la fuga - Episkaia» (em espanhol). 13 de maio de 2023. Consultado em 26 de setembro de 2023
- ↑ «Limoeiro Real #4 primavera 2023». Goodreads (em inglês). Consultado em 26 de setembro de 2023
- ↑ Paiva, Rui Pedro (22 de janeiro de 2023). «Uma avenida de poetas que vem do mar». PÚBLICO. Consultado em 26 de setembro de 2023
- ↑ «Vasco Araújo». www.vascoaraujo.org (em inglês). Consultado em 26 de setembro de 2023
- ↑ «"Desfazer – monólogo para um museu" | De Corpo Presente». Museu do Porto. 27 de dezembro de 2022. Consultado em 26 de setembro de 2023