Mostrar código-fonte de Alpes Cócios (província romana)

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'''Alpes Cócios''' ou '''Alpes Cótios''' ({{langx|la|''Alpes Cottiae''}}) foi uma [[província romana|província]] do [[Império Romano]], uma das três localizadas nos [[Alpes]] entre os territórios correspondentes às atuais [[França]] e [[Itália]]. Sua função mais importante era proteger a comunicação nos [[passo de montanha|passos]] alpinos. A província fazia divisa com a [[Gália Narbonense]] a oeste, os [[Alpes Marítimos (província romana)|Alpes Marítimos]] ao sul, a [[Itália (província romana)|Itália]] a leste e os [[Alpes Peninos]] (''Poenninae'') a norte. A capital era [[Segúsio]] (atual [[Susa (Itália)|Susa]], no [[Piemonte]]).

== História ==
{{Âncora|Reino Cótio|Reino Cócio}}
=== Reino Cócio ===
Depois das [[Guerras Púnicas]], no {{AC|{{séc|II}}|x}}, as tribos da região dos Alpes Cócios formaram um reino [[celtas|celta]]-[[ligúrios|ligúrio]] chamado de '''Reino Cócio''' que, graças a uma sábia política de aliança com [[República Romana|Roma]], foi capaz de manter a sua independência até a época de [[Augusto]], quando a população já estava toda [[romanização|romanizada]].

O reino reuniu diferentes tribos (cividades) ligúrias, agora já fortemente misturadas com os celtas, principalmente por causa da influência cultural das [[Gauleses|tribos gaulesas]]. A partir daí, a região passou a ser comandada por um rei que, por conta da postura mais ligúria que gaulesa da região, muitas vezes não era obedecido pelas tribos, que tinham um alto grau de independência. Entre elas estavam os segóvios, segusinos, belacos, caturigos, médulos, tebávios, adanates, savincates, ectinos, veaminos, venisanos, iemérios, vesubianos e quaratos<ref>Estão listadas no [[Arco de Augusto (Susa)|Arco de Augusto]], em Segúsio.</ref>.

A capital era [[Segúsio]] (a moderna [[Susa (Itália)|Susa]], mas é provável que, no princípio, a capital tenha sido o ópido de [[Excigômago]]<ref>[[Estrabão]], IV, 1, 3</ref> (provavelmente a moderna [[Exilles]]), mais para o interior e mais fácil de defender. Outro local importante foi o [[ópido]] chamado [[Ocelo (cidade)|Ocelo]] (moderna [[Avigliana]]), um entreposto comercial para os [[limes]] que separavam o Reino Cócio e o território diretamente controlado pelos romanos.

A incrível longevidade de um reino independente num cenário no qual o poder romano rapidamente subjugava os povos que encontrava deu-se principalmente por conveniência: os cócios reconheciam o poderio militar romano e sabiam o que acontecia com as nações que se opunham a ele enquanto os romanos sabiam das dificuldades de combater no terreno montanhoso da Ligúria e precisavam de uma passagem segura para completar a conquista da [[Gália]].

Pouco antes de conquistar a região da moderna Espanha ({{AC|61|x}}), [[Júlio César]] fechou um acordo com rei ligúrio {{ilc|Dono I||Donnus I|Donnus}} que lhe assegurava a passagem segura de suas tropas pelo Reino Cócio. Este acordo criou uma aliança que permitiu que os cócios prosperassem através do comércio transalpino e também que se expandissem para o território de seus vizinhos derrotados pelos romanos.

Depois da morte de César e de um período de afastamento, a aliança com Augusto foi reforçada pelo filho de Dono, [[Cótio]]. Para celebrar a ocasião foi construído, em honra de Augusto, um [[arco triunfal]] em Segúsio ({{AC|9-8|x}}), que lá está até hoje. O acordo previa também a mudança do território de Cócio, que perdeu uma parte de seus domínios do lado francês <ref>A inscrição no arco de Segúsio cita ''"civitates quae sub eo praefecto fuerunt"''</ref>. Em homenagem a ele, as montanhas da região passaram a ser conhecidas como "Alpes Cócios".

Com a morte dele, Dono II foi sucedido por seu filho, que, por sua vez, foi sucedido por seu sobrinho, Cócio II. Este último, que reinou por um longo período, aumentou o território administrado pelo avô graças à doações de terras do [[imperador romano|imperador]] [[Cláudio]].

A partir do {{DC|{{séc|I}}|x}}, o Vale de Susa passou a contar com a [[Via Cócia|via das Gálias]], que terminava no estratégico ''Mons Matrona'' (moderno [[Montgenevre]]), um dos três passos para chegar na Gália.

==== Influência ====
Os monarcas cócios eram muito admirados pelas tribos celtas e ligúrias das montanhas e tidos como um exemplo de justiça e providência<ref>[[Amiano Marcelino]], XV, 10, 7</ref>. No {{séc|IV}}, o túmulo de Cócio ainda era adorado e, na [[Idade Média]], Dono passou a ser reverenciado como um [[santo]].

{{Âncora|Alpes Cócios (província romana)}}

=== Província romana ===
Depois, no reinado de [[Nero]] {{nwrap|r.|37|68}}, um [[procurador romano|procurador]] foi nomeado quando Cócio II morreu ({{DC|63|x}}) e a região tornou-se oficialmente uma província romana<ref>[[Suetônio]], Nero, 18</ref>. Os governadores eram [[prefeito romano|prefeitos]] da [[ordem equestre]].

A província foi abolida durante as [[reformas de Diocleciano|reformas administrativas]] do [[imperador romano|imperador]] [[Diocleciano]] {{nwrap|r.|284|305}} e seu território foi fundido ao da província dos [[Alpes Marítimos (província romana)|Alpes Marítimos]].
{{limpar}}
{{Âncora|Alpes Cócios (província bizantina)|Alpes Cótios (província bizantina)}}
=== Província bizantina ===
{{Info/Subdivisão extinta
|native_name = {{Smallcaps|Provincia Alpes Cottiae}}
|conventional_long_name = Província dos Alpes Cócios
|common_name = Alpes Cócios
|continent = Europa
|subdivision = [[Província romana|Província]]
|nation = [[Império Bizantino]]
|era = [[Antiguidade Tardia]]
|capital =[[Gênua]]
|title_leader =Juiz provincial
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|image_map = Eparchie Italia 580 ca..GIF
|image_map_caption = [[Eparquia]]s da Itália por volta de 580
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|event_post =Conquistada pelos lombardos
|p1 =Reino Ostrogodo da Itália
|s1=Reino Lombardo
|s2=
}}
Entre 554 e 568, depois do fim da [[Guerra Gótica (535–554)|Guerra Gótica]] e da conquista bizantina da Itália, a província dos Alpes Cócios foi reconstituída, incluindo o [[Piemonte]] e a [[Ligúria]]<ref>{{citar livro|autor = Bavant|título=Le duché byzantin de Rome. Origine, durée et extension géographique|url=http://www.persee.fr/web/revues/home/prescript/article/mefr_0223-5110_1979_num_91_1_2486|página= 44-50|língua =francês}}</ref>. [[Paulo, o Diácono]], em sua descrição da divisão da Itália na época da [[Invasão lombarda da Itália|invasão lombarda]], descreve uma província com o nome de "Alpes Cócios"<ref>[[Paulo, o Diácono]], ''Historia Langobardorum'', II, 16.</ref>.

Acredita-se que esta província foi a sede de um dos quatro ducados fronteiriços bizantinos que defendiam os Alpes. De acordo com as disposições da [[Pragmática Sanção]] de 554, a província passou a ser governado por um governador civil (juiz provincial [''iudex Provinciae'']) eleito pelos [[bispo]]s e nobres. Após a conquista lombarda da cidade mais setentrional da província (Paulo, o Diácono, argumenta que os bizantinos detinham uma única cidade no litoral da Ligúria),<ref>[[Paulo, o Diácono]], ''Historia Langobardorum'', II, 25.</ref>, a província foi abolida e fundida, se acreditamos que o ''Descriptio orbis romano Giorgio Ciprio'' a outras áreas bizantinas remanescentes na Ligúria, [[Túscia]], Valéria, [[Piceno]] e no norte da [[Campânia]]), na [[Eparquia Urbicária]] por volta de 580<ref>{{citar livro|autor = Bavant|título=Le duché byzantin de Rome. Origine, durée et extension géographique|url=http://www.persee.fr/web/revues/home/prescript/article/mefr_0223-5110_1979_num_91_1_2486|página= 49-50|língua = francês}}</ref>. Quatro anos depois, ela também foi suprimida e a Ligúria romana assumiu o nome de "Marítima dos Itálicos" (''Marittima Italorum''), finalmente caindo nas mãos dos lombardos por volta de 643 após as conquistas do rei [[Rotário]].

== Principais cidades ==
Os principais assentamentos romanos na região eram:
* {{ilc|Às Fronteiras|Às Fronteiras (Malano)|Ad Fines (Malano)}} ([[Malano]]) ([[mansão (Roma Antiga)|mansão]], posto alfandegário)
* [[Ocelo (cidade)|Ocelo]] ([[Celle (Alpes)|Celle]]) ([[ópido]], vila [[celtas|celta]])
* {{ilc|O Duodécimo||Ad Duodecimum}} ([[S. Didier]]) (''"[[mutatio]]"'')
* [[Segúsio]] ([[Susa (Itália)|Susa]]) (capital)
* [[Venáusio]] ([[Venaus]])(ópido)
* [[Excigômago]] ([[Exilles]]) (ópido, possivelmente a capital de Dono) 
* [[Cesau]] ou Gesau ([[Cesana Torinese]])([[castro (acampamento)|castro]])
* Ao Marte Vingador (''Ad Martes Ultor''; depois "[[Ulcense]]") ([[Oulx]]) (castro)
* [[Brigâncio (Alpes)|Brigâncio]] ([[Briançon]]) (mansão)
* {{ilc|Monte das Matronas||Mons Matronae}} ([[Mont Genèvre]])

==Atualmente==
Localizada na porção sudoeste dos Alpes, onde forma a fronteira entre a França ([[Altos Alpes|Altos-Alpes]] e [[Saboia]]) e a Itália ([[Piemonte]]), a cordilheira alpina é conhecida atualmente como [[Alpes Cócios]]<ref>A forma vernácula é registrada no Vocabulário da Língua Portuguesa, de [[Rebelo Gonçalves|F. Rebelo Gonçalves]], e no [[Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa]], de [[José Pedro Machado]], em ambos casos no verbete "Cótio".</ref> ({{Lang-fr|''Alpes Cottiennes''}}; {{Lang-it|''Alpi Cozie''}}).

{{referências|col=2}}

== Bibliografia ==
{{refbegin|2}}
* Tilmann Bechert: ''Die Provinzen des römischen Reiches: Einführung und Überblick''. von Zabern, Mainz 1999.
* Bartolomasi : ''Valsusa Antica'' . Alzani, 1975.  
* Prieur - ''La province romaine des Alpes Cottiennes'', Lyon 1968.
{{refend}}

{{Províncias romanas 120 a.C.}}
{{Províncias romanas tardias}}

[[Categoria:Alpes romanos]]
[[Categoria:Províncias romanas]]