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Autoestima: diferenças entre revisões

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Em [[psicologia]], '''autoestima''' inclui uma avaliação subjetiva que uma pessoa faz de si mesma como sendo intrinsecamente positiva ou negativa em algum grau (Sedikides & Gregg, 2003).

A autoestima envolve tanto crenças autossignificantes (por exemplo, "Eu sou competente/incompetente", "Eu sou benquisto/malquisto") e emoções autossignificantes associadas (por exemplo, triunfo/desespero, orgulho/[[vergonha]]). Também encontra expressão no comportamento (por exemplo, assertividade/temeridade, confiança/cautela). Em acréscimo, a autoestima pode ser construída como uma característica permanente de personalidade (traço de autoestima) ou como uma condição psicológica temporária (estado de autoestima). Finalmente, a autoestima pode ser específica de uma dimensão particular (por exemplo, "Acredito que sou um bom escritor e estou muito orgulhoso disso") ou de extensão global (por exemplo, "Acredito que sou uma boa pessoa, e sinto-me orgulhoso quanto a mim no geral").

==Relação entre os termos autoestima, autoconfiança, autoaceitação e autoimagem==
Se define como [[William James]] (1892) o "[[si mesmo]]" como o conhecimento que o indivíduo tem de si próprio, pode-se dividir esse conhecimento em dois componentes distintos: um descritivo, chamado '''autoimagem''', e outro valorativo, que se designa '''autoestima'''. Outros dois termos são muitas vezes usados como sinônimos de autoestima: autoconfiança e autoaceitação. Uma análise mais aprofundada desses termos indicam uma sutil diferença de uso: '''Autoconfiança''' refere-se quase sempre à competência pessoal e é definida por Potreck-Rose e Jacob (2006) como a convicção que uma pessoa tem, de ser capaz de fazer ou realizar alguma coisa, enquanto autoestima é um termo mais amplo, incluindo por exemplo conceitos sobre as próprias qualidades, etc. '''Autoaceitação''', por outro lado, é um termo ligado ao conceito de "aceitação incondicional" da [[abordagem centrada na pessoa]] de [[Carl Rogers]] e indica uma aceitação profunda de si mesmo, das próprias fraquezas e erros (Potreck-Rose & Jacob, 2006). A autoestima, a autoconfiança e a autoaceitação tendem a estar intimamente ligadas e se influenciam mutuamente. O significado prático dessa inter-relação será tratado mais abaixo (ver abaixo "Psicoterapia para baixa autoestima").

==Medição==
Para os fins de pesquisa empírica, a autoestima é tipicamente avaliada por um questionário de autoavaliação que produz um resultado quantitativo. A validade e confiabilidade do questionário são estabelecidos antes do uso.

==Autoestima, graus e relacionamentos==
De fins dos anos 1960 até o início dos anos 1990, foi assumido como questão de fato que a autoestima de um estudante era um fator crítico nas qualificações obtidas na escola, em seus relacionamentos com os colegas e em seus sucessos posteriores na vida. Sendo este o caso, muitos grupos [[Estados Unidos|norte-americanos]] criaram programas para incrementar a autoestima dos estudantes, assumindo que as qualificações melhorariam, os conflitos decresceriam, e que isto levaria a um mundo mais feliz e bem-sucedido. Até os anos 1990, pouca pesquisa revisada e controlada sobre esse tópico foi feita.

:O conceito de automelhoria vivenciou mudanças dramáticas desde [[1911]], quando [[Ambrose Bierce]] definiu zombeteiramente a autoestima como "uma avaliação errônea". Bom e mau caráter são conhecidos agora como "diferenças de personalidade". Os direitos têm substituído responsabilidades. A pesquisa sobre [[egocentrismo]] e [[etnocentrismo]] que municiou a discussão do crescimento e desenvolvimento humano em meados do [[século XX]] é ignorada; com efeito, os próprios termos são considerados politicamente incorretos. Uma revolução teve lugar no vocabulário do [[self]]. Palavras que implicam confiabilidade ou responsabilidade – autocrítica, abnegação, autodisciplina, autocontrole, modéstia, autodomínio, autocensura e autossacrifício – não estão mais em uso. A linguagem mais favorecida é aquela que exalta o indivíduo: autoexpressão, autoafirmação, autoindulgência, autorrealização, autoaprovação, autoaceitação, egoísmo e a onipresente autoestima (Ruggiero, 2000).

A pesquisa revisada empreendida desde então não tem validado as suposições anteriores. Pesquisas recentes indicam que inflar a autoestima dos estudantes por si mesma não tem efeito positivo sobre a qualificação dos mesmos. Um estudo demonstrou que o efeito pode ser justamente o contrário (Baumeister, 2005). Autoestima elevada se correlaciona com a felicidade autorrelatada. Todavia, não é claro se uma leva necessariamente à outra (Baumeister, 2004).

==Qualidade e nível da autoestima==
O nível e a qualidade da autoestima, embora correlacionados, não são sinônimos. A autoestima pode ser elevada, mas frágil (por exemplo, [[narcisismo]]) e baixa, porém segura (por exemplo, [[humildade]]). Todavia, a qualidade da autoestima pode ser indiretamente avaliada de várias formas: (I) em termos de sua constância através do tempo (estabilidade), (II) em termos de sua independência ao se apresentarem condições particulares (não-contingência), e (III) em termos de quão entranhada ela esteja num nível psicológico básico (inquestionabilidade ou automaticidade)..

==''Bullying'', violência e assassinato==
Alguns dos resultados mais interessantes dos estudos recentes, focam no relacionamento entre [[bullying]], [[violência]] e autoestima. Costumava-se presumir que os ''bullies'' agiam violentamente em relação aos outros porque sofriam de baixa autoestima (embora nenhum estudo controlado fosse oferecido para dar suporte a esta posição).

:Estas descobertas sugerem que a teoria da baixa autoestima está errada. Mas nenhuma envolve o que os [[Psicologia social|psicólogos sociais]] consideram como a forma mais convincente de evidência: experimentos de laboratório controlados. Quando conduzimos nossa revisão inicial da literatura, não descobrimos nenhum estudo de laboratório que provasse o elo entre autoestima e agressão (Baumeister, 2001).

Em contraste com velhas crenças, pesquisas recentes indicam que os ''bullies'' agem do jeito que agem porque sofrem de uma injustificada autoestima "elevada".

:Criminosos violentos frequentemente se descrevem como superiores aos outros - em especial, como pessoas de elite, que merecem tratamento preferencial. Muitos assassinatos e ataques são cometidos em resposta a golpes contra a autoestima, tais como [[insulto]]s e [[humilhação]]. Para ser mais preciso, muitos perpetradores vivem em ambientes onde insultos são muito mais ameaçadores do que a opinião que tem de si mesmos. Estima e respeito estão ligados ao status na hierarquia social, e desonrar alguém pode ter consequências tangíveis e mesmo acarretar risco de perder a vida.

:A mesma conclusão emergiu dos estudos de outra categoria de pessoas violentas. É relatado que membros de gangues de rua possuem opiniões favoráveis sobre si mesmos e recorrem à violência quando estas avaliações são contestadas. ''Bullies'' de "playground" consideram-se superiores às outras crianças; baixa autoestima é encontrada entre as vítimas dos ''bullies'', não entre os próprios ''bullies''. Grupos violentos têm um [[sistema de crenças]] público, que enfatizam sua superioridade sobre os demais (Baumeister, 2001).

==Autoestima e motivação econômica==
[[Adam Smith]] discute o individualismo como uma motivação econômica; esta ideia também está presente nos trabalhos de [[Nathaniel Branden]].

==Psicoterapia para baixa autoestima==
{{Aviso-médico}}
F. Potreck-Rose e G. Jacob (2006) propõem uma abordagem psicoterapêutica para baixa autoestima baseada no que elas chamam de "os quatro pilares da autoestima":

'''1. Autoaceitação''': uma postura positiva com relação a si mesmo como pessoa. Inclui elementos como estar satisfeito e de acordo consigo mesmo, respeito a si próprio, ser "um consigo mesmo" e se sentir em casa no próprio corpo;

'''2. Autoconfiança''': uma postura positiva com relação às próprias capacidades e desempenho. Inclui as convicções de saber e conseguir fazer alguma coisa, de fazê-lo bem, de conseguir alcançar alguma coisa, de suportar as dificuldades e de poder prescindir de algo;

'''3. Competência social''': é a experiência de ser capaz de fazer contatos. Inclui saber lidar com outras pessoas, sentir-se capaz de lidar com situações difíceis, ter reações flexíveis, conseguir sentir a ressonância social dos próprios atos, saber regular a distância-proximidade com outras pessoas;

'''4. Rede social''': estar ligado em uma rede de relacionamentos positivos. Inclui uma relação satisfatória com o parceiro e com a família, ter amigos, poder contar com eles e estar à disposição deles, ser importante para outras pessoas.

Os dois primeiros pilares representam a dimensão intrapessoal da autoestima, os dois outros sua dimensão interpessoal. O tratamento consiste em diferentes exercícios que têm por fim capacitar a pessoa a realizar cada um desses passos dos diferentes pilares. Mas antes de se começar o trabalho no primeiro pilar há um trabalho preparatório dedicado à formação do '''amor-próprio''' ou '''cuidado consigo mesmo''' (al. ''Selbstzuwendung''), que se desenvolve em três passos: (i) tornar-se atento e consciente das próprias emoções, sentimentos, sensações, necessidades corporais e psíquicas, (ii) relacionar-se respeitosa e amorosamente consigo mesmo e (iii) cuidar de si. Os exercícios incluem técnicas de relaxamento, técnicas para lidar com o crítico interno e de se tornar consciente das partes positivas de si, e muitas técnicas de [[reestruturação cognitiva]] e de autorreforço, típicas da [[terapia cognitivo-comportamental]].

==Referências==
* Baumeister, Roy F. (2001). "Violent Pride", ''Scientific American'', '''284''', No. 4, pp. 96–101.
* Baumeister, Roy F., Campbell, Jennifer D., Krueger, Joachim I. & Vohs, Kathleen D. (2003). "Does High Self-Esteem Cause Better Performance, Interpersonal Success, Happiness, or Healthier Lifestyles?". ''Psychological Science in the Public Interest'', '''4''' (1), pp. 1–44.
* Baumeister, Roy F., Campbell, Jennifer D., Krueger, Joachim I. & Vohs, Kathleen D. (2005). "Exploding the Self-Esteem Myth". ''Scientific American''.
* Lerner, Barbara (1985) "Self-Esteem and Excellence: The Choice and the Paradox". ''American Educator''.
* Mecca, Andrew M., Smelser, Neil J. & [[John Vasconcellos|Vasconcellos]], John (Eds.) (1989). ''The Social Importance of Self-esteem''. University of California Press.
* Peixe, Ricardo (2009) "Confiança GT 2.0: Poder Natural em 15 Dias".
* Potreck-Rose, Friederike & Jacob, Gitta (2006). Selbstzuwendung, Selbstvertrauen, Selbstakzeptanz - Psychoterapeutische Interventionen zum Aufbau von Selbstwertgefühl. Stuttgart: Clett-Kota. ISBN 3-608-89016-5
* Ruggiero, Vincent R. (2000). "Bad Attitude: Confronting the Views That Hinder Student's Learning". ''American Educator''.
* Sedikides, C., & Gregg. A. P. (2003). "Portraits of the self." Em M. A. Hogg & J. Cooper (Eds.), ''Sage handbook of social psychology'' (pp. 110-138). Londres: Sage Publications.

== Ver também ==
* [[Autoimagem]]
* [[Autoconfiança]]
* [[Narcisismo]]
* [[Si mesmo]]
* [[Personalidade]]

== Ligações externas ==
*[http://www.saudevidaonline.com.br/artigo57.htm Autoestima em crianças]
*{{link|en|2=http://www.ericdigests.org/pre-9219/self.htm|3=Counseling To Enhance Self-Esteem}}
*{{link|en|2=http://www.ericdigests.org/1993/esteem.htm|3=Self-Esteem and Narcissism: Implications for Practice}}
*{{link|en|2=http://buddhism.kalachakranet.org/self-confidence.html|3=Uma visão budista da autoconfiança}}
*{{link|2=http://www.ronaud.com/frases-pensamentos-citacoes-sobre/auto-estima|3=Citações e frases sobre Autoestima}}
*{{link|en|2=http://www.Life-With-Confidence.com|3=Artigos, dicas e actividades sobre construir a confiança no trabalho e nas relações pessoais}}
*{{link|en|2=http://www.jrf.org.uk/knowledge/findings/socialpolicy/n71.asp|3=Os custos e causas da baixa autoestima}}


[[Categoria:Psicologia clínica]]
[[Categoria:Psicologia geral]]
[[Categoria:Psicologia da personalidade]]
[[Categoria:Termos técnicos da psicologia]]
[[Categoria:Pedagogia]]
[[Categoria:Motivação]]

Revisão das 17h55min de 25 de abril de 2014