Mostrar código-fonte de Avidyā (Budismo)

{{Budismo}}
'''Avidyā''' (sânscrito अविद्या; Pāli: अविज्जा, ''avijjā''; fonética tibetana: ''ma rigpa'') na literatura budista é comumente traduzido como "ignorância".{{Sfn|Keown|2013|p=73}}{{Sfn|Trainor|2004|p=74}}{{Sfn|Robert Buswell |Donald Lopez|2013|pp=1070}} O conceito refere-se à ignorância ou equívocos sobre a natureza da realidade metafísica, em particular sobre as doutrinas da realidade de [[anicca|impermanência]] e do [[anatta|não-eu]].{{Sfn|Trainor|2004|p=74}}<ref>{{citar livro|autor=Dan Lusthaus |título=Buddhist Phenomenology: A Philosophical Investigation of Yogacara Buddhism and the Ch'eng Wei-shih Lun |url=https://books.google.com/books?id=j0TKAgAAQBAJ |ano=2014|publicado=Routledge |isbn=978-1-317-97342-3 |pages=533–534 }}</ref>{{Sfn|Conze|2013|pp=39-40}} É a causa raiz da ''[[Dukkha]]'' (sofrimento, dor, insatisfação),{{Sfn|Robert Buswell |Donald Lopez|2013|p=86}} e afirmado como o primeiro elo, na fenomenologia budista, de um processo que leva ao [[Renascimento (Budismo) |renascimento sucessivo]].<ref>{{citar livro|autor=David Webster|título=The Philosophy of Desire in the Buddhist Pali Canon|url=https://books.google.com/books?id=S89fgAUG2AEC|data=31/12/2004|publicado=Routledge|isbn=978-1-134-27941-8|page=206}}</ref>

Avidia é mencionada nos ensinamentos budistas como sendo ignorância ou mal-entendido em vários contextos:

* [[Quatro nobres verdades]]{{Sfn|Harvey|1990|p=67}}
* O primeiro elo dos doze elos da [[originação dependente]]{{Sfn|Gouveia|2016|p=140}}
* Um dos [[três venenos]] da tradição budista Mahayana
* Um dos seis ''[[klesha]]s''-raiz dos ensinamentos Mahayana Abhidharma
* Um dos dez grilhões da tradição Theravada
* Equivalente a ''moha'' dentro dos ensinamentos Theravada Abhidharma{{Sfn|Parashar|2016|p=236}}

==Etimologia==
''Avidyā'' é uma palavra sânscrita védica composta por ''a'' e ''vidya'', significando "sem ''vidya''". A palavra ''vidya'' é derivada da raiz sânscrita ''vid'', que significa "saber, perceber, ver, entender".<ref name=mmwp918>{{citar livro|autor=Monier Monier-Williams|título=A Sanskrit-English Dictionary|url=https://books.google.com/books?id=_3NWAAAAcAAJ|ano=1872|publicado=Oxford University Press|page=918}}</ref> Então ''avidya'' significa "não saber". Os termos relacionados a ''vid*'' aparecem extensivamente no [[Rigveda]] e outros [[Vedas]].<ref name=mmwp918/>

Na literatura védica, ''avidya''refere-se a "ignorância, ignorância espiritual, ilusão"; nos primeiros textos budistas, afirma Monier-Williams, significa "ignorância com a inexistência".<ref>{{citar livro|autor=Monier Monier-Williams|título=A Sanskrit-English Dictionary|url=https://books.google.com/books?id=_3NWAAAAcAAJ|ano=1872|publicado=Oxford University Press|page=96}}</ref>

==Conceito==
''Avidya'' é explicada de diferentes maneiras ou em diferentes níveis, dentro de diferentes ensinamentos ou tradições budistas. No nível mais fundamental, é a ignorância ou incompreensão da natureza da realidade;{{notaNT|Avidya pode ser definida em diferentes níveis; por exemplo, uma má percepção da natureza da realidade, ou como não entender as quatro nobres verdades. Por exemplo:
* [[Jeffrey Hopkins]] diz: "[Ignorância] não é apenas uma incapacidade de apreender a verdade, mas uma má compreensão ativa do status de si mesmo e de todos os outros objetos - a própria mente ou corpo, outras pessoas e assim por diante. É a concepção ou suposição de que os fenômenos existem de uma maneira muito mais concreta do que realmente existem. Com base nessa má compreensão do status de pessoas e coisas, somos atraídos pelo desejo aflitivo ([[Ira]]) e ódio ([[dvesha]])..."<ref>Dalai Lama (1992), p. 4 (da Introdução por Jeffrey Hopkins)</ref>
* Sonam Rinchen diz: "Toda ação deixa sua marca na mente e, mais tarde, o desejo e a apreensão ativam a marca para produzir seu resultado. Subjacente a esse tipo de ação está a nossa ignorância, a saber, o nosso equívoco inato do eu, a raiz de todos os nossos problemas.<ref>Sonam Rinchen (2006), p. 14.</ref>}} mais especificamente sobre a natureza das doutrinas do não-eu e da origem dependente.{{Sfn|Trainor|2004|p=74}}{{Sfn|Conze|2013|pp=39-40}}{{Sfn|Williams|Tribe|2000|pp=66-67, Citação: Nesta perspectiva, o não-eu e a origem dependente juntos formam os dois pilares da gnose final (vidya), que é o antídoto para a ignorância. (avidya).}} ''Avidya'' não é falta de informação, afirma Peter Harvey, mas a falta de "uma percepção mais profunda da realidade".{{Sfn|Harvey|1990|p=67}} Gethin cama a Avidya de "equívoco positivo", não mera ausência de conhecimento.{{Sfn|Gethin|1998|p=150}} É um conceito-chave no budismo, no qual a "Avidya" sobre a natureza da realidade, ao invés do pecado, é considerada a raiz básica da ''[[Dukkha]]''.{{Sfn|Harvey|1990|pp=65-68}} A remoção desta ''Avidya'' leva à superação da''Dukkha''.{{Sfn|Edelglass|2009|p=171}}

Enquanto a ''Avidyā'' encontrada no budismo e em outras filosofias indianas é frequentemente traduzida como "ignorância", afirma Alex Wayman, esta é uma tradução incorreta, porque a palavra significa mais que ignorância. Ele sugere que "falta de sabedoria" seja uma tradução ou interpretação mais adequada.<ref name=alexwayman21>{{citar periódico|título= The Meaning of Unwisdom (Avidya)|autor= Alex Wayman|periódico= Philosophy East and West| volume= 7|número= 1/2|ano= 1957| pages= 21–25 | jstor= 1396830| doi=10.2307/1396830}}</ref> O termo inclui não apenas a ignorância das trevas, mas também o obscurecimento, os conceitos errôneos, a ilusão de ser realidade ou confundir o impermanente como sendo permanente, ou o não-ser como o eu (ilusões).<ref name=alexwayman21/>

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{{referências}}

===Fontes===
* {{Citation |autor1=Robert Buswell |autor2=Donald Lopez |  editor1-link =Robert Buswell Jr. | editor2-link =Donald S. Lopez, Jr. |ano=2013|título=Princeton Dictionary of Buddhism |publicado=Princeton University Press |local=Princeton, NJ | isbn =9780691157863}}
* {{Citation |último=Conze |primeiro=Edward |ano=2013 |título=Buddhist Thought in India: Three Phases of Buddhist Philosophy |publicado=Routledge | isbn =978-1-134-54231-4 | url =https://books.google.com/books?id=kY5TAQAAQBAJ}}
* {{Citation|último=Edelglass|primeiro=William|título=Buddhist Philosophy: Essential Readings|ano=2009|isbn=978-0-19-532817-2|url=https://books.google.com/books?id=HjVQB03cVMMC|publicado=Oxford University Press|numero-autores=etal}}
* {{Citation|último=Gethin |primeiro= Rupert |ano=1998 |título=Foundations of Buddhism |publicado=Oxford University Press}}
* {{citation|último=Gouveia|primeiro=Ana Paula|título=Introdução à Filosofia Budista|url=https://books.google.com/books?id=G9_vDAAAQBAJ&pg=PT140|ano=2016|publicado=Paulus Editora|isbn=978-85-349-4458-8|page=140}}
* {{Citation|último=Harvey |primeiro=Peter |ano=1990 |título=An Introduction to Buddhism |publicado=Cambridge University Press}}
* {{citation|último=Parashar|primeiro=Singh M.|título=Inner and Outer Meanings of Buddhism|url=https://books.google.com/books?id=z2l5DQAAQBAJ&pg=PT263|ano=2016|publicado=Xlibris UK|isbn=978-1-5245-9539-5|page=263}}
* {{citation|autor=Peter Harvey |título=The Selfless Mind: Personality, Consciousness and Nirvana in Early Buddhism |url=https://books.google.com/books?id=1azdAAAAQBAJ |ano=2013|publicado=Routledge |isbn=978-1-136-78329-6 }}
* {{citar livro|ref=harv|primeiro=Damien|último= Keown|título=Buddhism: A Very Short Introduction| url=https://books.google.com/books?id=_QXX0Uq29aoC |ano=2013|publicado=Oxford University Press| isbn=978-0-19-966383-5}}
* {{Citation |último=Trainor |primeiro=Kevin |ano=2004 |título=Buddhism: The Illustrated Guide |publicado=Oxford University Press | isbn =978-0-19-517398-7 | url=https://books.google.com/books?id=_PrloTKuAjwC}}
* {{Citation |último1=Williams |primeiro1=Paul |último2=Tribe |primeiro2=Anthony |ano=2000 |título=Buddhist Thought: A Complete Introduction to the Indian Tradition |publicado=Routledge | isbn = 0-415207010}}
* [[Ajahn Sucitto]] (2010). ''Turning the Wheel of Truth: Commentary on the Buddha's First Teaching''. Shambhala.
* Bhikkhu Bodhi (2003), ''A Comprehensive Manual of Abhidhamma'', Pariyatti Publishing
* [[Chogyam Trungpa]] (1972). ''"Karma and Rebirth: The Twelve Nidanas, by Chogyam Trungpa Rinpoche." Karma and the Twelve Nidanas, A Sourcebook for the Shambhala School of Buddhist Studies.'' Vajradhatu Publications.
* [[Dalai Lama]] (1992). ''The Meaning of Life'', translated and edited by Jeffrey Hopkins, Boston: Wisdom.
* [[Mingyur Rinpoche]] (2007). ''The Joy of Living: Unlocking the Secret and Science of Happiness''. Harmony. Kindle Edition.
* [[Sonam Rinchen (Buddhist geshe)|Sonam Rinchen]] (2006). ''How Karma Works: The Twelve Links of Dependent Arising'', Snow Lion.

==Leitura adicional==
* [https://www.wisdomlib.org/hinduism/book/a-history-of-indian-philosophy-volume-1/d/doc209747.html {{IAST|Avijjā}} and {{IAST|Āsava}}], Surendranath Dasgupta, 1940
*[[Daniel Goleman]]: ''Vital Lies, Simple Truths: The Psychology of Self Deception'' (1985) Bloomsbury Publishing. {{ISBN|978-0-7475-3413-6}}
*[http://www.accesstoinsight.org/tipitaka/sn/sn45/sn45.001.than.html Avijja Sutta] Translated from the Pali by Thanissaro Bhikkhu
{{DEFAULTSORT:A}}
[[Categoria:Termos budistas]]
[[Categoria:Conceitos filosóficos budistas]]