Mostrar código-fonte de Bono (patrício)

{{Info/Biografia
 |nome            = Bono
 |nacionalidade   = [[Império Bizantino]]
 |morte_data      = {{morte||5|627}}
 |morte_local     = [[Constantinopla]]
 |filhos          = João
 |religião        = [[Cristianismo]]
 |ocupação        = [[Estadista]] e [[general]]
}}
'''Bono''' ({{langx|el|Βῶνος/Βόνος}}{{sfn|name=Martin242|Martindale|1992|p=242}}{{notaNT|A crônica de {{lknb|Teófanes,|o Confessor}} chama-o erroneamente de Bonoso ({{langx|el|Βώνοσος}}).<ref name=Martin242 />}}; {{morte|||627|si}}) foi um [[estadista]] e [[general bizantino]], um dos associados mais próximos do [[imperador bizantino|imperador]] [[Heráclio]] {{nwrap|r.|610|641}}. Pouco se sabe sobre sua vida. Provavelmente esteve envolvido na campanha de Heráclio que derrubou o imperador [[Focas]] {{nwrap|r.|602|610}}. Sua carreira é pouco conhecida, com apenas poucas menções nas fontes aos ofícios e títulos que lhe foram concedidos.

Ele é particularmente lembrado por seu papel desempenhado na [[guerra bizantino-sassânida de 602-628]], durante a qual atuou como regente ao lado do [[patriarca de Constantinopla|patriarca]] {{lknb|Sérgio|I|de Constantinopla}} {{nwrap|r.|610|638}}. Também foi importante na defesa bem sucedida da capital imperial, [[Constantinopla]], durante o [[Cerco de Constantinopla (626)|cerco ávaro-persa de 626]]. A ele também se atribui a construção de uma das grandes [[cisterna]]s da capital, à qual foi dado o seu nome.

[[Imagem:Phocas cons.jpg|thumb|upright=1.05|[[Soldo (moeda)|Soldo]] de [[Focas]] {{nwrap|r.|602|610}}]]
[[Imagem:Heraclius tremissis 681357.jpg|thumb|upright=1.05|[[Tremisse]] de [[Heráclio]] {{nwrap|r.|610|641}}]]

== Biografia ==

Pouco se sabe sobre as origens de Bono. No poema [[panegírico]] dedicado a ele em 626, [[Jorge de Pisídia]] o chamou de "companheiro em armas" do [[imperador bizantino|imperador]] [[Heráclio]] {{nwrap|r.|610|641}}, quiçá implicando que o acompanhou quando partiu da [[Exarcado da África|África]] em 610 para derrubar [[Focas]] {{nwrap|r.|602|610}}.<ref name=Martin242 /> Sabe-se também que teve um filho ilegítimo, João, que foi enviado como refém aos [[ávaros]] em 622.{{sfn|Martindale|1992|p=242; 706}} Naquele tempo, o Império Bizantino estava envolvido em [[Guerra bizantino-sassânida de 602-628|conflito prolongado]] com seu maior antagonista oriental, o [[Império Sassânida]]. Ao longo dos vinte anos anteriores, os persas conseguiram várias vitórias e capturaram a maior parte do [[Levante (Mediterrâneo)|Levante]] bizantino. Em 622, após garantir a paz com os ávaros nos [[Bálcãs]], Heráclio iniciou a campanha contra eles. Bono foi deixado em [[Constantinopla]] como o guardião dos seus filhos, junto com o [[patriarca de Constantinopla|patriarca]] {{lknb|Sérgio|I|de Constantinopla}} {{nwrap|r.|610|638}}.<ref name=Martin242 />{{sfn|name=Kaegi112|Kaegi|2003|p=112}} Na ausência de Heráclio em campanha nos anos seguintes, Bono atuou como o regente efetivo do Império Bizantino.{{sfn|Kaegi|2003|p=120}}

Os cargos exatos que ocupou são incertos: foi [[patrício]], e nas fontes foi geralmente referido apenas como "o [[magistro]]". Embora tal título normalmente indique a posição do [[mestre dos ofícios]], [[Teodoro Sincelo]] chama-o "o general" ([[estratego]]), talvez inferindo que teve o posto de [[mestre dos soldados na presença]].{{sfn|name=Martin243|Martindale|1992|p=243}} A opinião acadêmica moderna está dividida entre os dois casos: a ''[[Prosopografia do Império Romano Tardio|PIRT]]'' e [[Walter Kaegi]] suportam a última tese,<ref name=Martin242 /><ref name=Kaegi112 /> enquanto [[John Haldon]] notadamente suporta a primeira.{{sfn|Haldon|1984|p=444-446}}

[[Imagem:42-manasses-chronicle.jpg|thumb|esquerda|upright=1.05|[[Cerco de Constantinopla (626)|Cerco de Constantinopla]] em 626 na Crônica de [[Constantino Manasses]], {{séc|XII}}]]
[[Imagem:Byzantine Constantinople-pt.svg|thumb|esquerda|upright=1.05|Mapa da Constantinopla bizantina]]

Em 626, Heráclio obteve várias vitórias no Oriente e inverteu a situação estratégica a seu favor, mas o [[general sassânida]] [[Sarbaro]] continuava acampado com seu exército na [[Ásia Menor]] ocidental, perto de Constantinopla. Nesse momento, os persas chegaram a um acordo com os ávaros, elevando o risco de um cerco combinado da capital. Com tal objetivo, os persas avançaram, tomaram e arrasaram [[Calcedônia (cidade)|Calcedônia]] (atual distrito de [[Kadıköy]] em [[Istambul]]), e esperaram a chegada ávara.{{sfn|Kaegi|2003|p=133-134}} Heráclio, ciente da ameaça, decidiu não retornar em pessoa e em vez disso enviou conselhos e reforços para Bono, que reforçou as [[Muralha de Constantinopla|muralhas da cidade]] e armazenou provisões.<ref name=Martin243 />{{sfn|Kaegi|2003|p=133-134; 138-139}}

O exército ávaro chegou diante de Constantinopla em julho de 626. Propostas à rendição pelo [[grão-cã]] [[Grão-Canato Avar|ávaro]] foram rejeitadas por Bono, e o cerco começou em 29 de julho.<ref name=Martin243 /> Bono era o comandante geral dos defensores. Nos primeiros cinco dias de cerco, enviou sucessivas embaixadas para tentar persuadir o grão-cã a se retirar, oferecendo dinheiro em troca.{{sfn|name=Kaegi137|Kaegi|2003|p=137}}{{sfn|Martindale|1992|p=243-244}} No quinto dia, os [[diplomacia bizantina|emissários bizantinos]] encontraram uma embaixada persa na tenda do grão-cã, fato que realçou o perigo que a cidade enfrentaria se os aliados ávaro-eslavos conseguissem transportar o exército persa sobre o estreito do [[Bósforo]]. Assim, no décimo dia do cerco, em 7 de agosto, Bono atraiu os eslavos para uma armadilha: os bizantinos descobriram que o sinal à frota eslava cruzar o estreito e se encontrar com as forças persas em Calcedônia seria uma grande fogueira. Os próprios bizantinos acenderam um farol em [[Blaquerna]] e, quando os eslavos faziam a travessia, a [[Marinha bizantina|frota bizantina]], posicionada no interior do [[Corno de Ouro|Corno]], navegou ao encontro deles, os atacou e derrotou.<ref name=Kaegi137 />{{sfn|name=Martin244|Martindale|1992|p=244}}

Após a vitória e a repulsão dos ávaros das muralhas, Bono teve que conter as pessoas mais ansiosas da cidade, incluindo mulheres e crianças, que queriam sair correndo e capturar as [[Arma de cerco|armas de cerco]] do inimigo.{{sfn|name=Kaegi138|Kaegi|2003|p=138}} Em vez disso, em 8 de agosto, os ávaros começaram a se retirar; Bono, o patrício Sérgio, e muitas pessoas foram ao [[Portão Dourado]] para assistir à retirada dos inimigos e à queima das [[Torre de cerco|torres de cerco]], incendiadas pelos próprios ávaros. O irmão do imperador, [[Teodoro (irmão de Heráclio)|Teodoro]], chegou logo após comandando um exército e assumiu a condução dos assuntos na capital.<ref name=Martin244 /><ref name=Kaegi138 /> Em seguida, no começo de maio de 627, Bono faleceu e foi enterrado em 11 de maio no [[mosteiro de Estúdio]].{{sfn|Kaegi|2003|p=149}}

== Cisterna de Bono ==

Bono construiu uma grande cisterna na cidade ({{langx|el|κινστέρνα Βῶνου|nome}}), coberta com um teto [[Abóbada|abobadado]], próximo ao local de sua casa, a nordeste da [[igreja dos Santos Apóstolos]]. Por essa razão, o imperador {{lknb|Romano|I Lecapeno}} {{nwrap|r.|920|944}} construiu um palácio lá, o "novo Palácio de Bono".{{sfn|van Millingen|1899|p=23-25}} [[Teófano (esposa de Leão VI)|Teófano]], a primeira esposa de {{lknb|Leão|VI, o Sábio}} {{nwrap|r.|886|912}}, também construiu uma igreja perto, a igreja de São Constantino da Cisterna de Bono, para onde seu corpo foi transferido, quiçá após o [[Cerco de Constantinopla (1204)|saque da cidade em 1204]].{{sfn|Dagron|2003|p=202, 204, 206}} Este complexo palaciano desempenhou papel central no ritual anual da celebração a {{lknb|Constantino,|o Grande}} {{nwrap|r.|306|337}}, o fundador da cidade, em 21 de maio, com a família imperial se movendo do palácio para o mausoléu de Constantino na igreja dos Santos Apóstolos e retornando.{{sfn|Dagron|2003|p=204-205}}

{{Notas|grupo=nt}}

{{Tradução/ref|en|Bonus (patrician)|543349536}}

{{Referências|col=3}}

== Bibliografia ==
{{InícioRef|2}}

* {{Citar livro|sobrenome=Dagron|nome=Gilbert|título=Emperor and Priest: The Imperial Office in Byzantium|ano=2003|local=Cambrígia|editora=Imprensa da Universidade de Cambrígia|isbn=978-0-521-80123-2|ref=harv}}

* {{Citar livro|sobrenome=Haldon|nome=John F.|título=Byzantine Praetorians: An Administrative, Institutional and Social Survey of the Opsikion and Tagmata, c. 580–900|ano=1984|editora=R. Habelt|local=Bona, Alemanha|isbn=3-7749-2004-4|ref=harv}}

* {{Citar livro|sobrenome=Kaegi|nome=Walter E.|título=Heraclius – Emperor of Byzantium|editora=Imprensa da Universidade de Cambrígia|local=Cambrígia| ano=2003|isbn=0-521-81459-6|ref=harv}}

* {{Citar livro|sobrenome=Martindale|nome=John R.|coautor=Jones, Arnold Hugh Martin; Morris, John|título=The Prosopography of the Later Roman Empire - Volume III, AD 527–641|ano=1992|capítulo=Bonus 5|local=Cambrígia e Nova Iorque|editora=Imprensa da Universidade de Cambrígia|isbn=0-521-20160-8|ref=harv}}

*{{Citar livro|ultimo=van Millingen|primeiro=Alexander|autorlink=Alexander van Millingen|título=Byzantine Constantinople: The Walls of the City and Adjoining Historical Sites|ref=harv|editora=John Murray Ed.|língua=en|ano=1899|local=Londres}}

{{-fim}}

[[Categoria:Nascidos no século VI]]
[[Categoria:Bizantinos do século VI]]
[[Categoria:Bizantinos envolvidos nas guerras bizantino-sassânidas]]
[[Categoria:Mestres dos ofícios do Império Bizantino do século VII]]
[[Categoria:Patrícios do Império Bizantino do século VII]]
[[Categoria:Regentes bizantinos]]
[[Categoria:Mestres dos soldados na presença do século VII]]
[[Categoria:Guerras bizantino-ávaras]]
[[Categoria:Guerra bizantino-sassânida de 602-628]]
[[Categoria:Mosteiro de Estúdio]]
[[Categoria:Generais de Heráclio]]
{{artigo bom}}