Cerco de Constantinopla (821–823)

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 Nota: Para outros significados, veja Cerco de Constantinopla.
Cerco de Constantinopla de 821-823
Revolta de Tomás, o Eslavo

Ilustração do "Escilitzes de Madrid" mostrando um assalto a Constantinopla durante a primavera de 822
Data finais de 821 — início de 823
Local Império Bizantino, Constantinopla
Desfecho Constantinopla resistiu, mantendo-se fiel a Miguel. Tomás acabou por se render em abril de 823 em Arcadiópolis
Beligerantes
Império Bizantino Tropas rebeldes Império Bizantino Tropas leais ao imperador
Comandantes
Império Bizantino Tomás, o Eslavo Império Bizantino Miguel II, o Amoriano
Forças
80 000 (?) [1][2] 35 000 (?) [3][4]

O Cerco de Constantinopla de 821-823 foi um dos dos episódios mais relevantes da chamada revolta de Tomás, o Eslavo. Este era um alto comandante militar bizantino, que se proclamou imperador, contestando a legitimidade de Miguel II, o Amoriano, que subiu ao trono em 25 de dezembro de 820 após os seus partidários terem assassinado o imperador Leão V, o Arménio.

Os preparativos do cerco foram iniciados no verão de 821[1][2] e as primeiras tropas e marinha de Tomás chegaram aos arredores da cidade em outubro ou novembro desse ano, começando por ocupar parte do Corno de Ouro, o estuário a norte da cidade. Tomás chegou em dezembro e, depois de tomar as localidades em volta da capital, atacou em três frentes sem qualquer sucesso, apesar da superioridade numérica,[a] o que levou os sitiantes a suspenderam os combates até à primavera de 822.[5][6][7] Quando os assaltos foram retomados, mais uma vez os atacantes foram derrotados, tanto em terra como principalmente no mar, onde a marinha de Tomás foi desbaratada, tendo as tripulações fugido para terra.[8][9]

Apesar da vinda das armadas dos temas marítimos da Grécia em apoio de Tomás, um novo ataque em larga escala fracassou, ficando Tomás novamente quase sem marinha e perdendo o controlo do mar, apesar de continuar o cerco em terra.[7][10][11] Entretanto, Miguel pediu ajuda ao czar búlgaro Omurtague da Bulgária, o qual invadiu a Trácia em novembro de 822 ou na primavera de 823, e avançou para Constantinopla. Tomás foi ao encontro dos búlgaros com o seu exército. O recontro dos dois exércitos deu-se na Batalha de Cedúcto, travada numa planície perto de Heracleia Perinto (atual Marmara Ereğlisi, na província de Tekirdağ), cujo resultado é incerto, pois segundo algumas fontes Tomás teria «matado muitos búlgaros» mas acabaria derrotado, mas ao mesmo tempo não há quaisquer indícios de atividade dos búlgaros depois da batalha, o que leva a maior parte dos historiadores modernos que consideram que Tomás saiu vitorioso.[12][13][14]

Tomás não foi capaz de retomar o cerco,[7] provavelmente devido às pesadas baixas frente aos búlgaros e também porque o restava da sua frota, que tinha ficado no Corno de Ouro, rendeu-se a Miguel durante a sua ausência. Depois de bloquear as cidades onde os apoiantes de Tomás se refugiaram, Miguel acabou por capturar e executar Tomás em abril de 823 em Arcadiópolis, após um longo cerco, que obrigou os sitiados a comer cavalos famintos e as suas peles.[15][16]

Ver também[editar | editar código-fonte]

  • Tomás, o Eslavo — onde é feita uma abordagem em maior profundidade do Cerco de Constantinopla de 821-823 e do contexto em que se desenrolou.

Notas e referências[editar | editar código-fonte]

[a] ^ As fontes disponíveis para o número de soldados de ambos os lado, possivelmente exageradas quanto às forças de Tomás, referem 80 000 homens no lado dos atacantes, às ordens de Tomás,[1][2] e 35 000 do lado dos defensores, fiéis a Miguel.[3][4]
  1. a b c Bury 1912, p. 91-92.
  2. a b c Treadgold 1988, p. 236.
  3. a b Treadgold 1988, p. 234, 236.
  4. a b Bury 1912, p. 90-91.
  5. Bury 1912, p. 93-96.
  6. Treadgold 1988, p. 237-238.
  7. a b c Kiapidou 2003. Cap. 2.2
  8. Bury 1912, p. 96-97.
  9. Treadgold 1988, p. 238-239.
  10. Bury 1912, p. 98-99.
  11. Treadgold 1988, p. 239-240.
  12. Bury 1912, p. 100-102.
  13. Treadgold 1988, p. 240, 245.
  14. Lemerle 1965, p. 279-281, 291.
  15. Bury 1912, p. 102-103.
  16. Treadgold 1988, p. 240-241.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]