Mostrar código-fonte de Cidade

{{multiple image
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| image1 = Palace of Westminster from the dome on Methodist Central Hall (cropped).jpg
| image2 = Tokyo Shibuya Scramble Crossing 2018-10-09.jpg
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| image7 = Hong Kong Harbour Night 2019-06-11.jpg
| image8 = Metro de São Paulo, Luz Station, Brazil (square cropped).jpg
| footer = ''Do topo, da esquerda para a direita'': [[Palácio de Westminster]] em [[Londres]]; [[Cruzamento de Shibuya]] em [[Tóquio]]; [[Rio Sena]] em [[Paris]]; [[favela]] da [[Rocinha]] no [[Rio de Janeiro]]; [[Sexta Avenida]] em [[Manhattan]]; mercado de especiarias em [[Deli]]; [[panorama urbano]] de [[Hong Kong]]; [[Metrô de São Paulo]].
}}
A '''cidade''' é um grande [[Povoamento humano|assentamento humano]].<ref name="Goodall">Goodall, B. (1987) ''The Penguin Dictionary of Human Geography''. London: Penguin.</ref><ref name="Kuper and Kuper">Kuper, A. and Kuper, J., eds (1996) ''The Social Science Encyclopedia''. 2nd edition. London: Routledge.</ref> Pode ser definida como um lugar permanente e [[Densidade urbana|densamente]] povoado com limites administrativamente definidos cujos membros trabalham principalmente em tarefas não agrícolas.<ref>{{Citar livro|título=Encyclopedia of the City|ultimo=Caves|primeiro=R. W.|editora=Routledge|ano=2004|páginas=99}}</ref> As cidades geralmente têm amplos sistemas de [[habitação]], [[transporte]], [[saneamento]], [[Serviço público|serviços públicos]], [[uso do solo]], [[Indústria manufatureira|produção de bens]] e [[comunicação]]. Sua densidade facilita a interação entre pessoas, órgãos governamentais e [[Negócio|empresas]], às vezes beneficiando diferentes partes do processo, como melhorar a eficiência da distribuição de bens e serviços.

A cidade é um conjunto de pessoas em um [[perímetro urbano]] (sem governo próprio), formada por casas e edifícios que estão próximos e, possui serviços que atendem as necessidades básicas dos moradores.<ref name=":0">{{Citar web|url=https://www.significados.com.br/cidade-e-municipio/|titulo=Diferença entre cidade e município e suas características|acessodata=2024-09-24|website=Enciclopédia Significados|lingua=pt-br}}</ref> Já o [[município]] é formado pela cidade mais os [[Zona rural|territórios rurais]] e, possui uma [[administração pública]]; assim a cidade transforma-se em município quando tiver [[governo]]/jurisdição próprio.<ref name=":0" />

Historicamente, os moradores das cidades têm sido uma pequena proporção da [[humanidade]] em geral, mas após dois séculos de [[urbanização]] rápida e sem precedentes, mais da metade da [[população mundial]] agora vive em cidades, o que teve consequências profundas para a sustentabilidade global.<ref>{{Citar periódico |url=https://ourworldindata.org/urbanization |titulo=Urbanization |data=13 de junho de 2018 |acessodata=2021-02-14 |ultimo=Ritchie |primeiro=Hannah |ultimo2=Roser |primeiro2=Max |lingua=en |periódico=Our World in Data}}</ref><ref>{{Citar livro|url=https://www.academia.edu/9294719|título=Urban Sustainability in Theory and Practice: Circles of Sustainability|ultimo=James|primeiro=Paul|ultimo2=with Magee|primeiro2=Liam|ultimo3=Scerri|primeiro3=Andy|ultimo4=Steger|primeiro4=Manfred B.|editora=Routledge|ano=2015|localização=London|isbn=9781315765747|autorlink=Paul James (academic)}}</ref> As cidades atuais geralmente formam o núcleo de grandes [[Região metropolitana|áreas metropolitanas]] e [[Espaço urbano|urbanas]] – criando inúmeros [[Movimento pendular|passageiros]] que viajam para os [[Centro urbano|centros]] das cidades para emprego, entretenimento e educação. No entanto, em um mundo de intensificação da [[globalização]], todas as cidades estão, em graus variados, também conectadas globalmente além dessas regiões. Essa influência crescente significa que as cidades também têm influências significativas em questões globais, como [[desenvolvimento sustentável]], [[aquecimento global]] e saúde global. Devido a essas grandes influências em questões mundiais, a comunidade internacional priorizou o investimento em [[Ecocidade|cidades sustentáveis]] por meio do 11º [[Objetivos de Desenvolvimento Sustentável|Objetivo de Desenvolvimento Sustentável]]. Devido à eficiência do transporte e ao menor consumo de terra, as cidades [[Densidade urbana|densas]] têm o potencial de ter uma [[pegada ecológica]] menor por habitante do que as áreas mais escassamente povoadas.<ref>{{Citar web|url=https://news.un.org/en/story/2019/09/1046662|titulo=Cities: a 'cause of and solution to' climate change|data=18 de setembro de 2019|acessodata=2021-03-20|website=UN News|lingua=en}}</ref> Por isso, as cidades compactas são muitas vezes referidas como um elemento crucial na luta contra as alterações climáticas.<ref>{{Citar web|url=https://www.theguardian.com/environment/georgemonbiot/2011/jun/30/sustainable-cities-urban-planning|titulo=Sustainable cities must be compact and high-density|data=30 de junho de 2011|acessodata=2021-03-20|website=The Guardian News|lingua=en}}</ref> No entanto, essa concentração também pode ter consequências negativas significativas, como a formação de [[Ilha de calor|ilhas de calor urbanas]], [[Poluição|concentração de poluição]] e estresse no [[abastecimento de água]] e outros recursos.

Outras características importantes das cidades, além da população, incluem o estatuto de [[capital]] e a relativa ocupação contínua da cidade. Por exemplo, capitais de países como [[Pequim]], [[Londres]], [[Cidade do México]], [[Moscovo|Moscou]], [[Nairóbi]], [[Nova Deli]], [[Paris]], [[Roma]], [[Atenas]], [[Seul]], [[Singapura]], [[Tóquio]], [[Manila]] e [[Washington, D.C.|Washington, DC]] refletem a identidade e o ápice de suas respectivas nações.<ref>{{Citar web|url=https://www-personal.umich.edu/~sdcamp/capitals/Ch2.html|titulo=Ch2|acessodata=2021-05-10|website=www-personal.umich.edu}}</ref> Algumas capitais históricas, como [[Quioto]] e [[Xian]], mantêm seu reflexo de identidade cultural mesmo sem o estatuto de capital. Locais sagrados religiosos oferecem outro exemplo de estatuto de capital dentro de uma religião, [[Jerusalém]], [[Meca]], [[Varanasi]], [[Aiódia]] e [[Prayagraje]] têm importante significado cultural.

== Definição ==
{{VT|Aldeia|Vila}}
[[Ficheiro:Cidades.PNG|thumb|upright=1.3|esquerda|A distinta consideração de cidade pode resultar em casos extremos: [[Trancoso]], em [[Portugal]] (esquerda), é considerada oficialmente cidade desde 2004, com apenas 10 mil habitantes, enquanto [[Madrid]], [[Espanha]] (direita), manteve sua designação medieval de [[vila]] (''Villa de Madrid''), apesar de ter mais de 3 milhões de habitantes.]]

Uma cidade pode ser distinguida de outros assentamentos humanos por seu tamanho relativamente grande, mas também por suas funções e seu estatuto simbólico especial, que pode ser conferido por uma autoridade central. O termo também pode se referir tanto às ruas e edifícios físicos da cidade quanto ao conjunto de pessoas que ali habitam, e pode ser usado em um sentido geral para significar território [[Espaço urbano|urbano]] e não rural.<ref name="OED">"city, n.", ''Oxford English Dictionary'', unho de 2014.</ref><ref name="Lynch2008p678">Kevin A. Lynch, "What Is the Form of a City, and How is It Made?"; in Marzluff et al. (2008), p. 678.</ref>

Os [[Censo demográfico|censos]] nacionais usam uma variedade de definições - invocando fatores como [[População (biologia)|população]], [[densidade populacional]], número de [[Habitação|moradias]], função econômica e [[Infraestrutura (engenharia)|infraestrutura]] - para classificar as populações como urbanas. As definições de trabalho típicas para populações de cidades pequenas começam em cerca de 100 mil pessoas.<ref>{{Citar web|url=http://data.oecd.org/popregion/urban-population-by-city-size.htm|titulo=Population by region - Urban population by city size - OECD Data|acessodata=2019-06-03|website=theOECD|lingua=en}}</ref> As definições comuns de população para uma área urbana (cidade ou vila) variam entre 1,5 mil e 50 mil pessoas, com a maioria dos [[estados dos EUA]] usando um mínimo entre 1,5 mil e 5 mil habitantes.<ref>"[https://unstats.un.org/unsd/demographic/products/dyb/dyb2015/notes/notes06.pdf Table 6]" in United Nations Demographic Yearbook ([https://unstats.un.org/unsd/demographic/products/dyb/dyb2015.htm 2015]), the 1988 version of which is quoted in Carter (1995), pp. 10–12.</ref> Algumas jurisdições não estabelecem tais mínimos.<ref>{{Citar web|url=http://www.nclm.org/resource-center/Pages/How-Municipalities-Work.aspx|titulo=How NC Municipalities Work – North Carolina League of Municipalities|website=www.nclm.org|arquivourl=https://web.archive.org/web/20100516211303/http://www.nclm.org/resource-center/Pages/How-Municipalities-Work.aspx|arquivodata=2010-05-16|urlmorta=dead}}</ref> No [[Reino Unido]], o estatuto de cidade é concedido pela Coroa e permanece permanentemente. (Historicamente, o fator de qualificação era a presença de uma [[catedral]], resultando em algumas cidades muito pequenas, como [[Wells (Somerset)|Wells]], com uma população de 12 mil habitantes e [[St Davids]], com uma população de 1.841 pessoas em 2011). De acordo com a "definição funcional", uma cidade não se distingue apenas pelo tamanho, mas também pelo papel que desempenha dentro de um contexto político mais amplo. As cidades servem como centros administrativos, comerciais, religiosos e culturais para suas áreas circundantes maiores.<ref name="Smith2002">Smith, "[http://www.public.asu.edu/~mesmith9/1-CompleteSet/MES-02-EarlyCities.pdf Earliest Cities]", in Gmelch & Zenner (2002).</ref><ref name="Marshall14">Marshall (1989), pp. 14–15.</ref>

O ''grau de urbanização'' é uma métrica moderna para ajudar a definir o que compõe uma cidade: "uma população de pelo menos 50 mil habitantes em células contíguas de grade densa (>1.500 habitantes por quilômetro quadrado)".<ref>{{Citar web|ultimo=Lewis Dijkstra, Ellen Hamilton, Somik Lall, and Sameh Wahba|url=https://blogs.worldbank.org/sustainablecities/how-do-we-define-cities-towns-and-rural-areas|titulo=How do we define cities, towns, and rural areas?|data=10 de março de 2020}}</ref> Essa métrica foi "criada ao longo dos anos pela [[Comissão Europeia]], [[Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico|OCDE]], [[Banco Mundial]] e outros, e endossada em março de 2021 pelas [[Organização das Nações Unidas|Nações Unidas]] ... em grande parte para fins de comparação estatística internacional".<ref>{{Citar jornal|ultimo=Moore|primeiro=Oliver|titulo=What makes a city a city? It's a little complicated|data=2 de outubro de 2021|website=[[The Globe and Mail]]|pagina=A11}}</ref>

== Etimologia ==
As palavras ''cidade'' e ''[[civilização]]'' vêm da raiz [[Latim|latina]] ''[[wiktionary:civitas|civitas]]'', originalmente significando 'cidadania' ou 'membro da comunidade' e eventualmente chegando a corresponder a ''[[wiktionary:urbs|urbs]]'', significando 'cidade' em um sentido mais físico.<ref name="OED"/> A ''civitas'' romana estava intimamente ligada à ''[[Pólis|polis]]'' grega.<ref>Yi Jianping, "'Civilization' and 'State': An Etymological Perspective"; ''Social Sciences in China'' 33(2), 2012; {{DOI|10.1080/02529203.2012.677292}}.
</ref> Na terminologia [[Toponímia|toponímica]], os nomes de cidades e vilas individuais são chamados ''astionyms'' (do [[Língua grega antiga|grego antigo]] ἄστυ 'cidade ou vila' e ὄνομα 'nome').{{Sfn|Room|1996|p=13}}

== Geografia ==
{{AP|Geografia urbana}}
A [[geografia urbana]] lida tanto com as cidades em seu contexto mais amplo quanto com sua estrutura interna.<ref>Carter (1995), pp. 5–7.</ref> Estima-se que as cidades cubram cerca de 3% da superfície terrestre da [[Terra]].<ref>Bataille, L., "From passive to energy generating assets",  [https://issuu.com/energyinbuildingsindustry/docs/eibi_october_2021 ''Energy in Buildings & Industry'', outubro de 2021], p. 34, acessado em 12 de fevereiro de 2022</ref>

=== Áreas urbanas ===
[[Ficheiro:Night_in_the_Greater_Tokyo_Area_ISS054.jpg|miniaturadaimagem|[[Região Metropolitana de Tóquio|Tóquio]] é amplamente considerada a [[Lista das cidades mais populosas do mundo|maior cidade do mundo]] (por área urbana e área metropolitana). A [[imagem de satélite]] mostra que sua urbanização ultrapassou os limites administrativos da cidade.]]
{{AP|Espaço urbano}}
{{VT|Região metropolitana}}

O assentamento do tipo urbano se estende muito além dos limites tradicionais dos limites oficiais da cidade<ref>Carter (1995), p. 15.</ref> em uma forma de desenvolvimento às vezes descrita criticamente como [[expansão urbana]].<ref>{{citar livro |ano=2013 |autor1=Paul James |autor2=Meg Holden |autor3=Mary Lewin |autor4=Lyndsay Neilson |autor5=Christine Oakley |autor6=Art Truter |autor7=David Wilmoth |capítulo= Managing Metropolises by Negotiating Mega-Urban Growth | título= Institutional and Social Innovation for Sustainable Urban Development |editor1=Harald Mieg |editor2=Klaus Töpfer |capítulourl=https://www.academia.edu/7207756 |publicado= Routledge}}</ref> A descentralização e dispersão das funções da cidade (comercial, industrial, residencial, cultural, política) transformou o próprio significado do termo e desafiou os [[geógrafo]]s que buscam classificar os territórios de acordo com um binário urbano-rural.<ref name="HugoEtAl2003" />

As [[áreas metropolitanas]] incluem [[subúrbio]]s e [[periferia]]s organizados em torno das necessidades dos [[Movimento pendular|passageiros]] e, às vezes, [[Edge city|cidades periféricas]] caracterizadas por algum grau de independência econômica e política. Algumas cidades agora fazem parte de uma paisagem urbana contínua chamada [[aglomeração urbana]], [[conurbação]] ou [[megalópole]] (exemplificada pelo corredor [[BosWash]] do [[nordeste dos Estados Unidos]]).<ref>Chaunglin Fang & Danlin Yu, "[http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0169204617300439 Urban agglomeration: An evolving concept of an emerging phenomenon]"; ''Landscape and Urban Planning'' 162, 2017.</ref>

=== Local ===
[[Imagem:Pittsburgh skyline view.jpg|thumb|O centro de [[Pittsburgh]], nos [[Estados Unidos]], fica na confluência dos rios [[Rio Monongahela|Monongahela]] e [[Rio Allegheny|Allegheny]], que se tornam o [[Rio Ohio|Ohio]].]]
A localização das cidades variou ao longo da história de acordo com os contextos naturais, tecnológicos, econômicos e militares. O acesso à [[água]] tem sido um fator importante na localização e crescimento das cidades e, apesar das exceções permitidas pelo advento do transporte ferroviário no século XIX, até o presente, a maioria da população urbana do mundo vive perto da costa marítima ou de [[rio]]s.<ref>Marshall (1989), pp. 11–14.</ref>

As áreas urbanas geralmente não podem produzir seu próprio alimento e, portanto, devem desenvolver alguma relação com o interior que as sustenta.<ref name="Kaplan2004p155"/> Somente em casos especiais, como as cidades mineiras, que desempenham um papel vital no comércio de longa distância, as cidades são desconectadas do campo que as alimenta.<ref name="Marshall1989p15">Marshall (1989), p. 15.</ref> Assim, a centralidade dentro de uma região produtiva influencia a localização, já que as forças econômicas em teoria favoreceriam a criação de mercados em locais ótimos mutuamente alcançáveis.<ref name="Latham2009p18" />

=== Centro ===
{{AP|Centro urbano}}
{{VT|Distrito financeiro}}
[[Imagem:Centro_SP2.jpg|thumb|[[Zona Central de São Paulo|Zona Central]] de [[São Paulo]], no [[Brasil]].]]

A grande maioria das cidades tem uma [[Centro urbano|área central]] contendo edifícios com especial significado econômico, político e religioso. Os arqueólogos referem-se a esta área pelo termo grego ''[[temenos]]'' ou se for fortificada como uma [[cidadela]].<ref>Kaplan et al. (2004), pp. 34–35.</ref> Esses espaços refletem e ampliam historicamente a centralidade e a importância da cidade para sua esfera de influência mais ampla.<ref name="Latham2009p18">Latham et al. (2009), p. 18.</ref>

=== Espaço público ===
{{AP|Espaço público}}
As cidades normalmente têm [[Espaço público|espaços públicos]] onde qualquer pessoa pode ir. Estes incluem espaços de [[propriedade privada]] abertos ao público, bem como formas de terras públicas, como domínio público e usos comuns. A [[filosofia ocidental]] desde a época da [[ágora]] grega considerou o espaço público físico como o substrato simbólico da [[esfera pública]].<ref>Don Mitchell, "[https://www.academia.edu/download/33133088/the-end-of-public-space-mitchell.pdf The End of Public Space? People's Park, Definitions of the Public, and Democracy]";{{dead link|date=October 2017|fix-attempted=yes}} ''Annals of the Association of American Geographers'' 85(1), março de 1995.</ref>

=== Estrutura interna ===
[[Imagem:L'Enfant_plan.svg|thumb|[[Planejamento urbano|Plano urbano]] de [[Washington, D.C.]], inspirado em [[Versalhes]].<ref>Moholy-Nagy (1986), pp. 146–148.</ref>]]

A estrutura urbana geralmente segue um ou mais padrões básicos: geomórfico, radial, concêntrico, retilíneo e curvilíneo. O ambiente físico geralmente restringe a forma na qual uma cidade é construída.<ref name="Moholy-Nagy2122">Moholy-Nagy (1968), 21–33.</ref>

Se localizada em uma encosta de montanha, a estrutura urbana pode contar com [[terraço]]s e ruas sinuosas. Pode ser adaptada aos seus meios de subsistência (por exemplo, agricultura ou pesca). E pode ser configurada para uma defesa ideal, dada a paisagem circundante.<ref name="Moholy-Nagy2122"/>

Um sistema de ruas urbanas e terrenos retilíneos, conhecido como plano de grade, tem sido usado por milênios na Ásia, Europa e Américas. A [[civilização do Vale do Indo]] construiu [[Moenjodaro]], [[Harapa]] e outras cidades em um padrão de grade, usando princípios antigos descritos por Kautilya e alinhados com os [[Pontos subcolaterais|pontos da bússola]].<ref>Mohan Pant and Shjui Fumo, "[https://www.jstage.jst.go.jp/article/jaabe/4/1/4_1_51/_pdf The Grid and Modular Measures in The Town Planning of Mohenjodaro and Kathmandu Valley: A Study on Modular Measures in Block and Plot Divisions in the Planning of Mohenjodaro and Sirkap (Pakistan), and Thimi (Kathmandu Valley)]"; ''Journal of Asian Architecture and Building Engineering'' 59, May 2005.</ref><ref name="Smith2002">Smith, "[http://www.public.asu.edu/~mesmith9/1-CompleteSet/MES-02-EarlyCities.pdf Earliest Cities]", in Gmelch & Zenner (2002).</ref><ref>Michel Danino, "[http://www.iisc.ernet.in/prasthu/pages/PP_data/paper2.pdf New Insights into Harappan Town-Planning, Proportions and Units, with Special Reference to Dholavira] {{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20170525012828/http://www.iisc.ernet.in/prasthu/pages/PP_data/paper2.pdf |data=25 de maio de 2017 }}", "Man and Environment 33(1), 2008.</ref><ref>Jane McIntosh, ''The Ancient Indus Valley: New Perspectives''; ABC-CLIO, 2008; {{ISBN|978-1-57607-907-2}}  pp. [https://books.google.com/books?id=1AJO2A-CbccC&pg=PA231 231], [https://books.google.com/books?id=1AJO2A-CbccC&pg=PA346 346].</ref>

== História ==
{{AP|História das cidades}}
[[Imagem:Çatalhöyük,_7400_BC,_Konya,_Turkey_-_UNESCO_World_Heritage_Site,_08.jpg|Área Sul de Çatalhüyük|thumb|[[Escavação|Escavações]] na área sul de [[Çatalhüyük]], uma das primeiras cidades do mundo.]]
[[Ficheiro:Oldest_arch_4.JPG|miniaturadaimagem|Um [[arco]] da antiga cidade [[suméria]] de [[Ur]], que floresceu no [[Terceiro milénio a.C.|terceiro milênio a.C.]], pode ser visto na atual [[Tell el-Mukayyar]] no [[Iraque]].]]

As cidades de [[Jericó]], [[Alepo]], [[Faium]], [[Erevã]], [[Atenas]], [[Damasco]] e [[Argos (Grécia)|Argos]] estão entre as que reivindicam [[Lista das cidades mais antigas continuadamente habitadas|a mais longa habitação contínua]]. As cidades, caracterizadas pela [[densidade populacional]], função [[Símbolo|simbólica]] e [[planejamento urbano]], existem há milhares de anos.<ref>Nick Compton, "What is the oldest city in the world?", ''The Guardian'', 16 February 2015.</ref> Na visão convencional, a civilização e a cidade resultaram do [[Revolução neolítica|desenvolvimento da agricultura]], que possibilitou a produção de alimentos excedentes e, portanto, uma [[Divisão do trabalho|divisão social do trabalho]] (com concomitante [[estratificação social]]) e do [[comércio]].<ref>{{Harv|Bairoch|1988|pp=3–4}}</ref><ref>{{Harv|Pacione|2001|p=16}}</ref> As primeiras cidades muitas vezes apresentavam [[celeiro]]s, às vezes dentro de um templo.<ref>Kaplan et al. (2004), p. 26.</ref> Um ponto de vista minoritário considera que as cidades podem ter surgido sem a agricultura, devido aos meios alternativos de subsistência (pesca),<ref>Jennifer R. Pournelle, "[https://www.researchgate.net/publication/257139948_From_KLM_to_Corona_A_Bird%27s_Eye_View_of_Cultural_Ecology_and_Early_Mesopotamian_Urbanization KLM to CORONA: A Bird's Eye View of Cultural Ecology and Early Mesopotamian Urbanization"; in ''Settlement and Society: Essays Dedicated to Robert McCormick Adams''] ed. Elizabeth C. Stone; Cotsen Institute of Archaeology, UCLA, and Oriental Institute of the University of Chicago, 2007.</ref> para serem usadas como abrigos sazonais comunais,<ref name="Perlman16">[[Fredy Perlman]], ''Against His-Story, Against Leviathan'', Detroit: Black & Red, 1983; p. 16.</ref> pelo seu valor como bases de organização militar defensiva e ofensiva,<ref name="Mumfurd1961war">Mumford (1961), pp. 39–46</ref><ref name="Ashworth1991p12">Ashworth (1991), pp. 12–13.</ref> ou à sua inerente função econômica inerente.<ref name="Jacobs 1969 23">{{Harv|Jacobs|1969|p=23}}</ref><ref>Michael E. Smith, Jason Ur, & Gary M. Feinman, "[https://dash.harvard.edu/bitstream/handle/1/13364827/Smith%20etal%202014%20IJURR.pdf?sequence=1 Jane Jacobs' 'Cities First' Model and Archaeological Reality]", ''International Journal of Urban and Regional Research'' 38, 2014; {{DOI|10.1111/1468-2427.12138}}.</ref> As cidades desempenharam um papel crucial no estabelecimento do poder político sobre uma área e líderes antigos, como [[Alexandre, o Grande]], as fundaram e as criaram com zelo.<ref>McQuillan (1937/1987), §1.03.</ref>

=== Antiguidade ===
[[Jericó]] e [[Çatalhüyük|Çatalhöyük]], datadas do [[Oitavo milénio a.C.|oitavo milênio a.C.]], estão entre as primeiras [[proto-cidade]]s conhecidas pelos arqueólogos.<ref name="Perlman16"/><ref>Southall (1998), p. 23.</ref> No entanto, a cidade [[Mesopotâmia|mesopotâmica]] de [[Uruque|Uruk]] de meados do [[quarto milênio a.C.]] (antigo Iraque) é considerada por alguns como a primeira cidade verdadeira, com seu nome atribuído ao [[Período de Uruque|período de Uruk]].<ref>{{Citar web|ultimo=Department of Ancient Near Eastern Art|url=https://www.metmuseum.org/toah/hd/uruk/hd_uruk.htm|titulo=Uruk: The First City|data=outubro de 2003|acessodata=2022-03-05|website=www.metmuseum.org}}</ref><ref>{{Citar web|url=https://www.khanacademy.org/humanities/big-history-project/agriculture-civilization/first-cities-states/a/uruk|titulo=Uruk (article)|acessodata=2022-03-05|website=Khan Academy|lingua=en}}</ref><ref>{{Citar web|url=https://www.thoughtco.com/uruk-period-mesopotamia-rise-of-sumer-171676|titulo=What Science Has Learned about the Rise of Urban Mesopotamia|acessodata=2022-03-05|website=ThoughtCo|lingua=en}}</ref>

No [[Quarto milénio a.C.|quarto]] e [[Terceiro milénio a.C.|terceiro milênio a.C.]], civilizações complexas floresceram nos vales de rios da [[Mesopotâmia]], [[Índia]], [[China]] e [[Antigo Egito|Egito]].<ref>{{Citar livro|título=Middle East and Africa: International Dictionary of Historic Places|ultimo=Ring|primeiro=Trudy|data=2014}}</ref><ref>Jhimli Mukherjee Pandeyl, "Varanasi is as old as Indus valley civilization, finds IIT-KGP study", ''Times of India'' 25 February 2016.</ref> Escavações nessas áreas encontraram [[Ruína|ruínas]] de cidades voltadas para comércio, política ou religião. Algumas tinham [[Densidade urbana|populações grandes e densas]], mas outras realizavam atividades urbanas no campo da política ou da religião sem ter grandes populações associadas.
[[Ficheiro:Mohenjo-daro.jpg|esquerda|miniaturadaimagem| [[Moenjodaro]], uma cidade da [[civilização do Vale do Indo]], no atual [[Paquistão]], que foi reconstruída seis ou mais vezes também no terceiro milênio a.C.]]

Entre as primeiras cidades do [[Velho Mundo]], [[Moenjodaro]] da civilização do Vale do Indo no atual [[Paquistão]], existente a partir de cerca de 2600 a.C., era uma das maiores, com uma população de 50 mil pessoas ou mais e um sofisticado sistema de [[saneamento]].<ref>Kenoyer, Jonathan Mark (1998) ''Ancient Cities of the Indus Valley Civilization''. [[Oxford University Press]], Karachi and New York.</ref> As [[Cidade planejada|cidades planejadas]] da China foram construídas de acordo com princípios sagrados para atuar como [[Macrocosmo e microcosmo|microcosmos]] celestes.<ref>Southall (1998), pp. 38–43.</ref>

As cidades do [[Antigo Egito]] que são conhecidas fisicamente pelos arqueólogos não são extensas.<ref name="Smith2002">Smith, "[http://www.public.asu.edu/~mesmith9/1-CompleteSet/MES-02-EarlyCities.pdf Earliest Cities]", in Gmelch & Zenner (2002).</ref> E as incluem (conhecidos por seus nomes árabes) [[El Lahun]], uma cidade de trabalhadores associada à pirâmide de [[Sesóstris II|Senusret II]], e a cidade religiosa [[Amarna]], construída por [[Aquenáton|Akhenaton]] e depois abandonada. Esses locais aparecem planejados de forma altamente regimentada e [[Estratificação social|estratificada]], com uma grade minimalista de quartos para os trabalhadores e habitações cada vez mais elaboradas disponíveis para as classes mais altas.<ref>Moholy-Nagy (1968), pp. 158–161.</ref>

Na [[Mesopotâmia]], a civilização da [[Suméria]], seguida pela [[Assíria]] e [[Babilónia|Babilônia]], deu origem a inúmeras cidades, governadas por reis e fomentando múltiplas línguas escritas em [[Escrita cuneiforme|cuneiforme]]. O império comercial [[Fenícia|fenício]], que floresceu por volta da virada do [[Primeiro milénio a.C.|primeiro milênio a.C.]], abrangia inúmeras cidades que se estendiam de [[Tiro]] e [[Biblos]] até [[Cartago]] e [[Cádis|Cádiz]].
[[Ficheiro:Détail_de_la_maquette_de_Rome_à_lépoque_de_Constantin_(5840455090).jpg|miniaturadaimagem|Recriação da [[Roma Antiga]] durante o governo de [[Constantino]]. A cidade foi a primeira do mundo a atingir um milhão de habitantes.]]

[[Ficheiro:Teotihuacán_2012-09-28_00-07-11.jpg|miniaturadaimagem| Vista aérea do que já foi o centro de [[Teotihuacan]], no atual [[México]], mostra a [[Pirâmide do Sol]], a [[Pirâmide da Lua]] e a avenida processional que serve como espinha dorsal do sistema de ruas da cidade.]]

Nos séculos seguintes, [[Cidade-Estado|cidades-estados]] independentes da [[Grécia Antiga|Grécia]], especialmente [[Atenas Antiga|Atenas]], desenvolveram a ''[[Pólis|polis]]'', uma associação de [[Cidadania|cidadãos]] do sexo masculino que constituíam coletivamente a cidade.<ref name="tws2Y21">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=i6U7CTuCJLYC&pg=PA31|título=The Citizenship Debates|ultimo=Pocock|primeiro=J.G.A.|editora=The University of Minnesota|ano=1998|series=Chapter 2 – The Ideal of Citizenship since Classical Times (originally published in ''Queen's Quarterly'' 99, no. 1)|localização=Minneapolis, MN|isbn=978-0-8166-2880-3}}</ref> A [[ágora]], que significa "local de encontro" ou "assembleia", era o centro da vida atlética, artística, espiritual e política das ''polis''.<ref name="InternationalDictionary">{{Citar livro|título=International Dictionary of Historic Places: Southern Europe|ultimo=Ring, Salkin, Boda|primeiro=Trudy, Robert, Sharon|data=1 de janeiro de  1996|editora=Routledge|isbn=978-1-884964-02-2}}</ref> [[Roma]] foi a primeira cidade que ultrapassou um milhão de habitantes. Sob a autoridade de [[Império Romano|seu império]], Roma transformou e fundou muitas cidades (''[[Colônia (Roma Antiga)|coloniae]]''), e com elas trouxe seus princípios de arquitetura urbana, design e sociedade.<ref>Kaplan et al. (2004), pp. 41–42. "Rome created an elaborate urban system. Roman colonies were organized as a means of securing Roman territory. The first thing that Romans did when they conquered new territories was to establish cities."</ref>

Nas antigas Américas, as primeiras tradições urbanas se desenvolveram nos [[Andes]] e na [[Mesoamérica]]. Nos Andes, os primeiros centros urbanos se desenvolveram na [[civilização de Caral]] e nas culturas [[Cultura Chavín|chavin]] e [[Cultura Moche|moche]], seguidas por grandes cidades nas culturas [[Cultura de Huari|huari]], [[Reino de Chimú|chimu]] e [[Império Inca|inca]]. A civilização de Caral incluía até 30 grandes centros populacionais no que é hoje a região do litoral centro-norte do [[Peru]]. É a mais antiga civilização conhecida nas Américas, florescendo entre os [[Século XXX a.C.|séculos XXX a.C.]] e [[Século XVIII a.C.|XVIII a.C.]].<ref name="Shady1997">{{Citar livro|url=http://sisbib.unmsm.edu.pe/Bibvirtual/Libros/Arqueologia/ciudad_sagrada/caratula.htm|título=La ciudad sagrada de Caral-Supe en los albores de la civilización en el Perú|ultimo=Shady Solís|primeiro=Ruth Martha|editora=UNMSM, Fondo Editorial|ano=1997|localização=Lima|língua=es|autorlink=Ruth Shady|acessodata=2007-03-03}}</ref> A [[Mesoamérica]] viu o surgimento do [[urbanismo]] inicial em várias regiões culturais, começando com os [[olmecas]] e se espalhando para os [[maias]] pré-clássicos, os [[Civilização zapoteca|zapotecas]] de [[Oaxaca]] e [[Teotihuacan]] no centro do México. Culturas posteriores, como a civilização [[Civilização asteca|asteca]], [[Civilizações andinas|andina]], [[Povos maias|maia]], [[Cultura mississipiana|mississippiana]] e [[pueblo]], basearam-se nessas tradições urbanas anteriores. Muitas de suas antigas cidades continuam habitadas, incluindo grandes metrópoles como a [[Cidade do México]], no mesmo local de [[Tenochtitlán|Tenochtitlan]]; enquanto os antigos pueblos continuamente habitados estão perto de áreas urbanas modernas no [[Novo México]], como [[Acoma Pueblo]] perto da área metropolitana de [[Albuquerque]] e [[Pueblo de Taos|Taos Pueblo]] perto de [[Taos (Novo México)|Taos]]; enquanto outros como [[Lima]] estão localizados nas proximidades de antigos sítios arqueológicos [[peru]]anos, como [[Pachacamac]].

[[Jenné-Jeno]], localizada no atual [[Mali]] e datada do século III a.C., carecia de arquitetura monumental e de uma classe social de elite distinta - mas, no entanto, tinha produção e relações especializadas com o interior.<ref>McIntosh, Roderic J., McIntosh, Susan Keech. "Early Urban Configurations on the Middle Niger: Clustered Cities and Landscapes of Power," Chapter 5.</ref> Os contatos comerciais pré-árabes provavelmente existiram entre Jenné-Jeno e o [[norte da África]].<ref name="Magnavita">{{Citar periódico |url=http://afriques.revues.org/1145?lang=en |titulo=Initial Encounters: Seeking traces of ancient trade connections between West Africa and the wider world |acessodata=13 de dezembro de 2013 |número=4 |ultimo=Magnavita |primeiro=Sonja |ano=2013 |doi=10.4000/afriques.1145 |doi-access=free |periódico=Afriques |issn=2108-6796 }}</ref> Outros centros urbanos antigos na [[África subsaariana]], datados de cerca de 500 d.C., incluem Awdaghust, [[Kumbi-Saleh]], a antiga capital de [[Gana]], e Maranda, um centro localizado em uma rota comercial entre o Egito e [[Gao]].<ref>''[http://markuswiener.com/book_reviews.html?products_id=93&products_name=History%20of%20African%20Cities%20South%20of%20the%20Sahara History of African Cities South of the Sahara] {{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20080124191535/http://markuswiener.com/book_reviews.html?products_id=93&products_name=History%20of%20African%20Cities%20South%20of%20the%20Sahara|data=2008-01-24}}'' By Catherine Coquery-Vidrovitch. 2005. {{ISBN|1-55876-303-1}}</ref>

=== Idade Média ===
[[Imagem:Bizansist_touchup.jpg|thumb|esquerda|Vista aérea de [[Constantinopla]], sede do [[Império Romano do Oriente]] e principal centro urbano da [[Idade Média]].]]

Nos [[Queda do Império Romano do Ocidente|remanescentes do Império Romano]], as [[Antiguidade Tardia|cidades da antiguidade tardia]] ganharam independência, mas logo perderam população e importância. O foco do poder no Ocidente mudou para [[Constantinopla]] e para a [[Expansão islâmica|ascendente civilização islâmica]] com suas principais cidades: [[Bagdá]], [[Cairo]] e [[Córdova (Espanha)|Córdoba]].<ref>Kaplan et al. (2004), p. 43.</ref> Do século IX até o final do século XII, [[Constantinopla]], capital do [[Império Bizantino|Império Romano do Oriente]], foi a maior e mais rica cidade da Europa, com uma população próxima de 1 milhão.<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=59c6PSa5JCAC|título=The Byzantines|ultimo=Cameron|primeiro=Averil|editora=John Wiley and Sons|ano=2009|isbn=978-1-4051-9833-2|acessodata=24 de janeiro de  2015}}</ref><ref>{{Citar livro|título=The Economic History of Byzantium (Volume 1)|ultimo=Laiou|primeiro=Angeliki E.|editora=Dumbarton Oaks|ano=2002|editor-sobrenome=Angeliki E. Laiou|localização=Washington, DC|páginas=130–131|capitulo=Writing the Economic History of Byzantium|acessodata=6 de junho de 2012|arquivourl=https://web.archive.org/web/20120218231151/http://www.doaks.org/publications/doaks_online_publications/EHB.html|url=http://www.doaks.org/publications/doaks_online_publications/EHB.html|arquivodata=18 de fevereiro de 2012}}</ref> O [[Império Otomano]] gradualmente ganhou controle sobre muitas cidades na área do Mediterrâneo, incluindo [[Queda de Constantinopla|Constantinopla em 1453]].

No [[Sacro Império Romano-Germânico]], a partir do século XII, as [[Cidade imperial livre|cidades imperiais livres]] como [[Nuremberg]], [[Estrasburgo]], [[Frankfurt am Main|Frankfurt]], [[Basileia]], [[Zurique]], [[Nimega|Nijmegen]] tornaram-se uma elite privilegiada entre as cidades que conquistaram o autogoverno de seu senhor local ou receberam autogovernança pelo imperador e sendo colocado sob sua proteção imediata. Em 1480, essas cidades, que ainda faziam parte do império, tornaram-se parte dos Estados Imperiais que governavam o império com o imperador através da Dieta Imperial.<ref>{{Citar web|url=https://www.encyclopedia.com/history/encyclopedias-almanacs-transcripts-and-maps/free-and-imperial-cities|titulo=Free and Imperial Cities – Dictionary definition of Free and Imperial Cities|website=www.encyclopedia.com}}</ref>
[[Imagem:Angkor-Wat-from-the-air.JPG|thumb|[[Angkor]], a capital do [[Império Quemer]], no atual [[Camboja]], tornou-se o assentamento urbano pré-industrial mais extenso do mundo em área durante o [[primeiro milênio d.C.]]]]

Nos séculos XIII e XIV, algumas cidades se tornaram Estados poderosos, tomando áreas vizinhas sob seu controle ou estabelecendo extensos impérios marítimos. Na Itália, as comunas medievais se desenvolveram em [[cidades-estados]], como a [[República de Veneza]] e a [[República de Gênova]]. No norte da Europa, cidades como [[Lübeck]] e [[Bruges]] formaram a [[Liga Hanseática]] para defesa coletiva e comércio. Seu poder foi posteriormente desafiado e eclipsado pelas cidades comerciais [[Países Baixos Burgúndios|holandesas]] de [[Gante|Ghent]], [[Ypres]] e [[Amesterdão|Amsterdã]].<ref>Kaplan et al. (2004), pp. 47–50.</ref> Fenômenos semelhantes existiam em outros lugares, como no caso de [[Sakai (Osaka)|Sakai]], que gozava de considerável autonomia no [[Japão]] medieval tardio.

No [[primeiro milênio d.C.]], a capital do [[Império Quemer]] de [[Angkor]], no atual [[Camboja]], tornou-se o assentamento pré-industrial mais extenso do mundo em área,<ref name="Evans PNAS">Evans ''et al.'', [http://www.pnas.org/content/104/36/14277 A comprehensive archaeological map of the world's largest preindustrial settlement complex at Angkor, Cambodia], Proceedings of the National Academy of Sciences of the US, 23 de agosto de 2007.</ref><ref name="BBC News 2007">{{Citar periódico |url=http://news.bbc.co.uk/2/hi/science/nature/6945574.stm |titulo=Map reveals ancient urban sprawl |data=2007-08-14 |acessodata=2022-10-25 |lingua=en-GB}}</ref> cobrindo mais de mil quilômetros quadrados e possivelmente suportando até um milhão de pessoas.<ref name="Evans PNAS" /><ref>[https://www.independent.co.uk/news/world/asia/metropolis-angkor-the-worlds-first-megacity-461623.html Metropolis: Angkor, the world's first mega-city] {{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20110919133524/http://www.independent.co.uk/news/world/asia/metropolis-angkor-the-worlds-first-megacity-461623.html|data=19 de setembro de 2011}}, The Independent, 15 de agosto de 2007</ref>

=== Era moderna ===
[[Ficheiro:On the rooftops of London.jpg|thumb|esquerda|Vista de [[Londres]] e da [[Catedral de São Paulo (Londres)|Catedral de São Paulo]] em 1865.]]

No [[Mundo ocidental|Ocidente]], os [[Estados-nação]] tornaram-se a unidade dominante de organização política após a [[Paz de Vestfália]] no século XVII.<ref>Curtis (2016), pp. 5–6. "In the modern international system, cities were subjugated and internalized by the state, and, with industrialization, became the great growth engines of national economies."</ref><ref name="Blomley2013">[[Nicholas Blomley]], "What Sort of a Legal Space is a City?" in Brighenti (2013), p. 1–20.</ref> As maiores capitais da Europa Ocidental ([[Londres]] e [[Paris]]) se beneficiaram do crescimento do comércio após o surgimento de um comércio [[Oceano Atlântico|atlântico]]. No entanto, a maioria das cidades permaneceu pequena.

O [[Revolução Industrial|crescimento da indústria moderna]] a partir do final do século XVIII levou à [[urbanização]] maciça e ao surgimento de novas grandes cidades, primeiro na Europa e depois em outras regiões, à medida que novas oportunidades trouxeram um grande número de migrantes de comunidades rurais para áreas urbanas. A [[Inglaterra]] liderou o caminho quando [[Londres]] se tornou a capital de um [[Império Britânico|império mundial]] e as cidades de todo o país cresceram em locais estratégicos para a [[Indústria manufatureira|fabricação]].<ref>Kaplan et al. (2004), p. 53–54</ref> Nos [[Estados Unidos]], de 1860 a 1910, a introdução de ferrovias reduziu os custos de transporte e grandes centros industriais começaram a surgir, alimentando a migração das áreas rurais para as cidades. As cidades industrializadas tornaram-se lugares mortais para se viver, devido a problemas de saúde decorrentes da superlotação, riscos ocupacionais da indústria, água e ar contaminados, falta de saneamento e doenças transmissíveis, como [[febre tifoide]] e [[cólera]]. [[Fábrica]]s e [[favela]]s surgiram como características regulares da paisagem urbana.<ref>Kaplan et al. (2004), pp. 54–55.</ref>

=== Era pós-industrial ===
[[Imagem:Commercial area of futian to east2020.jpg|thumb|Panorama de [[Shenzhen]], na [[China]]. Em 2017, 90% dos produtos eletrônicos vendidos ao redor do mundo eram feitos na cidade.<ref>{{citar web|url=https://www.weforum.org/agenda/2017/11/inside-shenzhen-china-s-gadget-capital/|titulo=The astonishing rise of Shenzhen, China’s gadget capital|editor=[[Fórum Econômico Mundial]]|data=9/11/2017|acessodata=16-11-2017}}</ref>]]

Na segunda metade do século XX, a [[desindustrialização]] (ou "reestruturação econômica") no Ocidente levou à [[pobreza]], [[Sem-teto|falta de moradias]] e [[decadência urbana]] em cidades anteriormente prósperas. O "cinturão de aço" da América tornou-se um "[[Cinturão da ferrugem|cinturão de ferrugem]]" e cidades como [[Detroit]] e [[Gary (Indiana)|Gary]] começaram a encolher, contrariando a tendência global de expansão urbana maciça.<ref>Steven High, ''[[iarchive:industrialsunset0000high/page/5|Industrial Sunset: The Making of North America's Rust Belt, 1969–1984]]''; University of Toronto Press, 2003; {{ISBN|0-8020-8528-8}}.</ref> Essas cidades se adaptaram com sucesso relativo para a economia de [[serviços]] e [[Parceria público-privada|parcerias público-privadas]], com [[gentrificação]] concomitante, [[Renovação urbana|esforços de revitalização]] desiguais e desenvolvimento cultural seletivo.<ref name="Kaplan2004p164">Kaplan (2004), p. 160–165</ref> Sob o [[Grande Salto Adiante]] e os [[Plano Quinquenal (China)|planos quinquenais]] subsequentes que continuam até hoje, a [[China|República Popular da China]] passou por uma urbanização e industrialização concomitantes e se tornou o principal [[Indústria manufatureira|polo manufatureiro]] do mundo.<ref>James Xiaohe Zhang, "Rapid urbanization in China and its impact on the world economy"; 16th Annual Conference on Global Economic Analysis, "New Challenges for Global Trade in a Rapidly Changing World", Shanhai Institute of Foreign Trade, junho de 12–14, 2013.</ref><ref>{{Citar periódico |url=https://www.nytimes.com/2013/06/16/world/asia/chinas-great-uprooting-moving-250-million-into-cities.html |titulo=China’s Great Uprooting: Moving 250 Million Into Cities |data=2013-06-15 |acessodata=2022-10-25 |jornal=The New York Times |ultimo=Johnson |primeiro=Ian |lingua=en-US |issn=0362-4331}}</ref>

Em meio a essas mudanças econômicas, a [[alta tecnologia]] e as [[telecomunicações]] instantâneas permitem que cidades selecionadas se tornem centros da [[economia do conhecimento]].<ref>Castells, M. (ed) (2004). ''The network society: a cross-cultural perspective''. London: Edward Elgar. (ebook)</ref><ref>Flew, T. (2008). ''New media: an introduction'', 3rd edn, South Melbourne: Oxford University Press</ref><ref>Harford, T. (2008) ''The Logic of Life''. London: Little, Brown.</ref> Um novo paradigma de [[cidade inteligente]], apoiado por instituições como a [[RAND Corporation]] e a [[IBM]], está trazendo vigilância computadorizada, análise de dados e governança para as cidades e seus moradores.<ref>Taylor Shelton, Matthew Zook, & Alan Wiig, "[https://academic.oup.com/cjres/article/doi/10.1093/cjres/rsu026/304403/The-actually-existing-smart-city The 'actually existing smart city']", ''Cambridge Journal of Regions, Economy, and Society'' 8, 2015; {{DOI|10.1093/cjres/rsu026}}.</ref>

== Urbanização ==
{{AP|Urbanização|Êxodo rural}}
{{VT|Lista das cidades mais populosas do mundo}}
[[Ficheiro:2006megacities.svg|esquerda|miniaturadaimagem|upright=1.3|Mapa mostrando áreas urbanas com pelo menos um milhão de habitantes em 2006.]]
[[Ficheiro:Historical_global_urban_-_rural_population_trends.png|esquerda|upright=1.3|miniaturadaimagem|Gráfico mostrando a urbanização de 1950 projetada para 2050.<ref>{{Citar web|url=https://esa.un.org/unpd/wup/|titulo=United Nations, Department of Economic and Social Affairs, Population Division (2014). World Urbanization Prospects: The 2014 Revision, CD-ROM Edition|arquivourl=https://web.archive.org/web/20180706115325/https://esa.un.org/unpd/wup/|arquivodata=2018-07-06|urlmorta=dead}}</ref>]]

A [[urbanização]] é o processo de migração das áreas rurais para as urbanas, impulsionado por vários fatores políticos, econômicos e culturais. Até o século XVIII, existia um equilíbrio entre a população agrícola rural e as cidades com [[Mercado (comércio)|mercados]] e manufatura em pequena escala.<ref>[https://www.academia.edu/26447633/The_Urbanization_and_Political_Development_of_the_World_System_A_comparative_quantitative_analysis The Urbanization and Political Development of the World System:A comparative quantitative analysis. ''History & Mathematics'' 2 (2006): 115–153].</ref><ref name="FreyZimmer2001">William H. Frey & Zachary Zimmer, "Defining the City"; in Paddison (2001).</ref> Com as revoluções [[Revolução agrícola britânica|agrícola]] e [[Revolução Industrial|industrial]], a população urbana iniciou um crescimento sem precedentes, tanto pela migração quanto pela [[Transição demográfica|expansão demográfica]]. Na [[Inglaterra]], a proporção da população vivendo em cidades saltou de 17% em 1801 para 72% em 1891.<ref name="urbanization">Christopher Watson, "[http://www.icup.org.uk/reports/ICUP601.pdf Trends in urbanization] {{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20160305100017/http://icup.org.uk/reports/icup601.pdf|data=2016-03-05}}", ''[http://www.icup.org.uk/icupindex.asp?CID=1 Proceedings of the First International Conference on Urban Pests] {{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20171010005338/http://www.icup.org.uk/icupindex.asp?CID=1|data=2017-10-10}}'', ed. K.B. Wildey and William H. Robinson, 1993.</ref> Em 1900, 15% da população mundial vivia em cidades.<ref>{{Citar livro|título=Urbanization and Growth|ultimo=Annez|primeiro=Patricia Clarke|ultimo2=Buckley|primeiro2=Robert M.|ano=2009|editor-sobrenome=Spence|capitulo=Urbanization and Growth: Setting the Context|isbn=978-0-8213-7573-0|editor-sobrenome2=Annez|editor-sobrenome3=Buckley}}</ref> O apelo cultural das cidades também desempenha um papel na atração de moradores.<ref name="MoholyNagy1968p136">Moholy-Nagy (1968), p. 136–137.</ref>

A urbanização se espalhou rapidamente pela Europa e pelas Américas e, desde a década de 1950, também se estabeleceu na Ásia e na África. A Divisão de População do [[Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas]], informou em 2014 que, pela primeira vez, mais da metade da população mundial vive em cidades.<ref name="SenguptaUN2014">Somini Sengupta, "[https://www.nytimes.com/2014/07/11/world/more-than-half-the-global-population-growth-is-urban-united-nations-report-finds.html U.N. Finds Most People Now Live in Cities]"; ''New York Times'', 10 July 2014. Referring to: United Nations Department of Economic and Social Affairs, Population Division; ''[https://esa.un.org/unpd/wup/ World Urbanization Prospects: 2014 Revision] {{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20180706115325/https://esa.un.org/unpd/wup/|data=2018-07-06}}''; New York: United Nations, 2014.</ref>

A [[América Latina]] é o continente mais urbano, com quatro quintos de sua população vivendo em cidades, incluindo um quinto da população que vive em [[favelas]].<ref>Paulo A. Paranagua, "[https://www.theguardian.com/world/2012/sep/11/latin-america-urbanisation-city-growth Latin America struggles to cope with record urban growth]" (), ''The Guardian'', 11 de setembro de 2012. Referring to [[Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos|UN-Habitat]], ''[http://www.citiesalliance.org/sites/citiesalliance.org/files/SOLAC-ProjectOutput.pdf The State of Latin American and Caribbean Cities 2012: Towards a new urban transition] {{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20181113035703/http://www.citiesalliance.org/sites/citiesalliance.org/files/SOLAC-ProjectOutput.pdf|data=2018-11-13}}''; Nairobi: United Nations Human Settlements Programme, 2012.</ref> [[Batam]], na [[Indonésia]], [[Mogadíscio]], na [[Somália]], [[Xiamen]], na [[China]] e [[Niamei|Niamey]], no [[Níger]], são consideradas entre as cidades que mais crescem no mundo, com taxas de crescimento anual de 5 a 8%.<ref>Helen Massy-Beresford, "[https://www.theguardian.com/cities/2015/nov/18/where-is-the-worlds-fastest-growing-city-batam-niamey-xiamen Where is the fastest growing city in the world?]"; ''The Guardian'', 18 November 2015.</ref> Em geral, os [[País desenvolvido|países mais desenvolvidos]] do "[[Divisão norte-sul|Norte Global]]" continuam mais urbanizados do que os [[País em desenvolvimento|países menos desenvolvidos]] do "[[Divisão norte-sul|Sul Global]]" — mas a diferença continua diminuindo porque a urbanização está acontecendo mais rapidamente neste último grupo. A Ásia abriga, de longe, o maior número absoluto de habitantes das cidades: mais de dois bilhões de pessoas e aumentando.<ref name="FreyZimmer2001">William H. Frey & Zachary Zimmer, "Defining the City"; in Paddison (2001).</ref> A [[ONU]] prevê mais 2,5 bilhões de habitantes das cidades (e 300 milhões a menos de habitantes do campo) em todo o mundo até 2050, com 90% da expansão da população urbana ocorrendo na Ásia e na África.<ref name="SenguptaUN2014">Somini Sengupta, "[https://www.nytimes.com/2014/07/11/world/more-than-half-the-global-population-growth-is-urban-united-nations-report-finds.html U.N. Finds Most People Now Live in Cities]"; ''New York Times'', 10 July 2014. Referring to: United Nations Department of Economic and Social Affairs, Population Division; ''[https://esa.un.org/unpd/wup/ World Urbanization Prospects: 2014 Revision] {{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20180706115325/https://esa.un.org/unpd/wup/|data=2018-07-06}}''; New York: United Nations, 2014.</ref><ref>Mark Anderson & Achilleas Galatsidas, "[https://www.theguardian.com/global-development/2014/jul/10/urban-population-growth-africa-asia-united-nations Urban population boom poses massive challenges for Africa and Asia]" ''The Guardian'' (Development data: Datablog), 10 July 2014.</ref>

[[Megacidade]]s, cidades com população vários milhões de pessoas, proliferaram às dezenas, surgindo especialmente na Ásia, África e América Latina.<ref>Kaplan et al. (2004), p. 15.</ref><ref>Frauke Kraas & Günter Mertins, "Megacities and Global Change"; in Kraas et al. (2014), p. 2. "While seven megacities (with more than five million inhabitants) existed in 1950 and 24 in 1990, by 2010 there were 55 and by 2025 there will be—according to estimations—87 megacities (UN 2012; Fig. 1). "</ref> A globalização econômica alimenta o crescimento dessas cidades, à medida que novas torrentes de [[Capital financeiro|capital]] estrangeiro organizam a rápida industrialização, bem como a [[Deslocalização industrial|realocação de grandes empresas]] da Europa e da América do Norte, atraindo [[Imigração|imigrantes]] de perto e de longe.<ref>Frauke Kraas & Günter Mertins, "Megacities and Global Change"; in Kraas et al. (2014), p. 2–3.</ref> Um abismo profundo divide ricos e pobres nessas cidades, que geralmente contêm uma elite super-rica que vive em [[Condomínio fechado|condomínios fechados]] e grandes massas de pessoas que vivem em moradias precárias com infraestrutura inadequada e condições precárias.<ref>Shipra Narang Suri & Günther Taube, "Governance in Megacities: Experiences, Challenges and Implications for International Cooperation"; in Kraas et al. (2014), p. 196.</ref>

Cidades ao redor do mundo se expandiram fisicamente à medida que crescem em população, com aumentos em sua extensão de superfície, com a criação de [[arranha-céus]] para uso residencial e comercial e com desenvolvimento subterrâneo.<ref>Stephen Graham & Lucy Hewitt, "[https://www.researchgate.net/profile/Stephen_Graham11/publication/258175637_Getting_off_the_ground_On_the_politics_of_urban_verticality/links/57cebebb08ae83b3746222d1.pdf Getting off the ground: On the politics of urban verticality]; ''Progress in Human Geography'' 37(1), 2012; {{DOI|10.1177/0309132512443147}}.</ref><ref>Eduardo F.J. de Mulder, Jacques Besner, & Brian Marker, "Underground Cities"; in Kraas et al. (2014), pp. 26–29.</ref>

A urbanização pode criar uma demanda rápida para a gestão de [[recursos hídricos]], já que anteriormente boas fontes de água doce se tornam excessivamente usadas e poluídas e o volume de [[Águas residuais|esgoto]] começa a exceder os níveis gerenciáveis.

== Governo ==
[[Ficheiro:City_Council_of_Tehran,_17_September_2015.jpg|miniaturadaimagem|O [[Conselho Municipal|conselho municipal]] de [[Teerã]], [[Irã]], durante reunião em setembro de 2015.]]

O [[governo local]] das cidades assume diferentes formas ao redor do mundo. O principal funcionário da cidade tem o título de [[prefeito]]. Qualquer que seja seu verdadeiro grau de autoridade política, o prefeito normalmente atua como a figura de líder ou personificação de sua cidade.<ref>Latham et al. (2009), p. 146.</ref>

Os governos das cidades têm autoridade para fazer [[Direito|leis]] que regem a atividade dentro das cidades, enquanto sua [[jurisdição]] é geralmente considerada [[Direito internacional privado|subordinada]] (em ordem crescente) à lei estadual/provincial, [[Governo central|nacional]] e talvez [[Direito internacional|internacional]]. Essa hierarquia da lei não é aplicada rigidamente na prática – por exemplo, em conflitos entre regulamentos municipais e princípios nacionais, como direitos constitucionais e direitos de [[Direito de propriedade|propriedade]].<ref name="Blomley2013"/> Conflitos e questões legais surgem com mais frequência nas cidades do que em outros lugares devido ao simples fato de sua maior densidade.<ref>McQuillan (1937/1987), §1.63.</ref> Os governos das cidades modernas [[Regulação|regulam]] completamente a [[Cotidiano|vida cotidiana]] em muitas dimensões, incluindo [[saúde]] [[Saúde pública|pública]] e pessoal, [[transporte]], [[Sepultamento|enterro]], uso e [[Extrativismo|extração]] de recursos, [[recreação]] e a natureza e uso dos [[edifício]]s. Tecnologias, técnicas e leis que regem essas áreas – desenvolvidas nas cidades – tornaram-se onipresentes em muitas áreas.<ref>McQuillan (1937/1987), §1.08.</ref> Os funcionários municipais podem ser nomeados por um nível superior de governo ou eleitos localmente.<ref>McQuillan (1937/1987), §1.33.</ref>

=== Serviços municipais ===
[[Ficheiro:Aftermath_of_a_huge_fire_at_Thomas_McKenzie_&_Sons_Ltd._on_Pearse_Street,_Dublin.jpg|miniaturadaimagem|A [[Brigada de incêndio|Brigada de Incêndio]] de [[Dublin]], Irlanda, extinguindo um grave incêndio em uma loja de ferragens em 1970.]]

As cidades normalmente fornecem serviços municipais, como [[educação]], por meio de sistemas escolares; [[Polícia|policiamento]], por meio de delegacias de polícia; e combate a incêndios, através dos [[Brigada de incêndio|Corpos de Bombeiros]]; bem como a infraestrutura básica da cidade. Estes são fornecidos mais ou menos rotineiramente, de forma mais ou menos igual.<ref name="JonesEtAl1980">Bryan D. Jones, Saadia R. Greenbeg, Clifford Kaufman, & Joseph Drew, "Service Delivery Rules and the Distribution of Local Government Services: Three Detroit Bureaucracies"; in Hahn & Levine (1980).</ref><ref name="Lineberry">Robert L. Lineberry, "Mandating Urban Equality: The Distribution of Municipal Public Services"; in Hahn & Levine (1980). See: [[Shaw, Mississippi|Hawkins v. Town of Shaw]] (1971).</ref> A responsabilidade pela administração geralmente recai sobre o governo da cidade, embora alguns serviços possam ser operados por um nível mais alto de governo,<ref>George Nilson, "[http://www.baltimoresun.com/news/opinion/oped/bs-ed-state-control-police-20170228-story.html Baltimore police under state control for good reason]", ''Baltimore Sun'' 28 February 2017.</ref> enquanto outros podem ser administrados de forma privada.<ref>Robert Jay Dilger, Randolph R. Moffett, & Linda Stuyk, "Privatization of Municipal Services in America's Largest Cities", ''Public Administration Review'' 57(1), 1997; {{DOI|10.2307/976688}}.</ref>

=== Finanças ===
A base tradicional para as finanças municipais é o [[Contribuição predial|imposto de propriedade]] local cobrado sobre [[Imóvel|imóveis]] dentro da cidade. O governo local também pode arrecadar receitas através de serviços ou arrendando terras de sua propriedade.<ref name="Gwilliam2013">{{Citar periódico |url=https://www.scribd.com/document/326229357/Cities-on-the-Move-Ten-Years-After |titulo=Cities on the Move Ten Years After &#124; Biofuel &#124; Economic Growth |ultimo=Gwilliam |primeiro=Kenneth |ano=2013 |paginas=3–18 |doi=10.1016/j.retrec.2012.06.032 |volume=40 |periódico=Research in Transportation Economics}}.</ref> No entanto, o financiamento de serviços municipais, bem como de [[renovação urbana]] e outros projetos de desenvolvimento, é um problema perene, que as cidades abordam por meio de apelos aos governos superiores, acordos com o setor privado e técnicas como [[privatização]] (venda de serviços para o [[setor privado]]), corporatização (formação de corporações quase privadas de propriedade municipal) e [[financeirização]] (empacotamento de ativos da cidade em contratos públicos financeiros negociáveis e outros direitos relacionados. Esta situação tornou-se aguda em cidades desindustrializadas e nos casos em que empresas e cidadãos mais ricos se mudaram para fora dos limites da cidade e, portanto, fora do alcance da tributação.<ref>McQuillan (1937/1987), §§1.65–1.66.</ref><ref>David Walker, "The New System of Intergovernmental Relations: Fiscal Relief and More Governmental Intrusions"; in Hahn & Levine (1980).</ref><ref>{{Citar periódico |url=https://doi.org/10.1080/03003930.2017.1319360 |titulo=The efficiency and effectiveness of municipally owned corporations: a systematic review |data=2017-09-03 |acessodata=2022-10-25 |jornal=Local Government Studies |número=5 |ultimo=Voorn |primeiro=Bart |ultimo2=van Genugten |primeiro2=Marieke L. |paginas=820–841 |doi=10.1080/03003930.2017.1319360 |issn=0300-3930 |ultimo3=van Thiel |primeiro3=Sandra}}</ref><ref name="Weber2010" /> As cidades em busca de dinheiro recorrem cada vez mais ao título municipal, essencialmente um empréstimo com juros e prazo de reembolso. Os governos municipais também começaram a usar o financiamento de incremento de impostos, no qual um projeto de desenvolvimento é financiado por empréstimos baseados em receitas fiscais futuras que se espera que ele gere.<ref name="Weber2010">Rachel Weber, "Selling City Futures: The Financialization of Urban Redevelopment Policy"; ''Economic Geography'' 86(3), 2010; {{DOI|10.1111/j.1944-8287.2010.01077.x}}.</ref>

=== Governança ===
[[Ficheiro:Ripon_Building_panorama.jpg|miniaturadaimagem|esquerda|O Edifício Ripon, a sede da Greater Chennai Corporation em [[Chenai|Chennai]], [[Índia]]. É uma das mais antigas corporações governamentais de cidades na [[Ásia]].]]

A [[governança]] inclui o governo, mas refere-se a um domínio mais amplo de funções de [[Controlo social|controle social]] implementadas por muitos atores, incluindo [[Organização não governamental|organizações não governamentais]].<ref>Gupta et al. (2015), pp. 4, 29. "We thereby understand urban governance as the multiple ways through which city governments, businesses and residents interact in managing their urban space and life, nested within the context of other government levels and actors who are managing their space, resulting in a variety of urban governance configurations (Peyroux et al. 2014)."</ref> O impacto da globalização e o papel das [[Empresa transnacional|corporações multinacionais]] nos governos locais em todo o mundo levou a uma mudança de perspectiva sobre a governança urbana, longe da "teoria do regime urbano" em que uma coalizão de interesses locais governa funcionalmente, em direção a uma teoria de controle econômicos externo, amplamente associada em acadêmicos com a filosofia do [[neoliberalismo]].<ref>Latham et al. (2009), p. 142–143.</ref> No modelo neoliberal de governança, os serviços públicos são [[Privatização|privatizados]], a indústria é [[Desregulamentação|desregulamentada]] e as [[Corporação|corporações]] ganham o estatuto de atores governantes – como indicado pelo poder que exercem nas [[Parceria público-privada|parcerias público-privadas]] e na expectativa de autogestão através da [[responsabilidade social corporativa]]. Os maiores investidores e [[Incorporação imobiliária|promotores imobiliários]] atuam como planejadores urbanos ''[[de facto]]'' das cidades.<ref>Gupta, Verrest, and Jaffe, "Theorizing Governance", in Gupta et al. (2015), pp. 30–31.</ref>

O conceito relacionado de [[boa governança]] dá mais ênfase ao Estado, com o objetivo de avaliar os governos urbanos quanto à sua adequação à [[Ajuda ao desenvolvimento|assistência ao desenvolvimento]].<ref name="Gupta2015p33">Gupta, Verrest, and Jaffe, "Theorizing Governance", in Gupta et al. (2015), p. 31–33.</ref> Os conceitos de [[governança]] e boa governança são especialmente invocados nas [[megacidades]] emergentes, onde as organizações internacionais consideram os governos existentes inadequados para suas grandes populações.<ref>Shipra Narang Suri & Günther Taube, "Governance in Megacities: Experiences, Challenges and Implications for International Cooperation"; in Kraas et al. (2014), pp. 197–198.</ref>

=== Planejamento urbano ===
{{AP|Planejamento urbano|Cidade planejada}}
[[Ficheiro:La_Plata_desde_el_aire.JPG|miniaturadaimagem|[[La Plata]], [[Argentina]], baseada em um quadrado perfeito com 5 196 metros de lado, foi projetada na década de 1880 como a nova capital da [[Buenos Aires (província)|Província de Buenos Aires]].<ref>Alain Garnier, "[https://www.epfl.ch/labs/lasur/wp-content/uploads/2018/05/GARNIER.pdf La Plata: la visionnaire trahie]"; ''Architecture & Comportment'' 4(1), 1988, pp. 59–79.</ref>]]

O [[planejamento urbano]], a aplicação de premeditação ao desenho da cidade, envolve a otimização do uso do solo, transportes, serviços públicos e outros sistemas básicos, a fim de atingir determinados objetivos. Planejadores e estudiosos propuseram teorias sobrepostas como ideais de como os planos urbanos devem ser formados. As ferramentas de planejamento, além do projeto original da própria cidade, incluem investimentos de [[Capital de infraestrutura|capital público]] em infraestrutura e controles de uso do solo, como [[zoneamento]]. O processo contínuo de planejamento abrangente envolve a identificação de objetivos gerais, bem como a coleta de dados para avaliar o progresso e informar decisões futuras.<ref>Levy (2017), pp. 193–235.</ref><ref name="McQuillin1987planning">McQuillin (1937/1987), §§1.75–179.</ref>

O governo é legalmente a autoridade final no planejamento, mas na prática o processo envolve tanto elementos públicos quanto privados. O princípio legal do [[desapropriação]] é utilizado pelo governo para alienar os cidadãos de sua propriedade nos casos em que seu uso é necessário para um projeto.<ref name="McQuillin1987planning"/> O planejamento geralmente envolve compensações – decisões em que alguns ganham e outros perdem – e, portanto, está intimamente ligado à situação política predominante.<ref>Levy (2017), p. 10. "Planning is a highly political activity. It is immersed in politics and inseparable from the law. [...] Planning decisions often involve large sums of money, both public and private. Even when little public expenditure is involved, planning decisions can deliver large benefits to some and large losses at others."</ref>

A história do planejamento urbano data de algumas das primeiras cidades conhecidas, especialmente no [[Civilização do Vale do Indo|Vale do Indo]] e nas [[Mesoamérica|civilizações mesoamericanas]], que construíram suas cidades em grades e aparentemente zonearam diferentes áreas para diferentes propósitos.<ref name="Smith2002">Smith, "[http://www.public.asu.edu/~mesmith9/1-CompleteSet/MES-02-EarlyCities.pdf Earliest Cities]", in Gmelch & Zenner (2002).</ref><ref>Jorge Hardoy, ''Urban Planning in Pre-Columbian America''; New York: George Braziller, 1968.</ref> Os efeitos do planejamento, onipresentes no mundo de hoje, podem ser vistos mais claramente no ''layout'' das [[Cidade planejada|comunidades planejadas]], totalmente projetadas antes da construção, muitas vezes considerando sistemas físicos, econômicos e culturais interligados.

== Sociedade ==

=== Estrutura social ===
[[Imagem:Rocinha_-_São_Conrado.jpg|thumb|esquerda|A favela da [[Rocinha]], no [[Rio de Janeiro]], [[Brasil]], fica ao lado dos edifícios de alto padrão do bairro de [[São Conrado (Rio de Janeiro)|São Conrado]], uma das regiões nobres da cidade.]]

A [[Sociologia urbana|sociedade urbana]] é tipicamente [[Estratificação social|estratificada]]. Espacialmente, as cidades são [[Segregação espacial|segregadas]] formal ou informalmente ao longo de linhas étnicas, econômicas e raciais. As pessoas que vivem relativamente próximas umas das outras podem viver, trabalhar e se divertir em áreas separadas e associar-se a pessoas diferentes, formando enclaves [[Enclave étnico|étnicos]] ou de estilo de vida ou, em áreas de pobreza concentrada, [[gueto]]s e [[favelas]]. Enquanto nos Estados Unidos e em outros lugares a pobreza se associou ao centro da cidade, na França ela se associou aos ''banlieues'', áreas de desenvolvimento urbano que cercam a cidade propriamente dita. Enquanto isso, em toda a Europa e América do Norte, a maioria racialmente [[Brancos|branca]] é empiricamente o grupo mais segregado. Os [[subúrbio]]s do Ocidente e, cada vez mais, os [[Condomínio fechado|condomínios fechados]] e outras formas de "privatopia" em todo o mundo permitem que as elites locais se auto-segreguem em bairros seguros e exclusivos.<ref>Latham et al. (2009), pp. 131–140.</ref>

Os trabalhadores urbanos sem-terra, em contraste com os [[Camponês|camponeses]] e conhecidos como [[proletariado]], formam uma camada crescente da sociedade na era da urbanização. Na doutrina [[Marxismo|marxista]], o proletariado inevitavelmente se [[Revolução proletária|revoltará]] contra a [[burguesia]] à medida que suas fileiras se avolumam com pessoas desprivilegiadas e descontentes sem qualquer participação no ''[[status quo]]''.<ref>[[Karl Marx]] e [[Frederick Engels]], ''[[Manifesto Comunista]]'' ([https://www.marxists.org/archive/marx/works/1848/communist-manifesto/ online]), fevereiro de 1848</ref> O proletariado urbano global de hoje, no entanto, geralmente carece do estatuto de operário fabril que no século XIX fornecia acesso aos [[meios de produção]].<ref name="Davis2004">Mike Davis, "The Urbanization of Empire: Megacities and the Laws of Chaos"; ''Social Text'' 22(4), 2004.</ref>

=== Economia ===
[[Imagem:Taipei Skyline 2022.06.29.jpg|thumb|Aglomerados de [[arranha-céus]] no Distrito Especial de Xinyi – o centro de comércio e finanças da cidade de [[Taipei]], capital de [[Taiwan]].]]

Historicamente, as cidades dependem de [[Zona rural|áreas rurais]] para [[agricultura intensiva]] para produzir [[colheita]]s excedentes, em troca do que fornecem dinheiro, administração política, bens manufaturados e cultura.<ref name="Kaplan2004p155">Kaplan et al. (2004), p. 155–156.</ref><ref name="Marshall1989p15">Marshall (1989), p. 15.</ref> A [[economia urbana]] tende a analisar aglomerações maiores, que se estendem além dos limites da cidade, a fim de alcançar uma compreensão mais completa do mercado de trabalho local.<ref>Marshall (1989), p. 5–6.</ref>

Como centros de comércio, as cidades há muito abrigam o [[comércio]] varejista e o [[consumo]] por meio da interface de [[compra]]s. No século XX, as [[lojas de departamentos]], usando novas técnicas de [[publicidade]], [[relações públicas]], [[decoração]] e [[design]], transformaram as áreas de compras urbanas em mundos de fantasia, incentivando a auto-expressão e a fuga pelo [[consumismo]].<ref>Latham et al. (2009), p. 160–164</ref><ref>Leach (1993), p. 173–176</ref>

Em geral, a densidade das cidades agiliza o comércio e facilita o transbordamento de conhecimento, ajudando pessoas e empresas a trocar informações e gerar novas ideias.<ref>{{citar web |url=http://www.philadelphiafed.org/files/br/brq401gc.pdf |título=Knowledge Spillovers |acessodata=2010-05-16 |arquivodata=1 de maio de 2014 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20140501140511/http://www.philadelphiafed.org/files/br/brq401gc.pdf |urlmorta=dead }}</ref><ref name="CalderFreytas2009">Kent E. Calder & Mariko de Freytas, "[https://muse.jhu.edu/article/269254 Global Political Cities as Actors in Twenty-First Century International Affairs]; "SAIS Review of International Affairs" 29(1), Winter-Spring 2009; {{doi|10.1353/sais.0.0036}}.</ref> Um [[mercado de trabalho]] mais espesso permite uma melhor correspondência de competências entre empresas e indivíduos. A densidade populacional também permite o compartilhamento de infraestrutura e instalações de produção comuns, no entanto, em cidades muito densas, o aumento da aglomeração e dos tempos de espera pode levar a alguns efeitos negativos.<ref>{{citar periódico|último1= Borowiecki |primeiro1= Karol J.| título= Agglomeration Economies in Classical Music|periódico= Papers in Regional Science |volume=94 |número=3 |páginas=443–468|ano= 2015| url = https://ideas.repec.org/p/cue/wpaper/awp-02-2013.html| doi = 10.1111/pirs.12078}}</ref>

Embora a [[manufatura]] tenha impulsionado o crescimento das cidades, muitas agora dependem de uma economia terciária ou de [[serviços]], que vão desde [[turismo]], [[entretenimento]], [[finanças]], [[administração]], etc.<ref name="Kaplan2004p164" /><ref>[[Saskia Sassen]], "[https://www.researchgate.net/profile/Saskia_Sassen/publication/246326854_Global_Cities_and_Survival_Circuits/links/5411771c0cf29e4a2329630c.pdf Global Cities and Survival Circuits]"; in ''Global Woman: Nannies, Maids, and Sex Workers in the New Economy'' ed. [[Barbara Ehrenreich]] and [[Arlie Russell Hochschild]]; New York: Henry Holt and Company, 2002.</ref>

=== Cultura e comunicação ===

[[Imagem:Paris_vue_d'ensemble_tour_Eiffel.jpg|esquerda|thumb|[[Paris]] é uma das cidades mais conhecidas do mundo.<ref>{{citar livro|primeiro=Emma|último=Nathan|título=Cities: Eye Openers|ano=2002|página=2|isbn=9781567115963|publicado=[[Blackbirch Press]]}}</ref>]]

As cidades são tipicamente centros de [[educação]] e [[artes]], abrigando [[universidade]]s, [[museu]]s, [[templo]]s e outras instituições culturais.<ref name=Marshall14 /> Elas apresentam impressionantes exibições de arquitetura que variam de pequenas a enormes e ornamentadas a [[Arquitetura brutalista|brutalistas]]; [[arranha-céus]] que fornecem milhares de [[escritório]]s ou habitações em um espaço pequeno e visíveis a quilômetros de distância, tornaram-se características urbanas icônicas.<ref>Latham et al. (2009) 84–85.</ref> As elites culturais tendem a viver nas cidades, unidas pelo capital cultural compartilhado, e elas próprias desempenhando algum papel na governança.<ref>Jane Zheng, "Toward a new concept of the 'cultural elite state': Cultural capital and the urban sculpture planning authority in elite coalition in Shanghai"; ''Journal of Urban Affairs'' 39(4), 2017; {{doi|10.1080/07352166.2016.1255531}}.</ref> Em virtude de seu estatuto como centros de [[cultura]] e [[alfabetização]], as cidades podem ser descritas como o centro da [[civilização]], [[História do mundo|história mundial]] e [[mudança social]].<ref>McQuillan (1937/1987), §§1.04–1.05. "Almost by definition, cities have always provided the setting for great events and have been the focal points for social change and human development. All great cultures have been city-born. World history is basically the history of city dwellers."</ref><ref>Robert Redfield & Milton B. Singer, "[https://www.jstor.org/stable/1151661 The Cultural Role of Cities]"; ''Economic Development and Cultural Change'' 3(1), outubro de 1954.</ref>

A densidade contribui para uma [[comunicação de massa]] eficaz e transmissão de [[notícia]]s, por meio de [[arauto]]s, proclamações impressas, [[jornais]] e [[mídia digital]]. Essas redes de comunicação, embora ainda usem cidades como polos, penetram amplamente em todas as áreas povoadas. Na era da comunicação e transporte rápidos, os comentaristas descreveram a [[cultura urbana]] como quase onipresente.<ref name="HugoEtAl2003">{{Citar periódico |url=https://www.jstor.org/stable/3115228 |titulo=Toward a New Conceptualization of Settlements for Demography |data=2003 |acessodata=2022-10-25 |jornal=Population and Development Review |número=2 |ultimo=Hugo |primeiro=Graeme |ultimo2=Champion |primeiro2=Anthony |paginas=277–297 |issn=0098-7921 |ultimo3=Lattes |primeiro3=Alfredo}}</ref><ref>Magnusson (2011), p. 21.</ref><ref>Mumford (1961), p. 563–567.</ref>
[[Imagem:Theater District - panoramio.jpg|thumb|[[Theatre District (Nova Iorque)|Theatre District]], em [[Nova Iorque]], onde está a maioria dos [[Teatro Broadway|teatros da Broadway]].]]

Atualmente, a promoção de uma cidade de suas atividades culturais se encaixa com a marca e o [[marketing]] do lugar; com técnicas de [[diplomacia pública]] usadas para informar a estratégia de desenvolvimento; com a atração de empresas, investidores, moradores e turistas; e com criação uma identidade compartilhada e senso de lugar dentro da [[área metropolitana]].<ref>Ashworth, Kavaratzis, & Warnaby, "The Need to Rethink Place Branding"; in Kavaratzis, Warnaby, & Ashworth (2015), p. 15.</ref><ref name=Wachsmuth2014 /><ref>Adriana Campelo, "Rethinking Sense of Place: Sense of One and Sense of Many"; in Kavaratzis, Warnaby, & Ashworth (2015).</ref><ref name=KerrOliver2015>Greg Kerr & Jessica Oliver, "Rethinking Place Identities", in Kavaratzis, Warnaby, & Ashworth (2015).</ref> Inscrições físicas, placas e monumentos expostos transmitem fisicamente um contexto histórico para lugares urbanos.<ref>Latham et al. (2009), 186–189.</ref> Algumas cidades, como [[Jerusalém]], [[Meca]] e [[Roma]], têm [[Cidade sagrada|estatuto religioso]] indelével e por centenas de anos atraem [[peregrino]]s. Turistas patrióticos visitam [[Agra]] para ver o [[Taj Mahal]], ou [[Nova York]] para visitar o [[World Trade Center (2001–presente)|World Trade Center]], ou [[Memphis]] para prestar homenagens a [[Elvis Presley]] em [[Graceland]].<ref>Latham, et al. (2009), pp. 41, 189–192.</ref> As marcas de lugar (que incluem satisfação e lealdade ao lugar) têm grande valor econômico (comparável ao valor das marcas de ''[[commodities]]'') por causa de sua influência no processo de [[tomada de decisão]] das pessoas que pensam em fazer negócios em uma cidade.<ref name=KerrOliver2015 />

[[Pão e circo]], entre outras formas de apelo cultural, atraem e divertem as massas.<ref name=MoholyNagy1968p136>Moholy-Nagy (1968), p. 136–137.</ref><ref>Fred Coalter, "[http://storre.stir.ac.uk/handle/1893/1742 The FIFA World Cup and Social Cohesion: Bread and Circuses or Bread and Butter?]"; International Council of Sport Science and Physical Education ''Bulletin'' [http://www.icsspe.org/content/no-53-cd-rom 53], May 2008 (Feature: Feature: "Mega Sport Events in Developing Countries").</ref> Os [[esportes]] também desempenham um papel importante na marca da cidade e na formação da identidade local.<ref>Kimberly S Schimmel, "Assessing the sociology of sport: On sport and the city"; ''International Review for the Sociology for Sport'' 50(4–5), 2015; {{doi|10.1177/1012690214539484}}.</ref> As cidades esforçam-se consideravelmente na competição para sediar os [[Jogos Olímpicos]], que atraem a atenção global e o turismo.<ref name=Ward2008>Stephen V. Ward, "Promoting the Olympic City"; in John R. Gold & Margaret M. Gold, eds., ''Olympic Cities: City Agendas, Planning and the World's Games'', 1896–2016; London & New York: Routledge (Taylor & Francis), 2008/2011; {{ISBN|978-0-203-84074-0}}</ref>

=== Guerra ===
[[Imagem:The_Second_World_War_1939-45-_Victory_and_Aftermath_IND5196.jpg|thumb|esquerda|O [[Bombardeamentos atômicos de Hiroshima e Nagasaki|bombardeio atômico em 6 de agosto de 1945]] devastou a cidade japonesa de [[Hiroshima]].]]

As cidades desempenham um papel estratégico crucial na [[guerra]] devido à sua centralidade econômica, demográfica, simbólica e política. Pelas mesmas razões, eles são alvos na [[guerra assimétrica]]. Muitas cidades ao longo da história foram fundadas sob os auspícios [[militar]]es, muitas incorporaram [[fortificações]] e os princípios militares continuam a influenciar o [[desenho urbano]].<ref>Latham et al. (2009), pp. 127–128.</ref> De fato, a guerra pode ter servido como base social e econômica para as primeiras cidades.<ref name=Mumfurd1961war/><ref name=Ashworth1991p12 />

Potências engajadas em conflitos [[geopolítico]]s estabeleceram assentamentos fortificados como parte de estratégias militares, como no caso de cidades-[[Guarnição (força militar)|guarnição]], o Programa Estratégico de Hamlet dos [[Estados Unidos]] durante a [[Guerra do Vietnã]] e [[assentamentos israelenses]] na [[Estado da Palestina|Palestina]].<ref>Ashworth (1991).</ref> Enquanto [[Guerra Filipino-Americana|ocupava]] as [[Filipinas]], o [[Exército dos EUA]] ordenou que a população local se concentrasse em cidades e vilas, a fim de isolar insurgentes comprometidos e lutar livremente contra eles no campo.<ref>See Brigadier General [[J. Franklin Bell]]'s telegraphic circular to all station commanders, 8 de dezembro de 1901, in Robert D. Ramsey III, ''[http://usacac.army.mil/cac2/cgsc/carl/download/csipubs/ramseyop25.pdf A Masterpiece of Counterguerrilla Warfare: BG J. Franklin Bell in the Philippines, 1901–1902] {{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20170216151944/http://usacac.army.mil/cac2/cgsc/carl/download/csipubs/ramseyop25.pdf|data=2017-02-16}}'',  Long War Series, Occasion Paper 25; Fort Leavenworth, Kansas: Combat Studies Institute Press, US Army Combined Arms Center; p. 45–46.</ref><ref>Maj. Eric Weyenberg, U.S. Army, ''[http://www.dtic.mil/docs/citations/AD1001905 Population Isolation in the Philippine War: A Case Study] {{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20170608222231/http://www.dtic.mil/docs/citations/AD1001905 |data=8 de junho de 2017 }}''; School of Advanced Military Studies, United States Army Command and General Staff College, Fort Leavenworth, Kansas; Janeiro de 2015.</ref>

Durante a [[Segunda Guerra Mundial]], os governos nacionais às vezes declaravam certas [[cidades abertas]], entregando-as efetivamente a um inimigo que avançava, a fim de evitar danos e derramamento de sangue. A guerra urbana provou ser decisiva, no entanto, na [[Batalha de Stalingrado]], onde as [[União Soviética|forças soviéticas]] repeliram os [[Alemanha Nazista|ocupantes alemães]], com muitas mortes e destruição. Em uma era de [[Conflito de baixa intensidade|conflitos de baixa intensidade]] e rápida urbanização, as cidades tornaram-se locais de conflito de longo prazo travado tanto por ocupantes estrangeiros quanto por governos locais contra a [[insurgência]].<ref name=Davis2004 /><ref>Ashworth (1991), p. 3. Citing L.C. Peltier and G.E. Pearcy, ''Military Geography'' (1966).</ref> Essa guerra, conhecida como [[contrainsurgência]], envolve técnicas de vigilância e [[guerra psicológica]], bem como combate corpo a corpo,<ref>R.D. McLaurin & R. Miller. ''[http://www.dtic.mil/get-tr-doc/pdf?AD=ADA219359 Urban Counterinsurgency: Case Studies and Implications for U.S. Military Forces] {{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20170629092550/http://www.dtic.mil/get-tr-doc/pdf?AD=ADA219359 |data=29 de junho de 2017 }}''. Springfield, VA: Abbott Associates, Outubro de 1989. Produzido para o Laboratório de Engenharia Humana do Exército dos EUA no Aberdeen Proving Ground.</ref> estende funcionalmente a prevenção de crimes urbanos modernos, que já utiliza conceitos como espaço defensável.<ref>Ashworth (1991), p. 91–93.</ref>

Embora a captura seja o objetivo mais comum, a guerra em alguns casos significa a destruição completa de uma cidade. Tábuas e ruínas [[Mesopotâmia|mesopotâmicas]] atestam tal destruição,<ref>Adams (1981), p. 132</ref> assim como o lema latino ''[[Carthago delenda est]]''.<ref>Fabien Limonier, "[http://www.persee.fr/doc/rea_0035-2004_1999_num_101_3_4773 Rome et la destruction de Carthage: un crime gratuit?]" ''Revue des Études Anciennes'' 101(3).</ref><ref>Ben Kiernan, "[http://gsp.yale.edu/sites/default/files/first_genocide.pdf The First Genocide: Carthage, 146 BC]"; ''Diogenes'' 203, 2004; {{doi|10.1177/0392192104043648}}.</ref> Desde os [[bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki]] e durante a [[Guerra Fria]], os estrategistas nucleares continuaram a contemplar o uso de alvos de "contravalor": paralisar um inimigo aniquilando suas valiosas cidades, em vez de mirar principalmente em suas forças militares.<ref>Burns H. Westou, "[http://lawjournal.mcgill.ca/userfiles/other/7673710-westou.pdf Nuclear Weapons Versus International Law: A Contextual Reassessment] {{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20171010010611/http://lawjournal.mcgill.ca/userfiles/other/7673710-westou.pdf |data=2017-10-10 }}"; ''McGill Law Journal'' 28, p. 577.</ref><ref>Dallas Boyd, "[http://www.au.af.mil/au/ssq/digital/pdf/Spring16/Boyd.pdf Revealed Preference and the Minimum Requirements of Nuclear Deterrence] {{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20170131081833/http://www.au.af.mil/au/ssq/digital/pdf/Spring16/Boyd.pdf |data=2017-01-31 }}"; ''Strategic Studies Quarterly'', 2016.</ref>

== Infraestrutura ==

[[Imagem:Traffic_congestion_Jl_Asia_Afrika_Bandung.jpg|thumb|Congestionamento em [[Bandung]], [[Indonésia]].]]

A [[infraestrutura urbana]] envolve várias redes físicas e espaços necessários para transporte, uso de água, energia, recreação e funções públicas.<ref name="Tarr">[[Joel A. Tarr]], "The Evolution of the Urban Infrastructure in the Nineteenth and Twentieth Centuries"; in Hanson (1984).</ref> A infraestrutura acarreta um alto custo inicial em [[capital fixo]] (tubos, fios, plantas, veículos, etc.), mas [[Custo marginal|custos marginais]] mais baixos e, portanto, [[Economia de escala|economias de escala]] positivas.<ref name=WellmanSpiller2012>Wellman & Spiller, "Introduction", in Wellman & Spiller (2012).</ref> Devido às maiores [[Barreira à entrada|barreiras de entrada]], essas redes foram classificadas como monopólios naturais, o que significa que a lógica econômica favorece o controle de cada rede por uma única organização, pública ou privada.<ref name=Bakker2003 /><ref name=WellmanPretorius2012 />

A infraestrutura em geral (se não todo projeto de infraestrutura) desempenha um papel vital na capacidade de uma cidade para a atividade econômica e expansão, sustentando a própria sobrevivência dos habitantes, bem como as atividades tecnológicas, comerciais, industriais e sociais.<ref name=Tarr /><ref name=WellmanSpiller2012 /> Estruturalmente, muitos sistemas de infraestrutura assumem a forma de [[Análise de rede|redes]] com ligações redundantes e múltiplos caminhos, de modo que o sistema como um todo continua a operar mesmo se partes dele falharem.<ref name=WellmanPretorius2012>Kath Wellman & Frederik Pretorius, "Urban Infrastructure: Productivity, Project Evaluation, and Finance"; in Wellman & Spiller (2012).</ref> As particularidades dos sistemas de infraestrutura de uma cidade [[Dependência de trajetória|dependem da trajetória]] histórica porque o novo desenvolvimento deve ser construído a partir do que já existe.<ref name=WellmanSpiller2012 />

Megaprojetos como a construção de [[aeroporto]]s, [[usina]]s de energia e [[ferrovia]]s exigem grandes investimentos iniciais e, portanto, tendem a exigir financiamento do governo nacional ou do setor privado.<ref>Latham et al. (2009), p. 70.</ref><ref name=WellmanPretorius2012 /> A [[privatização]] também pode se estender a todos os níveis de construção e manutenção de infraestrutura.<ref>Kath Wellman & Frederik Pretorius, "Urban Infrastructure: Productivity, Project Evaluation, and Finance"; in Wellman & Spiller (2012), pp. 73–74.</ref>

A infraestrutura urbana idealmente atende a todos os moradores igualmente, mas na prática pode ser desigual – com, em algumas cidades, alternativas claras de primeira e segunda classe.<ref name=Lineberry /><ref>Latham et al. (2009), p. 75.</ref><ref name=Bakker2003 />

=== Serviços de utilidade pública ===

[[Imagem:AcueductoSegovia04.JPG|thumb|esquerda|[[Aqueduto de Segóvia]] na [[Espanha]].]]

Os [[serviços públicos]] (literalmente, coisas úteis com disponibilidade geral) incluem redes de infraestrutura básica e essencial, principalmente preocupadas com o fornecimento de água, [[eletricidade]] e capacidade de [[telecomunicações]] à população.<ref>"public, adj. and n.", ''Oxford English Dictionary'', setembro de 2007.</ref>

O [[saneamento]], necessário para uma boa saúde em condições de superlotação, requer o [[abastecimento de água]] e a [[Gestão integrada de resíduos sólidos|gestão de resíduos]], bem como a higiene individual. Os sistemas de águas urbanas incluem principalmente uma [[rede de abastecimento de água]] e uma rede (sistema de esgoto) para esgoto e águas pluviais. Historicamente, tanto os governos locais quanto as empresas privadas têm administrado o abastecimento urbano de água, com tendência ao abastecimento público de água no século XX e tendência à operação privada na virada do século XXI.<ref name=Bakker2003 /> O mercado de abastecimento privado serviços de água é dominado por duas empresas francesas, [[Veolia Water]] (anteriormente [[Vivendi]]) e [[Engie]] (anteriormente [[Suez (empresa)|Suez]]), que se diz deter 70% de todos os contratos de água em todo o mundo.<ref name="Bakker2003">[[Karen Bakker]], "Archipelagos and networks: urbanization and water privatization in the South"; ''The Geographical Journal'' 169(4), dezembro de 2003; {{doi|10.1111/j.0016-7398.2003.00097.x}}.</ref><ref>Michael Goldman, "[https://www.researchgate.net/profile/Michael_Goldman8/publication/222173476_How_Water_for_All_policy_became_hegemonic_The_power_of_the_World_Bank_and_its_transnational_policy_networks/links/569d1e4408ae03384dd049c5/How-Water-for-All-policy-became-hegemonic-The-power-of-the-World-Bank-and-its-transnational-policy-networks.pdf How 'Water for All!' policy became hegemonic: The power of the World Bank and its transnational policy networks]"; ''Geoforum'' 38(5), setembro de 2007; {{doi|10.1016/j.geoforum.2005.10.008}}.</ref>

A vida urbana moderna depende muito da energia transmitida através da eletricidade para a operação de máquinas elétricas (de [[eletrodoméstico]]s a máquinas industriais a sistemas eletrônicos agora onipresentes usados em comunicações, negócios e governo) e para [[semáforo]]s, [[iluminação pública]] e iluminação interna. As cidades dependem em menor grau de combustíveis de [[hidrocarboneto]]s, como [[gasolina]] e [[gás natural]], para transporte, aquecimento e cozimento. A infraestrutura de telecomunicações, como linhas [[Telefone|telefônicas]] e [[Cabo coaxial|cabos coaxiais]], também atravessa as cidades, formando redes densas para [[Comunicação de massa|comunicações de massa]] e ponto a ponto.<ref>Latham et al. (2009), p. 169–170.</ref>

=== Transportes ===
{{AP|Transporte público|Transporte urbano}}
[[Imagem:Gautrain...,_O_R_Tambo_Intl_Airport_South_Africa.jpg|thumb|[[Gautrain]] no [[Aeroporto Internacional Oliver Tambo]] em [[Joanesburgo]], [[África do Sul]].]]
[[Imagem:Ezeizaaero.jpg|thumb|[[Aeroporto Internacional Ministro Pistarini]] em [[Buenos Aires]], [[Argentina]].]]

Como as cidades dependem da especialização e de um [[sistema econômico]] baseado no [[trabalho assalariado]], seus habitantes devem ter a capacidade de viajar regularmente entre casa, trabalho, comércio e entretenimento.<ref>Grava (2003), pp. 1–2.</ref> Os moradores da cidade viajam a pé ou por [[transporte rodoviário]] em [[estrada]]s e [[passarela]]s, ou usam sistemas especiais de [[metrô]] baseados em trilhos subterrâneos, aéreos e elevados. As cidades também contam com transporte de longa distância ([[caminhão]], [[trem]] e [[avião]]) para conexões econômicas com outras cidades e áreas rurais.<ref name=Hart2001>Tom Hart, "Transport and the City"; in Paddison (2001).</ref>

Historicamente, as ruas das cidades eram domínio dos [[cavalo]]s e seus [[cavaleiro]]s e [[pedestre]]s, que só às vezes tinham [[Passeio|calçadas]] e áreas especiais para caminhadas reservadas para eles. No [[Ocidente]], as [[bicicleta]]s ou ([[velocípede]]s), máquinas eficientes de propulsão humana para viagens de curta e média distância, desfrutaram de um período de popularidade no início do século XX antes do surgimento dos [[automóveis]]. Logo depois, eles ganharam uma posição mais duradoura nas cidades asiáticas e africanas sob influência europeia. Nas cidades ocidentais, a [[industrialização]], expansão e [[eletrificação]] dos sistemas de [[transporte público]] e especialmente os [[bonde]]s permitiram a expansão urbana à medida que novos bairros residenciais surgiram ao longo das linhas de transporte público e os trabalhadores iam e voltavam do trabalho para o centro da cidade.<ref name=Hart2001 /><ref name=WhittYago1985>J. Allen Whitt & Glenn Yago, "Corporate Strategies and the Decline of Transit in U.S. Cities"; ''Urban Affairs Quarterly'' 21(1), setembro de 1985.</ref>

Desde meados do século XX, as cidades dependem fortemente do transporte de veículos motorizados, com grandes implicações para seu [[planejamento urbano]], ambiente e estética.<ref name=Borden>Iain Borden, "Automobile Interstices: Driving and the In-Between Spaces of the City"; in Brighenti (2013).</ref> (Essa transformação ocorreu de forma mais dramática nos [[EUA]] – onde as políticas corporativas e governamentais favoreceram os sistemas de transporte de automóveis – e em menor grau na [[Europa]]).<ref name=Hart2001 /><ref name=WhittYago1985 /> A ascensão dos [[carro]]s pessoais acompanhou a expansão das áreas econômicas urbanas para [[Região metropolitana|áreas metropolitanas]] muito maiores, criando posteriormente problemas de trânsito onipresentes com a construção de novas [[rodovia]]s, [[rua]]s mais largas e passarelas alternativas para pedestres.<ref>Moshe Safdie with Wendy Kohn, ''The City After the Automobile''; BasicBooks (Harper Collins), 1997; {{ISBN|0-465-09836-3}};  pp. 3–6.</ref><ref>Grava (2003), pp. 128–132, 152–157.</ref><ref>Latham et al. (2009), pp. 30–32.</ref><ref name="Wachsmuth2014">{{citar periódico |url=https://www.researchgate.net/publication/275321247 |doi=10.1068/d21911|título=City as Ideology: Reconciling the Explosion of the City Form with the Tenacity of the City Concept|periódico=Environment and Planning D: Society and Space|volume=32|páginas=75–90|ano=2014|último1=Wachsmuth|primeiro1=David|s2cid=144077154}}.</ref> No entanto, [[engarrafamento]]s graves ainda ocorrem regularmente em cidades ao redor do mundo, à medida que a propriedade de carros particulares e a urbanização continuam a aumentar, sobrecarregando as redes de ruas urbanas existentes.<ref name="Gwilliam2013"/>
[[Ficheiro:Linha Verde Curitiba BRT 02 2013 Est Marechal Floriano 5955.JPG|thumb|esquerda|Estação de transferência da [[Rede Integrada de Transporte]] de [[Curitiba]], [[Brasil]].]]

O sistema de [[ônibus]] urbano, a forma de transporte público mais comum do mundo, usa uma rede de rotas programadas para transportar pessoas pela cidade, ao lado de carros, nas estradas.<ref>Grava (2003), 301–305.</ref> A própria função econômica também se tornou mais descentralizada à medida que a concentração se tornou impraticável e os empregadores foram realocados para locais mais amigáveis aos carros (incluindo [[Edge city|cidades periféricas]]).<ref name=Hart2001 /> Algumas cidades introduziram sistemas de [[ônibus de trânsito rápido]] que incluem faixas exclusivas de ônibus e outros métodos para priorizar o tráfego de ônibus em relação aos carros particulares.<ref name="Gwilliam2013" /><ref>Herbert S. Levinson, Samuel Zimmerman, Jennifer Clinger, & C. Scott Rutherford, "[http://scholarcommons.usf.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1361&context=jpt Bus Rapid Transit: An Overview]"; ''Journal of Public Transportation'' 5(2), 2002.</ref> Muitas grandes cidades estadunidenses ainda operam o transporte público convencional por trem, como exemplificado pelo sempre popular sistema de [[metrô de Nova York]]. O metrô também é amplamente utilizado na Europa e aumentou na América Latina e na Ásia.<ref name="Gwilliam2013" />

Caminhar e andar de bicicleta ("transporte não motorizado") são cada vez mais favorecidos (mais zonas de pedestres e [[ciclovia]]s) no planejamento de [[transporte urbano]] estadunidense e asiático, sob a influência de tendências como o movimento "cidades saudáveis", o impulso para o [[desenvolvimento sustentável]] e a ideia de uma cidade sem carros.<ref name="Gwilliam2013" /><ref>{{citar periódico |pmc = 3428861|ano= 2012|último1= Rydin|primeiro1= Y.|título= Shaping cities for health: Complexity and the planning of urban environments in the 21st century|periódico= Lancet|volume = 379|número= 9831|páginas = 2079–2108|último2= Bleahu|primeiro2= A.|último3= Davies|primeiro3= M.|último4= Dávila|primeiro4= J.D.|último5= Friel|primeiro5= S.|último6= De Grandis|primeiro6= G.|último7= Groce|primeiro7= N.|último8= Hallal|primeiro8= P.C.|último9= Hamilton|primeiro9= I.|último10= Howden-Chapman|primeiro10= P.|último11= Lai|primeiro11= K.M.|último12= Lim|primeiro12= C.J.|último13= Martins|primeiro13= J.|último14= Osrin|primeiro14= D.|último15= Ridley|primeiro15= I.|último16= Scott|primeiro16= I.|último17= Taylor|primeiro17= M.|último18= Wilkinson|primeiro18= P.|último19= Wilson|primeiro19= J.|pmid = 22651973|doi = 10.1016/S0140-6736(12)60435-8}}</ref><ref>{{citar periódico |url=https://www.academia.edu/17076734 |doi=10.1016/j.landurbplan.2004.09.036|título=Greenways: Multiplying and diversifying in the 21st century|periódico=Landscape and Urban Planning|volume=76|número=1–4|páginas=252–290|último1=Walmsley|primeiro1=Anthony|ano=2006}}</ref> Técnicas como [[Rodízio de veículos|racionamento de espaço viário]] e [[Pedágio urbano|taxas de uso de estradas]] foram introduzidas para limitar o tráfego de carros urbanos.<ref name="Gwilliam2013" />

=== Habitação ===
[[Imagem:Cerros de caracas 2.jpg|thumb|[[Favela]] em [[Caracas]], na [[Venezuela]].]]

A [[habitação]] dos residentes apresenta um dos maiores desafios que todas as cidades devem enfrentar. A [[moradia]] adequada envolve não apenas abrigos físicos, mas também os sistemas físicos necessários para sustentar a vida e a atividade econômica.<ref>McQuillin (1937/1987), §1.74.</ref> A casa própria representa estatuto e um mínimo de segurança econômica, em comparação com o [[aluguel]], que pode consumir grande parte da renda dos trabalhadores urbanos de baixos salários. A [[Déficit habitacional|falta de moradia]] é um desafio enfrentado atualmente por milhões de pessoas em países ricos e pobres.<ref>Ray Forrest & Peter Williams, Housing in the Twentieth Century"; in Paddison (2001).</ref>

== Ecologia ==
{{AP|Ecologia urbana}}
[[Imagem:A_young_boy_sits_over_an_open_sewer_in_the_Kibera_slum,_Nairobi.jpg|thumb|esquerda|Menino ao lado do esgoto na [[favela]] de [[Kibera]], em [[Nairóbi]], [[Quênia]]. A carência de [[Infraestrutura (engenharia)|infraestrutura]] e [[saneamento básico]] é algo típico de grandes cidades de [[País em desenvolvimento|países em desenvolvimento]] e [[País subdesenvolvido|subdesenvolvidos]].]]

Os [[ecossistema]]s urbanos, influenciados como são pela densidade de construções e atividades humanas, diferem consideravelmente daqueles de seu entorno rural. As construções e resíduos antropogênicos, bem como o cultivo em jardins, criam ambientes físicos e químicos que não têm equivalentes na natureza, permitindo em alguns casos uma [[biodiversidade]] excepcional. Eles fornecem lares não apenas para humanos imigrantes, mas também para plantas imigrantes, provocando interações entre espécies que nunca se encontraram anteriormente. Eles introduzem distúrbios frequentes nos habitats de plantas e animais, criando oportunidades para recolonização e, assim, favorecendo ecossistemas jovens com espécies [[Teoria da seleção r/K|r-selecionadas]] dominantes. Em geral, os ecossistemas urbanos são menos complexos e produtivos do que outros, devido à quantidade absoluta diminuída de interações biológicas.<ref>{{Citar periódico |url=https://www.jstor.org/stable/2997649 |titulo=Urban Ecology and Special Features of Urban Ecosystems |data=1994 |acessodata=2022-10-25 |jornal=Global Ecology and Biogeography Letters |número=6 |ultimo=Rebele |primeiro=Franz |paginas=173–187 |doi=10.2307/2997649 |issn=0960-7447}}</ref><ref>Herbert Sukopp, "On the Early History of Urban Ecology in Europe"; in Marzluff et al. (2008).</ref><ref name=PickettEtAl2008>S.T.A. Pickett, M.L. Cadenasso, J.M. Grove, C.H. Nilon, R.V. Pouyat, W.C. Zipperer, & R. Costanza, "Urban Ecological Systems: Linking Terrestrial Ecological, Physical, and Socioeconomic Components of Metropolitan Areas"; in Marzluff et al. (2008).</ref><ref>Ingo Kowarik, "On the Role of Alien Species in Urban Flora and Vegetation"; in Marzluff et al. (2008).</ref>

A fauna urbana típica inclui [[inseto]]s (especialmente [[formiga]]s), [[roedor]]es ([[camundongo]]s, [[rato]]s) e [[pássaro]]s, bem como [[gato]]s e [[cães]] ([[Domesticação|domesticados]] e [[Assilvestrado|selvagens]]). Grandes [[predador]]es são escassos.<ref name=PickettEtAl2008 />

As cidades geram [[Pegada ecológica|pegadas ecológicas]] consideráveis, localmente e a longas distâncias, devido à concentração de populações e atividades tecnológicas. De uma perspectiva, as cidades não são ecologicamente sustentáveis devido às suas necessidades de recursos. Por outro lado, a gestão adequada pode ser capaz de amenizar os efeitos nocivos de uma cidade.<ref>Roberto Camagni, Roberta Capello, & Peter Nijkamp, "Managing Sustainable Urban Environments"; in Paddison (2001).</ref><ref>{{citar web|url=http://www.michellenijhuis.com/ |título=National Geographic Magazine; Special report 2008: Changing Climate: Village Green |publicado=Michelle Nijhuis |data=2008-08-26 |acessodata=2009-02-07}}</ref>
[[Imagem:Smog over Alamaty - panoramio.jpg|thumb|''[[Smog]]'' na cidade de [[Almaty]], no [[Cazaquistão]].]]

A [[poluição do ar]] surge de várias formas de [[combustão]],<ref>{{citar web |url=http://www.aklung.org/air-quality/indoor-air-quality/ |título=Indoor Air Quality&nbsp;– American Lung Association of Alaska |publicado=Aklung.org |acessodata=2009-02-07 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20090211234047/http://www.aklung.org/air-quality/indoor-air-quality/ |arquivodata=2009-02-11 |urlmorta=dead }}</ref> incluindo [[lareira]]s, [[Fogão a lenha|fogões a lenha]] ou [[carvão]], outros sistemas de aquecimento,<ref>{{citar web |url=http://newsminer.com/news/2008/aug/20/epa-put-fairbanks-air-pollution-problem-list/ |título=Newsminer.com; EPA to put Fairbanks on air pollution problem list |publicado=Newsminer.com |data=2008-08-20 |acessodata=2009-02-07 }}{{dead link|date=dezembro de 2017 |bot=InternetArchiveBot |fix-attempted=yes }}</ref> e [[Motor de combustão interna|motores de combustão interna]]. As cidades industrializadas, e hoje [[megacidade]]s do [[terceiro mundo]], são notórias pelos véus de ''[[smog]]'' (névoa industrial) que as envolvem, representando uma ameaça crônica à saúde de seus milhões de habitantes.<ref name=Adey2013>Peter Adey, "Coming up for Air: Comfort, Conflict and the Air of the Megacity"; in Brighenti (2013), p. 103.</ref> O solo urbano contém concentrações mais altas de [[metais pesados]] (especialmente [[chumbo]], [[cobre]] e [[níquel]]) e tem [[pH]] mais baixo do que o solo em áreas selvagens.<ref name=PickettEtAl2008 />
[[Imagem:Urban_heat_island_(Celsius).png|thumb|Perfil de uma [[ilha de calor]] urbana.]]

As cidades modernas são conhecidas por criar seus próprios [[microclima]]s, devido ao [[concreto]], [[asfalto]] e outras superfícies artificiais, que aquecem com a [[luz do sol]] e canalizam a [[água]] da [[chuva]] para dutos subterrâneos. A temperatura na cidade de [[Nova York]] excede as temperaturas rurais próximas em uma média de 2 a 3°C e, às vezes, diferenças de 5 a 10 C foram registradas. Este efeito varia de forma não linear com as mudanças populacionais (independentemente do tamanho físico da cidade).<ref name=PickettEtAl2008 /><ref>Anthony Brazel, Nancy Selover, Russel Vose, & Gordon Heisler, "[https://www.int-res.com/articles/cr/15/c015p123.pdf The tale of two climates – Baltimore and Phoenix urban LTER sites]"; ''Climate Research'' 15, 2000.</ref> As partículas aéreas aumentam a precipitação em 5-10%. Assim, as áreas urbanas experimentam climas únicos, com floração mais precoce e queda de folhas mais tardia do que em regiões vizinhas.<ref name=PickettEtAl2008 />

As pessoas pobres e da classe trabalhadora enfrentam uma exposição desproporcional aos riscos ambientais (conhecido como [[racismo ambiental]] ao cruzar também com a [[segregação racial]]). Por exemplo, dentro do microclima urbano, os bairros pobres menos vegetados suportam mais calor (mas têm menos meios de lidar com ele).<ref>Sharon L. Harlan, Anthony J. Brazel, G. Darrel Jenerette, Nancy S. Jones, Larissa Larsen, Lela Prashad, & William L. Stefanov, "In the Shade of Affluence: The Inequitable Distribution of the Urban Heat Island"; in Robert C. Wilkinson & William R. Freudenburg, eds., ''Equity and the Environment'' (Research in Social Problems and Public Policy, Volume 15); Oxford: JAI Press (Elsevier); {{ISBN|978-0-7623-1417-1}}.</ref>

Um dos principais métodos para melhorar a ecologia urbana é incluir nas cidades mais espaços verdes urbanos: [[Parque urbano|parques]], jardins, gramados e árvores. Essas áreas melhoram a saúde, o [[bem-estar]] das populações humanas, animais e vegetais das cidades.<ref name="fuller">{{citar periódico |último1=Fuller|primeiro1=R.A.|último2=Irvine|primeiro2=K.N.|último3=Devine-Wright|primeiro3=P.|último4=Warren|primeiro4=P.H.|último5=Gaston|primeiro5=K.J. |ano=2007 |título=Psychological benefits of green-space increase with biodiversity|periódico=Biology Letters|volume=3|número=4|páginas=390–394|doi=10.1098/rsbl.2007.0149 |pmc=2390667|pmid=17504734}}</ref> Árvores urbanas bem conservadas podem proporcionar muitos benefícios sociais, ecológicos e físicos aos moradores urbanos.<ref>{{citar periódico |último1=Turner-Skoff|primeiro1=J. |último2=Cavender|primeiro2=N. |título=The Benefits of Trees for Livable and Sustainable Communities |periódico=Plants, People, Planet  |volume=1 |número=4 |páginas=323–335 |ano=2019 |doi=10.1002/ppp3.39|doi-access=free }}</ref>
{{Panorama|26 - New York - Octobre 2008.jpg|1000px|O ''[[Central Park]]'' em [[Manhattan]], [[Nova Iorque]], [[Estados Unidos]].}}

== Projeção internacional ==
À medida que o mundo se torna mais intimamente ligado por meio da economia, política, tecnologia e cultura (um processo chamado [[globalização]]), as cidades passaram a desempenhar um papel de liderança nos assuntos transnacionais, superando as limitações das [[relações internacionais]] conduzidas pelos governos nacionais.<ref>Abrahamson (2004), pp. 2–4.</ref><ref name=HN2017/><ref>Charlie Jeffery, "[http://aei.pitt.edu/2635/1/002803_1.PDF Sub-National Authorities and European Integration: Moving Beyond the Nation-State?]", presented at the Fifth Biennial International Conference of the European Community Studies Association, 29 May–1 June 1997, Seattle, US.</ref><ref name=Gupta2015globalization>Gupta et al. (2015), 5–11.</ref> Esse fenômeno, ressurgente hoje, pode ser rastreado até a [[Rota da Seda]], a [[Fenícia]] e as [[Pólis|cidades-estados gregas]], assim como a [[Liga Hanseática]] e outras alianças de cidades.<ref>Herrschel & Newman (2017), p. 9–10.</ref><ref name=CalderFreytas2009 /><ref>Curtis (2016), p. 5.</ref> Atualmente, a [[economia da informação]] baseada na infraestrutura de [[internet]] de alta velocidade permite [[telecomunicações]] instantâneas em todo o mundo, eliminando efetivamente a distância entre as cidades para fins de mercados internacionais e outros elementos de alto nível da [[economia mundial]], bem como comunicações pessoais e meios de [[comunicação de massa]].<ref>Kaplan (2004), p. 115–133.</ref>

=== Cidade global ===
{{AP|Cidade global}}

[[Ficheiro:GaWC World Cities.png|thumb|esquerda|upright=1.3|Mapa das [[cidades globais]] identificadas pelo Globalization and World Cities Research Network (GaWC) da [[Universidade de Loughborough]]. ]]

Uma [[cidade global]], também conhecida como cidade mundial, é um importante centro de comércio, bancos, finanças, inovação e mercados. Saskia Sassen usou o termo "cidade global" em seu trabalho de 1991, ''The Global City: New York, London, Tokyo'', para se referir ao poder, status e [[cosmopolitismo]] de uma cidade, e não ao seu tamanho.<ref>Sassen, Saskia (1991). ''[http://pup.princeton.edu/titles/6943.html The Global City: New York, London, Tokyo.]'' {{webarchive|url=https://web.archive.org/web/20150316103717/http://pup.princeton.edu/titles/6943.html |data=16 de março de 2015 }} [[Princeton University Press]]. {{ISBN|0-691-07063-6}}</ref> Seguindo essa visão das cidades, é possível classificá-las hierarquicamente.<ref name=ranking>John Friedmann and Goetz Wolff, "World City Formation: An Agenda for Research and Action," ''International Journal of Urban and Regional Research'', 6, no. 3 (1982): 319</ref>

As cidades globais formam a pedra angular da hierarquia global, exercendo [[comando e controle]] por meio de sua influência econômica e política. As cidades globais podem ter alcançado seu status devido à transição precoce para o [[Sociedade pós-industrial|pós-industrialismo]]<ref>Abrahamson (2004), p. 4.</ref> ou pela inércia que lhes permitiu manter seu domínio desde a [[Revolução Industrial|era industrial]].<ref>Kaplan et al. (2004), p. 88.</ref> Esse tipo de classificação exemplifica um discurso emergente no qual as cidades, consideradas variações do mesmo tipo ideal, devem competir entre si globalmente para alcançar a prosperidade.<ref name=Ward2008 /><ref name=Wachsmuth2014 />

Os críticos da noção apontam para os diferentes domínios de poder e intercâmbio. O termo "cidade global" é fortemente influenciado por fatores econômicos e, portanto, pode não levar em conta lugares que são significativos. O acadêmico australiano Paul James, por exemplo, argumenta que o termo é "redutor e enviesado" em seu foco nos sistemas financeiros.<ref>{{citar livro |último1= James |primeiro1= Paul |autorlink= Paul James (academic) |último2= with Magee |primeiro2= Liam |último3= Scerri |primeiro3= Andy |último4= Steger |primeiro4= Manfred B. | título= Urban Sustainability in Theory and Practice: Circles of Sustainability | url= https://www.academia.edu/9294719 |ano= 2015 |publicado= Routledge |local= Londres |páginas= 28, 30| isbn= 9781315765747 }}</ref>

[[Empresa transnacional|Corporações multinacionais]] e [[banco]]s têm suas sedes em cidades globais e conduzem muitos de seus negócios dentro desse contexto.<ref>Kaplan (2004), 99–106.</ref> As firmas estadunidenses dominam os mercados internacionais de direito e engenharia e mantêm filiais nas maiores cidades globais estrangeiras.<ref>Kaplan (2004), p. 91–95.</ref>

As cidades globais apresentam concentrações de pessoas extremamente ricas e extremamente pobres.<ref>Kaplan (2004), pp. 90–92.</ref> Suas economias são lubrificadas por sua capacidade (limitada pela política de [[imigração]] do governo nacional, que define funcionalmente o lado da oferta do [[mercado de trabalho]]) de recrutar trabalhadores imigrantes de baixa e alta qualificação de áreas mais pobres.<ref>Michael Samers, "Immigration and the Global City Hypothesis: Towards an Alternative Research Agenda"; ''International Journal of Urban and Regional Research'' 26(2), Junho de 2002.</ref><ref>Jane Willis, Kavita Datta, Yara Evans, Joanna Herbert, Jon May, & Cathy McIlwane, ''Global Cities at Work: New Migrant Divisions of Labour''; London: Pluto Press, 2010; {{ISBN|978-0-7453-2799-0}}; p. 29</ref><ref>Matthew R. Sanderson, Ben Derudder, Michael Timberlake, & Frank Witlox, "Are world cities also world immigrant cities? An international, cross-city analysis of global centrality and immigration"; ''International Journal of Comparative Sociology'' 56(3–4), 2015; {{doi|10.1177/0020715215604350}}.</ref> Mais e mais cidades atualmente utilizam essa força de trabalho disponível globalmente.<ref>Latham et al. (2009), pp. 49–50.</ref>

===Atividade transnacional===
As cidades participam cada vez mais das atividades políticas mundiais, independentemente dos [[Estados-nação]] aos quais pertencem. Os primeiros exemplos desse fenômeno são a relação entre [[cidades-irmãs]] e a promoção da governança multinível dentro da [[União Europeia]] (UE) como uma técnica para a integração europeia.<ref name=HN2017>Herrschel & Newman (2017), pp. 3–4.</ref><ref>Charlie Jeffery, "[http://aei.pitt.edu/2635/1/002803_1.PDF Sub-National Authorities and European Integration: Moving Beyond the Nation-State?]", presented at the Fifth Biennial International Conference of the European Community Studies Association, 29 de maio–1 de junho de 1997, Seattle, EUA.</ref><ref>Jing Pan, "[https://www.dora.dmu.ac.uk/xmlui/bitstream/handle/2086/11117/JING%20PAN%20PhD%20Thesis-Final-confirmed.pdf?sequence=1&isAllowed=y The Role of Local Government in Shaping and Influencing International Policy Frameworks] {{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20171010004951/https://www.dora.dmu.ac.uk/xmlui/bitstream/handle/2086/11117/JING%20PAN%20PhD%20Thesis-Final-confirmed.pdf?sequence=1&isAllowed=y |data=2017-10-10 }}", PhD thesis accepted at De Montfort University, abril de 2014.</ref> Cidades como [[Hamburgo]], [[Praga]], [[Amsterdã]], [[Haia]] e [[Cidade de Londres]] mantêm suas próprias embaixadas na UE em [[Bruxelas]].<ref>Herrschel & Newman (2017), p. "In Europe, the EU provides incentives and institutional frameworks for multiple new forms of city and regional networking and lobbying, including at the international EU level. But a growing number of cities and regions also seek to 'go it alone' by establishing their own representations in Brussels, either individually or in shared accommodation, as the base for European lobbying."</ref><ref>[[Gary Marks]], Richard Haesly, Heather A.D. Mbaye, "[http://garymarks.web.unc.edu/files/2016/09/marks.haesly.mbaye_.subnational_offices_2002.pdf What Do Subnational Offices Think They're Doing in Brussels?]"; ''Regional and Federal Studies'' 12(3), 2002.</ref><ref>Carola Hein, "[http://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/12265934.2014.980304 Cities (and regions) within a city: subnational representations and the creation of European imaginaries in Brussels]"; ''International Journal of the Urban Sciences'' 19(1), 2015</ref>

Os novos moradores urbanos podem cada vez mais não apenas como [[imigrante]]s, mas como [[Programa de transmigração|transmigrantes]], mantendo um pé cada um (através de telecomunicações, se não de viagens) em seus antigos e novos lares.<ref>Latham et al. (2009), pp. 45–47.</ref>

=== Sistema das Nações Unidas ===
O [[Sistema das Nações Unidas]] esteve envolvido em uma série de eventos e declarações que tratam do desenvolvimento das cidades durante este período de rápida [[urbanização]].

*A Conferência Habitat I em 1976 adotou a "Declaração de Vancouver sobre Assentamentos Humanos" que identifica a gestão urbana como um aspecto fundamental do desenvolvimento e estabelece vários princípios para a manutenção dos [[habitat]]s urbanos.<ref>"[https://web.archive.org/web/20040915005846/http://habitat.igc.org/vancouver/vp-intr.htm The Vancouver Action Plan]"; Approved at Habitat: United Nations Conference on Human Settlements, Vancouver, Canada; 31 May to 11 June 1976.</ref>
*Citando a Declaração de Vancouver, a [[Assembleia Geral da ONU]] em dezembro de 1977 autorizou a Comissão das Nações Unidas para Assentamentos Humanos e o Centro HABITAT para Assentamentos Humanos, destinados a coordenar as atividades da ONU relacionadas com habitação e assentamentos.<ref name=Walker2005>Peter R. Walker, "Human Settlements and Urban Life: A United Nations Perspective"; ''Journal of Social Distress and the Homeless'' 14, 2005; {{doi|10.1179/105307805807066329}}.</ref>
*A [[Cúpula da Terra]] de 1992 no [[Rio de Janeiro]] resultou em um conjunto de acordos internacionais, incluindo a [[Agenda 21]], que estabelece princípios e planos para o [[desenvolvimento sustentável]].<ref>David Satterthwaite, "Editorial: A new urban agenda?"; ''[[Environment & Urbanization]]'', 2016; {{doi|10.1177/0956247816637501}}.</ref>
[[Imagem:X_World_Assembly_of_Mayors_-_Quito_(01).jpg|thumb|Assembleia Mundial de Prefeitos na conferência Habitat III em [[Quito]].]]
*A conferência Habitat II em 1996 convocou as cidades a desempenhar um papel de liderança neste programa, que posteriormente avançou os [[Objetivos de Desenvolvimento do Milênio]] e os [[Objetivos de Desenvolvimento Sustentável]].<ref name=Parnell />
*Em janeiro de 2002, a Comissão das Nações Unidas sobre Assentamentos Humanos tornou-se uma agência abrangente chamada [[Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos]] ou ONU-Habitat, um membro do [[Grupo das Nações Unidas para o Desenvolvimento]].<ref name=Walker2005 />
*A conferência Habitat III de 2016 centrou-se na implementação destes objetivos sob a bandeira de uma “Nova Agenda Urbana”, cujos quatro mecanismos previstos para efetivar são: (1) políticas nacionais que promovem o desenvolvimento sustentável integrado; (2) governança urbana mais forte; (3) planejamento urbano e territorial integrado de longo prazo; e (4) estruturas de financiamento eficazes.<ref name=Watson2016 /><ref>''[http://habitat3.org/the-new-urban-agenda/ New Urban Agenda]'', Habitat III Secretariat, 2017; A/RES/71/256*; {{ISBN|978-92-1-132731-1}}; p. 15.</ref> Pouco antes desta conferência, a UE aprovou simultaneamente uma "Agenda Urbana para a União Europeia" conhecida como Pacto de Amsterdã.<ref name=Watson2016>Vanessa Watson, "Locating planning in the New Urban Agenda of the urban sustainable development goal"; ''Planning Theory'' 15(4), 2016; {{doi|10.1177/1473095216660786}}.</ref>

A ONU-Habitat coordena a agenda urbana da ONU, trabalhando com o [[Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente]], o [[Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento]], o [[Escritório do Alto-comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos]], a [[Organização Mundial da Saúde]] e o [[Banco Mundial]].<ref name=Walker2005 />

O [[Banco Mundial]], uma [[Lista de agências especializadas da Organização das Nações Unidas|agência especializada]] das[[Nações Unidas]], tem sido a principal força na promoção das conferências Habitat e, desde a primeira conferência, tem usado suas declarações como uma estrutura para a emissão de empréstimos para [[infraestrutura urbana]].<ref name=Parnell>Susan Parnell, "Defining a Global Urban Development Agenda"; ''World Development'' 78, 2015; {{doi|10.1016/j.worlddev.2015.10.028}}; p. 531–532</ref> Os programas de ajuste estrutural do banco contribuíram para a urbanização no [[Terceiro Mundo]] ao criar incentivos à mudança para as cidades.<ref>[[Akin Mabogunje|Akin L. Mabogunje]], "A New Paradigm for Urban Development"; ''Proceedings of the World Bank Annual Conference on Development Economics 1991''</ref><ref>John Briggs and Ian E.A. Yeboah, "[http://eprints.gla.ac.uk/169/1/Briggs,J_33.pdf Structural adjustment and the contemporary sub-Saharan African city]"; ''Area'' 33(1), 2001.</ref> O Banco Mundial e a ONU-Habitat em 1999 estabeleceram conjuntamente a Cities Alliance (com sede na sede do Banco Mundial em [[Washington, D.C.]]) para orientar a formulação de políticas, compartilhamento de conhecimento e distribuição de subsídios em torno da questão da pobreza urbana.<ref>Claire Wanjiru Ngare, "[https://ruor.uottawa.ca/bitstream/10393/22844/3/Wanjiru_Claire_2012_researchpaper.pdf Supporting Learning Cities: A Case Study of the Cities Alliance]"; master's thesis accepted at the University of Ottawa, April 2012.</ref> (O ONU-Habitat desempenha um papel consultivo na avaliação da qualidade da governança de uma localidade.)<ref name=Gupta2015p33 /> As políticas do Banco Mundial tendem a se concentrar no fortalecimento dos [[mercados imobiliários]] por meio de crédito e assistência técnica.<ref>Alexandre Apsan Frediani, "[http://www.rrojasdatabank.info/urban/alexurbpov.pdf Amartya Sen, the World Bank, and the Redress of Urban Poverty: A Brazilian Case Study]"; in ''Journal of Human Development'' 8(1), março de 2007.</ref>

A [[Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura]], a UNESCO, tem se concentrado cada vez mais nas cidades como locais-chave para influenciar a governança cultural. Desenvolveu várias redes de cidades, incluindo a Coalizão Internacional de Cidades contra o Racismo e a Rede de Cidades Criativas. A capacidade da UNESCO de selecionar locais como um [[Patrimônio Mundial]] confere à organização uma influência significativa sobre o capital cultural, turismo e financiamento de preservação histórica.<ref name=DuxburyJeannotte2013>Nancy Duxbury & Sharon Jeannotte, "[http://www.ces.uc.pt/myces/UserFiles/livros/1097_Global_Cultural_Governance_Policy_Duxbury-Jeannotte_2013.pdf Global Cultural Governance Policy]"; Chapter 21 in ''The Ashgate Research Companion to Planning and Culture''; London: Ashgate, 2013.</ref>

== Representações culturais ==
[[Ficheiro:Atlantis Monsu Desiderio.jpg|esquerda|thumb|Representação artística da cidade mítica de [[Atlântida]].]]

As cidades figuram com destaque na [[cultura ocidental]] tradicional, aparecendo na [[Bíblia]] em formas malignas e [[Cidade sagrada|sagradas]], simbolizadas pela [[Babilônia]] e [[Jerusalém]].<ref>Ellul (1970).</ref> [[Caim]] e [[Ninrode]] são os primeiros construtores de cidades no livro de [[Gênesis]]. Na [[mitologia suméria]], [[Gilgamesh]] construiu as muralhas de [[Uruk]]. As cidades podem ser percebidas em termos de extremos ou opostos: ao mesmo tempo libertadoras e opressoras, ricas e pobres, organizadas e caóticas.<ref>Gary Bridge and Sophie Watson, "City Imaginaries", in Bridge & Watson, eds. (2000).</ref> O termo antiurbanismo refere-se a vários tipos de oposição ideológica às cidades, seja por sua cultura ou por sua relação política com o país. Tal oposição pode resultar da identificação das cidades com a opressão e a [[elite]] dominante.<ref>Herrschel & Newman (2017), p. 7–8.</ref> Esta e outras [[ideologia]]s políticas influenciam fortemente as narrativas e temas no [[discurso]] sobre as cidades.<ref name=Lynch2008p678 /> Por sua vez, as cidades também simbolizam suas sociedades de origem.<ref>[[J.E. Cirlot]], "City"; ''A Dictionary of Symbols'', Second Edition, translated from Spanish to English by Jack Read; New York: Philosophical Library, 1971; p. 48–49 ([https://archive.org/stream/DictionaryOfSymbols/Dictionary%20of%20Symbols#page/n103/mode/2up online]).</ref>

Escritores, pintores e cineastas produziram inúmeras obras de arte sobre a experiência urbana. A literatura clássica e medieval inclui um gênero de descrições que tratam das características e da história da cidade. Autores modernos como Charles Dickens e James Joyce são famosos por descrições evocativas de suas cidades de origem.<ref>Latham et al. (2009), p. 115.</ref> [[Fritz Lang]] concebeu a ideia para seu influente filme de 1927, ''[[Metrópolis (filme)|Metropolis]]'', enquanto visitava [[Times Square]] e se maravilhava com a iluminação noturna de [[neon]].<ref>Leach (1993), p. 345.</ref> Outras representações cinematográficas iniciais de cidades no século XX geralmente as retratavam como espaços tecnologicamente eficientes com sistemas de transporte automobilístico que funcionavam sem problemas. Na década de 1960, no entanto, o congestionamento do tráfego começou a aparecer em filmes como ''[[The Fast Lady]]'' (1962) e ''[[Playtime]]'' (1967).<ref name=Borden />

Literatura, cinema e outras formas de [[cultura popular]] forneceram visões de cidades futuras tanto [[Utopia|utópicas]] quanto [[Distopia|distópicas]]. A perspectiva de cidades mundiais em expansão, comunicação e cada vez mais interdependentes deu origem a imagens como "Nylonkong" (Nova York, Londres, Hong Kong)[280] e visões de uma única [[ecumenópolis]] global.<ref>[[Constantinos Apostolou Doxiadis]], ''[http://www.doxiadis.org/ViewArticle.aspx?ArticleId=14929 Ecumenopolis: Tomorrow's City]''; Britannica Book of the Year, 1968. Capítulo V: Ecumenopolis, the Real City of Man</ref>

== Ver também ==
{{div col}}
* [[Arquitetura]]
* [[Aglomeração urbana]]
* [[Cidade fantasma]]
* [[Imperial Cidade|Cidade Imperial]]
* [[Cidade-satélite]]
* [[Espaço urbano]]
* [[Favela]]
* [[Geografia urbana]]
* [[Gueto]]
* [[Sociologia urbana]]
* [[Subúrbio]]
* [[Centro financeiro]]
* [[Planejamento urbano]]
* [[Reforma urbana]]
* [[Urbanismo]]
* [[Zona urbana]]
* [[Lista das cidades mais populosas do mundo]]
* [[Lista de regiões metropolitanas por população]]
* [[Lista de cidades por PIB]]
{{div col fim}}

{{referências}}

=== Bibliografia ===
{{refbegin|2}}
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{{refend}}

==== Leitura adicional ====
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* Thernstrom, S., and Sennett, R., ed., ''Nineteenth-Century Cities'' (1969)
* [[Arnold J. Toynbee|Toynbee, Arnold J.]] (ed), ''Cities of Destiny'', New York: [[McGraw-Hill]], 1967. Pan historical/geographical essays, many images. Starts with "Athens", ends with "The Coming World City-Ecumenopolis".
* [[Max Weber|Weber, Max]], ''[[The City (Weber book)|The City]]'', 1921. (tr. 1958)
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== Ligações externas ==
{{wiktionary|cidade}}
* {{commons-inline|Category:Cities}}{{wikiquote-inline|Cidade}}
* [http://blogdaboitempo.com.br/2013/11/22/o-direito-a-cidade/ O direito à cidade]. Artigo de [[David Harvey]] (publicado originalmente na ''[[New Left Review]]'', em 2008).

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