Saltar para o conteúdo

Cálice de Bedia

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Mosteiro de Bedia num desenho de 1884
Tigela do cálice de Bedia. Face do Cristo Pantocrator

O cálice de Bedia é um peça da ourivesaria medieval georgiana, um vaso litúrgio feito de ouro ducado e ricamente decorado. Datado de 999, o cálice foi comissionada pelo rei Pancrácio III ao Mosteiro de Bedia na Abecásia. Apenas uma tigela do vaso está preservada e atualmente está no Museu Nacional da Geórgia em Tbilisi.[1]

História[editar | editar código-fonte]

O cálice foi uma doação do rei Pancrácio III e sua mãe, a rainha Guranduxt da Abecásia, à nova igreja em Bedia, que foi concluída em 999.[1] A base do vaso foi subsequentemente perdida e restaurada no século XVI em nome de Germano Chkhetidze, bispo de Bedia, como mencionado numa inscrição georgiana. O item foi preservado na sacristia da Igreja de Ilori, onde o historiador Dimitri Bakradze visitou-a em 1865 e relatou o perigo de ser perdida.[2] A base então novamente desapareceu. A tigela sobrevivente foi levada para Tbilisi, junto ao Tesouro da Câmara do Museu Estadual de Arte Georgiana, agora o Museu Nacional da Geórgia, em 1930.[3]

Descrição[editar | editar código-fonte]

A tigela do vaso de Bedia tem 14 centímetros de altura e 14 de diâmetro; seu peso é de 752 gramas. A peça é feita com uma folha de ouro, com todas as figuras e detalhes trabalhos em repoussé. A superfície exterior está emoldurada e dividida em 12 segmentos por uma arcada contínua. As figuras descritas são o Cristo Pantocrator entronado e a Virgem Hodegétria no lago oposto. Entre eles estão de pé as figuras dos 10 apóstolos, cinco de cada lado, segurando rótulos em suas mãos. Cristo é identificado por uma inscrição grega e todos os apóstolos por textos georgianos; não há inscrição associada com a virgem. A inscrição georgiana logo abaixo da borda,[a] uma inscrição asomtavruli ricamente gravada, menciona Pancrácio e Guranduxt.[1]

O cálice de Bedia é notável por sua composição ordenada e rítmica e detalhes decorativos que são tipicamente georgianos, mas exibem algumas afinidades estilísticas com os ícones de marfim bizantinos contemporâneos e cálices esmaltados do Tesouro de São Marcos, em Veneza. Ainda, o efeito monumental robusto da obra do cálice de Bedia é sem paralelo.[1]

Notas[editar | editar código-fonte]

[a] ^ A inscrição em asomtavruli: ႼႫႨႣႠႭ ႶႫႰႧႨႱႫႸႭႡႤႪႭ ႫႤႭႾ ႤႷႠႥ ႼႨႬႠႸႤ ႻႨႱႠ ႸႤႬႨႱႠ ႡႠႢႰႠႲ ႠႴႾႠႦႧႠ ႫႤႴႤႱႠ ႣႠ ႣႤႣႠႱႠ ႫႠႧႱႠ ႢႳႰႠႬႣႳႾႲ ႣႤႣႭႴႠႪႱႠ ႠႫႨႱ ႡႠႰႻႨႫႨႱႠ ႸႤႫႼႨႰႥႤႪႧႠ ႠႫႨႬ; em mkhedruli: „წმიდაო ღმრთისმშობელო, მეოხ ეყავ წინაშე ძისა შენისა ბაგრატ აფხაზთა მეფესა და დედასა მათსა გურანდუხტ დედოფალსა, ამის ბარძიმისა შემწირველთა, ამის საკურთხევლისა შემამკობელთა და ამის წმიდისა საყდრისა აღმშენებელთა. ამინ“;[3] traduzida como: "Santa Mãe de Deus, interceda diante de seu filho por Pancrácio, rei dos abecásios, e sua mãe, a rainha Guranduxt, os comissionários dessa vaso, os decoradores deste altar, e os edificadores desta santa igreja. Amém."[1]

Referências

  1. a b c d e Wixom 1997, p. 342-344.
  2. Bakradze 1875, p. 1007.
  3. a b Gamkrelidze 2013, p. 97.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Bakradze, Dimitri Z. (1875). «Кавказ в древних памятниках христианства [The Caucasus in old monuments of Christianity]». In: Berge, Adolf. Акты, собранные Кавказской археографической комиссией. Т. V [Acts collected by the Caucasian Archaeographic Commission, Vol. V. Tbilisi: [s.n.] 
  • Wixom, William D. (1997). «Liturgical vessel from Bedia». In: Evans, Helen C.; Wixom, William D. The Glory of Byzantium: Art and Culture of the Middle Byzantine Era, A.D. 843–1261. Nova Iorque: Metropolitan Museum of Art. ISBN 0870997777