Dana Merrill

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Dana B. Merrill
Dana Merrill
Nascimento 1877
Lisbon
Morte Desconhecido
Cidadania Estados Unidos
Ocupação fotógrafo

Dana B. Merrill (Lisbon, Nova Hampshire, 7 de agosto de 1877-??[1]) foi um fotógrafo norte-americano. Ficou conhecido por suas missões fotográficas no Brasil, em especial pelo registro de comunidades indígenas e da construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré.[2] Suas imagens da ferrovia que cruzou a Amazônia são consideradas "de importância capital para a compreensão do processo de ocupação da região Norte e das relações de trabalho no país".[3]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Trabalhadores em obras no leito de drenagem ao longo da futura ferrovia.

Pouco se sabe sobre a vida de Merrill até sua passagem pelo Brasil. Ele teria sido alistado na Marinha dos Estados Unidos e servido na Guerra Filipino-Americana.[2][4] Profissionalizou-se fotógrafo e no final da década de 1900 acabou contratado por Percival Farquhar para documentar as obras da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. Entre 1909 e 1912 Merrill esteve nos canteiros de obras da ferrovia e registrou cerca de duas mil imagens. Parte desse material foi compilada em um livro lançado posteriormente chamado Views of the Estrada de Ferro Madeira e Mamore Amazonas & Matto Grosso, Brazil S.A. enquanto outra parte acabou perdida.[5][6]

Após retornar aos Estados Unidos, Merrill se estabeleceu em Nova Iorque e trabalhou no grupo editorial Condé Nast, realizando para as revistas Vanity Fair e House & Garden nas décadas de 1920 e 1930.[2][7] Consta no censo de 1930 que residia em Scarsdale, Westchester, Nova Iorque com a sua esposa Laura e um empregado Elli Peter [8].

Em 1940 apareceu no Censo Demográfico dos Estados Unidos, morando em Nova Iorque.[9] Em torno de 1940, fotografou uma aula de figurino no Pratt Institute, em Nova Iorque [10] . Em 1942, aos 65 anos, foi listado como incompatível para o serviço militar, sendo esse um dos últimos registros públicos de Merrill.[1]

Importância[editar | editar código-fonte]

O trabalho de Dana Merrill "é um dos poucos registros visuais da construção da ferrovia Madeira-Mamoré, documentando as diferentes etapas do processo – abertura de valas, colocação de dormentes e trilhos – e as condições de vida dos trabalhadores, suas residências e momentos de lazer. Também estão presentes a fauna e flora amazônicas, com as quais os operários vindos de diversas regiões do mundo se deparam".[3]

Trabalhadores observam descarrilamento de vagões-gôndola, em trecho da Ferrovia Madeira-Mamoré.

Além disso, "a diversidade cultural do conjunto de trabalhadores é registrada, emblematicamente, na imagem do operário hindu, que surge diante da lente do fotógrafo com turbante, brincos e colete de linho riscado. É assim que o elemento exótico penetra nas imagens, ampliando o papel do fotógrafo para além de seu trabalho comissionado por uma empresa de engenharia".[3]

Sua fotografia captura também elementos singulares. "Contratado para registrar as obras da ferrovia, Merrill se permite fotografar um mamoeiro, o macaco que surpreende os trabalhadores no acampamento, posar ao lado da pele esticada de uma onça pintada, ou registrar o engenheiro Powell interagindo com nativos indígenas. A autonomia conquistada pelo fotógrafo chega ao ápice quando, em imagem que registra a abertura de uma vala, mostra dois cavaleiros “espelhados”, posicionados um de cada lado da cena, com a projeção da sombra do fotógrafo ao centro, em composição orquestrada. Essas singularidades de cunho autoral fazem de Merrill o “fotógrafo-cronista” da “ferrovia-fantasma”, nas palavras do historiador Francisco Foot Hardman".[3]

A mesma singularidade pode ser encontrada na foto dos trabalhadores com proteção contra mosquitos [11], animais inundados pelo rio Madeira [12], índio Caripuna [13].

Veja também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b U.S., World War II Draft Registration Cards (1942). «Dana B. Merril». Ancestry. Consultado em 31 de março de 2020 
  2. a b c «Dana B. Merrill». Brasiliana Fotográfica. Consultado em 31 de março de 2020 
  3. a b c d «Dana Merrill | Enciclopédia Itaú Cultural». Enciclopédia Itaú Cultural 
  4. C.E. Ryan (20 de março de 2015). «Wild Party with photographer Dana B. Merrill». Bowlers And High Collars. Consultado em 31 de março de 2020 
  5. Dana Merrill (1912). «Views of the Estrada de Ferro Madeira e Mamore Amazonas & Matto Grosso, Brazil S.A». The New York Public Library. Consultado em 31 de março de 2020 
  6. Pedro Ribeiro. «O fotógrafo Dana Merrill». Ferrovia Madeira-Mamoré: Trilhos e Sonhos/ republicado por Centro Oeste. Consultado em 31 de março de 2020 
  7. «Dana B. Merrill Reproductions & Prints». Art.com. Consultado em 31 de março de 2020 
  8. Ryan, C. E. (20 de março de 2015). «Wild Party with photographer Dana B. Merrill». Bowlers And High Collars (em inglês). Consultado em 13 de junho de 2020 
  9. U.S. Federal Population Census (1940). «Dana B. Merrill». Arquivos Nacionais e Administração de Documentos. Consultado em 31 de março de 2020 
  10. W, rea; erley. «A construção da Madeira-Mamoré, a "Ferrovia da Morte", pelas lentes de Dana B. Merrill (c. 1887 – 19?)». Brasiliana Fotográfica. Consultado em 13 de junho de 2020 
  11. «Trabalhadores com proteção de mosquitos | EFMM | Dana Merrill». vfco.brazilia.jor.br. Consultado em 13 de junho de 2020 
  12. «Animais em terreno inundado pelo rio Madeira | EFMM | Dana Merrill». vfco.brazilia.jor.br. Consultado em 13 de junho de 2020 
  13. «Índio Caripuna | EFMM | Dana Merrill». vfco.brazilia.jor.br. Consultado em 13 de junho de 2020 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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