Georges Daumezon

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Georges Daumezon (1912- 1979), psiquiatra francês,desempenhou um papel importante na história da psiquiatria francesa por suas contribuições e invenções. Seu nome restará ligado à sua vontade de mudar as condições de vida dos doentes e, por conseguinte, de transformar o hospital numa instituição terapêutica.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Georges Daaumezon estudou nas universidades de Montpellier[1] e Paris. Licenciado em Direito em 1932, obteve o doutorado de medicina em 1935, após a defesa de uma tese sobre o estatuto dos enfermeiros dos asilos públicos. Interno dos hospitais psiquiátricos de Paris, entre 1933 e 1937, tinha apenas 26 anos ao ser nomeado, em 1938, diretor do atual ‘’Centro Hospitalar Departamental Georges Daumézon’’[2], responsabilidade que exerceu até 1951. Nos primeiros anos de 1960, sob a direção de Henri Ey, G. Daumezon, L.Bonnafé, J.Ayme, R.Misès, S.Leclaire e A.Green começaram a elaborar "uma redefinição geral do campo da psiquiatria(…) a partir de tres temas : a formação dos psiquiatras, a reforma da lei de 1838 e da perícia, e enfim o problema da separação da neurologia e da psiquiatria" [1] . Em Outubro de 1966, tornou-se médico-diretor do hospital Henri Rousselle [3], dirigindo-o até 1979, data de sua morte. Entre os grandes nomes que marcaram este período, notemos especialmente os de Henry Ey[4] e de Lacan.Por ocasião do Cinquentenário do Hospital Henri Rousselle em 1972, Jacques Lacan agradeceu a hospitalidade de Georges Daumezon[2]. Em 1998, o Hospital de Fleury-les-Aubrais passou a ser chamado Hospitalar Departamental Georges Daumezon, em homenagem àquele que ali começou sua carreira e que o dirigiu durante 13 anos [3].

Realizações[editar | editar código-fonte]

  • Em 1936, Georges Daumezon denunciou o caráter alienante do hospital psiquiátrico e criou a terapia ocupacional. [4], conforme G. Courant.
  • Em 1947, criou o primeiro jornal num hospital psiquiátrico francês, propagando suas idéias sobre a formação dos enfermeiros.
  • Em 1949, organizou os primeiros estágios de formação para enfermeiros no CEMEA (Centros de Treinamento aos Métodos de Educação Ativa), em Paris.[5].
  • Em 1951, no hospital da ‘’Maison Blanche’’, G. Daumezon encontrou dois internos, Philippe Paumelle e Philippe Koechlin.
  • Em 1952, a colaboração entre os tres psiquiatras levou-os a inventar o conceito de ‘’Psicoterapia Institucional’’.
  • Em 1967, Georges Daumezon criou no Hospital Henri Rousselle, o primeiro C.P.O.A. (Centro Psiquiátrico de Orientação e Acolhimento). "[6]. O psiquiatra e psicanalista Charles Melman foi seu primeiro diretor.

OBRA[editar | editar código-fonte]

Livros[editar | editar código-fonte]

  • Benoît et G. Daumezon: Apport de la psychanalyse à la sémiologie psychiatrique ( Contribuição da psicanálise à semiologia psiquiátrica), Masson, Paris, 1970. Este trabalho foi discutido no Congresso de Psiquiatria e de Neurologia de língua francesa , LXVIII Sessão, Milão, 7-12 setembro 1070.
  • Georges Daumezon, Lucien Bonnafé. : O internamento, conduta primitiva da sociedade face ao doente mental, pesquisa de uma atitude mais evoluída. Publicação em Documents de l’Information Psychiatrique, 1 volume, 108 páginas, editor Des clées de Brower, Paris, 1946.

Artigos[editar | editar código-fonte]

  • Tese de doutorado em medicina : Os problemas do pessoal dos asilos de alienados, 1935.
  • Daumezon G. , Koechlin P., Psychothérapie française institutionnelle contemporaine, (Psicoterapia francesa institucional contemporânea), publicação nos Anais Portugueses de Psiquiatria, volume IV, n° 4, páginas 721-312, 1952.
  • Daumezon G.: Action individuelle de la psychothérapie collective(Ação individual da psicoterapia coletiva), revista Évolution psychiatrique , n°3,475-506, 1952.
  • Daumezon G., Tosquelles F.,Paumelle Ph.: Travail thérapeutique(Trabalho terapêutico), publicado na Encyclopédie médico-chirurgicale, Paris, H. Ey ed.Psychiatrie, III, 37930, A 20, 1955.
  • Léculier P., Daumezon G. : L’Expertise psychiatrique (Perícia psiquiátrica), EMC (Encyclopédie Médico-Chirurgicale), socio-psychiatrie, 37770 A 10, 1-13,1955.
  • Daumezon G., G. Lanteri-Laura: Signification d’une sémiologie phénoménologique(Significação de uma semiologia fenomenológica), revista L’Encéphale, n° 5, páginas 478-511,1961.
  • Daumezon G., Lantéri-Laura G., Melle Lebeau et Brabant G.: Le test de Rorschach et la conscience imageante(O teste de Rorschach e a consciência imagística) ,revista Annales Médico Psychologique,119 n°1, 833-864, 1961.
  • Daumezon G., Lantéri-Laura G. : A Obra psiquiátrica, Paris, PUF, em A significação semiológica do automatismo mental de Clérembault, Recherches sur les maladies mentales, 1, páginas 61-92, 1961.
  • Daumezon G. : Les états régressifs aigus chez les personnes âgées (Os estados regressivos agudos nas pessoas idosas), artigo publicado nas Recherches sur les maladies mentales, páginas 9-31 Imprimerie municipale, Paris, 1961.
  • Broussolle P., Daumezon G. : Modificações nos regulamentos das perícias psiquiátricas, EMC, socio-psychiatrie, 37770 A20, 1963.
  • Daumezon G. : Problemas sobre a psiquiatria de setor na França, L’information Psychiatrique, 9, páginas 653-662,1964.
  • Daumezon G. : Ambiguïtés autour de la sémiologie dans la psychiatrie contemporaine(Ambigüidades em torno da semiologia na psiquiatria contemporânea), em Annales Médico-Psychologiques, T. 2, N°5, Paris ,1964.
  • Daumezon G. : Necessidade de uma lei cadre adaptada à saúde mental, comunicação feita na Société Médico-Psychologique de Paris, publicada nos Annales Médico-Psychologiques ,1967.
  • Daumezon G. : Enfraquecimento do papel do médico nas instituições psiquiátricas, comunicação feita na ‘’Société Médico-Psychologique de Paris’’, publicada nos Annales Médico-Psychologiqes’’, 1972.
  • Agussol P., Daumezon G. : O psiquiatra e a nova lei sobre o divórcio, publicação na L’information psychiatrique, Vol.52, n°9, páginas 1109-1121, 1976.
  • Daumezon G. : Psiquiatria e ética, o psiquiatra em face do doente, da sociedade e dele-mesmo, Privat editor, Toulouse, páginas 9-25,1979.
  • Daumezon G. : Legitimidade do interesse pela história da psiquiatria, publicação na L’information psychiatrique, volume 56, N°5, págians 647-652, 1980.

Números especiais[editar | editar código-fonte]

  • Número especial da revista Information Psiquiátrica, consagrado a Georges Daumezon, volume 56, na 5, Junho 1980, Privat editor.
  • Daumezon G. ‘’Survol ‘': Introdução e apresentação do livro:'’Cinquantenaire de L’Hôpital Henri Rousselle, 1922-1972 (Cincoentenário do hospital Henri-Rousselle),1922-1972, editado pelos laboratórios Sandoz, Imprimerie-Reliure Maison Mame, Tours, França,páginas 7-22, 1973.

Referências[editar | editar código-fonte]

  • Alain Amar: "Hommage à Georges Daumézon", em La Lettre de Psychiatrie Française, n° 170, dezembro 2007.
  • G.Courant : "De Saint-Alban au Groupe de Sèvres"[5]
  • "Psychiatrie & Desalienisme" [6]
  • Elisabeth Roudinesco: "Histoire de la Psychanalyse en France", vol.2 », 1925-1985, Seuil, Paris, 1986, ISBN 2.02.0093472
  • Georges Daumezon: "Ambiguités autour de la sémiologie dans la psychiatrie contemporaine", em « Annales Médico-Psychologiques », T. 2, N.5, Paris, 1964.
  • Guy Benoit et Daumezon Georges: "Réflexions sur la Sémiologie psychiatrique", em L'Evolution Psychiatrique, Paris, 1957.
  • Centre Hospitalier Départemental Georges Daumezon de Fleury-les-Aubrais http://www.ch-georgesdaumezon45.fr/ .
  • "Cinquantenaire de l’Hôpital Henri Rousselle’’, 1922-1972, tipografia-encadernação Maison Mame, Tours, 1973.
  • Isabelle von Bueltzingsloewen et Benoît Verny : "Interné D’Office… Du camp d’internement de Beaune-La-Rolande…à L’Hôpital Psychiatrique de Fleury-les-Aubrais", Les éditions Cercil, dezembro 2007, ISBN 978-2-9507-5618-3

Notas[editar | editar código-fonte]

1 Elisabeth Roudinesco : "Histoire de la Psychanalyse en France, vol. 2", page 489) , (‘’História da Psicanálise na França, vol.2, página 489)»,Seuil, Paris, 1986.

2 « Ao contribuir para os cincoenta anos do hospital Henri Rousselle, pelo favor que os meus e eu mesmo recebemos dele, num trabalho em que mostrei o que sabia fazer, ou seja a apresentação, quero homenagear o Doutor Daumézon, que me permitiu realizá-lo », em "Létourdit" : Cinquantenaire de l’Hôpital Henri Rousselle, 1922-1972), página 85, tipografia-encadernação Maison Mame, Tours, 1973.

3 "Centro Hospitalar Departamental Georges Daumezon de Fleury-les-Aubrais",artigo do jornal « La République du Centre », Orléans, Outubro 2006, podemos ler que o hospital defende a idéia de uma « psiquiatria aberta, inserida no tecido social, fundada nos projetos de tratamentos ativos, dentro de estruturas diversas, repartidas na totalidade do departamento do Loiret ».

4 Isto é a criação de "atividades lúdicas, culturais e esportivas, com a participação não somente dos pacientes mas também do pessoal administrativo e técnico. E pouco tempo depois determinou a criação de reuniões em cada serviço do hospital, um momento destinado a abordar os conflitos e problemas ligados à vida coletiva’’ . G. Courant : De Saint-Alban au Groupe de Sèvres[7] .

5 Este conceito, segundo Elisabeth Roudinesco, havia sido pressentido dez anos antes por François Tosquelles.Elisabeth Roudinesco : « Histoire de la Psychanalyse en France, vol. 2 »(‘’História da Psicanálise na França, vol.2’’), Seuil, Paris, 1986.

6 ‘’Um serviço destinado a receber pacientes em situação de urgência psiquiátrica, de prodigar-lhes os primeiros tratamentos e orientá-los em função da melhor adequação possivel entre as suas necessidades e as estruturas de tratamento existentes’’. O C.P.O.A." tem por finalidade estabelecer um trabalho de coordenação com os setores de psiquiatria e também com os outros serviços públicos, semi-públicos e particulares, sempre com a preocupação de preservar a continuidade dos tratamentos(…) Ele é aberto 24 horas por dia e funciona todos os dias da semana, recebendo pacientes de mais de 15 anos de idade, enviados por um médico, hospital geral, instituição sanitária ou trazidos pelos serviços sociais, pelos bombeiros, por agentes da força pública. O CPOA continua sendo um importante instrumento no dispositivo psiquiátrico de Paris e de sua região’’. Referência: "Site do Hospital Henri Rousselle"

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

’’Resistência de Georges Daumezon à força opressora do nazismo’’, Polbr[8]

Ver também[editar | editar código-fonte]

(em francês) Michel Ciardi et Yves Gigou [9]

(em francês) Hospital Henri Rousselle[10]

(em francês)Universalis.fr[11]

(em francês) Asilum. Transmitido pela televisão Arte[12][ligação inativa], este filme, realizado por Geoges Daumezon, é uma evocação sutil da vida asilar dos pacientes em hospitais psiquiátricos da França.

(em francês) Centre Hospitalier Départemental Georges Daumezon de Fleury-les-Aubrais[13]