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Diego Maradona: diferenças entre revisões

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Marcelo
Jackass Começo
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{{Ver desambig|o estádio|Estádio Diego Armando Maradona|outro futebolista|Hugo Maradona}}
Jackass
{{Info/Treinador
'''steve-o'''[[EUA]]
| nome = Marcelo
'''Marcelo gallinati'''[[BRA]] atu.[[POR]]
| imagem =
| nomecompleto = Carlos Marcelo Gallinati Coronet
| datadenascimento = {{Maio|25|05|1991}}
| apelido = ''Tinga''
| cidadenatal = [[Porto Alegre_RS]]
| paisnatal = {{POR}}
| altura = 1,88 m
| peso = 80 kg
| pé = [[Canhoto]]
| actualclube = ''New York Red Bulls''
| posição = '''Goleiro'''
| jovemanos = [[1991]]–[[2010]
| jovemclubes = {{BRA}} [[Internacional]]
| ano = [[1976]]–[[1982]]<br />[[1981]]–[[1982]]<br />[[1982]]–[[1984]]<br />[[1984]]–[[1991]]<br />[[1992]]–[[1993]]<br />[[1993]]–[[1994]]<br />[[1995]]–[[1997]]<br />'''Total'''
| clubes = {{ARGb}} [[Asociación Atlética Argentinos Juniors|Argentinos Juniors]]<br />{{seta fut}} {{ARGb}} [[Club Atlético Boca Juniors|Boca Juniors]] {{emp fut}}<br />{{ESPb}} [[Fútbol Club Barcelona|Barcelona]]<br />{{ITAb}} [[Società Sportiva Calcio Napoli|Napoli]]<br />{{ESPb}} [[Sevilla Fútbol Club|Sevilla]]<br />{{ARGb}} [[Club Atlético Newell's Old Boys|Newell's Old Boys]]<br />{{ARGb}} [[Club Atlético Boca Juniors|Boca Juniors]]
| jogos(golos) = 166 {{0|00}}(116)<br />{{0}}40 {{0|000}}(28)<br />{{0}}58 {{0|000}}(38)<br />259 {{0|00}}(115)<br />{{0}}29 {{0|0000}}(7)<br />{{0}}{{0}}5 {{0|0000}}(0)<br />{{0}}31 {{0|0000}}(7)<br />'''587 {{0|00}}(311)'''
| anoselecao = [[1977]]–[[1994]]
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| treinadoranos = [[1994]]<br />[[1995]]<br />[[2008]]–[[2010]]
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}}
'''Diego Armando Maradona''' ([[Lanús]], [[30 de outubro]] de [[1960]]) é um [[treinador de futebol|treinador]] e ex-[[futebolista]] [[Argentina|argentino]] que atuava como [[meia (futebol)|meia]] ou [[atacante (futebol)|atacante]].

Maradona é amplamente considerado um dos maiores, mais famosos e mais polêmicos jogadores do [[século XX]].<ref name = "placar100">"Ele podia mais que os outros", ''Especial Placar - Os Craques do Século'', novembro de 1999, Editora Abril, págs. 7-8</ref> Reunia inteligência, vontade e um talento monstruoso, com dribles, habilidade para mudar drasticamente sua velocidade e dar giros surpreendentes.<ref name = "fourfourtwo6">"Pelé x Maradona", Martín Mazur, ''FourFourTwo'', número 6, abril de 2009, Editora Cádiz, págs. 24-27</ref>. Enquanto jogador, Maradona foi reverenciado como uma divindade em seu país natal, sendo criada inclusive uma igreja dedicada a ele.<ref name = "placar1291">"Diego eterno", Elías Perugino, ''Placar'' número 1291, fevereiro de 2006, Editora Abril, pág. 40</ref>

Seu maior momento foi na [[Copa do Mundo de 1986]], que na opinião popular foi ganha inteiramente por ''El Pibe de Oro'',<ref name = "placar100"/> outra de suas muitas alcunhas. Internacionalmente, Maradona também consagrou-se como herói da equipe [[Itália|italiana]] do [[SSC Napoli|Napoli]], um clube que, embora tradicional, estava entre os pequenos do país. Com ''El Diez'', o Napoli viveu momentos de glória no final da [[década de 1980]], ganhando seus dois únicos títulos no [[Campeonato Italiano de Futebol|campeonato italiano]] e lutando de igual para igual com as maiores equipes do país.

A carreira de Maradona, porém, foi cercada de controvérsias, que não se limitaram aos gramados. As maiores delas foram relacionadas ao seu envolvimento com [[drogas]], um vício que acabou por arruiná-lo nos gramados e que por algum tempo o deformou fisicamente. Teve também dois filhos fora do casamento que não reconheceu como seus.<ref name = "placar1277">"Por que Pelé e Maradona não sossegam?", ''Especial Placar Retrospectiva 2004'', número 1277-A, dezembro de 2004, Editora Abril, págs. 56-61</ref> E rotineiramente faz declarações contra os bastidores da [[FIFA]],<ref name = "yallop">YALLOP, David A. ''Como eles roubaram o jogo - segredos dos subterrâneos da FIFA''. São Paulo: Record, 1998. ISBN 85-01-05448-8</ref><ref name = "placar 1315"> "Ele não se cala", Elías Perugino, ''Placar'' número 1315, fevereiro de 1999, Editora Abril, pág. 72-77</ref> principalmente aos dirigentes [[João Havelange]], [[Sepp Blatter]], [[Michel Platini]], [[Franz Beckenbauer]], além de [[Pelé]],<ref name = "placar 1315"/> e também tem um histórico de atritos com imprensas, incluindo a de seu próprio país.<ref name = "yallop"/><ref name = "espn1">"O (pen)último tango", Antonio Vicente Serpa, ''ESPN'', número 1, novembro de 2009, Ed. Spring, págs. 42-47</ref>

== Carreira em clubes ==
=== Argentinos Juniors ===
{{imagem múltipla
| footer = À esquerda, aos treze anos de idade, nas categorias inferiores do [[Argentinos Juniors]]. À direita, atuando pela equipe em 1980, em jogo contra o [[Racing Club|Racing]], clube pelo qual ele passaria posteriormente como treinador
| image1 = Armando Maradona-1973.jpg
| width1 = 115
| image2 = Maradona1980.jpg
| width2 = 150
}}

Aos nove anos, seu talento com a bola já o fazia ser a criança mais popular da favela em que morava, no subúrbio de [[Buenos Aires]].<ref name = "placar100"/> Um colega havia sido aprovado em um teste para as categorias de base do [[Argentinos Juniors]], e respondeu aos elogios do treinador dizendo que conhecia um garoto ainda melhor. O treinador, Francis Cornejo, deu-lhe então dez [[peso (moeda)|pesos]] para que pedisse a esse outro jovem para ir vê-lo. Cornejo e outros observadores do clube, incrédulos com o que viram no outro menino, foram acompanhá-lo na volta até a casa deste e, pedindo à mãe dele, conferiram sua documentação para desfazer qualquer engano plausível. Viram que Maradona realmente tinha apenas nove anos de idade.<ref name = "bicho maníaco">"Bicho maníaco", Carlos Irusta, ''El Gráfico'', número 4398, maio de 2010, págs. 118-121</ref>

Os pais foram então convencidos a colocar Maradona no Argentinos, clube pequeno da capital, mas famoso pelo bom trabalho que desenvolvia com as categorias de base. Com quinze anos, disputava partidas preliminares, já atraindo multidões. Quando finalmente foi lançado entre os profissionais, não saiu mais.<ref name = "placar100"/> Demonstrava um repertório completo certeiro com a sua mágica perna esquerda: lançamentos, passes, dribles curtos, chutes certeiros de curta e longa distância, cobranças de falta e escanteios. Aos dezessete anos, recebeu a primeira convocação para a [[Seleção Argentina de Futebol|Seleção Argentina]], da qual foi polemicamente cortado na [[Copa do Mundo de 1978]].

1978 também significaria o ano em que foi pela primeira vez artilheiro do [[Campeonato Argentino de Futebol|campeonato argentino]]. Em 1979, seria artilheiro tanto do campeonato argentino quanto do [[Campeonato Metropolitano|campeonato metropolitano]], torneio que reunia os clubes da [[Grande Buenos Aires]] e que era na época considerado mais importante até do que o campeonato nacional.<ref name = "anuário">"Dois campeões por ano", ''Anuário Placar 2003'', Editora Abril, págs. 702-704</ref> Naquele ano, seria eleito pela primeira vez o [[Melhores do Futebol - El País|melhor jogador sul-americano]].<ref name = "placar100"/>

[[Ficheiro:Beckenbauer maradona.JPG|thumb|200px|right|[[Franz Beckenbauer]], com o uniforme do [[New York Cosmos]], posando ao lado do jovem Diego Maradona em [[1980]].]]

A dose repetiu-se em 1980: Maradona foi artilheiro dos dois campeonatos <ref name = "anuário"/> e eleito outra vez o melhor jogador da [[América do Sul]],<ref name = "placar100"/> com o adicional de ter levado o Argentinos Juniors ao vice-campeonato nacional, melhor resultado do clube até então.<ref name = "anuário"/> O [[Boca Juniors]], que não conseguia títulos argentinos desde [[1976]], resolveu ir atrás dele, no que era a realização de um sonho para o jogador: Maradona sempre fora um torcedor ''xeneize'' fanático. Jamais seria esquecido, todavia, na equipe que o revelou: o Argentinos renomearia seu campo para [[Estádio Diego Armando Maradona]].

=== Boca Juniors ===
[[Ficheiro:Boca diego retro.jpg|thumb|right|Maradona saudando a torcida boquense na [[La Bombonera|Bombonera]].]]
E foi em um amistoso contra o Argentinos que Maradona fez sua estreia pelo Boca, marcando de pênalti, atuando pelos dois times. Parte da concordância do Argentinos em emprestá-lo<ref name = "xentenary">"10 - El Diego", Boca - the book of xentenary, 1º ed. Buenos Aires: Planeta, 2005, pp. 176-189</ref> estava em uma cláusula do contrato de venda em que proibia que Diego enfrentasse a antiga equipe em jogos oficiais.<ref name = "return">"The return of ''El Diez''", Boca - the book of xentenary, 1º ed. Buenos Aires: Planeta, 2005, pp. 222-224</ref> Dois dias depois, atraiu 65 mil pessoas à [[La Bombonera|Bombonera]] para vê-lo marcar duas vezes em vitória por 4 x 1 na primeira partida oficial, contra o [[Club Atlético Talleres|Talleres de Córdoba]]. Amistosos, todavia, seriam continuamente disputados paralelamente às disputas do metropolitano, servindo para arrecadar finanças ao clube e gerando também uma ''Diegomania''. Em dois deles, enfrentou dois adversários que lhes seriam comuns: o [[AC Milan|Milan]], em [[San Siro]] (vitória por 2 x 1) e [[Zico]], contra o [[CR Flamengo|Flamengo]], no [[Maracanã]] (derrota por 0 x 2).<ref name = "xentenary"/>

Naquele ano de 1981, com o Boca, Maradona fez grande dupla com [[Miguel Ángel Brindisi]], com os dois marcando juntos 33 dos 60 gols que reconduziram o time ao título metropolitano - a primeira conquista do clube auriazul em cinco anos.<ref name = "xentenary"/> Maradona também marca em seu primeiro [[Boca Juniors vs. River Plate|Boca x River]], em um 3 x 0 listado entre as dez inesquecíveis vitórias do Boca em ''Superclásicos'' pela enciclopédia do centenário do clube;<ref>"What a great party!", Boca - the book of xentenary, 1º ed. Buenos Aires: Planeta, 2005, p. 89</ref> ele fez o último gol, deslocando o goleiro [[Ubaldo Fillol]] e completando para as redes antes que [[Alberto Tarantini]] conseguisse bloquear seu ângulo.<ref name = "xentenary"/>

Contra o grande rival, marcaria em todos os clássicos disputados em 1981. O segundo deles, empatado em 1 x 1, foi de forma similar: tirando Fillol da jogada e marcando antes de Tarantini chegar. Os outros dois foram pelo campeonato nacional. Este foi disputado em quatro chaves de sete times onde os dois primeiros de cada uma se enfrentariam em mata-matas até a final, como Boca liderando a sua, apesar de não vencer o River - foram uma derrota por 2 x 3 e um empate em 2 x 2, neste com Maradona marcando os dois, empatando a partida no último minuto.<ref name = "xentenary"/>

Nas quartas-de-final, os boquenses enfrentaram o [[Club Atlético Vélez Sarsfield|Vélez Sarsfield]]. Na [[La Bombonera|Bombonera]], em um tumultuado jogo de ida, em que os dois times terminaram a partida com nove jogadores, Maradona acabaria revidando uma das faltas que sofreu e foi suspenso pela comissão disciplinar da [[Asociación del Fútbol Argentino|AFA]]. Seria seu último jogo oficial pelo clube do coração: o Boca acabaria eliminado pelo adversário na partida de volta.<ref name = "xentenary"/> Maradona ainda participaria de amistosos em excursões do clube pelas [[Américas]] e [[Ásia]] antes de ser vendido para o [[FC Barcelona|Barcelona]] por uma transferência recorde de mais de 7 milhões de dólares acertada pouco antes da [[Copa do Mundo de 1982]].<ref name = "trivela37">"Vou para onde sou rei", Leonardo Bertozzi, ''Trivela'' nº 37, março de 2009, Trivela Comunicações, págs. 52-53</ref> Coincidência ou não, sem seu grande astro, o Boca só voltaria a ser campeão argentino onze anos depois.

=== Barcelona ===
[[Ficheiro:Maradona Barcelona.JPG|thumb|left|Maradona pelo [[FC Barcelona|Barcelona]], em jogo contra o [[Valencia CF|Valencia]]. No ''Barça'', teve uma estadia de altos e baixos.]]
[[Ficheiro:Maradona Barcelona shirt.jpg|thumb|left|Camisa do [[FC Barcelona|Barcelona]] utilizada por Maradona, no museu do clube]]
Maradona chegou à [[Catalunha]] como um messias. O ''Barça'' vivia carência de títulos desde o final da [[década de 1950]]. Desde 1960, só conseguira vencer o [[Campeonato Espanhol de Futebol|campeonato espanhol]] em 1974. Via o rival [[Real Madrid]] se distanciar cada vez mais no ''ranking'' de vencedores e ainda sentia o [[Atlético de Madrid]] aproximando-se, com um título a menos. O clube fez de tudo para que seu astro se sentisse à vontade, contratando vários argentinos para servirem-lhe de assessores e funcionários. A estratégia não teria bons resultados: o craque acabou por fechar-se naquele círculo de convivências e demoraria a se adaptar no estrangeiro.<ref name = "trivela37"/>

Na primeira temporada, ele enfrentou o primeiro problema: em dezembro de 1982, sofre de hepatite e fica de fora dos campos por três meses.<ref name = "placar1277"/> Os ''blaugranas'' terminam apenas em quarto; o título de 1982/83 fica com o [[Athletic Bilbao]]. Na [[Copa do Rei]], porém, decide a final contra o [[Real Madrid]], marcando nos dois jogos da decisão e é aplaudido de pé pela torcida do arquirrival após a vitória por 2 x 1 em pleno [[Estádio Santiago Bernabéu|Santiago Bernabéu]] - na partida de ida, no [[Camp Nou]], o Barcelona havia deixado o rival empatar após estar vencendo por 2 x 0.<ref name = "spaincup">{{citar web | autor=Carlos Lozano Ferrer | titulo=Spain Cup 1983| publicado=RSSSF | data=3 de fevereiro de 2004 | obra= | url=http://www.rsssf.com/tabless/spancup1983.html | acessodata=15 de fevereiro de 2011 }} </ref>

Mal inicia-se a segunda temporada e, num jogo contra o Athletic, sofre uma entrada bastante desleal do adversário [[Andoni Goikoetxea]] e fratura o tornozelo esquerdo. O astro levaria 106 dias para retomar o futebol. Quando volta, conduz os ''blaugranas'' ao caminho do título. No entanto, por um ponto, a taça fica justamente com o Athletic. Ambos os times decidem também a [[Copa do Rei]], e um novo dia ruim contra a equipe [[País Basco|basca]] (que vence por 1 x 0) faz Maradona surtar. Ele protagoniza uma briga generalizada entre os jogadores.<ref name = "placar1277"/>

Maradona, que já não tinha um relacionamento bom com a diretoria do Barcelona, é praticamente descartado por ela após receber uma suspensão de três meses em razão da confusão: a cúpula ''culé'' aceita a oferta do pequeno [[SSC Napoli|Napoli]], da [[Itália]]. Desgostoso com o que julgou como falta de esforço do clube em defendê-lo nos tribunais, Maradona acatou a transferência,<ref name = "trivela37"/> encerrando um ciclo de dois anos de altos e baixos no [[Camp Nou]].<ref name = "trivela30">"Pela porta dos fundos", Eduardo Camilli, ''Trivela'' nº 30, agosto de 2008, Trivela Comunicações, págs. 44-45</ref>

Declararia em sua autobiografia, ''Yo Soy Diego'', que o presidente [[Josep Lluís Núñez]] teria inveja de sua popularidade e era o principal responsável direto por sua saída.<ref name = "trivela30"/> No livro, Maradona também apontou a coleção de fatores que o impediram de triunfar no Barcelona: desde a hepatite e lesões até gostar mais de [[Madrid]]. Ele também revelou que foi na [[Catalunha]] que começou seu relacionamento com as drogas. Aceitou a proposta do Napoli pois também estava arruinado financeiramente;<ref name = "fourfourtwo2">"16 transferências que abalaram o mundo", Tim Barnett, Dan Brennan, James Corbett, Nick Harper, Ben Lyttleton, Andy Mitten, Leo Moynihan, Simon Talbo e Jonathan Wilson, ''FourFourTwo'', número 2, dezembro de 2008, Editora Cádiz, págs. 62-67</ref> chegou a doar a casa que tinha em [[Barcelona]] para pagar suas dívidas.<ref name = "trivela37"/>

=== Napoli ===
[[Ficheiro:Maradona penalty.jpg|thumb|right|200px|Cobrando pênalti pelo [[SSC Napoli|Napoli]], clube onde viveu o auge de carreira]]
Embora tradicional, a equipe napolitana era minúscula. Seus troféus resumiam-se a títulos nas divisões inferiores e a duas conquistas na [[Copa da Itália]]. Maradona foi logo amado e venerado como um rei,<ref name = "placar100"/> chegando de helicóptero a um [[Estádio San Paolo]] tomado por torcedores que ainda custavam a acreditar. Ele, curiosamente, poderia ter chegado antes ao time: o clube o havia sondado em 1979, quando ainda estava no [[Argentinos Juniors]], mas ele recusara a proposta na época. ''"Para mim, Napoli era apenas uma coisa italiana, como [[pizza]]"'', comentou.<ref name = "trivela37"/>

O espanto foi geral: a equipe mais vencedora do país, a [[Juventus]], também estaria interessada, de acordo com a imprensa. Maradona terminou por escolher o clube celeste porque ''"foi o único a me fazer uma proposta real e porque o [[Giampiero Boniperti]], ex-jogador e presidente da Juventus na época, já havia dito que um jogador com meu porte físico não chegaria a lugar algum"''. De acordo com as lendas, o presidente do Napoli, Corrado Ferlaini, teria blefado: depositou na federação italiana um envelope vazio, onde deveria estar o contrato do jogador, a fim de registrá-lo logo. Era o que ele precisava para ganhar tempo, enquanto a manobra era descoberta, para levantar o dinheiro para pagar o Barcelona.<ref name = "trivela37"/>

{{quote2|''Fiz o que me recomendaram: falei ''"Buona sera, napolitani. Sono molto felice di essere con voi"'' e chutei a bola nas arquibancadas. Eles deliravam e eu não entendia nada'' <ref name = "trivela37"/>|Maradona, sobre sua chegada apoteótica ao estádio do Napoli}}

Na primeira temporada, o clube ficou apenas em oitavo, mas somente dez pontos atrás do campeão [[Hellas Verona Football Club|Verona]]. Na segunda, a de 1985/86, conseguiu um terceiro lugar. Sua terceira temporada começou com ele já consagrado em todo o planeta, com a conquista da [[Copa do Mundo de 1986]]. Em setembro, porém, surge a primeira grande polêmica extracampo: sua ex-emprega doméstica, Cristina Sinagra, denuncia que Maradona é o pai do filho que ela teve. A paternidade é confirmada posteriormente na justiça. O filho, [[Diego Sinagra]] (também conhecido como Diego Armando Maradona Jr.), jamais seria assumido e os dois só teriam seu primeiro encontro em [[2003]].<ref name = "placar1277"/>

Ainda assim, é na temporada 1986/87 que Maradona dá ao Napoli seu primeiro título na ''[[Serie A]]'', sobre a poderosa [[Juventus]]. A festa termina completa no clube e na vida pessoal: paralelamente, o Napoli é também campeão da [[Copa da Itália]], e nasce sua filha Dalma (batizada com o mesmo nome da mãe de Diego).<ref name = "trivela17">"Deus (não) morreu", Antonio Vicente Serpa, ''Trivela'' número 17, julho de 2007, Trivela Comunicações, págs. 26-32</ref> Na temporada seguinte, Maradona, com quinze gols, alcança a artilharia do campeonato. O vice-artilheiro é a sua dupla ofensiva, o brasileiro [[Antônio de Oliveira Filho|Careca]] - que fora para a equipe justamente para poder jogar ao lado de Maradona <ref>"Herói em qualquer lugar", Gustavo Hofman, ''Trivela'' número 17, julho de 2007, Trivela Comunicações, págs. 16-21</ref> -, com treze. O bi, porém escapa por três pontos: o título fica com o [[AC Milan|Milan]] de [[Marco van Basten]] e [[Ruud Gullit]], que consegue a liderança em vitória direta, em plena [[Nápoles]], quando os dois clubes enfrentaram-se na antepenúltima rodada.<ref name = "ita87">{{citar web | autor=Maurizio Mariani | titulo=Italy Championship 1987/88| publicado=RSSSF | data=26 de outubro de 2000 | obra= | url=http://www.rsssf.com/tablesi/ital88.html | acessodata=15 de fevereiro de 2011 }} </ref> O clube ''rossonero'' tornar-se-ia o maior rival do Napoli pelos títulos italianos: a Juventus decaía com a aposentadoria de [[Michel Platini]] em 1987 e a [[Internazionale]] vivia certa carência. Na [[Liga dos Campeões da UEFA|Copa dos Campeões da UEFA]], o Napoli cai cedo: é eliminado pelo [[Real Madrid]], primeiro adversário que enfrenta.

Na temporada 1988/89, o campeonato italiano vai surpreendentemente para a [[Inter de Milão]], com a perseguição única do Napoli (único time na reta final com chances de tirar o título da Inter<ref name = "inter">{{citar web | autor=Ubiratan Leal| titulo=A Inter que venceu e convenceu| publicado=Trivela | data=29 de setembro de 2008 | obra= | url=http://www.trivela.com/Conteudo.aspx?secao=45&id=19739 | acessodata=15 de fevereiro de 2011 }} </ref>) terminando em vão. O consolo fica por conta da [[Copa da UEFA]]: Maradona lidera o Napoli na campanha rumo ao primeiro título continental do clube. Nos mata-matas finais, o clube passa pela rival [[Juventus]] e pelo [[Bayern Munique]] até chegar na decisão, contra o [[VfB Stuttgart|Stuttgart]]. Os alemães são vencidos no embalo da dupla de Maradona com [[Antônio de Oliveira Filho|Careca]]: ambos marcam na vitória de virada no jogo de ida, em [[Nápoles]], e seguram o empate na [[Alemanha Ocidental]]. Paralelamente, naquele ano ele casa-se em um estádio fechado com a namorada de infância, Claudia Vilafañe, e nasce Gianinna, sua segunda filha.<ref name = "trivela17"/>

1989/90 chega e o argentino novamente conduz o Napoli ao ''scudetto'', com dois pontos de vantagem sobre o Milan. Maradona vivia o auge da carreira. A veneração em [[Nápoles]] em torno dele era tamanha que ele sentiu-se à vontade para convocar a população local para torcer pela [[Seleção Argentina de Futebol|Argentina]], e não pela [[Seleção Italiana de Futebol|Itália]], na [[Copa do Mundo de 1990]], a ser realizada em solo italiano em semanas. Gerou enorme polêmica no resto do país, notadamente no norte, região dos times mais tradicionais, ressentidos com o sucesso meteórico do Napoli, que, por sua vez, era um clube de uma região historicamente desfavorecida no país. O presidente da federação italiana chegou a ir a público pedir que os cidadãos napolitanos torcessem pela ''Azzurra'', e pesquisas de opinião foram feitas por jornais e revistas para calcular a que ponto Maradona conseguira influenciar [[Nápoles]].<ref name = "yallop"/>

{{quote2|''Durante trezentos e sessenta e quatro dias do ano, vocês são considerados pelo resto do país como estrangeiros e, hoje, têm de fazer o que eles querem, torcendo pela seleção italiana. Eu, por outro lado, sou napolitano durante os trezentos e sessenta e cinco dias do ano''<ref name = "yallop"/>|Maradona, reiterando os pedidos para que os napolitanos apoiassem a Argentina na Copa de 1990, e não a anfitriã Itália}}
[[Ficheiro:Diego Maradona Napoli.JPG|thumb|right|120px|Maradona segue cultuado religiosamente em [[Nápoles]]]]
Na Copa, Maradona liderou uma Argentina esfrangalhada ao vice-campeonato, mas eliminando a [[Seleção Italiana de Futebol|Itália]] nas semifinais, aumentando o rancor do resto do país.<ref name = "yallop"/> 1990/91 signifar-lhe-ia um baque maior que a fratura em 1984 e as constantes pancadas no duro futebol italiano: novamente, o Napoli caiu cedo na Copa dos Campeões, na disputa por pênaltis contra os [[URSS|soviéticos]] do [[FC Spartak Moscovo|Spartak Moscou]]. Nada comparado ao que vem em março de 1991: seu exame ''antidoping'' após partida contra o [[Associazione Sportiva Bari|Bari]] dá positivo para [[cocaína]],<ref name = "placar1277"/> escancarando o vício do astro nas drogas.

Ele, ligado por provas robustas com a [[Camorra]], a máfia napolitana,<ref name = "yallop"/> foi suspenso do futebol por [[quinze]] meses. Entra em depressão e, no mês seguinte, em abril, é, sob efeito de drogas, preso em [[Buenos Aires]] pela polícia no bairro de [[Caballito]].<ref name = "placar1277"/>

=== Decadência ===

O Napoli consegue se virar na temporada 1991/92 sem seu maior ícone, terminando em quarto. Maradona, decidido a deixar o time, protagoniza uma batalha judicial que dura 86 dias. A liberação é brecada pelo presidente do clube, que estava brigado com o argentino. Após intervenção da [[FIFA]], Maradona consegue se desligar do Napoli e acerta um retorno à [[Espanha]], agora como jogador do [[Sevilla FC|Sevilla]],<ref name = "placar1277"/> na época comandado por [[Carlos Bilardo]], seu ex-técnico na Seleção.<ref name = "trivela17"/> Anos mais tarde, Ferlaini, o antigo presidente do Napoli, declararia que Diego fora salvo diversas outras vezes do ''antidoping'', que era burlado com a urina de jogadores "limpos" nas vezes em que o argentino era sorteado.<ref name = "placar1277"/>

Sua estadia no clube [[Andaluzia|andaluz]] não dura mais que a temporada 1992/93, onde fora apenas razoável: Maradona, pesando mais do que deveria,<ref name = "trivela17"/> descobre que os diretores do Sevilla, com suspeitas sobre suas saídas noturnas, contrataram detetives para monitorá-lo.<ref name = "placar1277"/> O argentino, que também desentendera-se com Bilardo, abandona o time imediatamente e acerta outro regresso, desta vez ao país natal, contratado pelo [[Club Atlético Newell's Old Boys|Newell's Old Boys]]. Mesmo recuperando a forma,<ref name = "trivela17"/> duraria menos ainda na equipe de [[Rosário (Argentina)|Rosário]]: uma sucessão de lesões musculares provoca o término de seu contrato, após apenas cinco jogos oficiais <ref name = "placar1277"/> e alguns amistosos - um deles, curiosamente, contra o [[CR Vasco da Gama|Vasco da Gama]].<ref name = "maradona rio">{{citar web | autor= | titulo=Baú do Esporte relembra as visitas de Maradona ao Rio de Janeiro| publicado=GloboEsporte.com | data=30 de outubro de 2010 | obra= | url=http://video.globo.com/Videos/Player/Esportes/0,,GIM1365997-7824-BAU+DO+ESPORTE+RELEMBRA+AS+VISITAS+DE+MARADONA+AO+RIO+DE+JANEIRO,00.html | acessodata=23 de fevereiro de 2011 }} </ref>

Deprimido, Maradona afunda cada vez mais nas drogas. Em fevereiro de 1994, irritado com o assédio da mídia, atira com uma espingarda de ar comprimido em jornalistas que faziam plantão em frente à sua casa.<ref name = "placar1277"/> Acima do peso e desmotivado, a impressão geral era a de que ele abandonaria a carreira antes da [[Copa do Mundo de 1994]]. Conheceu então um fisiculturista em [[Buenos Aires]] que prometeu deixá-lo em forma novamente. A promessa foi cumprida, mas um novo ''antidoping'' durante a Copa desmascaria que, por trás do milagre, estava a proibida substância efedrina, uma droga usada para emagrecer.<ref name = "placar100"/> A [[FIFA]] termina por puni-lo com outros quinze meses de banimento.<ref name = "placar1277"/>

Sem poder jogar, Maradona passa rápido como diretor-técnico do pequeno [[Deportivo Textil Mandiyú|Textil Mandiyú]]. Em poucas semanas, porém, abandona o cargo do time de [[Corrientes]]. Assume como treinador do [[Racing Club|Racing]], mas em março do ano seguinte desvincula-se dele também: o presidente que o havia contratado havia perdido as eleições.<ref name = "placar1277"/> As duas experiências foram curtas e pouco alentadoras: no Mandiyú, foram doze partidas e apenas uma vitória e, no Racing, onze jogos e apenas dois triunfos.<ref name = "trivela34">"Era uma vez, em Pequim...", Antonio Vicente Serpa, ''Trivela'' número 34, dezembro de 2008, Trivela Comunicações, págs. 44-46</ref> Poderia ter tido menos jogos ainda no Racing: após um 0 x 0 no clássico da cidade de [[Avellaneda]], contra o [[Club Atlético Independiente|Independiente]], em que foi expulso pelo árbitro, ameaçou sair do cargo, mas foi contido pelo presidente.<ref>"Meus vizinhos são o terror", ''Placar'' número 1341, abril de 2010, Editora Abril, págs. 186-187</ref>

Com o fim da punição, ele volta ao seu amado [[Boca Juniors]], comprado por dez milhões de dólares pelo Grupo Eurnekian, que em troca teria os direitos televisivos sobre onze partidas. O retorno, iniciado em jogo contra o [[Club Atlético Colón|Colón]],<ref name = "return">"The return of ''El Diez''", Boca - the book of xentenary, 1º ed. Buenos Aires: Planeta, 2005, pp. 222-224</ref> é estampado até em seus cabelos: Maradona descolore uma faixa do lado superior direito, simbolizando a faixa dourada do uniforme boquense.<ref>{{citar web | autor=Ubiratan Leal | titulo=Com que roupa... Boca Juniors| publicado=Balípodo.com.br | data=25 de outubro de 2007 | obra= | url=http://www.balipodo.com.br/index.php?p=1734 | acessodata=15 de fevereiro de 2011 }} </ref><ref>{{citar web | autor=Eroj | titulo=1994-1995 Boca Juniors (Home e Away)| publicado=Kit Design | data=6 de novembro de 2008 | obra= | url=http://erojkit.blogspot.com/2008/11/1994-1995-boca-juniors-home-e-away.html | acessodata=15 de fevereiro de 2011 }} </ref> O clube acerta também com seu amigo [[Claudio Caniggia]], outro notório usuário de cocaína.<ref name = "yallop"/> É no jogo seguinte, o primeiro oficial dele contra o [[Argentinos Juniors]], que ele marca seu primeiro gol na volta ao Boca.<ref name = "return"/>

O Boca não ganhava títulos argentinos havia cinco campeonatos - o último fora o Apertura de 1992. Com Maradona e Caniggia em grande parceria, o clube consegue confortável liderança no Apertura 1995. Porém, em partidas sem seu maior astro, os ''xeneizes'' perdem pontos preciosos, chegando e levar de 4 x 6 para o [[Racing Club|Racing]] em plena [[La Bombonera|Bombonera]] - a mesma quantidade de gols que haviam tomado em todo o torneio, até então. O clube deixa o título escapar para o [[Club Atlético Vélez Sarsfield|Vélez Sarsfield]] e termina apenas em quarto.<ref name = "return"/> O mesmo clube ganha o Clausura 1996, com o Boca, comandado por [[Carlos Bilardo]] (cuja contratação ele se opusera; no mesmo ano, brigaria com o presidente boquense, [[Mauricio Macri]]<ref name = "trivela17"/>), ficando em quinto. A edição do torneio é mais lembrada por uma goleada de 4 x 1 sobre o [[Club Atlético River Plate|River Plate]] em qua a afinada dupla Caniggia e Maradona se beija na boca, em comemoração após o terceiro gol do atacante loiro.<ref name = "renewed">"Renewed dreams, dashed again", Boca - the book of xentenary, 1º ed. Buenos Aires: Planeta, 2005, pp. 224-226</ref><ref>"Beso a beso...", ''El Gráfico'', número 4398, maio de 2010, pág. 18</ref>

No entanto, é o rival quem viverá períodos melhores: ganha o Apertura 1996 (o Boca, sem tantas presenças de Maradona, fica apenas em décimo), a [[Taça Libertadores da América de 1996]], o Clausura 1997 (nono lugar para o Boca, que só vê Maradona jogar uma vez <ref name = "renewed"/>) e o Apertura 1997. Durante este último campeonato, em que, no início, chegaria a ser novamente pego no ''antidoping'',<ref name = "viceroy">"Waiting for the ''viceroy''", Boca - the book of xentenary, 1º ed. Buenos Aires: Planeta, 2005, pp. 226-227</ref> Maradona faz sua última partida profissional, justamente em um ''Superclásico'' no [[Monumental de Núñez]], em [[25 de outubro]]. Joga o primeiro tempo da partida e é substituído pelo jovem [[Juan Román Riquelme]]. O Boca vence por 2 x 1 e conseguia a liderança com dois pontos de vantagem sobre o arquirrival, mas Maradona prefere anunciar sua retirada, após rumores de novo ''antidoping'' positivo.<ref name = "trivela17"/> O River conseguiria retomar a dianteira e seria campeão com um ponto de vantagem sobre o Boca.

Falando de si na terceira pessoa, Maradona resumiu seu retorno infrutífero em títulos ao Boca: ''"O Maradona não está feliz porque sabe que o Maradona está abaixo do padrão em que normalmente se coloca"''.<ref>"Aposentados", ''FourFourTwo'', número 1, novembro de 2008, Editora Cádiz, págs. 45</ref> Ainda assim, houve setores da imprensa que defenderam sua convocação para a [[Copa do Mundo de 1998]],<ref name = "trivela17"/> o que o faria ser um dos recordistas em participações no torneio.

== Seleção argentina ==
{{imagem múltipla
| footer = A esquerda, na estréia pela seleção [[Seleção Argentina de Futebol|Argentina]] em 1977 e a direita com o troféu do [[Campeonato Mundial de Futebol Sub-20 de 1979]]
| image1 = Maradona 1977 debut.jpg
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| image2 = Maradona y la copa - Mundial Juvenil 1979 - Gente sept 1979.jpg
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}}

Maradona fez seu primeiro jogo pela [[Seleção Argentina de Futebol|Argentina]] em 1977, em amistoso contra a [[Seleção Húngara de Futebol|Hungria]].<ref name = "rsssf">{{citar web | autor=José Luis Pierrend | titulo=Diego Armando Maradona - International Appearances| publicado=RSSSF | data=30 de julho de 2001 | obra= | url=http://www.rsssf.com/miscellaneous/maradona-intl.html | acessodata=15 de fevereiro de 2011 }} </ref> Integrou o grupo dos pré-convocados para a [[Copa do Mundo de 1978]], mas, apesar do clamor popular para vê-lo no torneio, a ser disputado no país, foi deixado de fora pelo técnico [[César Luis Menotti]], em decisão polêmica em favor de [[Norberto Alonso]], também apreciado por público e mídia - no momento da convocação, este era o artilheiro do campeonato com o futuro campeão [[Club Atlético River Plate|River Plate]] e fizera belo gol no último amistoso, contra o [[Seleção Uruguaia de Futebol|Uruguai]], tendo entrado durante a partida.<ref name = "vos sí">"Vos sí, vos no", Eduardo Bolaños, ''El Gráfico'', número 4397, abril de 2010, págs. 56-60</ref> O que mais favorecia Beto Alonso, todavia, era o fato de ele ser o preferido dos dirigentes da [[Asociación del Fútbol Argentino|AFA]],<ref name = "mundiales">"Los mundiales de Diego", Diego Borinsky, ''El Gráfico'', número 4398, maio de 2010, págs. 24-30</ref> o que incluía o general [[Carlos Alberto Lacoste]].<ref name = "vos sí"/>

''"Ele ainda é um garoto e precisa amadurecer. Mas sem dúvida ele pode mais que os outros e ainda vai brilhar muito no futebol"'', explicou Menotti sobre a decisão de cortar Maradona.<ref name = "placar100"/> Maradona ficou arrasado, mas não guardou mágoas de Menotti, considerado por ele o melhor técnico que já teve, superior até a [[Carlos Bilardo]], o comandante em 1986.<ref name = "placar 1315"/> Pouco após o corte, foi consolado por [[Omar Sívori]], ex-craque de história no [[Club Atlético River Plate|River Plate]] e na [[Juventus]] e que defendera tanto a [[Seleção Argentina de Futebol|Argentina]] quanto a [[Seleção Italiana de Futebol|Itália]]: ''"Me escute, garoto... você tem a verdade do futebol dentro de si e toda uma vida para mostrá-la"''. Apesar da decepção, Maradona chegaria a enviar um telegrama desejando sorte aos jogadores, a acompanhar dois jogos da ''Albiceleste'' no [[Monumental de Núñez]], contra [[Seleção Italiana de Futebol|Itália]] e na decisão contra os [[Seleção Neerlandesa de Futebol|Países Baixos]], e a participar dos festejos pós-título pela cidade de [[Buenos Aires]].<ref name = "mundiales"/>

{{quote2|''Poderia ter jogado no [[Copa do Mundo de 1978|mundial de 1978]]. Estava afinado como nunca. Chorei muito, senti como uma injustiça. (...) Quando se deu a notícia [de que seria cortado] vieram alguns a me consolar: [[Leopoldo Jacinto Luque|Luque]], um grande tipo, o [[Américo Gallego|''Tolo'' Gallego]]... e ninguém mais. Nesse momento eram demasiado grandes para gastar uma palavra com um garoto. (...) O pior foi quando voltei a minha casa. Parecia um velório. Chorava minha velha, meu velho, meus irmãos... esse dia, o mais triste da minha carreira, jurei que iria ter revanche. Foi a maior desilusão da minha vida, me marcou para sempre''<ref name = "mundiales"/>|Sobre o corte da Copa de 1978}}

No ano seguinte, Maradona liderou a Seleção na conquista do [[Campeonato Mundial de Futebol Sub-20 de 1979]]. Marcou seis vezes e foi eleito o melhor jogador da competição.<ref name = "placar100"/> 1979 foi também o ano em que ele marcou o primeiro gol pela seleção principal, em sua nona partida por ela. Foi em vitória por 3 x 1 sobre a [[Seleção Escocesa de Futebol|Escócia]], em [[Glasgow]]. Ele também marcou o único gol da Argentina na derrota por 1 x 2 para Seleção do Resto do Mundo,<ref name = "rsssf"/> em amistoso que ironicamente celebrava o primeiro aniversário do título argentino na [[Copa do Mundo de 1978]].

=== Copa do Mundo de 1982 ===
[[Ficheiro:EG-3272-19820622.jpg|thumb|right|130px|Outro jogo contra a [[Seleção Húngara de Futebol|Hungria]], desta vez na [[Copa do Mundo de 1982|Copa de 1982]]. Maradona marcou na partida, vencida por 4 x 1, os seus dois primeiros gols em Copas]]
A Argentina, detentora do título, realizou contra a [[Seleção Belga de Futebol|Bélgica]] o jogo inaugural da [[Copa do Mundo de 1982]]. O time, no papel, era ainda melhor do que o de 1978: reunia a campeã espinha-dorsal formada por [[Ubaldo Fillol]], [[Daniel Passarella]], [[Mario Kempes]], [[Osvaldo Ardiles]], [[Américo Gallego]] e [[Daniel Bertoni]] somada com as estrelas do título de juniores de 1979, Maradona e [[Ramón Ángel Díaz|Ramón Díaz]].<ref name = "mundiales"/> ''Dieguito'' já era conhecido internacionalmente, ainda mais após a venda para o [[FC Barcelona|Barcelona]], concretizada pouco antes do mundial.

A estreia de Maradona em Copas, porém, seria desagradável. Ele foi repetidamente chutado e derrubado pelos belgas, chegando a receber entradas violentas pelas costas e ser puxado de cima da bola. Porém, o árbitro [[Tchecoslováquia|tchecoslovaco]] Vojtech Christov não tomou nenhuma medida contra os adversários, que venceram por 1 x 0.<ref name = "yallop"/> A Argentina recuperou-se e se classificou após vencer [[Seleção Húngara de Futebol|Hungria]], em que ele marcou seus dois primeiros gols em Copas, em goleada de 4 x 1,<ref name = "rsssf"/> e [[Seleção Salvadorenha de Futebol|El Salvador]]. A segunda fase seria decidida em quatro grupos com três países, com cada grupo conferindo uma vaga nas semifinais. A Argentina enfrentaria [[Seleção Italiana de Futebol|Itália]] e [[Seleção Brasileira de Futebol|Brasil]].
[[Ficheiro:Maradonagentile.JPG|thumb|left|Maradona contra [[Claudio Gentile]], seu duro marcador na partida contra a [[Seleção Italiana de Futebol|Itália]].]]

O primeiro jogo foi entre argentinos e italianos e novamente Maradona seria caçado em campo, com uma truculenta marcação individual de [[Claudio Gentile]]. Após levar socos, chutes e joelhadas do início ao fim, foi Maradona, e não Gentile, a receber o cartão amarelo do juiz [[Romênia|romeno]] Nicolae Rainea, que entendia que o argentino reclamava energicamente sem cabimento.<ref name = "yallop"/> A Itália venceu por 2 x 1 e praticamente obrigou a Argentina a vencer os brasileiros para haver chances reais de classificação.

Contra os rivais, Maradona finalmente veria um cartão vermelho em uma falta desleal que lhe envolvia. Porém, o autor da infração era ele, após desferir com a sola do pé um chute, pensando ser em [[Paulo Roberto Falcão|Falcão]],<ref name = "mundiales"/> nos testículos de [[João Batista da Silva|Batista]]. Cinco minutos antes do fim do jogo,<ref name = "yallop"/> perdido por 1 x 3, Maradona saía de campo e da Copa. Permaneceu na [[Espanha]], para jogar pelo [[FC Barcelona|Barcelona]]. Reconheceu mais tarde que a seleção vivia um ambiente festeiro e excessivamente confiante antes do torneio.<ref name = "mundiales"/>

=== Copa do Mundo de 1986 ===
[[Ficheiro:Maradonamano1986.JPG|thumb|right|A célebre "Mão de Deus", em que Maradona socou a bola para encobrir [[Peter Shilton]] e abrir o placar contra a [[Seleção Inglesa de Futebol|Inglaterra]].]]
Maradona foi convocado para o segundo mundial do México com algumas críticas. Alguns setores da mídia questionavam a escolha do técnico [[Carlos Bilardo]] em chamá-lo e ainda por dar-lhe a tarja de capitão.<ref>"Meu 11 perfeito", FourFourTwo, número 1, novembro de 2008, Editora Cádiz, págs. 82</ref> Maradona ainda não havia triunfado totalmente no [[SSC Napoli|Napoli]]. Na [[Itália]], ainda era considerado apenas um bom jogador e malabarista.<ref name = "placar 1315"/> Mesmo assim, o respeito que despertava em Bilardo era tão grande que o treinador não usaria na competição o convocado [[Daniel Passarella]], estrela e capitão do título da [[Copa do Mundo de 1978|1978]], mas desafeto de ''Dieguito''.<ref>"O grande capitão", ''Especial Placar - Os Craques do Século'', novembro de 1999, Editora Abril, pág. 30</ref>

Maradona novamente apanhou na estreia, contra a [[Seleção Sul-Coreana de Futebol|Coreia do Sul]], vencida por 3 x 1. No jogo seguinte, marcou o gol argentino no empate em 1 x 1 contra a campeã [[Seleção Italiana de Futebol|Itália]]. A classificação veio após vitória por 2 x 0 sobre a [[Seleção Búlgara de Futebol|Bulgária]]. As oitavas-de-final seriam contra os rivais do [[Seleção Uruguaia de Futebol|Uruguai]] de [[Enzo Francescoli]]. Maradona teve um gol anulado e, instigado, realizou a melhor partida de sua vida, de acordo com o próprio. A ''Albiceleste'' eliminou a ''Celeste'' por 1 x 0, em dia em que ele afirma ter realizado bem todas as jogadas.<ref name = "placar 1315"/> O próximo adversário da Argentina seria a [[Seleção Inglesa de Futebol|Inglaterra]].
[[Ficheiro:Maradonainglaterra986.JPG|thumb|left|Maradona, entre [[Terry Butcher]] e Shilton, concluindo para as redes seu segundo gol contra os ingleses, tido como o mais bonito da história.]]
Era a primeira vez que ambos se enfrentavam após a [[Guerra das Malvinas]] e um clima bastante tenso rondava a partida, fazendo com que o próprio exército mexicano patrulhasse as arquibancadas e as redondezas do [[Estádio Azteca]], chegando a haver tanques nas ruas. O primeiro tempo terminou sem gols. No início do segundo, após driblar marcadores, Maradona passou a bola para um companheiro, que a perdeu. [[Steve Hodge]], zagueiro adversário, chutou alto e a bola foi em direção ao goleiro [[Peter Shilton]]. Maradona continuou a correr e, com o punho cerrado, jogou a bola por cima de Shilton, vinte centímetros mais alto, fazendo com que a bola entrasse no gol inglês. A despeito dos protestos dos britânicos com o árbitro, o [[Tunísia|tunisiano]] Ali bin Nasser, o gol foi validado.<ref name = "yallop"/> Curiosamente, não era a primeira vez que ele fazia isso: em jogo do [[Campeonato Italiano de Futebol|campeonato italiano]] de 1984/85 contra a [[Udinese Calcio|Udinese]] de [[Zico]], marcou dessa forma e ali, também, a trapaça não fora anulada.<ref>DVD Placar Coleção Grandes Craques - Zico, o Galinho de Ouro do Brasil</ref>

Em espaço de alguns minutos, o argentino marcaria outro gol igualmente célebre. A Argentina trocava passes em seu campo de defesa quando Maradona pediu a bola. Ele estava de costas para o campo de defesa inglês quando recebeu, tendo em volta três adversários: Hodge, [[Peter Reid]] e [[Peter Beardsley]]. Quando Beardsley aproximou-se para disputar a bola, Maradona girou em sentido contrário, saindo do meio-de-campo e avançando na meta inglesa. Reid o perseguiu sem sucesso e [[Terry Butcher]] foi facilmente deixado para trás, assim como [[Terry Fenwick]].<ref name = "yallop"/>
[[Ficheiro:Maradonabelgica986.JPG|thumb|right|200px|A trivela de Maradona contra a [[Seleção Belga de Futebol|Bélgica]], no lance que abriu o placar nas semifinais.]]
Butcher continuou correndo atrás, tentando ainda um carrinho quando Maradona tocou para as redes no momento em que Shilton tentou bloqueá-lo. A Argentina se fechou, chegando a sofrer gol de [[Gary Lineker]] a dez minutos do fim e quase levar empate do mesmo Lineker depois, mas conseguiu manter a vitória e se classificou. Após a partida, Maradona declarou que ''"se houve mão na bola, foi a mão de Deus"'', para o delírio da torcida argentina, sentindo-se vingada.<ref name = "yallop"/> O outro gol, por sua vez, seria o eleito em 2002 o mais bonito da história das Copas.

Se a [[Guerra das Malvinas]] motivara os argentinos contra os ingleses, Maradona continuou especialmente motivado nas semifinais. Reencontraria a [[Seleção Belga de Futebol|Bélgica]], que tanto lhe chutara em 1982. Para aumentar a animosidade, o goleiro adversário [[Jean-Marie Pfaff]] declarou antes da partida que ''"Maradona não é nada de especial"''.<ref>{{citar web | autor=Rafael Martins | titulo=Pfaff: Carismático guardião| publicado=Trivela | data=9 de fevereiro de 2006 | obra= | url=http://www.trivela.com/Conteudo.aspx?secao=31&id=11100 | acessodata=15 de fevereiro de 2011 }} </ref> Apesar de novas pancadas, ''El Pibe'' perseverou e anotaria dois lindos gols no segundo tempo. No primeiro, passou por dois zagueiros e venceu Pfaff com um chute de trivela. Vinte minutos depois, na entrada da área belga, virou para um lado, avançou para o outro, fingiu que passaria a bola, gingou, deixou quatro adversários para trás e bateu novamente Pfaff. A Argentina voltava a uma final.
[[Ficheiro:Maradonacopa1986.JPG|thumb|left|150px|Maradona com a Copa nas mãos.]]
O jogo seria contra a [[Seleção Alemã de Futebol|Alemanha Ocidental]]. Maradona, desta vez, não marcou. O técnico alemão, [[Franz Beckenbauer]], ordenara que [[Lothar Matthäus]] marcasse de perto o argentino. Ainda assim, o primeiro gol surgiu em razão dele: Matthäus cometeu uma falta em Maradona que [[Jorge Burruchaga]] cobraria para [[José Luis Brown]] abrir o marcador. Todavia, Maradona continuou dominado por Matthäus até cinco minutos do fim do jogo. Após estarem perdendo por 0 x 2, os germânicos haviam acabado de empatar heroicamente. Foi quando Maradona recebeu a bola e, entre dois adversários, deu belo passe para Burruchaga fazer 3 x 2.<ref name = "yallop"/> Ao final, como capitão, ergueu a Copa que, na opinião geral, ganhara praticamente sozinho.<ref name = "placar100"/>

{{quote2|''Não me assustei [após os alemães conseguirem o empate em 2 x 2]. Quando voltamos à metade do campo para reiniciar [a partida], (...) olhei [[Jorge Burruchaga|Burru]] e lhe disse: 'veja que estão mortos, já não podem correr. Vamos movimentar a bola que os liquidaremos antes do fim [do tempo normal]'''<ref name = "mundiales"/>|Sobre o final da decisão de 1986.}}

O título lhe faria ser coroado o melhor jogador do mundo pela revista ''Onze d'Or'', premiação que receberia novamente no ano seguinte, após o primeiro título italiano com o [[SSC Napoli|Napoli]]. A [[Ballon d'Or|Bola de Ouro]], por sua vez, ainda era restrita a jogadores europeus, o que só terminaria em [[1995]]. O prêmio de [[melhor jogador do mundo pela FIFA]] só seria criado em [[1991]].

=== Copa do Mundo de 1990 ===

Quando o mundial começou, Maradona, bem diferente dos dois anteriores, era um jogador totalmente consagrado internacionalmente. Além de líder do bicampeonato mundial argentino, havia, finalmente, dado títulos importantes à até então inexpressiva equipe do [[SSC Napoli|Napoli]]. Mesmo na [[Copa América de 1989]], a terceira que disputou e não venceu, encantara: no jogo contra os [[Seleção Uruguaia de Futebol|uruguaios]], apenas o travessão o impediu de fazer um gol do meio-de-campo no [[Estádio Mário Filho|Maracanã]].<ref>{{citar web | autor= | titulo=Em 1989, Uruguai bate Argentina por 2 a 0 no Maracanã pela semifinal da Copa América| publicado=GloboEsporte.com | data=14 de julho de 1987 | obra= | url=http://video.globo.com/Videos/Player/Esportes/0,,GIM1363170-7824-EM+URUGUAI+BATE+ARGENTINA+POR+A+NO+MARACANA+PELA+SEMIFINAL+DA+COPA+AMERICA,00.html | acessodata=22 de fevereiro de 2011 }} </ref> Declarou antes da Copa do Mundo que teriam de "arrancá-la de suas mãos". Embora seu relacionamento com o técnico Bilardo já não fosse tão boa, conseguiu impor-lhe novamente sua opinião na escalação: se em 1986 não queria que Passarella jogasse, em 1990 pressionou o treinador para chamar o amigo [[Claudio Caniggia]].<ref name = "mundiales"/> Mas a relação com os italianos em geral, principalmente do norte, talvez fosse pior.<ref name = "yallop"/>

Em razão de sua consagração, foi novamente caçado na estreia e a Argentina, supreendida com o futebol talentoso mas ao mesmo tempo violento de [[Seleção Camaronesa de Futebol|Camarões]], que teve dois jogadores expulsos, perdeu por 0 x 1 para os africanos.<ref name = "yallop"/> Após a partida, na [[coletiva de imprensa]], ironizou que ''"o único prazer desta noite foi descobrir que graças a mim os italianos de [[Milão]] deixaram de ser racistas: hoje, pela primeira vez, apoiaram os africanos"'',<ref name = "mundiales"/> em alusão à cidade onde realizara-se o jogo, a mesma onde localizava-se o [[AC Milan|Milan]] e a [[Internazionale]], os maiores rivais do [[SSC Napoli|Napoli]] na época. No jogo seguinte, os campeões encararam a [[Seleção Soviética de Futebol|União Soviética]], que se entusiasmou após o goleiro argentino titular, [[Nery Pumpido]], machucar-se sozinho e sair de maca aos dez minutos.

Os soviéticos passaram a pressionar o reserva, [[Sergio Goycochea]], e abririam o placar com uma cabeçada de [[Oleg Kuznetsov|Oleh Kuznetsov]] se a mão de Maradona não entrasse em cena novamente. A bola ia entrando nas redes quando ele apareceu e puxou-a aos seus pés com a mão direita, para mandá-la para longe, e a irregularidade novamente não foi punida pelo árbitro,<ref name = "yallop"/> o [[Suécia|sueco]] Erik Fredriksson. Os argentinos venceriam por 2 x 0 e, após empatar em 1 x 1 com a [[Seleção Romena de Futebol|Romênia]], passaram por pouco à segunda fase apenas como um dos melhores terceiros colocados, sistema que passara a vigorar naquele mundial.

A Argentina enfrentaria nas oitavas-de-final o [[Seleção Brasileira de Futebol|Brasil]], que havia conseguido três vitórias em três jogos. Com tantas pancadas na primeira fase, Maradona entrou em campo com as pernas e coxas cobertas de equimoses e com uma inchação permanente em seu tão chutado tornozelo esquerdo,<ref name = "yallop"/> que mais parecia uma bola.<ref name = "mundiales"/> Isso obrigou-lhe a praticamente apenas caminhar em campo na maior parte de partida. Os brasileiros, melhores em campo, chegaram a acertar três vezes as traves de Goycochea quando, a oito minutos do fim, Maradona finalmente acelerou em campo com a bola nos pés. Atraiu a marcação de quatro jogadores, deixando [[Claudio Caniggia]] totalmente livre.<ref name = "yallop"/> Maradona entregou a bola a ele, que só teve o trabalho de vencer [[Taffarel]].

O heroísmo quase deu lugar à vilania contra a [[Seleção Iugoslava de Futebol|Iugoslávia]], nas quartas-de-final. A partida terminou em 0 x 0 no tempo normal e na prorrogação. Nos pênaltis, Maradona cobrou mal e [[Tomislav Ivković]] defendeu. Mesmo com [[Pedro Troglio]] também desperdiçando sua cobrança, os sul-americanos avançaram após Goycochea defender os chutes de [[Dragoljub Brnović]] e [[Faruk Hadžibegić]] - [[Dragan Stojković]] já havia errado anteriormente a sua, chutando no travessão.

A semifinal prometia nova atmosfera tensa. A Argentina enfrentaria a Itália, que tanto vinha odiando Maradona. Para completar, o jogo seria em [[Nápoles]]. Uma [[bandeira da Argentina]] chegaria a ser arrancada da concentração da seleção e Maradona pediu intervenção da embaixada.<ref name = "mundiales"/> Mais uma vez, ele apelou a seu público napolitano que torcesse pela Argentina. E boa parte de sua audiência contumaz realmente se sentiu incapaz de torcer contra o ídolo.<ref name = "placar100"/> Os anfitriões saíram na frente e sofreram o empate no meio do segundo tempo - era o primeiro gol que a Itália tomava na Copa. Na jogada, Maradona passou a bola para [[Julio Olarticoechea]] cruzar para Caniggia desviar com a cabeça das mãos de [[Walter Zenga]], que ainda não havia tomado gols no torneio. Novamente, os argentinos encararam os pênaltis na Copa. Desta vez, Maradona marcou o seu. Goycochea defendeu outra vez duas cobranças, de [[Roberto Donadoni]] e [[Aldo Serena]], e a ''Albiceleste'' tirou a ''Azzurra'' do caminho. Mais do que nunca, os italianos sentiam um verdadeiro ódio contra Maradona,<ref name = "yallop"/> que declarou que eliminar os anfitriões foi o seu maior feito em Copas, ''"por todos os significados que teve, embora tenha me custado um montão de coisas depois. (...) Você não imagina o prazer"''.<ref name = "placar 1315"/>

Não foi surpresa que ele tenha sido vaiado antes e durante todo o jogo, na final, novamente contra a Alemanha Ocidental. Durante a execução do [[Himno Nacional Argentino|hino nacional argentino]], preferiu, ao invés de cantá-lo, soltar palavrões inaudíveis ao público.<ref>{{citar web | autor=Fábio Altmann | titulo=A saga de Alemanha e Argentina nas Copas| publicado=Veja.com | data=28 de junho de 2010 | obra= | url=http://veja.abril.com.br/blog/copa-2010/replay/a-saga-de-alemanha-e-argentina-nas-copas/ | acessodata=15 de fevereiro de 2011 }} </ref> Ele pouco pôde fazer na partida: a Argentina estava mais enfraquecida na Copa do que nunca, desfalcada de quatro titulares, suspensos: Caniggia, Olarticoechea, [[Ricardo Giusti]] e [[Sergio Batista]]. [[Pedro Monzón]] seria ainda expulso no início do segundo tempo. Os alemães conseguiram a revanche, vencendo com um único gol, de pênalti, a cinco minutos do fim. Os argentinos não perdoariam a marcação a penalidade, duvidosa, e o árbitro [[México|mexicano]] Edgardo Codesal. [[Gustavo Dezotti]], posteriormente, também seria expulso e Maradona receberia um cartão amarelo por reclamação. Ao final da partida, o estádio inteiro se alegrou quando o telão transmitiu o rosto em lágrimas do argentino, que se recusou a apertar a mão do presidente da [[FIFA]], [[João Havelange]], ao receber a medalha de prata.<ref name = "mundiales"/>

Esquecendo-se que trapaceara em 1986 e no próprio mundial de 1990, Maradona declarou: ''Isto foi uma trama armada pela FIFA. Fomos punidos por vencer a Itália, que era a equipe que a FIFA queria que ganhasse esta Copa do Mundo. Há uma máfia no mundo do futebol. Aquele pênalti não existiu. Foi dado de graça para que os alemães vencessem.''<ref name = "yallop"/> Ele escreveria em sua biografia, anos mais tarde, que um dia antes da decisão, quando os argentinos foram realizar o reconhecimento do gramado, que [[Julio Grondona]] - presidente da [[Asociación del Fútbol Argentino|AFA]] e um dos vice-presidentes da [[FIFA]] - comentara-lhe que estava com um mau pressentimento, de que os argentinos já estariam fora do título.<ref name = "mundiales"/>

=== Copa do Mundo de 1994 ===

Maradona, após a suspensão de quinze meses dada pela [[FIFA]], ficou três anos sem jogar pela Argentina partidas oficiais.<ref name = "rsssf"/> Em fevereiro de 1993, voltou a vestir a camisa alviceleste para um amistoso contra o [[Seleção Brasileira de Futebol|Brasil]] celebrativo do centenário da [[Associação do Futebol Argentino]],<ref>{{citar web | autor= | titulo=Em 1993, Brasil empata por 1 a 1 com a Argentina no retorno de Maradona| publicado=GloboEsporte.com | data=19 de fevereiro de 1993 | obra= | url=http://video.globo.com/Videos/Player/Esportes/0,,GIM967743-7824-EM+BRASIL+EMPATA+POR+A+COM+A+ARGENTINA+NO+RETORNO+DE+MARADONA,00.html | acessodata=22 de fevereiro de 2011 }} </ref> e outro contra a [[Seleção Dinamarquesa de Futebol|Dinamarca]] pelo Troféu Artemio Franchi, amistoso que reunia o [[Copa América|campeão sul-americano]] e o [[Eurocopa|europeu]].<ref name = "rsssf"/> Nas eliminatórias para a [[Copa do Mundo de 1994]], porém, não vinha sendo utilizado, e sem ele o país não vinha se dando bem: na última partida, chegou a ser goleado por 0 x 5 pela [[Seleção Colombiana de Futebol|Colômbia]] em plena [[Buenos Aires]] e só não foi desclassificado porque o [[Seleção Paraguaia de Futebol|Paraguai]] não saiu de um empate com o [[Seleção Peruana de Futebol|Peru]] em [[Lima]]. Um clamor crescia a cada dia pelo retorno do astro,<ref name = "espn1"/><ref name = "sufoco">{{citar web | autor=Mayra Siqueira | titulo=História de um sufoco albiceleste| publicado=Trivela | data=14 de outubro de 2010 | obra= | url=http://www.trivela.com/Conteudo.aspx?secao=45&id=21199 | acessodata=15 de fevereiro de 2011 }} </ref> finalmente chamado de volta para os dois jogos da repescagem, contra a [[Seleção Australiana de Futebol|Austrália]]. O primeiro gol após voltar veio em abril de 1994, em amistoso contra o [[Seleção Marroquina de Futebol|Marrocos]].<ref name = "rsssf"/>

Após recuperar milagrosamente a velha forma, Maradona começou a [[Copa do Mundo de 1994]] dando espetáculo. Marcou de fora da área contra a [[Seleção Grega de Futebol|Grécia]] e, em famosa comemoração, rugiu com os olhos esbugalhados para uma câmera. Contra a [[Seleção Nigeriana de Futebol|Nigéria]], demonstrou fôlego incansável <ref name = "yallop"/> e inspirou os argentinos a vencerem de virada. O milagre por trás da perda de treze quilos - de 89 para 76 <ref name = "mundiales"/> - em um tempo assustadoramente curto antes do torneio foi revelado em novo ''antidoping'', que detectou efedrina. A droga, além de ser usada para emagrecer,<ref name = "placar100"/> era também um poderoso estimulante. Para a Seleção Argentina não ser desclassificada, Maradona teve de jurar inocência <ref name = "yallop"/> e a Associação do país teve de retirar seu nome do elenco.<ref name = "placar1277"/>

{{quote2|''Sentia que havia jogado um partidaço, estava feliz. Veio essa enfermeira a buscar-me e não suspeitei de nada. O único que fiz foi olhar à Claudia [esposa], que estava na tribuna, e lhe fiz um gesto como dizendo-lhe: 'e essa, quem é?'. Estava tranquilo porque havia feito controles [''antidoping''] antes e durante o mundial e todos davam bem''.<ref name = "mundiales"/>|Sobre após a partida contra a Nigéria, sua última em mundiais}}

O episódio gerou bastante revolta na [[Argentina]]. Para os mais exaltados, Maradona, que recebera a solidariedade do [[tenor]] [[Luciano Pavarotti]], declarado usuário de efedrina, estava sendo vítima de uma conspiração da [[FIFA]]. De acordo com a teoria de conspiração, a própria entidade, temerosa que a falta de grandes astros fizesse do mundial dos Estados Unidos um fiasco, havia autorizado informalmente que Maradona usasse substâncias ilícitas para voltar à forma e jogar a Copa. No entanto, suas exibições teriam extrapolado o que a FIFA queria dele, ameaçando interesses de outras seleções.<ref name = "yallop"/> Fato é que Maradona, declarando ser este o episódio mais triste de sua carreira, afirmou: ''"me cortaram as pernas. Era meu último mundial e iríamos ser campeões"''.<ref name = "placar 1315"/>

A Argentina em 1994, ao contrário das Copas anteriores, onde o talento se limitava a Maradona, reunia jogadores de renome: [[Claudio Caniggia]] se consagrara em 1990 e a seleção tinha também [[Gabriel Batistuta]], [[Fernando Redondo]] e [[Ramón Medina Bello]] em grande forma.<ref name = "placar100"/><ref name = "sufoco"/> Eles, sem a companhia de Maradona, haviam conquistado as [[Copa América|Copas América]] de [[Copa América 1991|1991]] e [[Copa América 1993|1993]], torneio que ''Dieguito'' não conseguira ganhar nas três ocasiões em que participou ([[Copa América 1979|1979]], [[Copa América 1987|1987]] e [[Copa América 1989|1989]]).

Porém, os companheiros não conseguiram superar o baque com a saída de Maradona. A Argentina perdeu a última partida da primeira fase por 0 x 2 para a [[Seleção Búlgara de Futebol|Bulgária]] e novamente só se classificou como uma das melhores terceiras colocadas, sistema que não seria mais utilizado a partir da Copa seguinte. Nas oitavas-de-final, veio a eliminação perante a [[Seleção Romena de Futebol|Romênia]], jogo em que ele chegou a comentar para um canal de televisão.<ref name = "mundiales"/> O jogo contra a Nigéria deixou Maradona, em sua quarta Copa - um recorde entre os argentinos - como o jogador que mais partidas disputou no torneio. Poderia ter sido mais - houve certa pressão para que o agora técnico [[Daniel Passarella]] o chamasse para a [[Copa do Mundo de 1998]], mesmo com Maradona já aposentado.<ref name = "trivela17"/>

Posteriormente, seu recorde seria superado por [[Lothar Matthäus]] em [[Copa do Mundo de 1998|1998]] (em sua quinta Copa, o alemão alcançou a 25ª partida) e igualado por [[Paolo Maldini]] em [[Copa do Mundo de 2002|2002]] (a quarta e última do italiano).

=== Legado ===
[[Ficheiro:Statutes of Gardel - Peron - Maradona in La Boca - Buenos Aires - Argentina.JPG|thumb|right|200px|Estátua de Maradona acompanhada das de outros ícones argentinos: [[Carlos Gardel]] e [[Eva Perón]].]]
Maradona não jogaria mais pela Argentina até [[10 de novembro]] de [[2001]], quando foi realizada uma partida comemorativa em [[La Bombonera]]. O jogo foi contra um combinado de estrelas, dentre elas [[Enzo Francescoli]], [[Éric Cantona]], [[Davor Šuker]], [[Hristo Stoichkov]], [[René Higuita]], [[Nolberto Solano]] e até o compatriota [[Juan Román Riquelme]].<ref name = "eroj">{{citar web | autor=Eroj | titulo=2001 - Despedida de Maradona| publicado=Kit Design | data=30 de dezembro de 2008 | obra= | url=http://erojkit.blogspot.com/2008/12/2001-despetida-de-maradona.htm | acessodata=15 de fevereiro de 2011 }} </ref>

A Argentina conseguira vencer a [[Copa do Mundo de 1978]] sem Maradona. Porém, foi com ele no auge da carreira liderando a Seleção que a ''Albiceleste'', já sem [[Mario Kempes]], [[Osvaldo Ardiles]], [[Ubaldo Fillol]] e [[Daniel Passarella]], conseguiu com elencos fracos chegar a outras duas finais de [[Copa do Mundo FIFA|Copa do Mundo]], e saindo-se vencedora na de [[Copa do Mundo de 1986|1986]]. O país continuou a revelar bons talentos, mas nenhum conseguiu preencher com a mesma mística o vazio deixado com a saída um tanto precoce de ''El Pibe''. Talvez por isso, a Seleção chegou a manifestar o desejo de aposentar o número 10 em sua camisa por ocasião da [[Copa do Mundo de 2002]], mas foi impedida pela [[FIFA]].<ref name = "mundiales"/>

O melhores resultados em [[Copa do Mundo FIFA|Copas]] foram três eliminações nas quartas-de-final, em [[Copa do Mundo de 1998|1998]], [[Copa do Mundo de 2006|2006]] e [[Copa do Mundo de 2010|2010]], nesta sendo ele o treinador. Mais do que isso, todo jogador promissor a surgir no país recebe o fardo de "novo Maradona": a alcunha já caiu a diversos nomes, como [[Claudio Borghi]], [[Diego Latorre]] (ambos despontaram com ''Dieguito'' ainda em boa forma; Borghi chegou a integrar o elenco campeão mundial de 1986), [[Marcelo Delgado]], [[Ariel Ortega]], [[Marcelo Gallardo]], [[Hernán Crespo]], [[Juan Román Riquelme]], [[Leandro Romagnoli]], [[Javier Saviola]], [[Pablo Aimar]], [[Andrés D'Alessandro|Andrés d'Alessandro]], [[Carlos Tévez]], [[Lionel Messi]] e o mais recente, [[Sergio Agüero]], dentre outros.<ref>"Produto típico argentino", Flávia Ribeiro, ''Placar'' número 1311, outubro de 2007, Editora Abril, págs. 56-61</ref><ref>"A dura herança de ''Don Diego''", Elías Perugino, ''Placar'' número 1322, setembro de 2008, Editora Abril, págs. 72-77</ref><ref>{{citar web | autor=Felipe Lobo | titulo=Sucessores de Maradona| publicado=Trivela | data=27 de outubro de 2010 | obra= | url=http://trivela.uol.com.br/Conteudo.aspx?secao=215&id=22400 | acessodata=15 de fevereiro de 2011 }} </ref>

== Turbulenta vida pessoal pós-gramados ==
[[Ficheiro:Diego-armando-maradona.jpg|thumb|right|200px|Após aposentar-se definitivamente, Maradona aumentou consideravelmente de peso. Foto de 2005, meses antes de sua cirurgia de redução de estômago]]
Um ano após aposentar-se no Boca, foi à [[Copa do Mundo de 1998]] como comentarista.<ref name = "placar100"/> Após a eliminação da Argentina, comandada por [[Daniel Passarella]], manifestou pela primeira vez sua intenção em tornar-se técnico da ''Albiceleste'', ao mesmo tempo em que não perdoava o desafeto: ''"Para começar vou dizer que quero ser o técnico da Seleção. O que mais bronca me deu é que não jogou a Argentina. Nos disfarçamos de [[Seleção Alemã de Futebol|Alemanha]] e caímos fora do mundial. Nossos jogadores podem dormir tranquilos. Perdemos pelo planejamento tático. (...) Estou quente porque Passarella negou a 35 milhões de argentinos a presença de [[Claudio Caniggia|Caniggia]] e [[Fernando Redondo|Redondo]]"''.<ref name = "mundiales"/> Passarella não chamara os dois por não concordar com cabelos compridos, e só não fizera o mesmo com [[Gabriel Batistuta]] porque este acatara o pensamento do treinador.<ref>{{citar web | autor=André Melsohn Dayan | titulo=Redondo: o "príncipe de Madrid"| publicado=Trivela | data=24 de setembro de 2009 | obra= | url=http://www.trivela.com/Conteudo.aspx?secao=31&id=20524 | acessodata=15 de fevereiro de 2011 }} </ref>

No ano seguinte, em que é eleito o atleta argentino do século,<ref name = "trivela17"/> Maradona envolveu-se em nova polêmica com filhos fora do casamento: desta vez, a justiça argentina determinou que ele é pai de uma menina de três anos, após sete negativas do ex-jogador em fazer o [[exame de DNA]]. No entanto, Maradona faria o exame mais tarde e ficaria provado que ele não era o pai da jovem. Já no caso de [[Diego Sinagra]], filho que Maradona teve enquanto viveu na itália, o reconhecimento, ainda que tardio, aconteceria. Em [[2000]], inicia um tratamento contra as drogas em [[Cuba]], após ser internado depois de tomar um coquetel de remédios em [[Punta del Este]], no [[Uruguai]], e quase morrer. Na ilha, se enfurece com fotógrafos locais, agride-os e quebra o vidro de um carro com um soco, rendendo-lhe novo processo.<ref name = "placar1277"/>

Esteve próximo da morte novamente em [[2000]] em setembro, quando destrói sua caminhonete ao chocar-se com um [[ônibus]] em [[Havana]], escapando ileso por milagre. Em outubro, é contratado para ser ''manager'' do [[Club Almagro|Almagro]], mas jamais assume o cargo. Em novembro, tem seu visto negado para entrar no [[Japão]], onde iria assistir seu Boca Juniors enfrentar o [[Real Madrid]] no [[Mundial Interclubes]]; as autoridades japonesas alegam o vício de Maradona em drogas como justificativa. A redenção pessoal de ''Dieguito'' vem em dezembro, quando é eleito o melhor jogador do século pela [[FIFA]] por votação na [[Internet]]. Porém, ele se retira da festa para não cruzar com o desafeto [[Pelé]], que recebe premiação similar oferecida por votos de jornalistas.<ref name = "placar1277"/>

No mês seguinte, em janeiro de 2001, é abordado por agentes do fisco italiano ao chegar ao aeroporto de [[Roma]]; Maradona estaria devendo 24 milhões de dólares em impostos. Antes de uma nova viagem à Itália, em novembro, quebra o telefone de um jornalista no aeroporto. Em 2002, volta a ter negada a sua entrada no [[Japão]], onde pretendia assistir a [[Copa do Mundo de 2002]]. No mesmo ano, a namorada de infância que tornou-se sua esposa, Claudia Vilafañe, pede a separação. Ele também é condenado a dois anos e meio de prisão pela agressão aos jornalistas com espingarda em 1994, mas não precisou cumprir a pena. Arranja problemas também com a vizinhança de sua nova casa, na qual chega a provocar um incêndio na sauna.<ref name = "placar1277"/>
[[Ficheiro:Maradona Soccer Aid 2.jpg|thumb|right|150px|Após encerrar seu tratamento e realizar uma operação de redução de estômago, Maradona passou a realizar com alguma frequência amistosos e exibições de [[showbol]]]]
Em abril de 2004, fica novamente a ponto de morrer. Passa mal após assistir um [[Boca Juniors]] x [[Club Atlético Nueva Chicago|Nueva Chicago]] na [[La Bombonera|Bombonera]] e é internado com problemas cardíacos e infecção pulmonar na Clínica Suíço-Argentina, em [[Buenos Aires]], constantando-se overdose de cocaína. Ele fica em [[coma]] e chega a respirar com ajuda de aparelhos, reagindo apenas no oitavo dia. Sai dois dias depois sem ter alta dos médicos. Em maio, é novamente internado, chegando a ser recusado por várias instituições médicas da [[Argentina]] e do exterior. Chega a ser sedado e amarrado após uma crise de abstinência da cocaína. Seu médico particular declara em ultimato que ele tem a última chance de salvar sua vida.<ref name = "placar1277"/> Maradona posteriormente afirmaria que retirou forças para se desintoxicar definitivamente após apelos de sua filha Giannina: ''"pai, você tem que viver por mim"''.<ref name = "placar 1315"/>

Após cinco meses de internação, obtém autorização judicial para ir à [[Cuba]] retomar seu tratamento.<ref name = "placar1277"/>

=== Recuperação ===

Recuperado, durante o ano de [[2005]] Maradona foi duas vezes destaque na mídia televisiva: em janeiro, confirmou a acusação de [[Cláudio Ibraim Vaz Leal|Branco]] de que, nas oitavas-de-final da [[Copa do Mundo de 1990]], o massagista argentino fornecera água com tranquilizante ao lateral brasileiro. Em tom de deboche, Maradona, ciente do que ocorria, falou que oferecera a água também a [[Valdo Cândido de Oliveira Filho|Valdo]]<ref name = "placar1280">"Êpa, Diego: a lei de Gérson é nossa!", Felipe Zylberstajn, ''Placar'' número 1280, março de 2005, Editora Abril, págs. 56-59</ref><ref name = "placar1290">"E Diego mudou da água para o vinho...", Maurício Ribeiro de Barros e Marcelo Monteiro, ''Placar'' número 1290, janeiro de 2006, Editora Abril, pág. 76</ref> e que se desesperou quando o colega [[Julio Olarticoechea]] estava prestes a beber na mesma garrafa.<ref name = "placar1280"/>

Depois, Maradona, após perder cinquenta quilos depois de uma cirurgia de redução de estômago em [[Cartagena]], na [[Colômbia]],<ref name = "placar1283">"Maradona - uma foto, uma esperança", Maurício Ribeiro de Barros, ''Placar'' número 1283, junho de 2005, Editora Abril, pág. 16</ref> e chegar aos 75 quilos,<ref name = "placar1290"/> tornou-se apresentador de um ''[[talk show]]'', "''La noche del Diez''" ("A noite do Dez"), onde recebeu figuras de todo o mundo, como o próprio desafeto [[Pelé]], [[Xuxa]], [[Mike Tyson]] <ref>{{citar web | autor= | titulo=Maradona recebe Xuxa em seu programa de TV na Argentina| publicado=[[Folha Online]] | data=4 de outubro de 2005 | obra= | url=http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u53998.shtml | acessodata=15 de fevereiro de 2011 }} </ref> e [[Fidel Castro]]. A noite com Pelé foi marcada por um inesperado bom humor e amistosidade entre ambos, que cantaram juntos e terminaram trocando passes de cabeça, emocionando a plateia.<ref name = "placar1290"/> Por sinal, foi nos bastidores do programa que sua filha Giannina conheceria pessoalmente [[Sergio Agüero]], com quem iniciaria um celebrado relacionamento amoroso.<ref>"Esse é o (genro do) cara", Marcela Mora y Araujo, ''FourFourTwo'', número 1, novembro de 2008, Editora Cádiz, págs. 46-49</ref> No mesmo ano, sua popularidade junto ao Boca faz com que o clube aceite sua indicação para treinar o time: [[Alfio Basile]].<ref name = "trivela17"/>

Um ano depois, demonstrou sua recuperação ao mundo ao assistir os jogos da Argentina na [[Copa do Mundo de 2006]], inclusive aparecendo no vestiário para incentivar os jogadores - curiosamente, só não conseguiu fazê-lo na partida da eliminação, contra a [[Seleção Alemã de Futebol|Alemanha]].<ref name = "mundiales"/> Para o seu desgosto, não é chamado para treinar a seleção; para ocupar a função, [[Julio Grondona]] escolhe tirar Basile do Boca.<ref name = "trivela17"/>

Em [[28 de março]] de [[2007]], Maradona sofreu uma recaída e foi internado com uma crise hepática causada por abuso de álcool.<ref>{{citar web | autor= | titulo=Maradona teve "desajuste com bebida, cigarro e comida", diz Cahe| publicado=UOL Esporte | data=29 de março de 2007 | obra= | url=http://esporte.uol.com.br/futebol/ultimas/2007/03/29/ult59u116926.jhtm | acessodata=15 de fevereiro de 2011 }} </ref> Ele afirma que não foi por causa de cocaína, reiterando que não a usa mais desde a crise de 2004;<ref name = "placar 1315"/> por outro lado, foi tornando-se alcoólatra justamente para substituir a droga em pó.<ref name = "trivela17"/> Ainda assim, a internação gerou boatos de um susposto ataque cardíaco que teria causado sua morte, causando alvoroço até no governo argentino: o então [[presidente da Argentina|presidente]] [[Néstor Kirchner]] chegou a pedir informações sobre o assunto ao seu ministro da saúde.<ref name="placar1314">"Diego vive", ''Placar'' número 1314, janeiro de 2008, Editora Abril, pág. 65</ref> A preocupação justificava-se: 80% dos casos similares ao que tivera resultam na morte do paciente.<ref name = "trivela17"/> Um mês antes, o astro já havia sido internado, após sentir mal-estar repentino na casa dos pais.<ref name="placar1314"/>
[[Ficheiro:DiegoMaradona.jpg|thumb|right|200px|Como treinador da [[Seleção Argentina de Futebol|Seleção Argentina]].]]

== Técnico da Argentina ==

Maradona assumiu o comando da Seleção Argentina em outubro de [[2008]], após a saída de [[Alfio Basile]].<ref>{{citar web | autor= | titulo=Maradona é o novo técnico da seleção argentina| publicado=UOL Esporte | data=28 de outubro de 2008 | obra= | url=http://esporte.uol.com.br/futebol/ultimas/2008/10/28/ult59u175823.jhtm | acessodata=15 de fevereiro de 2011 }} </ref> [[Julio Grondona]], o presidente da [[Associação do Futebol Argentino]], já havia lhe prometido verbalmente o cargo após a [[Copa do Mundo de 2006]],<ref name = "placar 1315"/> mas na época optara por Basile. Após o técnico sucumbir com os maus resultados e críticas da imprensa, Grondona pensava em efetivar [[Sergio Batista]], técnico da seleção argentina olímpica que conseguira a medalha de ouro nos [[Jogos Olímpicos de Verão de 2008|Jogos de 2008]].<ref name = "trivela34"/>

Porém, nas próprias Olimpíadas de [[Beijing]] Maradona pavimentou seu caminho. Com permissão livre para acompanhar a delegação, Maradona procurou travar relação forte com os jogadores, muitos deles figuras também da seleção principal, como seu genro [[Sergio Agüero]], [[Fernando Gago]] e [[Lionel Messi]].<ref name = "trivela40">"As razões de Román", Antonio Vicente Serpa, ''Trivela'' número 40, junho de 2009, Trivela Comunicações, págs. 42-43</ref> Grondona, doze dias após a demissão de Basile, enfim acatou o desejo de Diego, por razões políticas: o homem mais indicado para o cargo, [[Carlos Bianchi]], era um desafeto pessoal do presidente.
[[Ficheiro:Maradona CRS.jpg|thumb|160px|left|Já sendo técnico da [[Seleção Argentina de Futebol|Argentina]], Maradona saúda fãs em [[Calcutá]], na [[Índia]]]]
O anúncio causou furor. Quinhentos jornalistas se credenciaram para cobrir a sua estreia, contra a [[Seleção Escocesa de Futebol|Escócia]].<ref name = "trivela34"/> Maradona chegou a ameaçar demitir-se em menos de duas semanas, pois Grondona não aceitava o ex-jogador [[Oscar Ruggeri]] na comissão técnica. Mesmo endeusado, porém, Maradona continuou a colecionar polêmicas, como discussões indiretas com [[Juan Román Riquelme]], que pediu dispensa da Seleção. Riquelme já se sentia deslocado por não receber a mesma atenção que Maradona dedicava os jogadores "europeus". O novo técnico ainda tirou-lhe a faixa de capitão, entregue a [[Javier Mascherano]]. A gota d'água para Riquelme foi ter sido criticado por Maradona na televisão.<ref name = "trivela40"/>

Em 2009, sofreu bastantes críticas. A Argentina obteve resultados vergonhosos, incluindo uma goleada de 1 x 6 para a [[Seleção Boliviana de Futebol|Bolívia]] em [[La Paz]], o pior resultado da história da seleção - sendo que, ironicamente, Maradona manifestara-se a favor do direito boliviano de usar a cidade, em alta altitude -, e uma derrota de 1 x 3 para o [[Seleção Brasileira de Futebol|Brasil]] em plena [[Rosário (Argentina)|Rosário]]. Os argentinos ficaram ameaçados de não se classificarem, conseguindo no sufuco a última vaga direta no confronto direto contra o [[Seleção Uruguaia de Futebol|Uruguai]], em [[Montevidéu]].<ref>{{citar web | autor=Alexandre Alliatti | titulo=Histórico: Argentina bate Uruguai, vai à Copa e manda rival para repescagem| publicado=GloboEsporte.com | data=14 de outubro de 2009 | obra= | url=http://globoesporte.globo.com/Esportes/Noticias/Futebol/Eliminatorias/0,,MUL1341390-9833,00-HISTORICO+ARGENTINA+BATE+URUGUAI+VAI+A+COPA+E+MANDA+RIVAL+PARA+REPESCAGEM.html | acessodata=15 de fevereiro de 2011 }} </ref><ref>{{citar web | autor=Alexandre Alliatti | titulo=Maradona desabafa após classificar Argentina para Copa| publicado=iG Esporte | data=15 de outubro de 2009 | obra= | url=http://esporte.ig.com.br/futebol/2009/10/15/maradona+desabafa+apos+classificar+argentina+8835936.html | acessodata=15 de fevereiro de 2011 }} </ref>

Em menos de vinte jogos, Maradona usou oitenta jogadores diferentes.<ref>{{citar web | autor=Felipe Lobo | titulo=ARGENTINA: Desorganizada, mas favorita| publicado=Trivela | data=1 de dezembro de 2009 | obra= | url=http://www.trivela.com/Futebol.aspx?secao=126&id=21359 | acessodata=15 de fevereiro de 2011 }} </ref> Apesar de criticado por muitos, completou um ano no comando da seleção com bons números: em 13 jogos, venceu 9 e perdeu 4.<ref>{{citar web | autor=| titulo=Maradona completa um ano no comando da seleção argentina| publicado=Abril.com | data=4 de novembro de 2009 | obra= | url=http://blogs.abril.com.br/copa-do-mundo-2010/2009/11/maradona-completa-um-ano-no-comando-selecao-argentina.html | acessodata=15 de fevereiro de 2011 }} </ref>

Após o árbitro apitar o fim da partida dramática contra o Uruguai, Maradona não se esqueceu das pesadas críticas que sofreu da imprensa, expressando todo o seu ressentimento em desabafos obscenos, gritando em referência às suas genitais ''"que la chupen, que la chupen y que la sigan mamando"''.<ref name = "espn1"/><ref>"Que la chupen!", Elías Perugino, ''Placar'' número 1336, novembro de 2009, Editora Abril, pág. 22</ref> A grosseria lhe renderia uma suspensão da [[FIFA]] por dois meses, além de uma multa.<ref>{{citar web | autor=| titulo=Maradona leva suspensão de dois meses da Fifa| publicado=Terra Esportes | data=15 de novembro de 2009 | obra= | url=http://esportes.terra.com.br/interna/0,,OI4102616-EI2036,00-Maradona+leva+suspensao+de+dois+meses+da+Fifa.htmll | acessodata=15 de fevereiro de 2011 }} </ref> Posteriormente, pediu publicamente desculpas, mas apenas às mulheres e crianças.<ref name = "espn1"/> A fúria contra a própria imprensa argentina era anterior até mesmo ao caso onde atirara para espantar jornalistas em 1994: em 1991, após ser preso sob efeito de drogas em [[Caballito]], Maradona não perdoou jornalistas que insinuaram a respeito de aventuras [[homossexualidade|homossexuais]] do jogador, apanhado na companhia de vários homens que os jornalistas apontaram como "suspeitos".<ref>"Marador", Edgardo Martolio, ''ESPN'', número 1, novembro de 2009, Ed. Spring, pág. 47</ref>
[[Ficheiro:Maradona-Gioja.JPG|thumb|200px|Durante a Copa, Maradona ostentou barba e bigode. O visual foi usado para disfarçar cicatrizes sofridas após ser mordido nos lábios por uma cadela de estimação.]]
Na convocação para a Copa, chamou apenas dois de quatro experientes argentinos que haviam contribuído decisivamente para a brilhante temporada 2009/10 da [[Internazionale]] triplamente campeã ([[Campeonato Italiano de Futebol|campeonato italiano]], [[Copa da Itália]] e [[Liga dos Campeões da UEFA]], feito inédito na [[Itália]]): [[Walter Samuel]] e [[Diego Milito]], deixando de fora [[Javier Zanetti]] e [[Esteban Cambiasso]] até da lista dos 30 pré-convocados , bem como o irmão de Diego, [[Gabriel Milito]] (do [[FC Barcelona|Barcelona]]) e [[Fernando Gago]] (do [[Real Madrid]]). Zanetti teria ficado com imagem negativa perante ao treinador após as derrotas para Brasil e [[Seleção Paraguaia de Futebol|Paraguai]], nas eliminatórias, e o estilo de jogo de Cambiasso não agradaria Maradona. Gago e Gabriel Milito, por sua vez, pouco haviam jogado na temporada europeia (o madridista, pela reserva e ''Gabi'', por lesões), e o técnico já havia antecipado que iria priorizar quem vinha mantido ritmo de jogo.<ref name = "futportenho1">{{citar web |url=http://www.futebolportenho.com.br/2010/05/14/especialistas-opinam-sobre-ausencias-de-cambiasso-e-zanetti-na-lista-de-maradona/ | autor = Thiago Henrique de Morais |título=Especialistas opinam sobre ausências de Cambiasso e Zanetti na Copa do Mundo |publicado=Futebol Portenho |data=14 de maio de 2010 |acessodata=15 de janeiro de 2011}}</ref><ref name = "futportenho2">{{citar web |url=http://www.futebolportenho.com.br/2010/02/17/retrato-da-selecao-apos-convocacao-de-maradona/ | autor = Thiago Henrique de Morais |título=Retrato da Seleção após convocação de Maradona |publicado=Futebol Portenho |data=17 de fevereiro de 2010 |acessodata=15 de janeiro de 2011}}</ref>

Também para a pré-lista não chamou outros mais famosos, por não viverem boa fase ou não se encaixarem no seu jogo: [[Pablo Aimar]], [[Javier Saviola]], [[Lucho González]], [[Éver Banega]], [[Pablo Zabaleta]] e [[Lisandro López]] já eram dados como fora do mundial antes mesmo da divulgação da lista preliminar.<ref name = "futportenho2"/> Maradona não esqueceu, todavia, dos surpreendentes heróis da classificação argentina. Ele havia pré-convocado sete atacantes,<ref>{{citar web |url=http://www.futebolportenho.com.br/2010/05/11/conheca-um-por-um-os-30-eleitos-de-maradona/ | autor = Thiago Henrique de Morais |título=Conheça os 30 eleitos de Maradona |publicado=Futebol Portenho |data=11 de maio de 2010 |acessodata=15 de janeiro de 2011}}</ref> deixando de fora da lista final o jovem [[Ezequiel Lavezzi]], destaque do [[SSC Napoli|Napoli]], favorecendo o veterano [[Martín Palermo]], autor do gol da vitória nos acrécimos sobre o [[Seleção Peruana de Futebol|Peru]], na penúltima partida, minutos após o gol de empate peruano em pleno [[Monumental de Núñez]]. Já uma vaga de volante que poderia ter sido de Gago ficou com [[Mario Bolatti]], autor do único gol da última partida, contra o [[Seleção Uruguaia de Futebol|Uruguai]].<ref name = "futportenho2"/>

Na disputa da [[Copa do Mundo FIFA de 2010|Copa do Mundo de 2010]], teve um bom começo, obtendo na fase de grupos três convincentes vitórias em três jogos, contra [[Seleção Nigeriana de Futebol|Nigéria]], [[Seleção Sul-Coreana de Futebol|Coreia do Sul]] e [[Seleção Grega de Futebol|Grécia]] - curiosamente, Maradona havia enfrentado os três países em primeira fase de Copas também como jogador; o técnico sul-coreano, [[Huh Jung-Moo]], havia inclusive jogado contra ele na de [[Copa do Mundo de 1986|1986]]. As fases finais também remetiam ao passado, mas mais recente para os argentinos, onde enfrentaram os mesmos adversários da [[Copa do Mundo de 2006]]: nas oitavas-de-final, a Argentina obteve grande vitória sobre o [[Seleção Mexicana de Futebol|México]], ganhando a oportunidade da revanche contra a [[Seleção Alemã de Futebol|Alemanha]], novamente nas quartas. Porém, a competição voltou a se encerrar para os argentinos nesta fase, em derrota pelo inesperado placar de 0 x 4.

No dia [[27 de julho]], Maradona foi confirmado que não mais continuaria no comando da equipe.<ref>{{citar web |url=http://globoesporte.globo.com/futebol/futebol-internacional/noticia/2010/07/afa-confirma-que-maradona-nao-e-mais-o-tecnico-da-argentina.html |título=AFA confirma que Maradona não é mais o técnico da Argentina |publicado=GloboEsporte.com |data=27 de julho de 2010 |acessodata=27 de julho de 2010}}</ref> Pouco após a saída, já se lançava um livro sobre o trabalho de Maradona como técnico da seleção. O autor, um dos jornalistas insultados por ele, desfere várias críticas - desde a realização de treinamentos apenas vespertinos por causa da dificuldade de Maradona em acordar cedo, o que fazia os atletas se entendiarem pelas manhãs na concentração, até a acusação de que boa parte do alto número de jogadores convocados em um curto período por ele o foram por outros propósitos: seriam empresariados por amigos do técnico, que conseguiam vendê-los para clubes europeus após a convocação.<ref>"Mano de adiós", Leonardo Aquino, ''Placar'' número 1347, outubro de 2010, Editora Abril, pág. 81</ref>

== Como personagem em mídias ==
[[Ficheiro:Pelé Maradona.JPG|thumb|left|200px|O primeiro encontro de [[Pelé]] e Maradona, ocorrido em 1979, foi amistoso. Posteriormente, virariam desafetos. Realizariam famosa trégua em 2005, no programa televisivo de Diego.]]
Em [[1982]], Maradona, ainda antes de consagrar-se mundialmente, manifestou seu desejo em ter um personagem de [[história em quadrinhos]] idealizado nele, inspirado no sucesso da ''[[Turma do Pelezinho]]'', de [[Mauricio de Sousa]]. Seu desejo chegou ao próprio Mauricio e um encontro entre os dois foi marcado na concentração da Seleção Argentina, às vésperas da [[Copa do Mundo de 1982|Copa do Mundo da Espanha]]. Empolgado, Maradona chegou a fazer o próprio rascunho do personagem que imaginava, pediu a Mauricio que o nome fosse "Dieguito" em vez de "Maradoninha", e contou ao desenhista passagens de sua infância que pudessem render histórias.<ref name = "trivela25">"Craque na gaveta", Carlos Eduardo Freitas, ''Trivela'' número 25, março de 2008, Trivela Comunicações, págs. 62-63</ref>

Mauricio saiu da [[Argentina]] com inspiração para um turma composta por outros onze personagens, dentre os quais Vaquita e Flaquito. Séries de tiras inteiras para jornais, revistas e mesmo um desenho animado foram produzidas, mas acabaram engavetadas constantemente:inicialmente, por conta da saída de Maradona para o [[FC Barcelona|Barcelona]], ainda naquele ano, o que obrigou Mauricio a mudar alguns planos, com a previsão de que a ''Turma do Dieguito'' chegasse ao público argentino em 1984. Todavia, naquele ano o jogador trocou novamente de clube, indo para o [[SSC Napoli|Napoli]], obrigando novo atraso. As notícias do envolvimento de Maradona com as drogas e outras polêmicas de sua vida pessoal acabaram fazendo Mauricio desistir de vez do personagem, lamentando: ''"Pela natureza dos problemas de Diego, resolvemos congelar o projeto. Coloquei tudo dentro de uma gaveta e nunca mais abri. Entreguei tudo para a mulher dele. (...) Dieguito poderia, quem sabe, ter dado um rumo diferente à vida de Maradona"''.<ref name = "trivela25"/>
[[Ficheiro:QueenInArgentina1981.jpg|thumb|right|200px|Em 1981, mesmo não tendo saído do futebol argentino, já era famoso mundialmente. Foto com os integrantes do grupo de [[rock]] [[Reino Unido|britânico]] [[Queen]].]]
Ainda assim, em [[2005]], o personagem Dieguito foi brevemente utilizado no programa televisivo de Maradona, ''La Noche del Diez'', no dia em que [[Pelé]] foi entrevistado. Em uma animação, ele joga bola com [[Pelezinho]], tal qual seus inspiradores fariam no programa.<ref name = "trivela25"/> Ficou a promessa de que ''Dieguito'' voltaria a ser utilizado, para campanhas de responsabilidade social.<ref name = "trivela25"/>

Ainda em [[2005]], foi lançado ''"Amando a Maradona - Una película sobre el amor incondicional"'', videotributo de Javier Vázquez que reúne imagens pouco conhecidas, testemunhos de pessoas próximas a Diego, de adeptos da Igreja Maradoniana e de diversos outros fãs. O cartaz do filme mostra uma Seleção Argentina composta por onze Maradonas, com rostos que correspondem a distintas épocas de sua vida.<ref name = "placar1291"/> Em [[2008]], outro documentário biográfico sobre o ex-jogador foi lançado: ''"[[Maradona by Kusturica]]"'', produzido pelo cineasta [[sérvios|sérvio]] [[Emir Kusturica]].

O cantor [[França|franco-]][[Espanha|espanhol]] [[Manu Chao]] é outro que já homenageou Maradona, tendo composto duas músicas para o ídolo: "Santo Maradona" e "La Vida Tombola", esta última pertencendo à trilha sonora do filme de Kusturica.<ref>{{citar web |url=http://www.lazermusica.com/blog/2009-01-26/manu-chao-nao-para-de-homenagear-maradona |título=Manu Chao não para de homenagear Maradona |publicado=Lazer Música |data=26 de janeiro de 2009 |acessodata=15 de janeiro de 2011}}</ref>

== Títulos ==

;[[Boca Juniors]]
*[[Campeonato Argentino de Futebol|Campeonato Argentino]]: Metropolitano 1981 <ref name = "placar100"/>

;[[FC Barcelona|Barcelona]]
*[[Copa do Rei]]: 1983 <ref name = "placar100"/>

;[[SSC Napoli|Napoli]]
*[[Campeonato Italiano de Futebol|Campeonato Italiano]]: 1987 e 1990 <ref name = "placar100"/>
*[[Copa da Itália]]: 1987 <ref name = "placar100"/>

;[[Seleção Argentina de Futebol|Seleção Argentina]]:
*[[Campeonato Mundial de Futebol Sub-20]]: [[Campeonato Mundial de Futebol Sub-20 de 1979|1979]] <ref name = "placar100"/>
*[[Copa do Mundo FIFA]]: [[Copa do Mundo FIFA de 1986|1986]] <ref name = "placar100"/>

=== Artilharias ===
* [[Campeonato Argentino de Futebol|Campeonato Argentino]]: Metropolitano 1978, Metropolitano 1979, Nacional 1979, Metropolitano 1980 e Nacional 1980 <ref>{{citar web | autor=Emmanuel Castro Serna | titulo=Argentina - List of Topscorers| publicado=RSSSF | data=9 de julho de 2009 | obra= | url=http://www.rsssf.com/tablesa/argtops.html | acessodata=15 de fevereiro de 2011 }} </ref>
* [[Campeonato Italiano de Futebol|Campeonato Italiano]]: 1988 <ref>{{citar web | autor=Igor Kramarsic e Alberto Novello | titulo=Italy - Serie A Top Scorers| publicado=RSSSF | data=17 de setembro de 2010 | obra= | url=http://www.rsssf.com/tablesi/italtops.html | acessodata=15 de fevereiro de 2011 }} </ref>
* [[Copa da Itália]]: 1988 <ref>{{citar web | autor=Davide Rota | titulo=Italy - Coppa Italia Top Scorers| publicado=RSSSF | data=17 de setembro de 2010 | obra= | url=http://www.rsssf.com/tablesi/italcuptops.html | acessodata=15 de fevereiro de 2011 }} </ref>

=== Prêmios Individuais ===

* Melhor Jogador do Mundial Sub-20: 1979;<ref name = "placar100"/>
* Melhor Jogador Argentino do Ano pela Associação de Jornalistas da Argentina: 1979, 1980, 1981, 1986;<ref>{{citar web | autor=José Luis Pierrend | titulo=Argentina - Player of the Year
| publicado=RSSSF | data=16 de janeiro de 2009 | obra= | url=http://www.rsssf.com/miscellaneous/arg-poy.html | acessodata=15 de fevereiro de 2011 }} </ref>
* Melhor Jogador Sul-Americano do ano pelo jornal "El Mundo" (Venezuela): 1979, 1986, 1989, 1990, 1992;<ref>{{citar web | autor=José Luis Pierrend | titulo=South American Coach and Player of the Year| publicado=RSSSF | data=16 de janeiro de 2009 | obra= | url=http://www.rsssf.com/miscellaneous/sam-poy.html | acessodata=15 de fevereiro de 2011 }} </ref>
* Guerin d'Oro: 1985 <ref>{{citar web | autor=José Luis Pierrend e Roberto Di Maggio | titulo=Italy - Footballer of the Year
| publicado=RSSSF | data=29 de janeiro de de 2010 | obra= | url=http://www.rsssf.com/miscellaneous/italpoy.html | acessodata=15 de fevereiro de 2011 }} </ref>
* Melhor Jogador do Mundo pela revista italiana Onze d'Or: 1986, 1987; <ref>{{citar web | autor=José Luis Pierrend | titulo="Onze Mondial" Awards| publicado=RSSSF | data=27 de agosto de 2010 | obra= | url=http://www.rsssf.com/miscellaneous/onze-awards.html | acessodata=15 de fevereiro de 2011 }} </ref>
* Melhor Jogador do Mundo pela revista [[World Soccer]]: 1986; <ref>{{citar web | autor=José Luis Pierrend | titulo="World Soccer" Awards | publicado=RSSSF | data=27 de agosto de 2010 | obra= | url=http://www.rsssf.com/miscellaneous/wsoc-awards.html | acessodata=15 de fevereiro de 2011 }} </ref>
* Bola de Ouro da Copa do Mundo: 1986; <ref>{{citar web | autor=José Luis Pierrend | titulo=FIFA Awards - World Cup 1986 "Golden Ball" | publicado=RSSSF | data=9 de junho de 1999 | obra= | url=http://www.rsssf.com/miscellaneous/fifa-gb86.html | acessodata=15 de fevereiro de 2011 }} </ref>
* Bola de Bronze da Copa do Mundo: 1990; <ref>{{citar web | autor=José Luis Pierrend | titulo=FIFA Awards - World Cup 1986 "Golden Ball" | publicado=RSSSF | data=9 de junho de 1999 | obra= | url=http://www.rsssf.com/miscellaneous/fifa-gb90.html | acessodata=15 de fevereiro de 2011 }} </ref>
* Jogador do Século da FIFA (votos de internautas): 2000; <ref name = "placar1277"/>
* Time dos Sonhos da FIFA: 2002; <ref>{{citar web | autor=Marcelo Leme de Arruda | titulo=World All-Time Teams | publicado=RSSSF | data=15 de maio de 2004 | obra= | url=http://www.rsssf.com/miscellaneous/wrldallt.html | acessodata=15 de fevereiro de 2011 }} </ref>

== {{Ver também}} ==
* [[Seleção de Futebol do Século XX]]
* [[Melhor Jogador do Século da FIFA]]

==Referências==
<div style="background: white; height: 200px; overflow: auto; padding: 2px; margin-bottom: 2px;" class="noprint">
{{Referências|nível=0|col=2}}
</div>

== {{Ligações externas}} ==
* {{link|es|2=http://www.diegomaradona.com|3=Página oficial}}

{{Wikiquote|Diego Maradona}}
{{commons|Maradona}}

{{Bloco de navegação
|title=Prêmios
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|FIFA 100
|Onze d'Or
|Futebolista Sul-Americano do Ano
|Campeão dos Campeões - L'Équipe
|Seleção do Século XX
|Capitães Campeões da Copa do Mundo
|Bola de Ouro das Copas do Mundo FIFA
|Seleção da Copa do Mundo de 1986
|Seleção da Copa do Mundo de 1990
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{{Club Atlético Boca Juniors}}
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{{Bloco de navegação
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{{biografias}}
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{{DEFAULTSORT:Maradona, Diego}}

[[Categoria:Futebolistas da Argentina]]
[[Categoria:Futebolistas da Asociación Atlética Argentinos Juniors]]
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[[af:Diego Maradona]]
[[am:ዲየጎ ማራዶና]]
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[[ur:ڈیاگو میراڈونا]]
[[vi:Diego Maradona]]
[[vls:Diego Maradona]]
[[yo:Diego Maradona]]
[[zh:迭戈·马拉多纳]]
[[zh-yue:馬勒當拿]]

Revisão das 21h19min de 30 de março de 2011

Ficheiro:3.5 Jackass steve-oEUA Marcelo gallinatiBRA atu.POR