Mostrar código-fonte de Duque (Roma Antiga)

[[Imagem:DIOCLETIANUS-RIC VI 299-77000989.jpg|thumb|[[Áureo]] de [[Diocleciano]] {{nwrap|r.|284|305}}]]
[[Imagem:IUSTINIANUS I - CONOB DOC 7 - 851082.jpg|thumb|[[Soldo (moeda)|Soldo]] de [[Justiniano]] {{nwrap|r.|527|565}}]]

'''Duque''' ({{langx|la|''dux''}}; plural: ''duces''; {{langx|el|δουξ||''doux''}}) foi uma palavra latina empregada para referir-se a um líder (do verbo ''ducere'', liderar) e que mais tarde evoluiria para [[duque]] e suas variadas formas ([[doge]], [[duce]], ''[[dux veteranorum]]'' etc.).

== História ==

Durante a [[República Romana]], duque poderia referir-se a qualquer um que comandasse tropas, incluindo líderes estrangeiros, mas não foi um nível militar formal. Ao escrever seus comentários sobre as [[Guerras Gálicas]], [[Júlio César]] usou o termo apenas para generais celtas, com uma exceção para um comandante romano ([[Públio Licínio Crasso (morto em 53 a.C.)|Públio Licínio Crasso]]) que não manteve nenhuma posição oficial devido a sua idade.{{sfn|Wiedemann|1986|p=483}}

Até o {{séc|III}}, duque não foi uma expressão formal de classificação dentro do exército romano ou da hierarquia administrativa.{{sfn|name=Millar191|Millar|1993|p=191}} Por meados do {{séc|III}}, contudo, adquiriu uma conotação mais precisa definindo o comandante de uma força expedicionária, geralmente composta de destacamentos (ou seja ''vexillationes'') de uma ou mais formações militares regulares. Tais nomeações foram feitas para lidar com situações militares específicas, quando a ameaça a ser combatida parecia estar além das capacidades da estrutura de comando militar baseada nas [[Província romana|províncias]] que tinha caracterizado o [[exército romano]] no [[Império Romano|Alto Império]].{{sfn|Smith|1979|p=277-278}} Uma das primeiras acepções concretas do duque como comandante militar ocorreu em [[Dura Europo]], onde vigorou como termo comum a partir dos anos 250. Sabe-se, também, que o termo duque era empregado pelos romanos como um equivalente do termo grego [[estratopedarca]] (lit. comandante do campo).<ref name=Millar191 />{{notaNT|Um dos relatos mais antigos desta associação dá-se em um relato de [[Eusébio de Cesareia]] no qual registra que, em 311/312, um ''estratopedarca'' (duque) conduziu uma investigação em [[Damasco]] durante uma temporada de perseguições.<ref name=Millar191 />}}

[[Imagem:Byzantine Empire Themes 1025-pt.svg|thumb|esquerda|upright=1.2|Mapa da estrutura administrativa do [[Império Bizantino]] em 1025. Os comandos regionais orientais, sob diversos duques ou catepanos, estão delineados.]]

Do tempo de [[Galiano]] {{nwrap|r.|253|268}} os duques foram invariavelmente homens perfeitíssimos (''viri perfectissimi''), ou seja, membros da segunda classe da [[ordem equestre]].{{sfn|Christol|1978|p=537-538}} Como tais, eles teriam ficado fora do comando das [[Legião romana|legiões provinciais]] que estavam geralmente sob os homens egrégios (''Viri Egregii'') - equestres da terceira classe.{{sfn|Nagy|1965|p=290-307}} Sob [[Diocleciano]] {{nwrap|r.|284|305}} o termo duque passou a designar o comandante militar dos [[limítanes]] estacionados dentro das fronteiras de uma província; em 492 o [[imperador bizantino|imperador]] {{lknb|Anastácio|I Dicoro}} {{nwrap|r.|491|518}} legou aos duques o comando das tropas móveis ([[comitatenses]]). Nesta acepção o termo apareceu pela primeira vez em 289 como o título oficial de duque daqueles nos limites da província (''dux limitis provinciae illius'').{{sfn|name=Kazh659|Kazhdan|1991|p=659}} Os duques estiveram normalmente à parte da administração civil dos [[vigário (governador)|vigários]] [[Diocese romana|diocesanos]],{{sfn|Jones|1964|p=607-608}} havendo províncias excepcionais ([[Mauritânia (província romana)|Mauritânia]], [[Tebaida]], [[Isáuria]]) nas quais o governador combinou funções civis e militares. Com o tempo, os duques gradualmente adquiriram mais poder, podendo, em casos excepcionais, comandar os destacamentos de várias províncias civis.<ref name=Kazh659 />{{sfn|Jones|1964|p=608-609}}{{notaNT|No Egito, sob [[Diocleciano]] e sob [[Constantino]], o duque teve jurisdição sobre as forças do [[Egito (província romana)|Egito]], [[Tebaida]] e das [[Cirenaica (província romana)|duas Líbias]].{{sfn|Jones|1964|p=101}}}}

Sob [[Justiniano]] {{nwrap|r.|527|565}} a administração do [[Império Bizantino]] passou por drásticas transformações: o [[mestre dos soldados]] (''magister militum''), até este momento o principal comandante das tropas imperiais, perdeu sua importância em detrimentos dos duques que, além de se multiplicarem, se tornaram comandantes militares reais em suas circunscrições, por vezes chamadas ducados ({{langx|el|Δουκατον||''Doukaton''}}). Nesta posição, o título foi empregado até a segunda metade do {{séc|X}}. Das principais regiões sob comando de duques pode-se citar: Egito (após 535),{{sfn|name=Brehi275|Bréhier|2000|p=97-98; 275}}{{notaNT|No Egito, a administração passou para as mãos de duques regionais após a abolição da [[Diocese do Egito]] pelo imperador [[Justiniano]]. Nesta região, os duques foram responsáveis pela manutenção das fortalezas e da ordem, comandaram os exércitos e podiam até entrar em acordos militares com o inimigo. Eles, assim, assumiram uma importância considerável já que estavam à frente de todos os serviços civis e militares, bem como de justiça, polícia e finanças. Mais do que a defesa do território, o exército foi responsável por garantir tanto a ordem pública como a arrecadação dos impostos.{{sfn|Bréhier|2000|p=97-98; 275}}}} [[Ducado de Antioquia|Antioquia]] (969), [[Cáldia]] (969), [[Tessalônica]], [[Adrianópolis]] (após 971), [[Mesopotâmia]] (976) e [[Península Itálica|Itália]]. H. Ahrweiler associa o duque ao [[catepano]], sendo que ele também correspondia ao [[doméstico das escolas]] e, junto com o [[mega-duque]] (''megas doux''), foi o comandante da [[marinha bizantina|frota]]. Após o {{séc|XII}} o termo perdeu prestígio e os governadores de pequenos [[tema (distrito bizantino)|temas]] passaram a se chamar duques.<ref name=Kazh659 />

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== Bibliografia ==

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* {{Citar livro|sobrenome=Bréhier|nome=Louis|título=Les Institutions de l'Empire Byzantin|ano=2000|editora=Albin Michel|local=Paris|isbn=978-2-226-04722-9|ref=harv}}

* {{Citar periódico|último=Christol|primeiro=M.|título=Un duc dans une inscription de Termessos (Pisidie)|jornal=Chiron|volume=8|ano=1978|ref=harv}}

* {{Citar livro|sobrenome=Jones|nome=Arnold Hugh Martin|título=The Later Roman Empire, 284-602|local=Baltimore (Maryland)|editora=Johns Hopkins University Press|ano=1964|ref=harv}}

* {{Citar livro|sobrenome=Kazhdan|nome=Alexander Petrovich|autorlink=Alexander Kazhdan|título=The Oxford Dictionary of Byzantium|editora=Oxford University Press|local=Nova Iorque e Oxford|ano=1991|isbn=0-19-504652-8|ref=harv}}

* {{Citar livro|sobrenome=Millar|nome=Fergus|título=The Roman Near East, 31 B.C.-A.D. 337|editora=Harvard University Press|ano=1993|ref=harv}}

* {{Citar periódico|ultimo=Nagy|primeiro=Prof. T.|título=Commanders of Legions in the age of Gallienus|jornal=Acta Archeologica Hungarica|volume=XVII|ano=1965|ref=harv}}

* {{Citar periódico|ultimo=Smith|primeiro=Prof. R.E.|título=Dux; Praepositus|ano=1979|jornal=Zeitschrift für Papyrologie und Epigraphik|volume=36|ref=harv}}

* {{Citar periódico|ultimo=Wiedemann|primeiro=Thomas|título=The Fetiales: A Reconsideration|jornal=Classical Quarterly|volume=36|ano=1986|ref=harv}}

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{{Roma Antiga}}

[[Categoria:Duque (Roma Antiga)]]
[[Categoria:Títulos militares romanos]]