Casal da Madalena: diferenças entre revisões

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Casal da Madalena, trata-se de uma pequena aldeia da Freguesia de Cernache do Bonjardim. Apesar de pequena em dimensão territorial e habitacional,é muito grande em termos socio cultural.
Casal da Madalena, trata-se de uma pequena aldeia da Freguesia de Cernache do Bonjardim. Apesar de pequena em dimensão territorial e habitacional,é muito grande em termos socio cultural.
De referir, o grupo dos tambores e o rancho como exemplos mais marcantes.
De referir, o grupo dos tambores e o rancho como exemplos mais marcantes.

Revisão das 18h13min de 28 de dezembro de 2008

Casal da Madalena, trata-se de uma pequena aldeia da Freguesia de Cernache do Bonjardim. Apesar de pequena em dimensão territorial e habitacional,é muito grande em termos socio cultural. De referir, o grupo dos tambores e o rancho como exemplos mais marcantes. Embora não existam certezas absolutas quanto à origem do grupo dos tambores, sabe-se, porém algumas coisas que poderão ajudar a relatar a sua história. Segundo relatos de pessoas mais idosas da aldeia, a tradição dos tambores, já era vivida na aldeia pelos seus avós. Por isso, conclui-se que tenha garantidamente 150 anos. O grupo dos tambores era constituído por jovens rapazes de Casal da Madalena, com a tropa por cumprir e/ou solteiros. Estes juntavam-se numa casa própria (sede), confraternizando e aproveitando o tempo a organizar actividades, tais como, a divisão do burro “pulhas”, as partidas de Carnaval, o enterro do Entrudo, a serração da velha, a as fogueiras, o cantar dos reis, etc. Ao longo dos tempos, tiveram diversas casas como sede. Aí guardavam algum material e os instrumentos, como, os pífaros, ferrinhos, pandeiretas e tambores. Assim é fácil concluir, a ligação e a origem da designação “Malta dos Tambores” de Casal da Madalena. Pois os tambores, juntamente com os pífaros, o senhor tinto e as chouriças assadas eram peças fundamentais nos convívios por eles realizados. Os convívios eram realizados preferencialmente à noite, depois do trabalho e iluminados pelas candeias a azeite. Por vezes, faziam as famosas arruadas, ao toque de tambores e pífaros, nas ruas da aldeia e nas aldeias vizinhas. Aí organizavam-se, com um grupo à frente a tocar, os jovens aspirantes a meio e os mais velhos atrás, munidos de cachaporras, salvaguardando possíveis manifestações dos visitados. Os instrumentos usados, eram executados por eles e deixados de geração em geração. Os tambores eram feitos com peles de cabrito, curtidas em urina. Os pífaros eram feitos com canas da Índia e os ferrinhos em ferro. Esta rapaziada, não era bem vista por algumas pessoas da aldeia. Pois, quando acontecia alguma coisa de mal, era associado à Malta dos Tambores. A partir, da década de 70, este grupo deixou de existir. A geração seguinte não se interessou em continuar estas tradições. Até que, nos últimos anos, um grupo de antigos membros se disponibilizou em reeditar a tradição, adquirindo tambores e organizando as genuínas Festas dos Tambores. Agora veio para ficar?! O futuro à juventude pertence…

Casal da Madalena, é rica em tradições, tais como a serração da velha,as pulhas e as murças.

A “Serração da Velha”, é uma antiga tradição popular, inserida nos rituais de passagem, marcados pelo desejo simbólico de regeneração e renovação. Realiza-se na Quaresma, entre o Carnaval e a Páscoa. Um grupo de rapazes forma o cortejo, carregando uma boneca em forma de velha, percorrendo a aldeia durante a noite e visitando a casa das senhoras mais idosas da aldeia. A rapaziada serra com um serrote de braçal, um cortiço fingindo ser uma velha. Esta pode ser “interpretada” por um outro folião, que aos berros pede para não ser serrada. O povo acompanha a encenação com gritos de “ Serra a Velha, Serra a Velha”, “Arrepende-te velha a tua hora está a chegar”. Como recompensa e em troca de tal partida, a velha costumava brindar a rapaziada, lançando pela janela os dejectos do seu penico.

"AS Pulhas" é um ritual, alusivo à época festiva Carnavalesca, vivido não só em Casal da Madalena, como em outras paragens. Consistia em partilhar, de forma fictícia e alegórica as diversas partes de um burro morto, a determinados “sortudos” da aldeia, que se destacavam pelos bons e maus motivos, aspecto, profissão, etc. A rapaziada dirigia-se para os locais mais elevados da aldeia, nomeadamente, o Cerro (hoje Rua Santa Maria Madalena), Cabeço Cinzeiro, Cabeçada. Aí munidos de um funil (cabaça), proclamavam, oferecendo em forma de verso as partes do burro mais adequadas a cada pessoa. Como por exemplo: O Sr.………por ser um bom pedreiro fica com uma costela do burro para fazer um ponteiro. (Senhor com filhas vaidosas) O Sr.……… por ser um homem de bons parentes fica com uma queixada do burro para fazer um pente para as filhas fazerem a permanente. O Sr.……… por ser um bom chofer, fica com duas ferraduras do burro para fazer uns brincos à mulher. O Sr.……… por fazer boas caçadas, fica com fel do burro para fazer um bolso para transportar a espingarda. O Sr.……… por ser o dono do animal, fica com o lombo do burro para comer no dia de Carnaval. O Sr.………que fazia o seu engato, fica com os colhões do burro para dar força ao lagarto. (Senhor com falta de vista) O Sr.……… por ser amigo da malta, fica com o olho do burro, mas não que lhe faça falta. (Senhor com uma picota muito alta) O Sr...…… conhecido por António Mota, fica com uma costela do burro para fazer uma agulha para a picota. O Sr...……por viver à entrada do pinhal, fica com o osso do burro para se defender de qualquer animal. (Senhor que tinha muitas filhas) O Sr.………por ser de boas famílias, fica com uma pá do burro por dar comer às filhas. O Sr………por ser o dono da casa dos tambores, fica com um presunto do burro e ainda ficamos a dever favores. "As murças" era um traje típico e genuíno em forma de capucho concebido e usado pelas mulheres Casaleiras. As murças, colocadas sobre a cabeça, visavam proteger a cabeça, costas e braços das mulheres do campo, dos Invernos chuvosos e frios. Eram preferencialmente usadas aquando a apanha da azeitona. Este traje, era executado por poucas pessoas da aldeia. Estas começavam por espalhar o pano bastante espesso numa ampla sala. Aí cortavam as diversas faixas que compõem a murça e costuravam posteriormente. Ainda hoje, as murças são associadas às mulheres Casaleiras.