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O '''Butô''' ({{lang-ja|舞踏|墨絵}}) ou ainda '''''Ankoku Butô'''''<ref>{{Citar web|titulo=Holodeck: ANKOKU BUTOH (BUTÔ): A DANÇA DAS TREVAS|url=https://noholodeck.blogspot.com/2011/12/ankoku-butoh-buto-danca-das-trevas.html|obra=Holodeck|data=14 dezembro 2011|acessodata=2020-02-16|primeiro=Alberto Hermanny|ultimo=Filho}}</ref><ref>{{Citar web|titulo=Butoh|url=http://cidadedasartes.rio.rj.gov.br/noticias/interna/63|obra=Cidade das Artes|acessodata=2020-02-16|lingua=pt-BR|ultimo=Weway}}</ref>(暗黒舞踏, lit <nowiki>''Dança das Trevas''</nowiki>) é uma dança que surgiu no [[Japão]] pós-guerra e ganhou o mundo na década de 1970. Criada por [[Tatsumi Hijikata]] ([[9 de março]] de [[1928]] - [[21 de janeiro]] de [[1986]]) na década de 1950 o butô é também inspirado nos movimentos de vanguarda, expressionismo, surrealismo, construtivismo, entre outros.
O '''butô''' ({{lang-ja|舞踏|墨絵}}) ou ainda '''''Ankoku Butô'''''<ref>{{Citar web|titulo=Holodeck: ANKOKU BUTOH (BUTÔ): A DANÇA DAS TREVAS|url=https://noholodeck.blogspot.com/2011/12/ankoku-butoh-buto-danca-das-trevas.html|obra=Holodeck|data=14 dezembro 2011|acessodata=2020-02-16|primeiro=Alberto Hermanny|ultimo=Filho}}</ref><ref>{{Citar web|titulo=Butoh|url=http://cidadedasartes.rio.rj.gov.br/noticias/interna/63|obra=Cidade das Artes|acessodata=2020-02-16|lingua=pt-BR|ultimo=Weway}}</ref>(暗黒舞踏, lit <nowiki>''Dança das Trevas''</nowiki>) é uma dança que surgiu no [[Japão]] pós-guerra e ganhou o mundo na década de 1970. Criada por [[Tatsumi Hijikata]] ([[9 de março]] de [[1928]] - [[21 de janeiro]] de [[1986]]) na década de 1950 o butô é também inspirado nos movimentos de vanguarda, expressionismo, surrealismo, construtivismo, entre outros.
Juntamente com ele, [[Kazuo Ohno]] ([[27 de outubro]] de [[1906]] - [[1 de junho]] de [[2010]]) divide a criação desta dança.
Juntamente com ele, [[Kazuo Ohno]] ([[27 de outubro]] de [[1906]] - [[1 de junho]] de [[2010]]) divide a criação desta dança.


== História ==
== História ==
O Butoh é o resultado, não artístico, mas muito mais filosófico, da confluência de duas culturas completamente opostas e nitidamente anacrônicas: a ocidental, que vinha sendo consubstanciado pelos idos da modernidade de uma ideologia americana dos anos 50; e pela oriental, extremamente embasada em séculos e séculos da mais pura tradição milenar japonesa.
O butô é o resultado, muito mais filosófico que artístico, da confluência de duas culturas completamente opostas e nitidamente anacrônicas: a ocidental, que vinha sendo moldada pela ideologia americana dos anos 1950, e pela oriental, embasada em séculos e séculos da mais pura tradição milenar japonesa.


Tatsumi Hijikata e Kazuo Ohno, os expoentes e criadores da arte Butoh, buscaram nas vanguardas europeias, como no expressionismo, no cubismo e no surrealismo, e nas danças japonesas, como e Bugaku, a inspiração para a criação de suas artes.
Tatsumi Hijikata e Kazuo Ohno, os expoentes e criadores da arte butô, buscaram nas vanguardas europeias, como no expressionismo, no cubismo e no surrealismo, e nas danças japonesas, como e bugaku, a inspiração para a criação de sua arte.


Seguindo a estética de artes que tinham como proposta a subversão de convenções, caracteristicamente assumidas pelas vanguardas, o Butoh busca uma forma de expressão que não seja necessariamente coreografada, nem presa a movimentos estereotipados que remetam a uma técnica específica. O Butoh preocupa-se em expressar a individualidade do butoka, sem máscaras e véus de alegoria; expressar o que o ser humano tem de verdade em sua alma, em seu espírito, mesmo que para isso desvende o que pode haver de mais sórdido, solitário e trevas no interior do dançarino. E para que isso seja expresso, não cabe que o meio pela qual se dá a expressão seja preso a convenções que mascaram a verdade da alma humana. O que deve ser feito, segundo a filosofia Butoh, é libertar-se das formas do corpo e do pensamento.
Propondo a subversão das convenções notadamente assumidas pelas vanguardas, o butô busca uma forma de expressão que não seja necessariamente coreografada, nem presa a movimentos estereotipados que remetam a uma técnica específica. Preocupa-se em expressar a individualidade do butoka sem máscaras nem véus de alegoria, mostrando o que o ser humano tem de verdade na alma, no espírito mesmo que para isso desvende o que pode haver de mais sórdido, solitário e obscuro no interior do dançarino. E, a fim de que isso venha à tona, não cabe que o meio no qual se dá a expressão seja preso a convenções que mascaram a verdade interior do ser humano. O que deve ser feito, segundo a filosofia do butô, é libertar-se das formas do corpo e do pensamento.


Kazuo Ohno utilizava termos bastante sugestivos para a transmissão de seus conhecimentos aos seus discípulos, tais quais: o corpo morto o qual sugere um corpo e uma alma vazia, livre, leve, sem empecilhos que o impeça de expressar-se. Aqui também está incluso a ideia do “olho de peixe” que lembra os olhos de um cadáver, sem vida e estático, porém, assim como o peixe, extremamente vivo e pronto para reagir, assim como deve ser o butoka; crazy dance, estilo livre referindo-se ao livrar-se de convenções que estipulam os movimentos do corpo e da mente, uma expressão pura, completamente concernente à peculiaridade de cada butoka; o passado, os mortos segundo Kazuo, só somos hoje o que somos, graças aos nossos mortos; aqui está inclusa a ideia do zen budismo da transitoriedade das coisas, de que é necessário a morte para que haja a vida.
Kazuo Ohno utilizava termos bastante sugestivos para a transmissão de conhecimentos aos discípulos. Eram eles: ''o corpo morto'' o qual sugere um corpo e uma alma vazios, livres, leves, sem empecilhos que os impeçam de exprimir-se, incluindo-se aqui também a ideia do “olho de peixe”, que lembra os olhos de um cadáver, sem vida e estático, porém, assim como o peixe, extremamente vivo e pronto para reagir, como deve ser o butoka; ''crazy dance'', ''estilo livre'' referindo-se ao livrar-se de convenções que determinam os movimentos do corpo e da mente, uma expressão pura, particular a cada butoka; ''o passado, os mortos'' segundo Kazuo, só somos hoje o que somos graças aos nossos mortos; aqui está inclusa a ideia zen-budista da transitoriedade das coisas, ou seja, a noção de que é necessária a morte para que haja a vida.


Como toda a arte que fica grafada nas páginas da história, o Butoh expressa o que é universal, expressa o que é o ser humano com a sua torpe verdade. Assim, tanto para o butoka quanto para aqueles que o vêem dançar, as máscaras sociais são arrancadas e a verdade de cada um é brutalmente desvendada causando, consequentemente, uma espécie de alvoroço interior que nos obriga a sair de nossas estaticidades e conformações em busca do nosso verdadeiro eu. Assim, se compreende o intento de Hijikata ao pretender o Butoh não como uma simples dança, mas como uma filosofia.
Como toda a arte que fica grafada nas páginas da história, o butô manifesta o que é universal, o que é o ser humano com a sua torpe verdade. Assim, tanto para o butoka quanto para aqueles que o veem dançar, as máscaras sociais são arrancadas, e a verdade de cada um é brutalmente desvendada, causando, por consequência, uma espécie de alvoroço interior que nos obriga a sair de nossas estaticidades e conformações em busca do nosso verdadeiro eu. Assim, se compreende o intento de Hijikata ao pretender o butô não como uma simples dança, mas como uma filosofia.


== Ver também ==
== Ver também ==

Revisão das 19h21min de 24 de outubro de 2020

O butô (em japonês: 舞踏, transl. 墨絵) ou ainda Ankoku Butô[1][2](暗黒舞踏, lit ''Dança das Trevas'') é uma dança que surgiu no Japão pós-guerra e ganhou o mundo na década de 1970. Criada por Tatsumi Hijikata (9 de março de 1928 - 21 de janeiro de 1986) na década de 1950 o butô é também inspirado nos movimentos de vanguarda, expressionismo, surrealismo, construtivismo, entre outros. Juntamente com ele, Kazuo Ohno (27 de outubro de 1906 - 1 de junho de 2010) divide a criação desta dança.

História

O butô é o resultado, muito mais filosófico que artístico, da confluência de duas culturas completamente opostas e nitidamente anacrônicas: a ocidental, que vinha sendo moldada pela ideologia americana dos anos 1950, e pela oriental, embasada em séculos e séculos da mais pura tradição milenar japonesa.

Tatsumi Hijikata e Kazuo Ohno, os expoentes e criadores da arte butô, buscaram nas vanguardas europeias, como no expressionismo, no cubismo e no surrealismo, e nas danças japonesas, como nô e bugaku, a inspiração para a criação de sua arte.

Propondo a subversão das convenções notadamente assumidas pelas vanguardas, o butô busca uma forma de expressão que não seja necessariamente coreografada, nem presa a movimentos estereotipados que remetam a uma técnica específica. Preocupa-se em expressar a individualidade do butoka sem máscaras nem véus de alegoria, mostrando o que o ser humano tem de verdade na alma, no espírito — mesmo que para isso desvende o que pode haver de mais sórdido, solitário e obscuro no interior do dançarino. E, a fim de que isso venha à tona, não cabe que o meio no qual se dá a expressão seja preso a convenções que mascaram a verdade interior do ser humano. O que deve ser feito, segundo a filosofia do butô, é libertar-se das formas do corpo e do pensamento.

Kazuo Ohno utilizava termos bastante sugestivos para a transmissão de conhecimentos aos discípulos. Eram eles: o corpo morto — o qual sugere um corpo e uma alma vazios, livres, leves, sem empecilhos que os impeçam de exprimir-se, incluindo-se aqui também a ideia do “olho de peixe”, que lembra os olhos de um cadáver, sem vida e estático, porém, assim como o peixe, extremamente vivo e pronto para reagir, como deve ser o butoka; crazy dance, estilo livre — referindo-se ao livrar-se de convenções que determinam os movimentos do corpo e da mente, uma expressão pura, particular a cada butoka; o passado, os mortos — segundo Kazuo, só somos hoje o que somos graças aos nossos mortos; aqui está inclusa a ideia zen-budista da transitoriedade das coisas, ou seja, a noção de que é necessária a morte para que haja a vida.

Como toda a arte que fica grafada nas páginas da história, o butô manifesta o que é universal, o que é o ser humano com a sua torpe verdade. Assim, tanto para o butoka quanto para aqueles que o veem dançar, as máscaras sociais são arrancadas, e a verdade de cada um é brutalmente desvendada, causando, por consequência, uma espécie de alvoroço interior que nos obriga a sair de nossas estaticidades e conformações em busca do nosso verdadeiro eu. Assim, se compreende o intento de Hijikata ao pretender o butô não como uma simples dança, mas como uma filosofia.

Ver também

Referências

  1. Filho, Alberto Hermanny (14 dezembro 2011). «Holodeck: ANKOKU BUTOH (BUTÔ): A DANÇA DAS TREVAS». Holodeck. Consultado em 16 de fevereiro de 2020 
  2. Weway. «Butoh». Cidade das Artes. Consultado em 16 de fevereiro de 2020 
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