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'''Sanatórios''', muito comuns nos tempos mais antigos, são edifícios para onde os doentes com [[tuberculose]] eram encaminhados, ficando assim completamente excluídos da sociedade. Regra geral, situavam-se em locais altos e arejados, proporcionando um contacto privilegiado com a natureza.
O "Sanatório da Serra da Estrela", em [[Portugal]], por exemplo, situa-se num local elevado, e apesar do seu estado degradado, apresenta fortes marcas da sua utilização no passado.


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== Sanatório Vicentina Aranha ==
[[Categoria:Doenças]]


'''Ficha técnica'''
Autor do Projeto - Francisco de Paula Ramos de Azevedo, arquiteto e Arnaldo Vieira de Carvalho, engenheiro civil.
Ano de Construção: 1918/Ano da Inauguração: 1924

'''Histórico'''
O Vicentina Aranha foi o primeiro sanatório a ser construído na cidade de São José dos Campos e um dos primeiros do País. Devido à Santa Casa de Misericórdia de São Paulo não poder mais comportar a quantidade de doentes tuberculosos, além da necessidade de isolamento que a doença requeria, sentiu-se a necessidade de construir um Hospital.

Da inauguração (1924) até 1945, o prédio sofreu várias reformas e ampliações, recebendo capela, necrotério, casa interna do médico, etc. O edifício foi elaborado pelo arquiteto paulista F. P. Ramos de Azevedo e realizado pelo engenheiro Augusto Toledo. Encontrava-se fora da cidade, para isolamento e descanso. Era muito arborizado, com eucaliptos e bambus, para proteger dos ventos frios.

Com as mudanças nos métodos de tratamento da tuberculose e as possibilidades de cura, após 1945, passou a diminuir suas atividades. Passou, em 1990, a abrigar um Hospital Geriátrico, por decisão da Santa Casa, sendo sua função atualmente. Abriga, também, uma Associação de Apoio ao Fissurado Labial Palatal e o Centro de Atividades para a Terceira Idade.

Em 28 de agosto de 1996 é preservado por lei municipal n.º 4.928/96 através do COMPHAC, sendo preservado os edifícios e toda a área utilizada pelo sanatório (Setor de preservação). Em 25 de julho de 2001, no Parque Municipal de São José dos Campos “Roberto Burle Marx”, foi assinado a resolução sc nº 44, tornando o sanatório um bem tombado pelo CONDEPHAAT.


'''Quem foi Vicentina de Queiros Aranha'''
Esposa do Senador Olavo Egídio, sonhou com a assistência aos tuberculosos. A tuberculose era uma das preocupações entre as epidemias (varíola, tifo e febre amarela) que exigia uma ação social efetiva. O contingente de tuberculosos, naquele momento, era significativo e naturalmente demandava os hospitais paulistanos, uma vez que a cidade reunia, por seu porte, melhores condições para o tratamento médico com profissionais habilitados e instituições sedimentadas, entre as quais se destacava a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.

Sua campanha prosseguiu, mesmo após sua morte. O senador levou avante sua idéia. Com ele trabalhou Paulo Setúbal, casado com Francisca, filha do Senador. A necessidade de se edificar um hospital de isolamento para os tuberculosos, além de ser coerente com a mentalidade médica, naquela ocasião, tinha a seu favor outro fator muito importante.

A participação de Ramos de Azevedo
O renomado Engenheiro e Arquiteto Francisco de Paula Ramos de Azevedo (1851 – 1928) era, na época, chefe da Comissão de Obras da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e responsável pela maioria das obras que atestavam a intensa urbanização da capital paulista, entre elas, vale citar o edifício do Tesouro Nacional (1886- 1891), o Quartel de Polícia, na Luz (1888), o Hospital Militar (1893), a Escola Politécnica(1894), o Edifício do Liceu de Artes e Ofícios (1897-1900), o Hospital Psiquiátrico do Juqueri (1898), o Teatro Municipal de São Paulo (1903-1911) e a Penitenciária do Estado, no Carandiru (1919). Assim sendo, coube naturalmente, ao Escritório Técnico Francisco de Paula Ramos de Azevedo & Cia projetar mais esta obra, no caso o Sanatório Vicentina Aranha que, devido ao caráter do tratamento e a fatalidade que representava o contágio da tuberculose, deveria ficar numa cidade próxima a São Paulo e que oferecesse as condições necessárias para sediar tal empreendimento.

Em março de 1914, a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo adquiriu uma chácara em São José dos Campos, através de donativo feito pela Câmara Municipal de São Paulo, para a construção de um Sanatório para tuberculosos. A escolha da cidade se deu devido ao clima que era ideal para o tratamento da doença.

A autoria do projeto do Sanatório Vicentina Aranha, creditada ao Escritório Ramos de Azevedo, constitui-se em importante informação visto que, até o presente momento, nenhuma referência sobre ela foi encontrada nas publicações sobre as obras de Francisco de Paula Ramos de Azevedo.

Sobre a grandiosidade estrutural do sanatório
Reconhecido como o mais completo e com o melhor arranjo espacial, expresso na estrutura formal e o funcional do conjunto arquitetônico, o Sanatório Vicentina Aranha, apontado como um dos maiores da América Latina, configura-se como a obra mais importante do período denominada fase sanatorial, e que, além do padrão de serviço oferecido, serviu como referência obrigatória para outras edificações, no município, com finalidades idênticas.

O Sanatório Vicentina Aranha está localizado numa parte da cidade que foi denominada, a partir de 1932, Zona Sanatorial, hoje, área de uso residencial de alto valor imobiliário. Este complexo hospitalar está incrustado em uma área verde de consideráveis proporções, cercado por muros de alvenaria em toda a sua extensão.

A composição espacial apresenta soluções projetuais que ratificam a importância do Hospital para Alienados de Juqueri (1898), como referência decisiva no contexto da obra do próprio Ramos de Azevedo. Mas, se por um lado é possível identificar semelhanças no conjunto hospitalar do sanatório Vicentina Aranha, por outro, sobressaem as particularidades de um hospital para o tratamento da tuberculose pulmonar, o que sublinha ainda mais sua importância no conjunto da obra do Escritório F.P. Ramos de Azevedo & Cia diante dos demais conjuntos hospitalares.

Há semelhanças na distribuição dos serviços em pavilhões isolados, interligados por meio de galerias cobertas, a casa do diretor, construída nas proximidades, permitindo uma inspeção zelosa e imediata, pavilhões colocados simetricamente em torno de uma vasta praça, com os destinados aos homens, à direita, e os das mulheres à esquerda. Pode-se ver semelhança ainda, na escala (três pavimentos) dos edifícios, no monobloco vertical, uma grande sala de refeições, copa, banheiros e lavatórios contíguos às peças de dormir ou enfermaria, lavanderia com estufas para secagem, galeria coberta, de uso exclusivo dos doentes, guarnecendo a face do edifício voltada para o seu respectivo pátio, oferecendo a eles abrigo durante as horas de recreação repouso e passeio. A cozinha ocupa a parte central do conjunto para prover, satisfatoriamente as necessidades de todos os pavilhões.

O Vicentina Aranha é um sanatório constituído por mais de um edifício, o que faz dele um hospital do tipo pavilhonar, formando um conjunto arquitetônico, ou seja, cada edificação justifica-se simultaneamente, como abrigo para uma atividade específica, mas integrando um sistema que a envolve. Possui pavilhões que se configuram às edificações principais, complementados por edificações de apoio, anexos a capela. Estão distribuídos em um terreno que, em 1929, ocupava uma área de 488.000 m². Seus limites iniciavam-se na Rua Engenheiro Prudente Meireles de Moraes, a parte frontal até hoje, descendo as laterais pelas avenidas São João e Nove de Julho até atingir as margens do Ribeirão Vidoca onde estão agora os bairros Jardim Apollo e Vila Ema.

'''Dimensões e técnicas construtivas'''
Parte significativa da área ocupada originalmente foi loteada para fins habitacionais na década de 70, dando origem a bairros residenciais. Atualmente, a área do antigo Sanatório Vicentina Aranha é de 84.500 m². Nesta área estão distribuídos os 15 módulos (edificações) existentes sendo eles: Pavilhão São João – 998.93 m², Pavilhão São José – 1178.62 m², Pavilhão Central 3775.35 m², Pavilhão Mariana Crespi – 403.62 m², Refeitório 1056.53 m², Pavilhão Alfredo Galvão 181.30 m², Pavilhão Paulista 827.58 m², Lavanderia – 520.45 m², Caldeira 376.88 m², Laboratório – 167.80 m², Manutenção 360.52 m², Necrotério 56.44 m², Portaria 105.26 m², Capela 339.71 m², Gruta – 34.60 m². E além das edificações o Sanatório é circundado por um bosque com área de 43.887,90 m², separados em canteiros com paisagismo e canteiros com bosque e algumas espécies raras e centenárias como: Mogno, Peroba Rosa, Jequitibá, Jacarandá da Bahia, Gonçalo Alves, Pau Mulato, Jatobá, Brauna Preta, Araribá, Guarantã, Cabreuba Vermelha, Louro Pardo e outros.

A técnica construtiva utilizada nas edificações são: para a vedação, alvenaria de tijolos maciços, com paredes que chegam a 0.30m de espessura, todas embocadas, rebocadas e pintadas, tendo barra impermeável em tinta a óleo ou azulejo branco nas áreas úmidas. A cobertura, feita com telhas do tipo francesa, repousa sobre estrutura de madeira (tesouras). As galerias, ligando os diferentes edifícios, não tem vedação lateral e, na cobertura, em duas águas, usou-se madeira aparelhada para dispensar forros e demais revestimentos. Os forros são executados, geralmente, com estuque de gesso francês, sendo que o encontro com as paredes é arredondado por razões assépticas.

Uma das particularidades de um hospital para a cura da tuberculose pulmonar é a ventilação e a insolação nas edificações, visto que, ambos os fatores são considerados de propriedades terapêuticas. No caso do sanatório Vicentina Aranha, há áreas livres entre os edifícios que, geralmente, resguardam a distância de 50m, para garantir ventilação e insolação ideais.

'''Perfil arquitetônico'''
Dentre as características arquitetônicas principais podemos citar o telhado dos pavilhões pequenos que apresentam uma espécie de lanternim que possibilita a entrada de luz, a edificação dos prédios a aproximadamente 0.50m do solo constituindo uma espécie de barra impermeável para o pavimento térreo formando assim os porões para ventilação providos de abertura com grades de ferro, o piso do quartos, enfermarias, biblioteca e administração em madeira (tábua corrida), o ladrilho hidráulico na cozinha, banheiros, refeitório, área de circulação, galerias de cura e todo setor médico. Encontra-se bem à frente do hall do Pavilhão Central uma marquise em estrutura de ferro fundido, no estilo Art-Nouveau, de procedência não determinada, com cobertura em vidro na época, segundo depoimentos, compondo o alpendre da entrada, construído para o abrigo dos doentes que chegavam ao sanatório em dias de chuva, as janelas com vergas em arco abatido, ao centro do Pavilhão Central, alternam-se as janelas com ângulos retos que compõem todo o resto da fachada.

O Sanatório Vicentina Aranha encerrou suas atividades, para tratamento dos doentes de tuberculose, na década de 60. Os últimos pacientes de tuberculose pulmonar deixaram o sanatório, juntamente com os pacientes geriátricos, em outubro de 1981, quando parte das instalações foi cedida ao antigo Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), que ali funcionou até abril de 1990. Neste mesmo ano iniciaram reforma em alguns setores para, a partir de então, manter atividades médicas voltadas para o tratamento de doentes crônicos e idosos – Hospital Geriátrico, além de sediar a Associação de Apoio ao Fissurado Lábio Palatal (AAFLAP) que ocupa o Pavilhão Pequeno para Mulheres.

Este conjunto arquitetônico é amplamente reconhecido pela comunidade como um dos mais importantes da fase sanatorial. Em termos arquitetônicos é uma referência das primeiras manifestações da modernidade no Vale do Paraíba, sendo protegido como patrimônio histórico estadual pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico - CONDEPHAAT.

Revisão das 17h04min de 26 de agosto de 2007

Sanatórios, muito comuns nos tempos mais antigos, são edifícios para onde os doentes com tuberculose eram encaminhados, ficando assim completamente excluídos da sociedade. Regra geral, situavam-se em locais altos e arejados, proporcionando um contacto privilegiado com a natureza. O "Sanatório da Serra da Estrela", em Portugal, por exemplo, situa-se num local elevado, e apesar do seu estado degradado, apresenta fortes marcas da sua utilização no passado.

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