Geopolítica da Europa: diferenças entre revisões

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A '''[[Geopolítica]] da [[Europa]]''', apesar de não possuir um território extenso, é dividida Clarice fuma em numerosos países pequenos e médios. Alguns como, como o [[Vaticano]], [[Mônaco]] e [[San Marino]], não são maiores do que uma cidade; outros são pouco mais extensos: [[Liechtenstein]], [[Malta]] e [[Andorra]]. Fora a [[Rússia]], os maiores países são a [[França]] e [[Espanha]], menores que alguns [[estado (subdivisão)|estados]] [[brasil]]eiros, como [[Bahia]] e [[Minas Gerais]]. No total, a Europa 48 [[nação|nações]], em que imperam [[sistema de governo|sistemas de governo]] [[república|republicanos]] e, em alguns casos, [[monarquia|monárquicos]].<ref name="ANTUNES 7">{{citar livro|autor=ANTUNES, Celso|título=Geografia e participação: Europa , Ásia, África e Oceania|local=São Paulo|editora=Scipione|ano=1991|volume=4|página=7|id=}}</ref>

Todos os [[país]]es podem ainda serem classificados como pertencentes à [[Europa Oriental]] ou [[Europa Ocidental|Ocidental]], divisão que coincide com a estrutura político-econômica adotada pelos Estados europeus após a [[Segunda Guerra Mundial]]; os países socialistas faziam parte da Europa Oriental, em que o Estado centralizava as [[atividade econômica|atividades econõmicas]], enquanto os países capitalistas, em que a economia baseava na livre iniciativa, localizavam-se na Europa Ocidental.<ref name="ANTUNES 7"/>

[[Ficheiro:Map-Germany-1945.svg|thumb|direita|upright=1.39|[[Zonas ocupadas pelos Aliados na Alemanha]] em [[1947]], com os territórios a leste da [[linha Oder-Neisse]] sob administração [[Polônia|polaca]] ou anexação [[União Soviética|soviética]], além do [[protetorado de Sarre]] e a [[Muro de Berlim|Berlim dividida]]. A [[Alemanha Oriental]] era formada pela Zona Soviética, enquanto a [[Alemanha Ocidental]] era formada pelas zonas [[Estados Unidos|estadunidense]], [[Reino Unido|britânica]] e [[França|francesa]] em [[1949]] e do [[Sarre]] em [[1957]].]]<ref name="ANTUNES 8">{{citar livro|autor=ANTUNES, Celso|título=Geografia e participação: Europa , Ásia, África e Oceania|local=São Paulo|editora=Scipione|ano=1991|volume=4|página=8|id=}}</ref>

Essa classificação conforme já foi dita, passou a existir somente após a [[Segunda Guerra Mundial]], quando as duas potências, [[União Soviética]] e [[Estados Unidos]], libertaram territórios, regiões e cidades do [[Alemanha Nazista|domínio nazista]] e passaram a impor sua influência sobre eles. As tropas soviéticas ocuparam temporariamente os países do [[leste europeu]], e a [[Alemanha]] teve seu território dividido em dois setores, constituido dois países: a [[República Federal da Alemanha]], [[oeste|ocidental]] e [[capitalismo|capitalista]], e a [[República Democrática Alemã]], [[leste|oriental]] e [[socialismo|socialista]]. [[Berlim]], a antiga capital alemã, sofreu a mesma divisão. Somente em [[1990]], após 45 anos de separação: as duas Alemanhas foram reunificadas.<ref name="ANTUNES 8"/>

Logo após a guerra, entre [[1945]] e [[1955]], houve um período denominado '''[[Guerra Fria]]''', em que os atritos entre as duas grandes potências se acentuaram. Criou-se, no Ocidente, a expressão '''[[Cortina de Ferro]]''' para indicar a divisão rígida entre os países da [[Europa Ocidental]] — que, com a ajuda dos Estados Unidos, se recuperaram economicamente e permaneceram capitalistas e liberais — e os da [[Europa Oriental]] — que, sob influência da União Soviética, se tornaram '''repúblicas populares''', adotando uma economia socialista e coletivista.<ref name="ANTUNES 8"/>

[[República popular]] é a designação comum aos [[Estado]]s constituídos por uma [[Frente Popular]] que consegue as diversas tendências políticas de um [[país]], sempre dominadas pelos ideais do proletariado (operariado) e do [[Partido Comunista]].<ref name="ANTUNES 8"/>

A Europa Ocidental é, com poucas exceções, altamente desenvolvida e industrializada; consome considerável parcela da economia mundial e produz grandes quantidades de [[aço]], [[cimento]], [[máquina]]s, [[automóvel|automóveis]], [[vinho]], [[trigo]], [[cevada]] e [[laticínio]]s, além de inúmeros outros artigos.<ref name="ANTUNES 8"/>

As excelentes condições em que vive a maior parte do continente refletem-se não só nos indicadores econômicos, mas também nos dados sociais: quase inexistência de [[analfabetismo|analfabetos]], alto [[PIB per capita]], baixo crescimento vegetativo, etc.<ref name="ANTUNES 8"/>

Há, entretanto, algumas áreas que ainda apresentam economia basicamente agrícola e [[desenvolvimento]] [[indústria|industrial]] menos acentuado. Constituem exceção certas partes dos países da [[Europa Meridional]]: [[Portugal]], [[Espanha]], [[Grécia]], [[Itália]] e a parte europeia da [[Turquia]]. Na última década foram feitos esfoços no sentido de mudar esse quadro, de modo a integrar essas regiões ao padrão sócio-econômico do continente.<ref name="ANTUNES 8"/>

Há, ainda o caso da parte oriental da parte oriental da Alemanha que, embora possua indústrias de base, apresenta marcante desnível sócio econômico em relação à parte ocidental do país.<ref name="ANTUNES 8"/>

Também na Europa Oriental há grande industrialização, principalmente na [[Rússia]]. Desde que esses países se tornaram [[república]]s populares, sua [[economia]] passou a ser controlada pelo Estado e tornou-se planificada, o que levou ao incentivo para a criação e o desenvolvimento de indústrias de base e de equipamentos.<ref name="ANTUNES 8"/>

À semelhança do que ocorre no lado ocidental, também os países europeus orientais apresentam alguns constrastes entre si, uns com maior, outros com menor índice de desenvolvimento.<ref name="ANTUNES 8"/>

[[Ficheiro:Reagan and Gorbachev signing.jpg|thumb|180px|esquerda|[[Mikhail Gorbachev]], [[Secretário-Geral do Partido Comunista da União Soviética]] e [[Ronald Reagan]], [[Presidente dos Estados Unidos]] assinando o [[Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário|Tratado INF]].]]

A partir da segunda metade da [[década de 1980]], foram iniciadas diversas reformas políticas e econômicas em todo o [[leste europeu]], graças à eleição de [[Mikhail Gorbatchev]] para secretário do [[Partido Comunista da União Soviética]] em [[1985]], época em que a [[crise econômica]] do país tinha se agravado bastante. Visando a vida econômica e política da União Soviética, Gorbatchev iniciou a ''[[glasnost]]'' (abertura política) e a ''[[perestroika]]'' (reestruturação econômica).<ref name="ANTUNES 9">{{citar livro|autor=ANTUNES, Celso|título=Geografia e participação: Europa , Ásia, África e Oceania|local=São Paulo|editora=Scipione|ano=1991|volume=4|página=9|id=}}</ref>

Inicialmente, a ''perestroika'' pretendeu realizar liberalização controlada da [[economia]], para posteriormente, introduzir a [[economia de mercado]], por meio da entrada cada vez maior de [[empresa transnacional|transnacionais]] e da privatização de empresas estatais, tanto na [[indústria]] como no [[comércio]] e na [[agricultura]].<ref name="ANTUNES 9"/>

No plano político, iniciaram-se também reformas importantes: a ''glasnost'' permitiu a volta e a libertação de dissidentes presos ou exilados, as discussões políticas livres e a abertura de imprensa. A mais importante reforma, no entanto, foi substituição de partido único. Até então, tanto na [[União Soviética]], como nos demais países socialistas europeus, existe o monopóilio político do [[Partido Comunista]]. A partir do início de [[1990]], em vários países da [[Europa Oriental]] foram marcadas eleições livres e pluripartidárias, ou seja, além do próprio Partido Comunista, outros partidos puderam concorrer às eleições, e muitos foram vitoriosos.<ref name="ANTUNES 9"/>

Apesar de todas essas reformas, os países do leste europeu ainda se diferenciavam dos países da [[Europa Ocidental]], tradicionalmente [[capitalismo|capitalistas]], porque estavam atravessando um período de transição da [[economia planificada]] para a economia de mercado.<ref name="ANTUNES 9"/>

As mudanças, de forma mais profunda, espalharam-se pelos demais demais [[país]]es do leste europeu e as repercussões ainda não foram totalmente reconhecidas. O andamento dessas mudanças foi mais acelerado em [[1989]], quando se deflagrou uma série de acontecimentos por toda a Europa Oriental. Veja o quadro a seguir:<ref name="ANTUNES 9"/>

{| class="wikitable" border="1"
|-
! Data
! Acontecimento
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| '''Janeiro'''
| O [[Parlamento]] [[Hungria|Húngaro]] aprova o plupartidarismo (a ser regulado em outubro).
|-
| '''[[26 de março]]'''
| Tem lugar o primeiro turno das [[eleição|eleições]] para a formação do [[Congresso]] dos [[Deputado]]s do [[Povo]].
|-
| '''[[17 de abril]]'''
| Na [[Polônia]], depois de dois meses de negociações, o [[governo]] volta a legalizar o [[sindicato]] independente [[Solidarność]] (proscrito em [[1982]]).
|-
| '''Maio'''
| O [[Política da Hungria|governo húngaro]] abre a fronteira com a [[Áustria]]. Isso permitirá, mais tarde, que milhares de [[Alemanha Oriental|alemães-orientais]] fujam para o [[Ocidente]], acelerando a queda do [[governo]] de [[Berlim]].
|-
| '''[[25 de maio]]'''
| O [[Congresso]] dos [[Deputado]]s do [[Povo]] elege [[Mikhail Gorbatchev]] [[presidente da República]].<ref name="ANTUNES 9"/>
|-
| '''6 a 18 de junho'''
| Políticos ligados aos [[Solidarność]] vencem as [[eleição|eleições]] parlamentares [[Polônia|polonesas]], realizadas em dois turnos. O governo propôs uma coalizão encabeçada pelo [[Partido Comunista|PC]]. O Solidarność rejeita.
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| '''24 de agosto'''
| Depois de [[discussão|discussões]], ameaças e composições do [[Partido Comunista|PC]] do [[Solidarność]], o editor [[catolicismo romano|católico]] [[Tadeusz Mazowiecki]] é indicado premiê, para formar um governo do coalizão. É o governo de maoria não-comunista no [[leste europeu]].
|-
| '''17 de outubro'''
| O dirigente [[Alemanha Oriental|alemão-oriental]] [[Erich Honecker]] cai em consequência de protestos de rua por [[democracia]]. É substituído por [[Egon Krenz]], também do PC, que promete reformas.
|-
| '''23 de outubro'''
| A [[república popular|República Popular]] da [[Hungria]] muda de nome e passa a chamar-se [[República da Hungria]].
|-
| '''7 de novembro'''
| Caem todos os ministros do novo governo [[Alemanha Oriental|alemão-oriental]]. Mais tarde, Hans Modrow, também [[comunismo|comunista]], mas da ala reformista, assumiria o [[governo]].
|-
| '''9 de novembro'''
| Cai o [[muro de Berlim]].
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| '''10 de novembro'''
| O dirigente [[Bulgária|búlgaro]] [[Todor Jivkov]] (35 anos de poder) renuncia a todos os cargos. É substituído por líderes comunistas reformistas.
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| '''24 de novembro'''
| Manifestação por [[democracia]] reúne 400 mil em [[Praga]] ([[capital]] [[República Tcheca|tcheca]]). O dirigente Milos Jakes renuncia.
|-
| '''30 de novembro'''
| O governo [[Tchecoslováquia|tcheco]] abre as [[fronteira]]s.
|-
| '''2 e 3 de dezembro'''
| [[Mikhail Gorbatchev]] e [[George Bush]] se encontram em [[Malta]] para uma reunião de cúpula.
|-
| '''18 de dezembro'''
| Protestos em [[Timisoara]] ([[Romênia]]) exigem democracia. A [[polícia secreta]] do ditador [[Nicolau Ceausescu]] abre fogo contra os [[manifesto|manifestantes]], deixando milhares de [[morte|mortos]].
|-
| '''23 de dezembro'''
| Os [[protesto]]s se espalham por todo o [[país]]. O [[Exército]] adere aos manifestantes e tem início uma [[guerra civil]].
|-
| '''25 de dezembro'''
| O [[exército]] [[Romênia|romeno]] já controla quase todo o país. [[Elena Ceauşescu|Ceausescu]] e sua mulher, Elena, são presos, julgados em segredo e fuzilados.<ref name="ANTUNES 9"/>
|}
=={{Ver também}}==
* [[Europa]]
* [[Primeira Guerra Mundial]]
* [[Segunda Guerra Mundial]]
* [[Guerra Fria]]

{{referências}}

=={{Ligações externas}}==
* [http://diplo.org.br/+-Geopolitica-da-Europa-+ Geopolítica da Europa] (em [[Língua portuguesa|português]])

[[Categoria:História militar da Europa]]

Revisão das 11h11min de 5 de outubro de 2012