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Guerra dos Farrapos: diferenças entre revisões

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{{Infobox Guerra
|image=[[Imagem:MuseuJulio11.jpg|300px]]
|caption=[[Guilherme Litran]], ''Carga de cavalaria Farroupilha'', acervo do [[Museu Júlio de Castilhos]].
|conflict=Guerra dos Farrapos
|date=[[19 de Setembro]] de [[1835]] ; [[1 de Março]] de [[1845]]
|place=Sul do [[Brasil]]
|result=Vitória Militar Imperial; <br>Vitória Política Republicana
|combatant1=<center>[[Imagem:Flag_of_Piratini_Republic.svg|50px]]<br>[[República Rio-Grandense]]
|combatant2=<center>[[Imagem:Flag of the Second Empire of Brazil.svg|50px]]<br>[[Império do Brasil]]
|commander1=[[Bento Gonçalves da Silva]]<br>[[Antônio de Sousa Neto]]<br>[[Giuseppe Garibaldi]]<br>[[Davi Canabarro]]
|commander2=[[Pedro II do Brasil]]<br>[[Luís Alves de Lima e Silva|Lima e Silva]]<br>[[Marques de Sousa]]<br>[[Bento Manuel Ribeiro]]
}}
'''Guerra dos Farrapos''' ou '''Revolução Farroupilha''' são os nomes pelos quais ficou conhecida uma revolução ou guerra regional de caráter republicano contra o governo imperial do Brasil <ref>{{Citar web | url = http://www.brasilescola.com/historiab/guerra-farrapos.htm | titulo = Guerra dos Farrapos | ultimo = Day | primeiro = Peter | data = [[17 de Dezembro]] de [[1997]] | publicado = Brasil Escola | citacao = | accessdata = 2007-03-27}}</ref> <ref>{{Citar web | url = http://www.brasilescola.com/historiab/revolucao-farroupilha.htm | titulo = Revolução Farroupilha | ultimo = Souza | primeiro = Rainer | data = [[20 de Janeiro]] de [[2002]] | publicado = RioGrande | citacao = | accessdata = 2007-03-27}}</ref>, a então [[província de São Pedro do Rio Grande do Sul]]<ref>{{Citar web | url = http://www.riogrande.com.br/municipios/palegre_historia.htm | titulo = Informações sobre os primórdios da capital | ultimo = | primeiro = | data = [[30 de Março]] de [[2004]] | publicado = Brasil Escola | citacao = | accessdata = 2007-03-27}}</ref>, e que resultou na declaração de independência da [[província]] como estado republicano, dando origem à [[República Rio-Grandense]]<ref>{{Citar web | url = http://www.infoescola.com/historia/republica-rio-grandense/ | titulo = República Rio Grandense | ultimo = Santanna | primeiro = Miriam | data = [[9 de Março]] de [[2008]] | publicado = Infoescola | citacao = | accessdata = 2008-03-27}}</ref>. Foi de [[1835]] a [[1845]]: é o conflito armado mais duradouro que ocorreu no continente americano.

A revolução, que originalmente não tinha caráter separatista, influenciou movimentos que ocorreram em outras províncias brasileiras: irradiando influência para a Revolução Liberal que viria ocorrer em São Paulo em [[1842]] e para a Revolta denominada [[Sabinada]] na [[Bahia]] em [[1837]], ambas de ideologia do [[Partido Liberal]] da época, moldado nas [[Maçonaria|Lojas Maçônicas]]. Inspirou-se na recém finda guerra de independência do [[Guerra da Cisplatina|Uruguai]], mantendo conexões com a nova república do [[Rio da Prata]], além de províncias independentes argentinas, como [[Corrientes]] e [[Santa Fé]]. Chegou a expandir-se à costa brasileira, em [[Laguna]], com a proclamação da [[República Juliana]] e ao planalto catarinense de [[Lages]]. Teve como líderes: [[Bento Gonçalves da Silva|Bento Gonçalves]], [[Antônio de Sousa Neto|General Neto]], [[Onofre Pires]], [[Lucas de Oliveira]], [[Vicente da Fontoura]], [[Pedro Boticário]], [[Davi Canabarro]], [[Vicente Ferrer de Almeida]], [[José Mariano de Mattos]], além de receber inspiração ideológica de italianos [[carbonário]]s refugiados, como o cientista [[Tito Lívio Zambeccari]] e o jornalista [[Luigi Rossetti]], além de [[Giuseppe Garibaldi]], que embora não pertencesse a [[carbonária]], esteve envolvido em movimentos republicanos na [[Itália]]. A questão da [[abolicionismo|abolição da escravatura]] também esteve envolvida, organizando-se exércitos contando com homens negros que aspiravam liberdade.

==Antecedentes e causas==
{{Rebeliões do Brasil Império|imagem= [[Imagem:Guerra farrapos.jpg|300px]]|legenda=Trecho do quadro ''[[A batalha dos Farrapos]]'', de [[Wasth Rodrigues]].}}
A justificativa original se centrava no conflito político entre os liberais que propugnavam um modelo de estado com maior autonomia às províncias, e o modelo imposto pela constituição de [[Pedro I do Brasil|D. Pedro I]] de caráter unitário. Além disso, havia uma disseminação de ideais separatistas, tidos por muitos gaúchos como o melhor caminho para a paz e a prosperidade, seguindo o exemplo da [[Província Cisplatina]];

Entretanto o movimento também encontrou forças na posição secundária, tanto econômica como política, que a [[Província de São Pedro do Rio Grande]] ocupava nos anos que se sucederam à [[Independência do Brasil|Independência]]. Diferentemente de outras províncias, cuja produção de gêneros primários se voltava para o mercado externo, como o [[açúcar]] e o [[café]], a do Rio Grande do Sul produzia principalmente para o mercado interno. Seus principais produtos eram o [[charque]] e o [[couro]]. As charqueadas produziam para a alimentação dos [[escravo]]s [[africano]]s, indo em grande quantidade para abastecer a atividade [[mineração|mineradora]] nas [[Minas Gerais]], para as plantações de [[cana-de-açucar]] e para a região sudeste, onde iniciava-se a [[cafeicultura]]. A região, desse modo, encontrava-se muito dependente do mercado brasileiro de [[charque]], que com o [[câmbio]] supervalorizado, e benefícios tarifários, podia importar o produto por custo mais baixo. Além disso, instalava-se nas [[Províncias Unidas do Rio da Prata]], uma forte [[indústria saladeiril]], da qual participava [[Rosas]], e que, junto com os ''saladeros'' do Uruguai (que deixara de ser brasileiro) competiria pela compra de gado da região, pondo em risco a viabilidade econômica das [[charqueada (produção de charque)|charqueadas]] sul-riograndenses.

Conseqüentemente, o charque rio-grandense tinha preço maior do que o similar oriundo da [[Argentina]] e do [[Uruguai]], perdendo assim competitividade no mercado interno. A tributação da concorrência externa era uma exigência dos estancieiros e charqueadores . Esta tributação não era do interesse dos principais compradores brasileiros que eram os que detinham as concessões das lavras de mineração, os produtores de [[cana-de-açucar]] e os [[Cafeicultura|cafeicultores]], pois veriam reduzida a lucratividade das mesmas, por maior dispêndio na manutenção dos escravos.

Há que considerar, ainda, que o Rio Grande do Sul, era região fronteiriça aos domínios hispânicos situados na [[Rio da Prata|região platina]]. Devido às disputas territoriais nesta área, nunca fora uma [[Capitanias do Brasil|Capitania Hereditária]] no período colonial e, sim, parte de seu território , desde o [[século XVII]] ocupado por um sistema de concessão de terras a chefes militares. Estes dispunham de capacidade de opor-se militarmente ao fraco exército imperial na região. Ainda mais, na então ainda recente e desastrosa [[Guerra da Cisplatina]], que culminou com a perda da área territorial do [[Uruguai]], anteriormente anexada ao [[Brasil]], as posições dos militares e caudilhos locais foram sobrepujadas por comandos oriundos da corte imperial (como o [[Marquês de Barbacena]]). Além disso a imposição de presidentes provinciais por parte do Governo imperial que ia contra o direcionamento político da [[Assembléia Legislativa Provincial]] do Rio Grande do Sul, era mais um motivo de desagrado da elite regional.

Também é preciso citar o conflito ideológico presente no [[Rio Grande do Sul]], a partir da criação da [[Sociedade Militar]], no Rio de Janeiro, um clube com simpatia pelo Império, e até mesmo suspeito de simpatizar com a restauração de [[Pedro I do Brasil|D. Pedro I]]. Um dos seus líderes foi o [[Conde de Rio Pardo]], que ao chegar a Porto Alegre em outubro de [[1833]], fundou ali uma filial. Os [[estancieiro]]s rio-grandenses não viam com bons olhos a ''Sociedade Militar'' e pediam que o governo provincial a colocasse na ilegalidade. Entre os protestos eclodiu uma rebelião popular, liderada pelos majores [[José Mariano de Matos]] e [[João Manuel de Lima e Silva]] que foi logo abafada e seus líderes punidos.

==Os farrapos==
[[Farrapos]] ou [[farroupilhas]] eram chamados todos os que se revoltaram contra o governo imperial, e que culminou com a [[Proclamação da República Rio-Grandense]]. Era um termo considerado originalmente pejorativo, já utilizado há pelo menos uma década para designar sul-riograndenses vinculados ao Partido Liberal, oposicionistas e radicais ao governo central, destacando-se os chamados ''jurujubas''. O termo, oriundo do parlamento, com o tempo foi adotado pelos próprios revolucionários, de forma semelhante à que ocorreu com os ''[[sans-cullote]]s'' à época da [[Revolução Francesa]]. Seus oponentes imperiais eram por eles chamados de ''[[caramurus]]'', termo jocoso em geral aplicado aos membros do [[Partido Restaurador]] no Parlamento Imperial.

Inicialmente, reivindicavam a retirada de todos os portugueses que se mantinham nos mais altos cargos do Império e do Exército, mesmo depois da Independência, respaldados pelo [[Partido Restaurador]] ou ''caramuru''. Os caramurus almejavam a volta de D. Pedro I ao governo do Brasil.

No entanto, é bom notar que entre os farrapos havia os que acreditavam que só tornando suas províncias independentes poderiam, obter uma "sociedade chula", ou seja, administrada por provincianos. Havia, portanto, estancieiros, estancieiros-militares, farroupilhas-libertários, militares-libertários, estancieiros-farroupilhas, abolicionistas e escravos que buscavam a liberdade, e assim por diante, numa combinação e inter-penetração ideológica sem fim. Inicialmente nem todos eram republicanos e separatistas, mas os acontecimentos e os novos rumos do movimento conduziram a esse desfecho. A [[maçonaria]] sulista teve importante papel nos rumos tomados, tendendo aos ideais republicanos.

==A Revolta Farroupilha==
[[Image:MuseuJulio13.jpg|210px|thumb|Lenço decorado usado pelos Farroupilhas. Acervo do Museu Júlio de Castilhos]]
No ano de [[1835]] os ânimos políticos estavam exaltados. O descontentamento de estancieiros, liberais, industriais do charque, e militares locais promoviam reuniões em casas de particulares, destacando-se a figura de [[Bento Gonçalves da Silva|Bento Gonçalves]].

Naquele ano foi nomeado como presidente da Província [[Antônio Rodrigues Fernandes Braga]], nome que apesar de inicialmente ter agradado aos liberais, aos poucos se mostrou pouco digno de confiança. No dia em que tomou posse, Fernandes Braga fez uma séria acusação de separatismo contra os estancieiros rio-grandenses, chegando a citar nomes, o que praticamente liquidou as chances de conviver em paz com os seus governados.

Na noite de [[18 de setembro]] de [[1835]], houve uma reunião histórica na loja Maçônica Philantropia e Liberdade, da qual [[Bento Gonçalves da Silva]] era [[Maçonaria|Venerável-Mestre]]. Ficava na Rua da Igreja, n° 67, atual Rua Duque de Caxias, no trecho que começa no [[Solar dos Câmara]], em [[Porto Alegre]]. O número remete, provavelmente, ao prédio antigo da [[Assembléia Provincial]], existente até hoje. Estavam presentes [[José Mariano de Mattos]] (um ferrenho separatista), [[José Gomes de Vasconcelos Jardim|Gomes Jardim]] (primo de Bento e futuro Presidente da [[República Rio-Grandense]]), [[Vicente da Fontoura]] (farroupilha, mas anti-separatista), [[Pedro Boticário]] (fervoroso farroupilha), [[Paulino da Fontoura]] (irmão de Vicente, cuja morte seria imputada a Bento Gonçalves, estopim da crise na República), [[Antônio de Sousa Neto]] (imperialista e farroupilha, mas simpatizava com as idéias republicanas) e [[Domingos José de Almeida]] (separatista e grande administrador da República).

Decidiu-se por unanimidade, nesta reunião, que dali a dois dias, no dia [[20 de Setembro]], de 1835 tomariam militarmente [[Porto Alegre]] e destituiriam o presidente provincial [[Fernandes Braga]].

Em várias cidades do interior as milícias estavam alertas para deflagrarem a revolta. Bento comandava uma tropa reunida em [[Pedras Brancas]], hoje cidade de [[Guaíba]].
[[Gomes Jardim]] e [[Onofre Pires]] eram os comandantes farroupilhas aquartelados, com cerca de 400 homens, no morro da [[Azenha]], o atual Cemitério São Miguel e Almas. Mantinham, no dia [[19 de Setembro]] de 1835, um piquete nas imediações da ponte da Azenha, com orientação para interceptar quem por ali transitasse, evitando que se alertasse o presidente de suas presenças.

Estavam, portanto, os farroupilhas, a uma prudente distância da vila. O piquete avançado, com 30 homens, posto nas imediações da ponte da Azenha era comandado por [[Manuel Vieira da Rocha]], o Cabo Rocha e aguardava o amanhecer do dia 20 para investir, junto com o restante da tropa, contra os muros da vila.

Porém Fernandes Braga ouvira comentários e insinuações. Desconfiado, mandou uma partida de 9 homens sob o comando de [[José Gordilho de Barbuda Filho]], o 2° Visconde de Camamu, fazer um reconhecimento, mesmo à noite. Descuidados e inexperientes, os guardas se fizeram notar. Alertas e de prontidão, o piquete republicano atacou os imperiais, que fugiram em desabalada correria, resultando 2 mortos e cinco feridos. Um dos feridos, o próprio Visconde, alertou Fernandes Braga da revolta . Eram 11 horas da noite de [[19 de Setembro]] de [[1835]].
[[Imagem:Diogo Antônio Feijó.jpg|border|thumb|left|170px| Regente Imperial Padre Feijó ]]
Braga não dormiu. Logo ao amanhecer estava junto ao arsenal de guerra, hoje Ponta do [[Gasômetro]], [[Porto Alegre]], tentando reunir homens para a resistência. Porém, até o meio da tarde somente 17 homens se apresentaram para defender a cidade.
Vendo armas e munição escassa, Braga resolve fugir a bordo da escuna ''Rio-Grandense'', seguido pela canhoneira ''19 de Outubro'', indo parar em [[Rio Grande]], então maior cidade da Província. Não sem antes voltar ao palácio do Governo, pegar alguns documentos e todo o dinheiro dos cofres da Província.

Os farroupilhas adiaram a investida combinada, devido ao inusitado da noite anterior. Somente ao amanhecer o dia [[21 de Setembro]] de 1835, chegam às portas da cidade, Bento Gonçalves da Silva e demais comandantes, seguidos por suas respectivas tropas. Porto Alegre abandonada, sem resistência, entregou-se aos revolucionários.

Estava praticamente cumprida a missão. Apenas alguns focos de resistência em Rio Pardo e São Gabriel, além de Rio Grande, mantinham os farroupilhas ocupados.

A [[Câmara Municipal]] reúne-se extraordinariamente para ocupar o cargo de Presidente. Na ausência dos vices imediatos, assume o quarto vice, Dr. [[Marciano Pereira Ribeiro]]. Logo expedem uma carta ao Regente Imperial Padre [[Diogo Antônio Feijó|Diogo Antônio Feijó]] explicando os motivos da revolta e solicitando a nomeação de um novo Presidente.

==A animosidade continua==
De [[Rio Grande]], [[Fernandes Braga]] embarca para o [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], capital do Império do Brasil. Uma vez na Corte, Braga passa a sua versão da história, bastante diferente da carta enviada por [[Bento Gonçalves]], o que faz o Império decidir-se por combater e esmagar a revolta.

O novo indicado [[José de Araújo Ribeiro]], veio acompanhado de um verdadeiro aparato de guerra, com brigues e canhoneiras, armamento e muitos soldados imperiais. Os [[Farroupilhas]] gaúchos temiam o mal-entendido, a perseguição, a prisão e a morte exemplar, muito utilizada pelo Império em outras revoltas.

Houve, por isso, alguma demora na Assembléia Provincial a discutir a aceitação ou não do novo indicado, o que ocasionou a assunção de Araújo Ribeiro à Presidência perante a Câmara Municipal de Rio Grande ([[15 de Janeiro]] de [[1836]]), Uma posse ilegítima e inconstitucional. Daí em diante temos dois governos “legítimos” e simultâneos na Província, situação que perduraria até o final da guerra, em [[1845]].

Como Presidente Imperial da Província, Araújo Ribeiro tratou de recompor seu exército, reunir os oficiais gaúchos contrários aos farroupilhas [[João da Silva Tavares]], [[Francisco Pedro de Abreu]] (o “Chico Pedro” ou Moringue), o então major [[Manuel Marques de Sousa]] , que viria a receber o título de "conde de Porto Alegre", [[Bento Manuel Ribeiro]] (que iria trocar de lado na disputa duas vezes), [[Manuel Luís Osório]] (o general Osório, hoje patrono da Cavalaria do Brasil), e mesmo contratar mercenários vindos do [[Uruguai]]. Administrativamente mandou fechar a Assembléia Provincial, e destituiu Bento Gonçalves do Comando da [[Guarda Nacional (Brasil)|Guarda Nacional]], nomeação feita por [[Marciano José Pereira Ribeiro]], desautorizando-o. Inicia aí a resistência em Rio Grande e a perseguição aos revoltosos.

Em [[Abril]] de [[1836]], o comandante-das-armas farroupilhas, [[João Manuel de Lima e Silva]] (tio de [[Luís Alves de Lima e Silva]], que viria a ser o Duque de Caxias), prende o Major Manuel Marques de Sousa, que é trazido junto com os demais prisioneiros para o navio-prisão ''[[Presiganga]]''. Com a ajuda de um guarda corrupto, são soltos os prisioneiros, e sob o comando de Marques de Sousa, os Imperiais retomam a cidade de [[Porto Alegre]] das mãos dos [[farroupilhas]]. Era a noite de [[15 de Junho]] de [[1836]].

Dias depois, Bento Gonçalves tentar retomar a capital, é rechaçado, e começa um sítio ao redor da cidade que ficou na história como um dos mais longos sítios militares a uma cidade brasileira. Ao todo 1.283 dias, terminando somente em [[Dezembro]] de [[1840]].

Sem o controle da capital e do único porto marítimo da província, os revoltosos estabeleceram quartel-general na cidade de [[Piratini]].

A república Riograndense tinha escasso apoio nas áreas colonizadas pela recente [[Imigração alemã no Brasil|imigração alemã]]. Estes imigrantes haviam se fixado na desativada [[Real Feitoria do Linho Cânhamo]] em colônias cedidas pelo Império, no Vale do [[Rio dos Sinos]], e esboçava uma indústria manufatureira. Em [[Porto Alegre]], apesar da simpatia de parte das camadas médias, não recebia o apoio popular, que mobilizava outras cidades da [[Província de São Pedro do Rio Grande]]. Inicialmente sua base social era originária de liberais, militares, industriais do charque e, especialmente de [[estancieiro]]s com capacidade de liderar exércitos particulares de "[[peão (rural)|peões]]", vaqueiros que lhes prestavam serviços ou deles dependiam para subsistência e defesa e cuja obediência e fidelidade era garantida por traços feudais da cultura local; e por escravos, que no meio rural eram incluídos no convívio social dos peões. Como haviam interfaces com o [[Uruguai]], também eram contratados elementos de lá provenientes. Os exímios cavaleiros forjados nas lides campeiras, chamados "[[gaúcho]]s" formavam corpos de cavalaria de choque aptos a travar uma guerra de guerrilha. Esses exércitos dispunham de alta mobilidade e conhecimento do terreno, mas sem dispor de [[infantaria]] nem adequada [[artilharia]], os Farroupilhas tinham fraca capacidade bélica contra as cidades fortificadas do Rio Grande e Porto Alegre, e pouca capacidade de defesa das praças que controlavam.

==A proclamação da República==
{{Ver artigo principal|[[República Rio-Grandense]]}}
Destacado por [[Bento Gonçalves da Silva]], [[Antônio de Sousa Neto]] desloca-se, no início de setembro de [[1836]] à região de Bagé, onde o imperial [[João da Silva Tavares]], vindo do [[Uruguai]], faz grande alarde. A Primeira Brigada de Neto, com 400 homens atravessa o [[Arroio Seival]] e encontra as tropas de Silva Tavares (560 homens) sobre uma coxilha. Era a tarde de [[10 de Setembro]] de [[1836]]. Observam-se por minutos, e Silva Tavares desce a coxilha em desabalada carga. Neto ordena também a carga de lança e espada, sem tiros. As forças se encontram em sangrento combate. Inicialmente há uma pequena vantagem para os imperiais, mas um acontecimento muda a sorte da batalha. O cavalo de Silva Tavares, com o freio arrebentado na luta, dispara em velocidade, causando a impressão de fuga, mesmo entre seus comandados. A confusão entre eles é aproveitada pelos cavaleiros de Neto com força redobrada. Os [[farrapos]] ficam quase intactos, enquanto do outro lado há 180 mortos, 63 feridos e 100 prisioneiros.

[[Image:MuseuJulio9.jpg|thumb|left|170px|Azevedo Dutra: ''Retrato de Antônio de Sousa Netto'', século XIX. Acervo do [[Museu Júlio de Castilhos]]]]
Donos do campo, os [[farroupilha]]s comemoram vibrantemente a vitória. Cresce a idéia separatista de conquistar e manter um país rio-grandense independente, entre as nações do mundo. À noite as questões ideológicas são revistas. [[Lucas de Oliveira]], [[Joaquim Pedro]], [[Teixeira Nunes]] cercam Neto. Não há outra saída a não ser enveredar pela senda da independência, não há outro desejo popular a não ser o desejo de liberdade, de [[abolição da escravatura]] e de [[democracia]] sob o sistema [[republicano]]. Se tivesse que acontecer, a hora era aquela, a hora da vitória, do júbilo, da afirmação. Neto é simpático à idéia, mas resiste diante de uma provável reprovação de seus pares. Pensa que tal proclamação de uma nova República deveria partir de Bento Gonçalves, o grande comandante de todos os farrapos. Contraporam que Bento já se decidira pela [[República]] e que hierarquia rígida era coisa do [[Império]]. O sistema republicano centra-se no povo, suas vontades e necessidades, e não na elite governativa.

Finalmente, aquiescendo o Coronel Neto, passaram a escrever a [[Proclamação da República Rio-Grandense]] que seria lida e efetivada por ele, perante a tropa perfilada, em [[11 de Setembro]] de [[1836]].

Após a cerimônia de Proclamação, irrompem todos em gritos de euforia, liberdade, e vivas à República, com tiros para o alto e cantorias. Logo chega à galope o tenente Teixeira Nunes, empunhando pela primeira vez a bandeira tricolor, mandada fazer às pressas em Bagé. Passa então a desfilar por entre seus companheiros com a bandeira verde, vermelha e amarela da [[República Rio-Grandense]], comemorando sua independência. Foi adotada uma constituição republicana conclamando as demais províncias brasileiras a unirem-se como entes federados no sistema republicano, um hino nacional e bandeira própria do novo estado, até hoje cultivados pelo Estado do Rio Grande do Sul, também estabelecida a capital na pequena cidade de Piratini, donde surgiu uma nova alcunha, [[República de Piratini]].

A partir deste momento, temos a falência imediata da Revolta Farroupilha, e o início da [[Guerra dos Farrapos]], propriamente dita. A mudança de posicionamento dos Farrapos foi imediata.
* Já não desejavam mais substituir o Presidente da Província de [[Província de São Pedro do Rio Grande|São Pedro do Rio Grande]] por outro, pois agora haveriam de ter um [[Presidente da República]] independente.
* Os combatentes não era mais revoltosos [[farroupilha]]s, mas soldados do Exército Republicano Rio-Grandense.
* O pavilhão que defendiam não era mais a bandeira imperial verde-amarela, mas a quadrada bandeira republicana verde, vermelha e amarela em diagonal (sem o brasão no meio).
* Não lutavam mais por reconhecimento e atenção, mas pela defesa da independência e soberania de seu país.
* Já não era mais a luta de revoltosos em busca de justiça, mais uma guerra de exército defensor (republicano) contra exército agressor (imperial);

==Batalha do Fanfa==
No dia [[12 de Setembro]], um dia após à [[Proclamação da República Rio-Grandense]], por [[Antônio de Sousa Neto]] conseqüente à vitória na [[Batalha do Seival]], houve a solenidade de lavratura e assinatura da Ata de Declaração de Independência, pela qual os abaixo-assinantes declaram ''não embainhar suas espadas, e derramar todo o seu sangue, antes de retroceder de seus princípios políticos, proclamados na presente declaração''. Fez-se várias cópias da Ata e foram enviadas às câmaras municipais e aos principais comandantes do Exército Republicano.

Como resposta imediata, as câmaras de [[Jaguarão]], [[Alegrete]], [[Cruz Alta]], [[Piratini]], entre outras, convocaram sessões extraordinárias onde puderam analisar e corroborar os feitos, fazendo constar em Atas Legislativas suas adesões, proclamando a ''independência política'' da [[Província]], por ser a vontade geral da maioria''.

Na sessão extraordinária da Câmara de [[Piratini]], na primeira capital da [[República Rio-Grandense]], em [[6 de Novembro]] de [[1836]], procedeu-se formalmente a votação para Presidente da República, conforme os parâmetros da época. A concorrida eleição foi vencida por Bento Gonçalves da Silva (mesmo sem estar presente e sem campanha) e primeiro vice-presidente [[José Gomes de Vasconcelos Jardim]]. Assume o vice interinamente a presidência com a incumbência de convocar uma [[Assembléia Constituinte]] para formar a [[Constituição da República Rio-grandense]].

Bento Gonçalves não pudera estar presente devido a um fato circunstancial. Ao tomar conhecimento do ato da Proclamação da República Riograndense, Bento Gonçalves levanta o sítio que impingia a [[Porto Alegre]], e passa a deslocar-se, beirando o [[Rio Jacuí]], para junção de forças com Neto. Fatalmente ele precisava atravessar o rio na [[Ilha de Fanfa]], no município de [[Triunfo]] por causa da época de cheias. Ciente dos acontecimentos, [[Bento Manuel Ribeiro|Bento Manuel ]] agora a serviço do [[Império]], desloca suas tropas a partir de Triunfo, de modo a impedir a passagem de Bento Gonçalves. [[José de Araújo Ribeiro]], alertado por Bento Manuel , envia a [[Marinha]], comandada pelo [[mercenário]] inglês [[John Grenfell]], com 18 barcos de guerra, [[escuna]]s e [[canhoneira]]s guardando o lado sul da Ilha, só percebida pelos Farrapos depois de estarem na ilha. Fechando o cerco por terra, Bento Manuel ficou senhor da situação. Era [[3 de Outubro]] de [[1836]]. Apesar da “ratoeira” em que estavam, os farrapos resistem bravamente, sabedores da proximidade das tropas de [[Crescêncio de Carvalho]], repelem os fuzileiros que desembarcam na ilha pela costa sul e qualquer tentativa de travessia pelo norte. Naquela noite, porém, [[Bento Manuel Ribeiro|Bento Manuel]] levanta a bandeira de “parlamento”. Bento Gonçalves aceita negociar. O acordo foi feito e assinado na tenda de Bento Manuel. Os Farrapos entregariam as armas, capitulariam, e voltariam livres para suas casas. Segundo Bento Manuel a guerra estaria terminada, com a vitória do Império. Ele pacificara a Província, e receberia as glórias da Corte. Porém, Bento Gonçalves não era tão ingênuo. Aceitaria as condições, sairia perdedor dali, mas estariam vivos para recuperar o tempo e o terreno perdido.

Pela manhã do dia [[4 de Outubro]] era formalizada a capitulação. Alguns guerreiros, no entanto, a entregar a arma ao inimigo, preferia jogá-la no rio. No momento em que confraternizavam as tropas (Bento Gonçalves sempre teve a esperança de trazer o primo e amigo para o convívio republicano), chega Araújo Ribeiro, em pessoa, trazido por John Grenfell. Imediatamente ordena a prisão dos Farrapos, desprevenidos e desarmados, não aceitando o combinado entre os dois Bentos. Bento Manuel colabora com a captura do maior número possível de [[Farrapos]]: [[Bento Gonçalves]], [[Tito Lívio Zambeccari | Tito Lívio]], [[Pedro Boticário]], [[José de Almeida Corte Real]], [[José Calvet]], entre outros.

A luta, porém, continuou mais acirrada. O Império despejava rios de dinheiro para recrutar mais e mais soldados paulistas e baianos, para comprar mais armas, mais munições, com pouquíssimo resultado prático.

Já a sustentação econômica da República era propiciada pelo apoio da vizinha [[República Oriental do Uruguai]], que permitia o comércio do charque produzido pelos rio-grandenses para o próprio Brasil. A exportação era feita por terra até o Porto de [[Montevidéu]], ou pelo [[Rio Uruguai]].

==Gonçalves assume a presidência==
[[Image:MuseuJulio10.jpg|thumb|right|190px|Retrato de Bento Gonçalves, século XIX. Acervo do [[Museu Júlio de Castilhos]]]]
Bento chegou à prisão do [[Forte de São Marcelo]], na [[Bahia]], em [[26 de Agosto]] de [[1837]], conseguindo fugir a [[10 de Setembro]] do mesmo ano, com a ajuda indispensável dos irmãos da [[maçonaria]]. Chegando de volta ao Rio Grande do Sul a [[16 de Novembro]] de 1837, logo assume seu posto de [[Presidente da República]].

A [[29 de Agosto]] de 1838 lança seu mais importante manifesto aos rio-grandenses onde justifica as irreversíveis decisões tomadas em favor da libertação do seu povo, e coloca a nação gaúcha no seu verdadeiro lugar entre as demais nações da Terra:
-''Toma na extensa escala dos estados soberanos o lugar que lhe compete pela suficiência de seus recursos, civilização e naturais riquezas que lhe asseguram o exercício pleno e inteiro de sua independência, eminente soberania e domínio, sem sujeição ou sacrifício da mais pequena parte desta mesma independência ou soberania a outra nação, governo ou potência estranha qualquer.Faz neste momento o que fizeram tantos outros povos por iguais motivos, em circunstâncias idênticas.'' E no trecho final, um juramento importante lembrado e cobrado pelos Farrapos de todos os tempos: - ''Bem penetrados da justiça de sua santa causa, confiando primeiro que tudo, no favor do juiz supremo das nações, eles têm jurado por esse mesmo supremo juiz, por sua honra, por tudo que lhes é mais caro, não aceitar do governo do Brasil uma paz ignominiosa que possa desmentir a sua [[soberania]] e [[independência]].
Estas palavras têm reflexo mais tarde, quando da assinatura do [[Tratado de Ponche Verde]].

Mais oito anos duraria a [[Guerra]] pela [[Independência]] da [[República Rio-Grandense]].

Pelo lado imperial, [[Araújo Ribeiro]] foi substituído a [[5 de Janeiro]] de 1837 pelo Brigadeiro [[Antero de Brito]], acirrando mais a disputa. Brito passou a acumular os cargos de Comandante das Armas e de Presidente da [[Província de São Pedro do Rio Grande]] com capital em [[Porto Alegre]] . Se Araújo era, acima de tudo, conciliador, Brito perseguiu e prendeu até mesmo civis simpatizantes das idéias [[farroupilhas]], confiscando seus bens ; alguns destes foram punidos com a pena de desterro. Em contrapartida os [[Farrapos]] eram senhores do [[pampa]], recebiam maciças adesões de militares descontentes com a nomeação de Brito, e ainda em Janeiro de 1837, ganham o apoio dos habitantes de [[Lages]] de [[Santa Catarina]], que seria um importante ponto onde os [[Farrapos]] comprariam armas e munições. O principal perseguido por Antero de Brito era o Comandande das Armas Imperiais anterior a ele, nada menos que [[Bento Manuel Ribeiro]]. Vaidoso, e prepotente, Bento Manuel não aceitava a auto-nomeação de Brito, e continuava a dar suas próprias ordens às tropas. Brito, então, sai pessoalmente ao seu encalço. Bento foge mudando de direção, como numa brincadeira de gato e rato. Situação que se arrasta até o dia [[23 de Março]] de 1837 quando, num golpe de mestre, Bento Manuel Ribeiro deixa um piquete para trás, sob o comando do Major [[Demétrio Ribeiro]] que, de surpresa, cai sobre as tropas de Brito e prende o Presidente Imperial da [[Província]]. Com isso novamente o traidor é aceito no seio farrapo, passando a combater novamente os imperiais, ao lado de Bento Gonçalves.

==Queda da Tranqueira invicta==
Em [[Rio Pardo]] estava concentrada uma divisão do exército imperial, comandada pelo marechal [[Sebastião Barreto Pereira Pinto]], com os brigadeiros [[Francisco Xavier da Cunha (brigadeiro)|Francisco Xavier da Cunha]] comandando a infantaria e [[Bonifácio Calderón]] a cavalaria, num total de 1200 combatentes.

[[Bento Manuel Ribeiro]],ao lado de [[Antônio de Sousa Neto]], em [[30 de Abril]] de [[1838]], comandando 2500 homens, 800 deles de cavalaria, surpreendem a cidade, na batalha do Barro Vermelho, derrotarando os imperiais, conquistando [[Rio Pardo]], a ex-tranqueira invicta, matando 71 homens e fazendo mais de 130 prisioneiros.

Este fato foi importante por vários aspectos. Rio Pardo formava, com [[Rio Grande]] e [[Porto Alegre]], a fronteira de domínio imperial, um ponto de apoio para a conquista do interior, tinha fama de inexpugnável, e a vitória farrapa foi incontestável. Importante também porque em Rio Pardo se encontrava, na ocasião, a Banda Imperial, sob o comando do maestro mineiro [[Joaquim José Mendanha]], que viria a compor, sob a encomenda de [[Bento Gonçalves da Silva]], o [[Hino Rio-Grandense|Hino Nacional da República Rio-Grandense]]. Com a letra do republicano [[Serafim Joaquim de Alencastre]], o hino foi executado e cantado pela primeira vez na cerimônia de comemoração do primeiro aniversário da Tomada de Rio Pardo. Hoje a música do hino é a mesma, mas foi composta outra letra, por [[Francisco Pinto da Fontoura]], o Chiquinho da Vovó, para se adequar aos novos tempos.

Cabe ressaltar que a primeira composição do Hino Nacional da República Riograndense destacava a mesma idéia dos discursos de Bento Gonçalves, de não ceder à paz vergonhosa da deposição das armas: '''“Nobre povo rio-grandense, / Povo de heróis, povo bravo! / Conquistaste a independência / Nunca mais serás escravo”'''.

==A Tomada de Laguna==
[[Imagem:Le Gray, Gustave (1820-1884) - Palerme. Portrait de Giuseppe Garibaldi, juillet 1860.jpg.jpg|thumb|190px|[[Giuseppe Garibaldi|Garibaldi]]]]

A Marinha Imperial Brasileira controlava os principais meios de comunicação da Província, a [[Lagoa dos Patos]], entre Porto Alegre, [[Pelotas]] e [[Rio Grande]] e a maior parte dos rios navegáveis. O fator estratégico de maior efeito a favor do Império era o bloqueio da [[barra]] da Lagoa dos Patos, único acesso ao porto de Rio Grande, por onde desembarcavam continuamente os reforços imperiais. A República, na segunda parte do confronto procurava manter a supremacia conquistada na região geográfica da serra do sudeste do Rio Grande do Sul, de relevo irregular e com apenas um rio que comunicava com a Lagoa dos Patos, o [[rio Camaquã|Camaquã]].

Foi preciso engendrar uma manobra incomum para conquistar um ponto que pudesse ligar o Rio Grande dos farrapos com o mar. Este ponto era [[Laguna]], em [[Santa Catarina]]. O primeiro passo era constituir a Marinha Rio-Grandense. [[Giuseppe Garibaldi]] conhecera [[Bento Gonçalves da Silva]] ainda em sua prisão, no [[Rio de Janeiro]], e obteria dele uma [[carta de corso]] para aprisionar embarcações imperiais. O plano era criar um [[estaleiro]], junto a uma fábrica de armas e munições em [[Camaquã]], na estância de [[Ana Gonçalves]], irmã de Bento Gonçalves, trazer os barcos pela Lagoa até o [[Rio Capivari]], e dali, por terra, sobre rodados especialmente construídos para isso, até a barra do [[Tramandaí]], onde os [[barcos]] tomariam o mar. Assim foi feito, mas não sem dificuldades.

Os imperiais, informados dos planos farrapos, atacaram o estaleiro de Camaquã, comandados por [[Francisco Pedro de Abreu]], o Chico Pedro, também conhecido por Moringue. Eram mais de uma centena de homens, cercando o galpão com 14 trabalhadores entrincheirados. A comandá-los, Giuseppe Garibaldi. Foram horas de ataque e resistência heróica. Quase ao anoitecer, Moringue precipita-se do esconderijo e leva um balaço no peito. Seus companheiros o recolhem e fogem tão rapidamente quanto chegaram.

Já com os lanchões [[Seival]] e Farroupilha cortando as águas da [[Lagoa dos Patos]], eram fustigados pela retaguarda pelo temível [[John Grenfell]], Comandante da [[Marinha]] Imperial na [[Província]]. Fugindo e despistando conseguem enveredar pelo estreito do [[Rio Capivari]], iniciando o caminho por terra. Ainda aí passariam por duras provações, pois era inverno, tempo feio com chuvas e ventos, tornando o chão um grande lodaçal.

[[Imagem:Anita Garibaldi - 1839.jpg|thumb|170px|left|Retrato de [[Anita Garibaldi]] ([[1839]]).]]
Por fim, a [[14 de Julho]] de [[1839]] os lanchões rumavam à [[Laguna]], sob o comando geral de [[David Canabarro]]. O ''Seival'' era comandado pelo norte-americano [[John Griggs]], conhecido como “João Grandão”, e o ''Farroupilha'' comandado por Garibaldi. Na costa de [[Santa Catarina]], próximo ao [[Rio Araranguá]], uma tempestade põem a pique o ''Farroupilha'', salvando-se milagrosamente uns poucos farrapos, entre eles o próprio Garibaldi.

Finalmente atacam Laguna por terra, com as forças de Canabarro, e por água. Entrando através da [[Lagoa de Garopaba do Sul]], passando pelo [[Rio Tubarão]] e atacando Laguna por trás, surpreendendo os imperiais que esperavam um ataque de Garibaldi pela barra de Laguna e não pela lagoa'. Garibaldi com o ''Seival'', toma Laguna, com ajuda do próprio povo lagunense, a [[22 de Julho]] de [[1839]]. A 29 deste mês proclama-se a [[República Juliana]], feito um país independente, ligada à [[República Rio-Grandense]] pelos laços do confederalismo.

Prepara-se o ataque farrapo à ilha do [[Desterro]], hoje [[Florianópolis]], mas o império contra-ataca de surpresa, com força total. Comandados pelo [[General Andréa]], por terra, mais de 3.000 homens e por mar, com uma frota de 13 navios, melhor equipados e experientes, retomam Laguna a [[15 de Novembro]] de [[1839]], expulsando os farrapos Garibaldi e Canabarro.

Garibaldi foge com Ana, que tornar-se-ia conhecida como [[Anita Garibaldi]],uma mulher lagunense casada, cujo esposo alistara-se no exército imperial, abandonando-a, um escândalo para a época. Anita veio a ser sua companheira de todos os momentos, lutando lado-a-lado com Garibaldi seja nos pampas gaúchos, como na [[Itália]], onde é considerada heroína.

==Os campos de Lages==
Em março de [[1838]] os farroupilhas haviam adentrado a região de [[Lages]], anexando-a à República Rio-Grandense, com o apoio de alguns fazendeiros locais.

Depois das queda de Laguna as tropas farrapas, tomaram o caminho de Lages para retornar ao Rio Grande do Sul. Enquanto isso o governo imperial havia decidido enviar um contingente de tropas ao sul pelo interior com a missão de retomar [[Lages]] e depois auxiliar contra o cerco de Porto Alegre pelos farrapos. Em [[Rio Negro]] reuniram-se 1500 homens, vindos do Rio de Janeiro, [[Curitiba]], [[Paranaguá]], [[Antonina]] e [[Campo do Tenente]], deslocando-se para [[Santa Cecília]], onde acamparam em [[25 de outubro]] de [[1839]].

Travando pequenos combates com piquetes farroupilhas em novembro, através dos Campos dos Curitibanos e Campos Novos, chegaram a [[Lages]], onde retomaram a vila. Dali uma parte da coluna do brigadeiro [[Francisco Xavier da Cunha (brigadeiro)|Francisco Xavier da Cunha]] decidiu seguir em direção ao [[Rio Pelotas]], para invadir o Rio Grande do Sul.

Os farrapos, derrotados em Lajes, se reuniram em um entreposto alfandegário, para cobrança de impostos sobre as tropas de gado e mulas que vinham de [[Viamão]] e seguiam para [[Sorocaba]], conhecido como Santa Vitória.

O brigadeiro Francisco Xavier da Cunha, foi informado e para lá dirigiu-se, com seus dois mil homens. Foi surpreendido, em [[14 de dezembro]] de [[1839]], por [[Teixeira Nunes]], que com sua cavalaria, conseguiu dividir a tropa legalista e o fez retroceder. Em um renhido combate as tropas legalistas foram derrotadas. O brigadeiro ferido e protegido por alguns oficiais, tentou escapar e ao cruzar o Rio Pelotas, morreu afogado.

Os farroupilhas retomaram Lajes novamente, mas as tropas legalistas foram reforçadas por uma divisão vinda de [[Cruz Alta]], sob o comando do coronel [[Antônio de Melo Albuquerque]], o "Melo Manso".

Garibaldi e Teixeira Nunes, pressentido um ataque, dividiram suas tropas, uma partiu para o norte, onde perto do [[Rio Marombas]] encontrou uma tropa legalista superior em [[12 de janeiro]] de [[1840]]. Os republicanos foram dizimados, dos 500 iniciais, menos de 50 conseguiram retornar a Lajes e depois voltar ao Rio Grande do Sul.

==1840: os farrapos perdem território==
O [[General Andréa]], que havia retomado [[Laguna]], logo é nomeado o novo Presidente Imperial da [[Província de São Pedro do Rio Grande do Sul]] e Comandante do Exército Imperial na Província.

Entre as frustrações de [[1840]] estão:
* [[Caçapava do Sul|Caçapava]], a então capital da República é invadida pelos imperiais. Instala-se a capital em [[Alegrete]].
* Em [[Julho]] os Farrapos perdem [[São Gabriel]].
* [[Francisco Pedro de Abreu]], o Moringue, surpreende [[Antônio de Sousa Neto]] quase fazendo-o prisioneiro.
* [[Bento Gonçalves da Silva]], em campanha pela conquista de [[São José do Norte]], trava duríssima batalha de quase nove horas, mas tem que desistir. As condições eram totalmente desfavoráveis; o império ameaça retomar o controle da [[Província]].

Estes insucessos, deu pretexto a lideranças de objetivos menos firmes, como [[Bento Manuel Ribeiro|Bento Manuel]], tido como ''fiel da balança'' do confronto, para abandonar os revolucionários.
[[Image:MuseuJulio5.jpg|thumb|left|230px|''Alegoria Farroupilha'', guache do século XIX. Acervo do [[Museu Júlio de Castilhos]]]]

Bento Gonçalves, ainda neste ano de 1840, em decorrência dos insucessos, acena ao Império com a possibilidade de acordo. Bento pedia ao Dr. [[Álvares Machado]] salvo-condutos para que companheiros seus pudessem atravessar impunemente os locais conquistados pelo império a fim de acertar os detalhes com os chefes imperiais de uma rendição coletiva dos Farrapos. Levavam, efetivamente, uma carta com este desígnio. Porém, havia uma outra mensagem oral a ser dada àqueles líderes, que não podia ser escrita. A manobra, porém, foi tão bem pensada e executada que enganaria até mesmo seus companheiros de luta, e motivou uma carta de reprovação escrita por [[Domingos José de Almeida]], então [[Vice-Presidente]] e [[Ministro da Fazenda]] da [[República Rio-Grandense]]. Bento não esconde seu desencanto na pouca confiança dos amigos na sua carta de resposta:
- ''Mui sensível me foi a suposição que fez S. Exa. de eu ser só por mim capaz de entrar em tratados com os delegados do império e ainda mais quando todas as proposições que se me faziam eram indignas do povo rio-grandense'' (as proposições feitas a Bento eram as mesmas expressas no [[Tratado de Ponche Verde]] , exceto a libertação dos escravos, que era impossível naquele momento para o Império). - ''Ora, nem posso imaginar como se me faz tal imputação ao passo que pelo Ten. Cel. Morais fiz ver a S. Exa. e ao General Chefe do Estado Maior a marcha do General [[David Canabarro|Canabarro]] sobre [[Pedro Labatut]] e o meu plano de campanha é que o fim principal das negociações era de ganhar o tempo de que precisava e ter desta sorte a comunicação franca com aquele General e assim fazer meus movimentos com o acerto e segurança que exigiam as circunstâncias em que me achava''. – Carta de Bento a [[Domingos José de Almeida]], [[5 de Janeiro]] de [[1841]].

Em outros combates como em novembro de [[1841]] [[Chico Pedro]] fez 20 prisioneiros e tomou 400 cavalos dos Farroupilhas, perto de São Gabriel; em Rincão Bonito o coronel [[João Propício Mena Barreto]] provoca 120 mortes, faz 182 prisioneiros e toma 800 cavalos; em [[20 de janeiro]] de [[1842]] Chico Pedro, atacado por [[Bento Gonçalves da Silva]] e 300 homens, derrota-o, provocando 36 mortes, 20 prisioneiros e capturando toda a bagagem, sofrendo somente 3 mortes e 7 feridos.

Em [[1842]], foi finalmente promulgada a [[Constituição da República Federativa do Brasil|Constituição da República]], o que deu um ânimo momentâneo à luta.

==Reforços Liberais==
O fim rebeliões em outras províncias, como a [[Sabinada]] na [[Bahia]] e a [[Revolução Liberal de 1842]] em [[São Paulo]], trazem novos reforços às tropas farrapas, como [[Daniel Gomes de Freitas]] (signatário depois do tratado de paz), o coronel Manoel Gomes Pereira, Francisco José da Rocha e João Rios Ferreira, da Bahia; e [[Rafael Tobias de Aguiar]], de São Paulo.

Por outro lado, o fim destas outras rebeliões, também liberam as tropas do exército brasileiro para concentrarem seus esforços contra os Farroupilhas.

==Intrigas : O duelo entre Bento Gonçalves e Onofre Pires==
A República Rio-Grandense não ficou isenta das disputas pelo poder. Começaram a aparecer em sua fileiras pessoas inteligentes e capazes, dispostas a rachar a necessária unidade nacional naquele momento em que a nação gaúcha precisa de todas as suas forças para combater um inimigo reconhecidamente superior em número e riqueza. E foi em [[Dezembro]] de [[1842]], quando se instalou a [[Assembléia Constituinte]], que tiveram mais força as intrigas, boatos, maledicências sem comprovação. Bento Gonçalves renuncia, por conta da campanha de intrigas, à Presidência da República Riograndense a [[4 de Agosto]] de [[1843]], assumindo seu vice [[Gomes Jardim]]. Lança um manifesto dizendo-se acometido de uma enfermidade pulmonar, que talvez já o estivesse incomodando, e incita a nação a se unir em torno do novo Presidente. Passa em seguida a comandar uma divisão do Exército Rio-Grandense.

Opositores, entre eles o deputado [[Vicente da Fontoura|Antônio Vicente da Fontoura]], induzem [[Onofre Pires]] a destratar e humilhar Bento Gonçalves, chamando-o de assassino ( de [[Paulino da Fontoura]]) e ladrão. Onofre, desafiado por Bento para um [[duelo]], realizado em [[27 de Fevereiro]] de [[1844]], é ferido no braço direito, sendo socorrido por Bento, mas vindo a falecer, dias depois, por complicações advindas daquele ferimento.

==A surpresa de Porongos==
[[Image:MuseuJulio36.jpg|thumb|300px|Um dos canhões usados pelos Farroupilhas. Permaneceu até 1926 no fundo do riacho Santa Isabel, em Camaquã, quando foi recuperado junto com outros e passou ao acervo do Museu Júlio de Castilhos]]
As coisas estavam, por isso tudo, ficando mais difíceis para os Farrapos. O [[Barão de Caxias]] (futuro Duque), nomeado Presidente da Província e Comandante Supremo Imperial, empregava toda sua força de 11.000 homens, conhecimento inteligência e experiência para minar a relativa supremacia farrapa no interior. Este iniciou uma campanha de estrangulamento da economia da República, atacando as cidades da fronteira que permitiam o escoamento da produção de [[charque]] para [[Montevidéu]]. Luís Alves de Lima e Silva recebeu instruções do Império, que temia o avanço de [[Rosas]] sobre o território litigante, para propor condições honrosas aos revoltosos, como: a anistia dos oficiais e homens, sua incorporação ao Exército Imperial nos mesmos postos, e a escolha do Presidente da Província pela Assembléia Provincial, taxações sobre o charque importado do Prata. Entretanto, uma questão permanecia insolúvel, a dos escravos libertos pela República para servir no exército republicano. Para o Império Brasileiro, era inaceitável reconhecer a liberdade de escravos dada por uma sedição, embora anistiasse os líderes da mesma revolta.

Em [[Novembro]] de [[1844]], estavam todos em pleno armistício. Suspensão de armas, condição fundamental para que os governos pudessem negociar a paz. Por isso o relaxamento da guarda no acampamento da curva do arroio Porongos. Recolheram os cartuchos de munições para colocá-los ao sol para secar. [[David Canabarro|Canabarro]] e seus oficiais imediatos foram a uma estância próxima visitar a mulher viúva de um ex-guerreiro farrapo. O coronel [[Teixeira Nunes]] e seu corpo de [[Lanceiros Negros]] descansavam. Foi então que apareceu [[Moringue]], de surpresa, quebrando o decreto de suspensão de armas. Mesmo assim o corpo de [[Lanceiros Negros]], cerca de 100 homens de mãos livres, pelearam, resistiram e bravamente lutaram até a aniquilação, em uma posição de difícil defesa. Além disso foram presos mais de 300 republicanos entre brancos e negros, inclusive 35 oficiais.

O general Canabarro, recuperado, reuniria ainda todo o restante de seu exército, cerca de 1.000 homens, e atacaria [[Encruzilhada do Sul|Encruzilhada]] a [[7 de dezembro]] de [[1844]], tomando-a e mostrando assim que a sua intenção não era entregar-se.

==Paz do Poncho Verde==
{{Ver artigo principal|[[Tratado de Poncho Verde]]}}

Por fim, a [[1 de Março]] de [[1845]], assinou-se a paz: o Tratado de Poncho Verde ou Paz do Poncho Verde. Entre suas principais condições estavam a anistia plena aos revoltosos, a libertação dos escravos que combateram no Exército piratinense e a escolha de um novo presidente provincial pelos farroupilhas. O cumprimento parcial ou integral do tratado até hoje suscita discussões. A impossibilidade de uma abolição da escravatura regionalmente restrita, a persistência de animosidade entre lideranças locais e outros fatores administrativos e operacionais podem ter ao menos dificultado, senão impedido o cumprimento integral do mesmo. Tal discussão é remetida para o [[Tratado do Poncho Verde|artigo principal]] deste assunto.

Dos escravos sobreviventes, alguns acompanharam o exército do General António Neto em seu exílio no [[Uruguai]], outros foram incorporados ao Exército Imperial e muitos foram vendidos novamente como escravos no [[Rio de Janeiro]].

A atuação de Luís Alves de Lima e Silva foi tão nobre e correta para com os oponentes que a Província, novamente unificada, o indicou para [[senador]]. O Império, reconhecido, outorgou ao general o título nobiliárquico de Conde de Caxias ([[1845]]). Mais tarde, (1850), com a iminência da [[Guerra contra Rosas]] seria indicado presidente da [[Província de São Pedro do Rio Grande]].

==Mídia==
{{Audio|Hino Republicano RS 1835.mid|''Hymno Republicano Riograndense de 1835''}}
*Notas sobre o "Hymno republicano riograndense de 1835": A partitura manuscrita pertencente ao acervo do [[Museu Júlio de Castilhos]], [[Porto Alegre]], e nela consta a inscrição "''Este hino foi solfejado pelo m''...(palavra ilegível, interpretada pelos técnicos do Museu como ''ministro'') ''Augusto Pereira Leitão, revolucionário de 35''". O acorde de 7ª na abertura foi realizado como um ''arpeggio'' à guisa de introdução. Foram alterados acidentes nos compassos 14 e 18 que indicavam Lá#, incongruente com a clave de Fá maior (talvez erro de cópia), e acrescentado um # no Fá do baixo, que constava natural contra um Fá# da melodia acima, na falsa preparação para Sol menor. Também uma nota do baixo do segundo compasso foi alterada de Lá para Si''b'' por aparentemente ser um erro de harmonia, comparando-se com passagem idêntica mais adiante que traz o Si''b'' no mesmo ponto.

{{ref-section}}

=={{Ver também}}==
* [[República Rio-Grandense]]
* [[República Juliana]]
* [[Batalha dos Porongos]]
* [[Tratado de Ponche Verde]]
* [[Anexo:Cronologia da Guerra dos Farrapos|Cronologia da Guerra dos Farrapos]]
* [[Rio Grande do Sul]]
* [[A Casa das Sete Mulheres]], minissérie de 2003

{{Commons|Category:War of Tatters}}

=={{Bibliografia}}==
* Anais do [[Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul]]
* [http://www.feevale.br/editora/files/aspectos.pdf HARTMAN, Ivar : '''Aspectos da Guerra dos Farrapos''' .Feevale, Novo Hamburgo, 2002. Edição eletrônica]
*[http://www.ipct.pucrs.br/letras/saopedro/HTM/02/015.HTM ROSA, Othelo. '''As causas da Revolução Farroupilha'''. Revista Província de São Pedro, n.2, 1945. Edição eletrônica.]
* [http://www.memorial.rs.gov.br/cadernos/garibaldi.pdf SANT'ANA, Elma, "Garibaldi e as Repúblicas do Sul", Cadernos de História, Memorial do Rio Grande do Sul. Edição Eletrônica.]
* [http://www.memorial.rs.gov.br/cadernos/bentogaribaldi.pdf SANT'ANA, Elma, "Bento e Garibaldi na Revolução Farroupilha", Caderno de História, nº 18, Memorial do Rio Grande do Sul. Edição Eletrônica.]
* [http://www.memorial.rs.gov.br/cadernos/caramurus.pdf PICCOLO, Helga, "A paz dos caramurus",Caderno de História, nº 14, Memorial do Rio Grande do Sul. Edição Eletrônica.]
* SILVA, Alfredo P.M. ''Os Generais do Exército Brasileiro, 1822 a 1889'', M. Orosco & Co., Rio de Janeiro, 1906, vol. 1, 949 pp.

== {{Ligações externas}}==
* [http://www.resenet.com.br/causas_rev.htm Guerra dos Farrapos].[[Cláudio Moreira Bento]]. Artigo em Resenet

{{wikisource|Ata Nº 67 da Loja Maçônica Philantropia e Liberdade|''Balaustre 67 da Loja Maçônica Philantropia e Liberdade''}}


{{Revoluções}}

[[Categoria:Revolução Farroupilha| ]]

[[en:War of the Farrapos]]
[[es:Guerra de los Farrapos]]
[[fr:Guerre des Farrapos]]
[[it:Guerra dei Farrapos]]

Revisão das 12h36min de 10 de setembro de 2008