Mostrar código-fonte de Guerra romano-parta de 161–166

{{Info/Guerra
|nome        = Guerra romano-parta de 161–166
|parte_das   = [[Guerras romano-partas]]
|imagem      = [[imagem:Parther reich.jpg|300px]]
|legenda     = Mapa do [[Império Parta]]
|data_início = {{dtlink|||161}}
|data_fim    = {{dtlink|||166}}
|local       = [[Reino da Armênia (Antiguidade)|Reino da Armênia]], [[Mesopotâmia romana|Mesopotâmia]] e [[Média Atropatena|Média]]
|status      =
|resultado   =[[Dinastia arsácida da Armênia|Arsácidas]] reestabelecidos no trono da Armênia como [[estado cliente]] de Roma
|território  =Pequenos ganhos territoriais na [[Alta Mesopotâmia]]
|combatente1 ={{flagicon|Império Romano}} [[Império Romano]]
|combatente2 ={{noflag}} {{noflag}} [[Império Parta]]
|comandante1 ={{flagicon|Império Romano}} [[Lúcio Vero]]<br>{{flagicon|Império Romano}} [[Avídio Cássio]]<br>{{flagicon|Império Romano}} [[Marco Cláudio Frontão]]
|comandante2 ={{noflag}} {{lknb|Vologases|IV}}<br>{{noflag}} Osroes
|campanha = Guerras romano-partas
}}
A '''Guerra romano-parta de 161–166''', também chamada de '''Campanha parta de Lúcio Vero''',<ref>E.g. Birley, "Hadrian to the Antonines", 160. {{en}}</ref> foi uma guerra entre o [[Império Romano]] e o [[Império Parta]] sobre o controle do [[Reino da Armênia (Antiguidade)|Reino da Armênia]] e a [[Alta Mesopotâmia]]. Ela terminou em 166 depois de vitoriosas campanhas romanas na [[Baixa Mesopotâmia]] e na [[Média Atropatena|Média]], incluindo o [[saque]] de [[Ctesifonte]], a capital parta.

== Contexto e envio de Lúcio Vero (161–162) ==
Em seu leito de morte, na primavera de 161, o [[imperador romano|imperador]] [[Antonino Pio]] não falava de nada além dos estados e dos reis estrangeiros que haviam lhe prejudicado.<ref>''[[História Augusta]], Pio'' 12.7; Birley, ''Marcus Aurelius'', 114, 121. {{en}}</ref> Um destes reis, {{lknb|Vologases|IV}}, agiu no final do verão ou início do outono de 161,<ref>''[[História Augusta]], Marco'' 8.6; Birley, ''Marcus Aurelius'', 121. Jaap-Jan Flinterman, "The Date of [[Luciano de Samósata|Luciano]]'s Visit to Abonuteichos," ''Zeitschrift für Papyrologie und Epigraphik'' 119 (1997): 281. {{en}}</ref> e invadiu o [[Reino da Armênia (Antiguidade)|Reino da Armênia]] (um [[estado cliente]] romano), expulsou seu rei e instalou no lugar um candidato parta — [[Aurélio Pácoro]], um [[dinastia arsácida da Pártia|arsácida]] como ele.<ref>''[[História Augusta]], Marcus'' 8.6; Birley, ''Marcus Aurelius'', 121.</ref> Na época da invasão, o [[governador da Síria]] era [[Lúcio Atídio Corneliano]], que permaneceu na posição mesmo depois do final de seu mandato, que ocorreu em 161, possivelmente para evitar dar aos partas a chance de atrapalhar sua sucessão. O governador da [[Capadócia (província romana)|Capadócia]], a província que ficava na linha de frente de todos os conflitos armênios, era [[Marco Sedácio Severiano]], um [[gauleses|gaulês]] com muita experiência militar. Mas a vida no oriente teve um efeito deteriorante sobre seu caráter.<ref>[[Luciano de Samósata|Luciano]], ''Alexander'' 27; Birley, ''Marcus Aurelius'', 121.</ref>

Um aproveitador chamado [[Alexandre de Abonútico]], um auto-proclamado profeta que levava uma cobra chamada ''[[Glycon]]'' à volta do pescoço, ganhou a confiança de Severiano e muitos outros em sua corte.<ref>Birley, ''Marcus Aurelius'', 121. Sobre Alexandre, veja: Robin Lane Fox, ''Pagans and Christians'' (Harmondsworth: Penguin, 1986), 241–50. {{en}}</ref> Sogro do respeitado [[senador romano]] [[Públio Múmio Sisena Rutiliano]], na época o [[procônsul]] da [[Ásia (província romana)|Ásia]], Abonútico era amigo de muitos membros da elite romana oriental.<ref>[[Luciano de Samósata|Luciano]], ''Alexander'' 30; Birley, ''Marcus Aurelius'', 121.</ref> Aproveitando-se disto, Alexandre convenceu Severiano de que ele poderia derrotar os partas facilmente, recebendo a glória toda para si.<ref>[[Luciano de Samósata|Luciano]], ''Alexander'' 27; Birley, ''Marcus Aurelius'', 121–22.</ref> Severiano então liderou uma [[legião romana|legião]], provavelmente a [[IX Hispana|IX ''Hispana'']],<ref>Birley, ''Marcus Aurelius'', 278 n.19.</ref> numa invasão à Armênia, mas foi cercado pelo grande general parta Osroes em Elegia, uma cidade próxima da fronteira capadócia. Severiano até tentou lutar, mas rapidamente percebeu a futilidade de sua campanha e se matou. Sua legião foi massacrada na sequência, depois de apenas três dias de campanha.<ref>[[Dião Cássio]], 71.2.1; [[Luciano de Samósata|Luciano]], ''Historia Quomodo Conscribenda'' 21, 24, 25; Birley, ''Marcus Aurelius'', 121–22.</ref>

Havia a ameaça de guerra também em outras fronteiras—na [[Britânia romana|Britânia]] e na [[Récia]] e [[Germânia Superior]], onde os [[catos]] dos [[montes Tauno]] haviam cruzado a [[fronteira germânica]].<ref>''[[História Augusta]], Marcus'' 8.7; Birley, ''Marcus Aurelius'', 122.</ref> [[Marco Aurélio]], que havia se tornado imperador com a morte de Antonino Pio em 7 de março de 161, estava despreparado. Pio parece não ter dado-lhe qualquer experiência militar; segundo seu biógrafo, ele teria passado todo o longo reinado de vinte e três anos de Pio ao lado do imperador e não nas [[província romana|províncias romanas]], onde a maior parte dos futuros imperadores passavam o início de suas carreiras<ref>''[[História Augusta]], Pius'' 7.11; ''Marcus'' 7.2; Birley, ''Marcus Aurelius'', 103–4, 122.</ref>{{efn|[[Alan Cameron (estudioso clássico)|Alan Cameron]] nota o comentário do escritor do século V [[Sidônio Apolinário]] de que Marco Aurélio teria comandado "incontáveis legiões ''vivente Pio''" ("enquanto Pio estava vivo) ao contestar a opinião de Birley de que Marco Aurélio não tinha experiência militar. Nem Apolinário e nem a ''[[História Augusta]], que é a fonte de Birley, são particularmente confiáveis para a história do século II.<ref>''Pan. Ath.'' 203–4, qtd. e tr. Alan Cameron, review of Anthony Birley's ''Marcus Aurelius'', ''The Classical Review'' 17:3 (1967): 349.</ref>}}, Marco nomeou então diversos generais para ajudá-lo: [[Marco Estácio Prisco]], o [[governador da Britânia]], foi enviado para substituir Severiano na Capadócia<ref>Birley, ''Marcus Aurelius'', 123, citando A.R. Birley, ''The'' Fasti ''of Roman Britain'' (1981), 123ss.{{en}}</ref> e foi substituído por [[Sexto Calpúrnio Agrícola]].<ref name="HA Marcus 8 1985">''[[História Augusta]], Marcus'' 8.8; Birley, ''Marcus Aurelius'', 123, citando W. Eck, ''Die Satthalter der germ. Provinzen'' (1985), 65s. {{de}}</ref>

Más notícias chegaram a Roma quando se soube que o exército de Atídio Corneliano havia sido derrotado pelos partas e recuou de forma desorganizada.<ref>''[[História Augusta]], Marcus'' 8.6; Birley, ''Marcus Aurelius'', 123.</ref> Reforços foram enviados para a fronteira parta. Públio Júlio Gemínio Marciano, um senador [[África romana|africano]] que comandava a [[X Gemina|X ''Gemina'']] em [[Vindobona]] (moderna [[Viena]]), partiu para a Capadócia com [[vaxilação|vexilações]] de todas as legiões da [[fronteira do Danúbio]].<ref>{{CIL|08|7050}}–{{CIL|08|7051}}; Birley, ''Marcus Aurelius'', 123.</ref> Três outras legiões foram também enviadas para o leste, a [[I Minervia|I ''Minervia'']], de [[Bona]], na [[Germânia Superior]],<ref>''Incriptiones Latinae Selectae'' [http://oracle-vm.ku-eichstaett.de:8888/epigr/epieinzel_en?p_belegstelle=D+01097&r_sortierung=Belegstelle 1097] {{Wayback|url=http://oracle-vm.ku-eichstaett.de:8888/epigr/epieinzel_en?p_belegstelle=D+01097&r_sortierung=Belegstelle |date=20120429223850 }}–[http://oracle-vm.ku-eichstaett.de:8888/epigr/epieinzel_en?p_belegstelle=D+01098&r_sortierung=Belegstelle 98] {{Wayback|url=http://oracle-vm.ku-eichstaett.de:8888/epigr/epieinzel_en?p_belegstelle=D+01098&r_sortierung=Belegstelle |date=20170602010101 }}; Birley, ''Marcus Aurelius'', 123.</ref> [[II Adiutrix|II ''Adiutrix'']], de [[Aquinco]] (moderna [[Budapeste]])<ref>''Incriptiones Latinae Selectae'' [http://oracle-vm.ku-eichstaett.de:8888/epigr/epieinzel_en?p_belegstelle=D+01091&r_sortierung=Belegstelle 1091] {{Wayback|url=http://oracle-vm.ku-eichstaett.de:8888/epigr/epieinzel_en?p_belegstelle=D+01091&r_sortierung=Belegstelle |date=20120429223904 }}; Birley, ''Marcus Aurelius'', 123.</ref> e [[V Macedonica|V ''Macedonica'']], de ''[[Troesmis]]''.<ref>''Incriptiones Latinae Selectae'' [http://oracle-vm.ku-eichstaett.de:8888/epigr/epieinzel_en?p_belegstelle=D+02311&r_sortierung=Belegstelle 2311] {{Wayback|url=http://oracle-vm.ku-eichstaett.de:8888/epigr/epieinzel_en?p_belegstelle=D+02311&r_sortierung=Belegstelle |date=20120429223912 }}; Birley, ''Marcus Aurelius'', 123.</ref> As fronteiras nortes foram, por isso, estrategicamente enfraquecida e governadores da região foram instruídos a evitarem o conflito sempre que possível.<ref>''[[História Augusta]], Marcus'' 12.13; Birley, ''Marcus Aurelius'', 123.</ref> Atídio Corneliano foi substituído por [[Marco Ânio Libo]], um primo em primeiro grau de Marco Aurélio. Ele era jovem — seu primeiro [[Cônsul (Roma Antiga)|consulado]] foi em 161 e ele provavelmente tinha pouco mais de trinta anos<ref>''[[L'Année Épigraphique]]'' [http://oracle-vm.ku-eichstaett.de:8888/epigr/epieinzel_en?p_belegstelle=AE+1972,+00657&r_sortierung=Belegstelle 1972.657] {{Wayback|url=http://oracle-vm.ku-eichstaett.de:8888/epigr/epieinzel_en?p_belegstelle=AE+1972,+00657&r_sortierung=Belegstelle |date=20120429223919 }}; Birley, ''Marcus Aurelius'', 125.</ref>— e, como um mero [[patrício romano|patrício]], não tinha experiência militar. Marcos o escolheu por sua confiabilidade e não por seu talento.<ref>''[[História Augusta]], Verus'' 9.2; Birley, ''Marcus Aurelius'', 125.</ref>

=== Insegurança de Marco Aurélio ===
{{multiple image
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   | header    = Protagonistas
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   | image1    = L'Image et le Pouvoir - Buste cuirassé de Marc Aurèle agé - 3.jpg
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   | caption1  = [[Marco Aurélio]], o mais velho dos filhos de [[Antonino Pio]], coimperador mais introvertido, ficou em Roma durante as operações.
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   | caption2  = [[Lúcio Vero]], segundo filho de Antonino, coimperador que levava uma vida extravagante. Comandou os exércitos romanos sem jamais sair de [[Antioquia]].
   | image3    = Tetradrachm of Vologases IV, minted at Seleucia in 153.jpg
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   | caption3  = O [[xainxá]] {{lknb|Vologases|IV}}.
}}
Marco Aurélio passou um feriado público de quatro dias em [[Álsio]], uma cidade na costa da [[Etrúria]], mas estava muito ansioso para relaxar. Escrevendo ao seu antigo tutor, [[Marco Cornélio Frontão]], declarou que não falaria sobre seu feriado.<ref>''De Feriis Alsiensibus'' 1 (= Haines 2.3); Birley, ''Marcus Aurelius'', 126.</ref> Frontão respondeu ironicamente: ''"O que? Como se eu não soubesse que você foi para Álsio com a intenção de se dedicar aos jogos, brincadeiras e o completo descanso por quatro dias?"''.<ref>''De Feriis Alsiensibus'' 3.1 (= Haines 2.5), qtd. e tr. Birley, ''Marcus Aurelius'', 126.</ref> Ele encorajou Marco Aurélio a descansar relembrando o exemplo de seus antecessores (Pio era particularmente fã de exercícios na [[palestra romana|palestra]], pescarias e comédias)<ref>''De Feriis Alsiensibus'' 3.4 (= Haines 2.9); Birley, ''Marcus Aurelius'', 126–27.</ref> chegando ao ponto de inventar uma fábula sobre a divisão dos dias entre manhã e tarde pelos deuses — Marco Aurélio aparentemente vinha passando a maior parte de suas noites dedicado a assuntos judiciários ao invés de descansar<ref>''De Feriis Alsiensibus'' 3.6–12 (= Haines 2.11–19); Birley, ''Marcus Aurelius'', 126–27.</ref> e não conseguiu aceitar o conselho de Frontão. ''"Pairam sobre mim deveres que dificilmente posso negligenciar"'' escreveu ele de volta.<ref>''De Feriis Alsiensibus'' 4, tr. Haines 2.19; Birley, ''Marcus Aurelius'', 127.</ref> Marco se colocou na posição de Frontão para se culpar: ''"'Que bem meu conselho lhe fez' você dirá!"''. Ele descansou e descansava frequentemente, mas ''"esta devoção ao dever! Quem sabe melhor do que você o quanto eles exigem!"''.<ref>''De Feriis Alsiensibus'' 4 (= Haines 2.19), qtd. and tr. Birley, ''Marcus Aurelius'', 127.</ref>

Frontão enviou a Marco Aurélio uma seleção de materiais de leitura, incluindo ''"Pro [[lex Manilia|lege Manilia]]"'', de [[Cícero]], no qual o grande orador romano argumenta em favor de [[Pompeu]] tomar o comando supremo da [[Terceira Guerra Mitridática|Guerra Mitrídática]]. Era uma referência apropriada (a guerra de Pompeu o levou à Armênia) e pode ter tido algum impacto na decisão de Marco enviar [[Lúcio Vero]] para a fronteira oriental<ref>Birley, ''Marcus Aurelius'', 127.</ref>: ''"Você encontrará nele muitos capítulos adequados para suas preocupações atuais, sobre a escolha de comandantes militares, os interesses dos aliados, a proteção das províncias, a disciplina dos soldados, a qualificação dos comandantes de campo e em outros [...]"'' (O texto está interrompido neste ponto<ref>''De bello Parthico'' 10 (= Haines 2.31).</ref>).<ref>''[[De bello Parthico]]'' 10 (= Haines 2.31), cit. e tr. Birley, ''Marcus Aurelius'', 127.</ref> Para tentar apaziguar a insegurança de Marco Aurélio sobre a guerra contra os partas, Frontão escreveu ao imperador uma longa e detalhada carta, cheia de referências históricas. As edições modernas das obras de Frontão chamam-na de ''"De bello Parthico"'' ("Sobre a Guerra Parta"). Já houve revezes no passado de Roma, conta Frontão, em [[Batalha de Ália|Ália]], [[Batalha das Forcas Caudinas|Forcas Caudinas]], [[Batalha de Canas|Canas]], [[Cerco de Numância|Numância]], [[Cerco de Cirta|Cirta]] e em [[Batalha de Carras|Carras]]<ref>''De bello Parthico'' 1 (= Haines 2.21).</ref> nos governos de [[Trajano]], [[Adriano]] e Antonino Pio,<ref>''De bello Parthico'' 2 (= Haines 2.21–23); Birley, ''Marcus Aurelius'', 127.</ref> mas, no fim, os romanos sempre prevaleceram sobre seus inimigos: ''"sempre e em todo lugar [Marte] transformou nossos problemas em sucessos e nossos terrores em triunfos"''.<ref>''De bello Parthico'' 1 (= Haines 2.21), qtd. and tr. Birley, ''Marcus Aurelius'', 127.</ref>

== Viagem de Lúcio ao oriente (162–163?) ==
Durante o inverno de 161-2, conforme mais más notícias chegavam — uma revolta era iminente na [[Síria (província romana)|Síria]] — Marco Aurélio decidiu enviar [[Lúcio Vero]] para dirigir pessoalmente a guerra contra os partas. Ele era mais forte e mais saudável que Marco e, segundo o argumento, mais adequado para as atividades militares.<ref>[[Dião Cássio]] 71.1.3; Birley, ''Marcus Aurelius'', 123.</ref> O biógrafo de Lúcio sugere motivos ulteriores: conter os deboches de Lúcio, torná-lo parcimonioso, reformar sua moral pelo terror da guerra e fazê-lo perceber que era um [[imperador romano]]<ref>''[[História Augusta]], Verus'' 5.8; Birley, ''Marcus Aurelius'', 123, 125.</ref>{{efn|Birley acredita que há alguma verdade nestas considerações.<ref name="Birley, Marcus Aurelius, 125">Birley, ''Marcus Aurelius'', 125.</ref>}}. Seja como for, o [[Senado Romano]] concordou e Lúcio partiu deixando seu irmão e coimperador, Marco Aurélio, em Roma, pois a cidade ''"exigia a presença de um imperador"''.<ref>''[[História Augusta]], Marcus'' 8.9, tr. Magie; Birley, ''Marcus Aurelius'', 123.</ref>

[[Fúrio Vitorino]], um dos dois [[prefeito pretoriano|prefeitos pretorianos]], foi enviado com Lúcio, assim como um par de senadores, Marco Pôncio Leliano Lárcio Sabino e Marco Jálio Basso, e uma parte da [[Guarda Pretoriana]].<ref name="Birley, Marcus Aurelius, 125"/> Vitorino já havia servido antes como [[procurador romano|procurador]] da [[Galácia (província romana)|Galácia]], o que lhe deu alguma experiência nos assuntos orientais<ref name="Birley, 1982">Birley, ''Marcus Aurelius'', 125, citando H.G. Pfalum, ''Les carrières procuratoriennes équestres sous le Haut-Empire romain I–III'' (Paris, 1960–61); ''Supplément'' (Paris, 1982), no. 139. {{fr}}</ref>{{efn|Vitoriano também havia servido na Britânia, na fronteira do [[Danúbio]], na [[Hispânia]], como [[prefeito]] das [[marinha romana|frotas italianas]], como [[prefeito do Egito]] e muitos outros postos na própria Roma.<ref name="Birley, 1982"/>}}. Além disso, Vitorino era muito mais capacitado que seu par, [[Sexto Cornélio Repentino|Cornélio Repentino]], que, dizia-se, devia seu cargo à influência da amante de Antonino Pio, [[Galéria Lisístrata]].<ref name="ReferenceA">''[[História Augusta]], Pius'' 8.9; Birley, "Hadrian to the Antonines", 160–61.</ref> Repentino tinha o status senatorial, mas não tinha acesso aos círculos senatoriais e seu título era apenas decorativo.<ref>Giuseppe Camodeca, "La carriera del prefetto del pretorio Sex.Cornelius Repentinus in una nuova iscrizione puteolana" (in Italian), ''Zeitschrift für Papyrologie und Epigraphik'' 43 (1981): 47. {{de}}</ref> Como um prefeito sempre tinha que acompanhar a Guarda, Vitorino era a escolha óbvia.<ref name="ReferenceA"/>

Leliano havia sido governador da [[Panônia]] e [[governador da Síria]] em 153; tinha, por isto, conhecimento de primeira mão sobre o exército militar e das estratégias militares na fronteira oriental. Ele foi nomeado [[conde (Roma Antiga)|conde]] dos Augustos por seus serviços.<ref>''[[Inscriptiones Latinae Selectae]]'' [http://oracle-vm.ku-eichstaett.de:8888/epigr/epieinzel_en?p_belegstelle=D+01094&r_sortierung=Belegstelle 1094] {{Wayback|url=http://oracle-vm.ku-eichstaett.de:8888/epigr/epieinzel_en?p_belegstelle=D+01094&r_sortierung=Belegstelle |date=20120429223938 }}, [http://oracle-vm.ku-eichstaett.de:8888/epigr/epieinzel_en?p_belegstelle=D+01100&r_sortierung=Belegstelle 1100] {{Wayback|url=http://oracle-vm.ku-eichstaett.de:8888/epigr/epieinzel_en?p_belegstelle=D+01100&r_sortierung=Belegstelle |date=20120429223943 }}; Birley, ''Marcus Aurelius'', 125.</ref> Nas palavras de Frontão, Leliano era ''"um homem sério e um disciplinador à moda antiga"''.<ref>''Ad Verum Imperator'' 2.6 (= Haines 2.84ff), cit. e tr. Birley, ''Marcus Aurelius'', 125.</ref> Basso havia sido governador da [[Mésia Inferior]] e também recebeu o título de conde<ref>Birley, ''Marcus Aurelius'', 125, citando a [[Propografia do Império Romano]]<sup>2</sup> 1.4.</ref>. Lúcio selecionou seus [[liberto]]s preferidos, incluindo Gêmino, Agáclito, Cedes, Ecletos<ref>''[[História Romana]], Verus'' 8.6, 9.3–5; Birley, ''Marcus Aurelius'', 125.</ref> e Nicômedes, que abandonou seu posto de {{ilc|prefeito dos veículos||praefectus vehiculorum}} para ser vir de comissário da força expedicionária.<ref>Birley, ''Marcus Aurelius'', 125, citando H.G. Pfalum, ''Les carrières procuratoriennes équestres sous le Haut-Empire romain I–III'' (Paris, 1960–61); ''Supplément'' (Paris, 1982), no. 163.</ref> A [[Classis Misenensis|frota de Miseno]] foi encarregada de transportar o imperador, das comunicações em geral e da logística de suprimentos.<ref>Birley, ''Marcus Aurelius'', 125, citing C.G. Starr, ''The Roman Imperial Navy'', (1941), 188ss. {{en}}</ref>

Lúcio partiu no verão de 162 embarcando num navio em [[Brundísio]], com Marco Aurélio acompanhando-o até [[Cápua]]. Lúcio festejou nas casas de campo ao longo do caminho e caçou na [[Apúlia]]. Em [[Canosa di Puglia|Canosa]], ficou duente, provavelmente por causa de um leve [[derrame]], e ficou de cama.<ref>''[[História Augusta]], Verus'' 6.7–9; ''[[História Augusta]], Marcus'' 8.10–11; Birley, ''Marcus Aurelius'', 125–6. Stroke: Birley, ''Marcus Aurelius'', 126; Haines 2.85 n. 1.</ref> Marco Aurélio ofereceu orações pela sua saúde perante o Senado e foi correndo para o sul para estar com ele.<ref>''[[História Augusta]], Marcus'' 8.11; Birley, ''Marcus Aurelius'', 125–26.</ref> Frontão ficou preocupado com as notícias, mas logo recebeu uma carta do próprio Lúcio contando sobre seu tratamento e recuperação. Em sua resposta, Frontão urgiu seu pupilo que moderasse seus desejos e recomendou alguns dias de repouso na cama. Lúcio ficou melhor depois de três dias de [[jejum|jejuns]] e [[sangria (medicina)|sangria]]s.<ref>''Ad Verum Imperator'' 2.6 (= Haines 2.85–87); Birley, ''Marcus Aurelius'', 125–26.</ref>

Vero continuou então sua viagem, passando por [[Corinto]] e [[Atenas]], sempre acompanhado por músicos e cantores, como se estivesse numa [[Entrada real|viagem real]].<ref>''[[História Augusta]], Verus'' 6.9; Birley, ''Marcus Aurelius'', 126; "Hadrian to the Antonines", 161.</ref> Em Atenas, ficou na casa de [[Herodes Ático]] e aderiu aos [[mistérios eleusinianos]]<ref>Birley, ''Marcus Aurelius'', 126, citando ''SIG''<sup>3</sup> 1.869, 872; ''[[História Augusta]], Hadrian'' 13.1.</ref>. Durante um sacrifício, uma [[estrela cadente]] foi observada no céu, indo do oeste para o leste.<ref>Birley, ''Marcus Aurelius'', 126, citing Cassiodorus senator ''s.a.'' 162.</ref> Em seguida, a comitiva parou em [[Éfeso]], se hospedando na propriedade de um aristocrata local chamado Védio Antonino<ref>Birley, "Hadrian to the Antonines", 161, citando ''I Eph'' 728, 3072; H. Halfmann, ''Itinera Principum. Geschichte und Typologie der Kaiserreisen im Römischen Reich'' (Stuttgart, 1986), 210–11.</ref> e fez uma parada inesperada em [[Eritras]], onde um poema na voz da [[Sibila Eritreana|sibila local]] alude à sua visita.<ref>Christian Habicht, "Pausanias and the Evidence of Inscriptions", ''Classical Antiquity'' 3:1 (1984), 42–43, citing ''Erythrai'' 225. {{en}}</ref> A viagem continuou por barco, atravessando o [[mar Egeu]] e chegando à costa sul da [[Ásia Menor]], onde passou alguns dias pelas estâncias da [[Panfília]] e [[Cilícia]] antes de chegar a [[Antioquia]].<ref>''[[História Romana]], Verus'' 6.9; Birley, ''Marcus Aurelius'', 126.</ref> Não se sabe quanto tempo a viagem de Vero levou, mas é possível que ele só tenha chegado ao seu destino depois de 162.<ref>Birley, ''Marcus Aurelius'', 126; "Hadrian to the Antonines", 161.</ref> Estácio Prisco, enquanto isto, deve ter conseguido chegar à Capadócia; ele ficaria famoso no ano seguinte por suas habilidades como general<ref>[[Dião Cássio]] 71.3.1; ''[[História Augusta]], Verus'' 7.1; Birley, ''Marcus Aurelius'', 126.</ref>

== Antioquia (162?–165) ==
Lúcio Vero passou a maior parte da campanha em Antioquia, embora tenha passado um inverno em [[Laodiceia na Síria|Laodiceia]]<ref>''[[História Augusta]], Verus'' 7</ref> e um verão em [[Dafne (Síria)|Dafne]], uma estância perto de Antioquia.<ref>Birley, ''Marcus Aurelius'', 129.</ref> Neste período, tomou para si uma amante chamada Panteia,<ref>Barry Baldwin, review of C.P. Jones' ''Culture e Society in Lucian'', ''American Historical Review'' 92:5 (1987), 1185.</ref> de [[Esmirna]].<ref>Smyrna: [[Luciano de Samósata|Luciano]], ''Imagines'' 2; Birley, ''Marcus Aurelius'', 129.</ref> Seu biógrafo a chama de ''"namorada mal-nascida"'',<ref>''[[História Augusta]], Verus'' 7.10, cit. e tr. Birley, ''Marcus Aurelius'', 129.</ref> mas é provável que ela fosse próxima da discrição de [[Luciano de Samósata|Luciano]]: ''"uma mulher de beleza perfeita, mais bela que qualquer estátua de [[Fídias]] ou [[Praxíteles]]"''
.<ref>[[Luciano de Samósata|Luciano]], ''Imagines'' 3, cit. e tr. Birley, ''Marcus Aurelius'', 129.</ref> Polida, carinhosa e humilde, ela cantava perfeitamente e falava um claro [[grego jônico]] com um sotaque [[Ática (Grécia)|ático]].<ref>[[Luciano de Samósata|Luciano]], ''Imagines'' 11, 14–15; Birley, ''Marcus Aurelius'', 129.</ref> Panteia leu o primeiro rascunho de [[Luciano de Samósata|Luciano]] e criticou-o pela [[:wikt:adulação|adulação]]. Ele a comparou a uma [[deus romano|deusa romana]], o que a deixou apavorada — ela não queria se tornar a nova [[Cassiopeia (mitologia)|Cassiopeia]].<ref>[[Luciano de Samósata|Luciano]], ''Pro Imaginibus'' 7; Birley, ''Marcus Aurelius'', 129.</ref> Mas ela tinha poder, convencendo Lúcio a tirar a barba típica dos [[dinastia antonina|antoninos]], o que provocou gozações entre os sírios.<ref>''[[História Augusta]], Verus'' 7.10, cf. 7.4; Birley, ''Marcus Aurelius'', 129.</ref>

Críticos ao longo do tempo citaram o estilo de vida extravagante de Lúcio.<ref>''[[História Augusta]], Verus'' 4.4; Birley, ''Marcus Aurelius'', 129.</ref> Ele gostava de jogar, segundo eles, ''"jogando dados a noite inteira"'',<ref>''[[História Augusta]], Verus'' 4.6, tr. Magie; cf. 5.7; Birley, ''Marcus Aurelius'', 129.</ref> e gostava da companhia de atores.<ref>''[[História Augusta]], Verus'' 8.7, 8.10–11; Frontão, ''Principae Historia'' 17 (= Haines 2.217); Birley, ''Marcus Aurelius'', 129.</ref> Criou um serviço de comunicação especial entre Roma e onde que quer que estivesse para que conseguisse saber como seus times de [[corrida de bigas]] estavam se saindo.<ref>''[[História Augusta]], Verus'' 6.1; Birley, ''Marcus Aurelius'', 129.</ref> Ele trouxe também uma estátua do cavalo dos "Verdes", Volucer, consigo, como símbolo de sua torcida.<ref>''[[História Augusta]], Verus'' 6.3–4; Birley, ''Marcus Aurelius'', 129.</ref> Frontão defendeu seu pupilo contra algumas dessas acusações afirmando que o povo de Roma precisava do [[pão e circo]] de Lúcio para ser controlada<ref>''Principae Historiae'' 17 (= Haines 2.216–17); Birley, ''Marcus Aurelius'', 129.</ref>{{Efn|Frontão chamou-a ''"mesada de milho e espetáculos públicos"'' ({{lang-la|''annona et spectaculis''}}), preferindo sua própria versão pomposa à simples ''"panem et circenses"'' de [[Juvenal]].<ref>''Principae Historiae'' 17 (= Haines 2.216–17); Juvenal, 10.78; Birley, ''Marcus Aurelius'', 129.</ref> A noção era conhecida na época<ref>Leofranc Holford-Strevens, ''Aulus Gellius: An Antonine Scholar and His Achievement'' (Nova Iorque: Oxford University Press, 2005), 2 n. 8. {{en}}</ref> e Frontão, de qualquer forma, desconhecia Juvenal, que estava fora de moda por causa da mania classicizante da [[Segunda Sofística]] e só se tornaria popular depois do século IV.<ref>Alan Cameron, "Literary Allusions in the Historia Augusta", ''Hermes'' 92:3 (1964), 367–68.</ref>}}.

Lúcio tinha que enfrentar uma dura tarefa. Frontão descreve o cenário em termos que lembram a chegada de [[Cneu Domício Córbulo|Córbulo]] [[guerra romano-parta de 58-63|para sua guerra um século antes]].<ref>Birley, "Hadrian to the Antonines", 162.</ref> O exército sírio havia se tornado fraco durante os longos anos de paz na região. Os [[legionário]]s passavam mais tempo nos bares da cidade do que nos acampamentos. Com a chegada de Lúcio, o treinamento foi retomado com vigor. Pôncio Leliano ordenou que todo o estofo das celas fossem retirados e jogos e bebedeiras foram duramente controlados.<ref>''Ad Verum Imperator'' 2.1.19 (= Haines 2.148–49); Birley, ''Marcus Aurelius'', 129.</ref> Frontão escreveu que Lúcio estava junto da infantaria tanto quanto da cavalaria. Ele inspecionou pessoalmente os soldados no campo e no acampamento, incluindo os hospitais de campanha.<ref>''Principae Historia'' 13 (= Haines 2.209–11); Birley, ''Marcus Aurelius'', 129–30.</ref>

Ele escreveu para Frontão poucas mensagens no começo da guerra. Numa delas, desculpou-se por seu silêncio. Ele não entrava em detalhes sobre seus planos, que podiam mudar diariamente, segundo ele. Além disso, havia pouco até então para mostrar por seu trabalho: ''"...nada chegou a ser realizado que me faça querer convidá-lo para dividir minha alegria"''.<ref>''Ad Verum Imperator'' 2.2 (= Haines 2.117), tr. Haines; Birley, ''Marcus Aurelius'', 130; "Hadrian to the Antonines", 162.</ref> Lúcio não queria que Frontão sofresse das crises de ansiedade que o mantinham acordado dia e noite.<ref>''Ad Verum Imperator'' 2.2 (= Haines 2.117–19); Birley, ''Marcus Aurelius'', 130; "Hadrian to the Antonines", 162.</ref> Uma das razões para a reticência parece ter sido o colapso das negociações depois da conquista romana da Armênia e o fato de Lúcio ter apresentado termos foi visto como covardia,<ref>Birley, ''Marcus Aurelius'', 130; citando ''[[Panegyrici Latini]]'' 14(10).6.</ref> mas os partas não queriam a paz.<ref name="ReferenceC">Birley, ''Marcus Aurelius'', 130; "Hadrian to the Antonines", 162.</ref>

No meio da guerra, provavelmente no outono de 163 ou no início de 164, Lúcio viajou até Éfeso para se casar com a filha de Marco Aurélio, [[Lucila (filha de Marco Aurélio)|Lucila]].<ref>''[[História Augusta]], Verus'' 7.7; ''Marcus'' 9.4; Barnes, 72; Birley, "Hadrian to the Antonines", 163; cf. também Barnes, "Legislation Against the Christians", ''Journal of Roman Studies'' 58:1–2 (1968), 39; "Some Persons in the Historia Augusta", ''Phoenix'' 26:2 (1972), 142, citando a ''Vita Abercii'' 44ss.</ref> O décimo-terceiro aniversário de Lucila foi em março de 163 e, qualquer que seja a data do casamento, ela ainda não tinha quinze anos de idade.<ref>Birley, ''Marcus Aurelius'', 131; "Hadrian to the Antonines", 163.</ref> Marcos já tinha adiado a data, provavelmente por causa das histórias de Panteia.<ref name="Birley, Marcus Aurelius, 131">Birley, ''Marcus Aurelius'', 131.</ref> Lucila estava com sua mãe, [[Faustina, a Jovem|Faustina]], e [[Marco Vetuleno Cívica Bárbaro]], meio-irmão de [[Antonino Pio]].<ref>''[[História Augusta]], Verus'' 7.7; ''Marcus'' 9.4; Birley, ''Marcus Aurelius'', 131.</ref> É possível que Marco Aurélio tenha planejado acompanhá-los até Esmirna (o biógrafo conta que ele teria dito ao Senado que o faria), mas isso não aconteceu,<ref>''[[História Augusta]], Verus'' 7.7; Birley, ''Marcus Aurelius'', 131.</ref> e ele chegou apenas até [[Brundísio]], onde o grupo embarcou num navio para o oriente.<ref>''[[História Augusta]], Marcus'' 9.4; Birley, ''Marcus Aurelius'', 131.</ref> O imperador voltou para Roma em seguida e enviou orientações específicas para seus [[procônsul]]es para que não dessem ao grupo nenhum tipo de recepção oficial.<ref>''[[História Augusta]], Marcus'' 9.5–6; Birley, ''Marcus Aurelius'', 131.</ref> Lucila daria três filhos a Lúcio nos anos seguintes e passou a ser chamada de "[[Augusta (título)|augusta]]".<ref>Birley, "Hadrian to the Antonines", 163.</ref>

== Contra-ataque e vitória (163–166) ==
A [[I Minervia|I ''Minervia'']] e a [[V Macedonica|V ''Macedonica'']], lideradas pelos [[legado]]s Marco Cláudio Frontão e Públio Márcio Vero, serviram sob o comando [[Marco Estácio Prisco]] na Armênia, vencendo a campanha de 163<ref>Birley, "Hadrian to the Antonines", 161–62, citando a [[Prosopografia do Império Romano]]<sup>2</sup> C 874 (Claudius Fronto); [[Prosopografia do Império Romano]]<sup>2</sup> M 348.</ref>, incluindo a captura da capital armênia, [[Artaxata]].<ref>''[[História Augusta]], Marcus'' 9.1; Birley, "Hadrian to the Antonines", 162.</ref> No final do ano, Vero tomou para si o título de "Armeníaco" ({{lang-la|''Armeniacus''}}, apesar de nunca ter estado em combate; Marco Aurélio recusou-se a aceitar o título até o ano seguinte.<ref>''[[História Augusta]], Marcus'' 9.1; ''[[História Augusta]], Verus'' 7.1–2; ''Ad Verrum Imperator'' 2.3 (= Haines 2.133); Birley, ''Marcus Aurelius'', 129; "Hadrian to the Antonines", 162.</ref> Quando Lúcio foi aclamado ''[[imperator]]'' novamente, porém, Marco Aurélio não hesitou e tomar o título de ''imperator II''.<ref>Birley, ''Marcus Aurelius'', 129; "Hadrian to the Antonines", 162, citing H. Mattingly, ''Coins of the Roman Empire in the British Museum IV: Antoninus Pius to Commodus'' (London, 1940), Marcus Aurelius and Lucius Verus, nos. 233. {{en}}</ref> O exército da Síria foi reforçado pela [[II Adiutrix|II ''Adiutrix'']] e pelas legiões do Danúbio comandadas pelo legado da [[X Gemina|X ''Gemina'']], Gemínio Muciano.<ref>''[[Inscriptiones Latinae Selectae]]'' [http://oracle-vm.ku-eichstaett.de:8888/epigr/epieinzel_en?p_belegstelle=D+08977&r_sortierung=Belegstelle 8977] {{Wayback|url=http://oracle-vm.ku-eichstaett.de:8888/epigr/epieinzel_en?p_belegstelle=D+08977&r_sortierung=Belegstelle |date=20120429224000 }} (II Adiutrix); {{CIL|08|07050}}–{{CIL|08|07051}} (Marcianus); Birley, "Hadrian to the Antonines", 162.</ref>

A Armênia sob ocupação foi reconstruída sob os termos ditados pelos romanos. Em 164, uma nova capital, Caine Pólis (''Kaine Polis'', "Nova Cidade"), substituiu Artaxata.<ref>[[Dião Cássio]] 71.3.1; Birley, ''Marcus Aurelius'', 131; "Hadrian to the Antonines", 162; Millar, ''Near East'', 113.</ref> Na opinião de Birley, a cidade ficava cinquenta quilômetros mais perto da fronteira romana.<ref name="Birley, Marcus Aurelius, 131"/> [[Vexilação|Destacamentos]] das legiões da Capadócia ficaram em [[Valarsapate]] (na [[Armênia]]), no sopé da face sul do [[Monte Ararate]], a 400 quilômetros de [[Satala]]. Tratava-se de uma marcha de vinte dias ou mais, atravessando terrenos montanhosos, a partir da fronteira romana; um ''"incrível exemplo de imperialismo"'' nas palavras de [[Fergus Millar]].<ref>''[[Inscriptiones Latinae Selectae]]'' [http://oracle-vm.ku-eichstaett.de:8888/epigr/epieinzel_en?p_belegstelle=D+00394&r_sortierung=Belegstelle 394] {{Wayback|url=http://oracle-vm.ku-eichstaett.de:8888/epigr/epieinzel_en?p_belegstelle=D+00394&r_sortierung=Belegstelle |date=20120429224006 }}; [http://oracle-vm.ku-eichstaett.de:8888/epigr/epieinzel_en?p_belegstelle=D+09117&r_sortierung=Belegstelle 9117] {{Wayback|url=http://oracle-vm.ku-eichstaett.de:8888/epigr/epieinzel_en?p_belegstelle=D+09117&r_sortierung=Belegstelle |date=20120429224020 }}; Millar, ''Near East'', 113.</ref> Um novo rei foi instalado: um senador romano de estatuto [[consular]] e descendência [[dinastia orôntida|orôntida]]-[[dinastia arsácida da Armênia|arsácida]], [[Caio Júlio Soemo]]. É possível que  não tenha sido coroado na Armênia e sim numa cerimônia em [[Antioquia]] ou mesmo em Éfeso.<ref>Birley, ''Marcus Aurelius'', 280 n. 42; "Hadrian to the Antonines", 162.</ref> Soemo foi aclamado nas moedas imperiais de 164 com a legenda "o rei dado aos armênios (''Rex armeniis Datus''): Vero sendo num trono com um cajado enquanto Soemo estava de pé ao seu lado, saudando o imperador.<ref>Birley, ''Marcus Aurelius'', 131; "Hadrian to the Antonines", 162, citando H. Mattingly, ''Coins of the Roman Empire in the British Museum IV: Antoninus Pius to Commodus'' (London, 1940), Marcus Aurelius and Lucius Verus, nos. 261ss.; 300 ss. {{en}}</ref>
[[imagem:Arshakuni Armenia 150-pt.svg|thumb|direita|upright=1.3|Mapa da Armênia e redondezas por volta de 150]]
Em 163, enquanto Estácio Prisco estava ocupado na Armênia, os partas invadiram [[Osroena]], um [[estado cliente]] romano na [[Alta Mesopotâmia]], a leste da Síria, e com capital em [[Edessa (Mesopotâmia)|Edessa]]. O monarca local, Mano ({{lang-la|''Mannus''}}) foi deposto, e substituído por um nomeado parta que ficaria no trono até 165<ref>Birley, ''Marcus Aurelius'', 130, 279 n. 38; "Hadrian to the Antonines", 163, citando [[Prosopografia do Império Romano<sup>2</sup> M 169.</ref>{{Efn|As moedas edessanas começaram a ser cunhadas neste ponto, com tiragens mostrando [[Vologases IV]] no [[anverso e reverso|verso]] e ''"Wael, o rei"'' ({{lang-syr|W'L MLK'}}) no reverso.<ref name="Millar, Near East, 112">Millar, ''Near East'', 112.</ref>}}. Em retaliação, as forças romanas desceram o curso do [[Eufrates]] para cruzá-lo no ponto mais meridional.<ref name="ReferenceC"/> Com base no relato de [[Luciano de Samósata|Luciano]], os partas ainda defendiam a margem sul, romana, do Eufrates (dentro da Síria) até 163 (ele faz referência a uma batalha em Sura, que fica na margem sul do rio.<ref>[[Luciano de Samósata|Luciano]], ''Historia Quomodo Conscribenda'' 29; Birley, ''Marcus Aurelius'', 130; "Hadrian to the Antonines", 162.</ref> Antes do final do ano, porém, os romanos haviam se movimentado para o norte para ocupar Dausara e Nicefório, na margem norte, parta<ref>Fronto, ''Ad Verum Imperator'' 2.1.3 (= Haines 2.133); Astarita, 41; Birley, ''Marcus Aurelius'', 130; "Hadrian to the Antonines", 162.</ref>{{efn|A carta referenciando as vitórias (''Ad Verum Imperator'' 2.1) data em 164 (Frontão faz referência à demora de Marco em aceitar o título de Armeníaco e, como o título só foi aceito em 164, a carta não pode ser anterior a esta data<ref>Champlin, "Chronology", 147.</ref>), mas as batalhas propriamente ditas são de 163.<ref>Astarita, 41; Birley, "Hadrian to the Antonines", 162.</ref>}}. Logo depois da conquista da margem norte do Eufrates, outras forças romanas invadiram Osroena a partir da Armênia, tomando [[Antemúsia]], uma cidade a sudoeste de Edessa.<ref>''[[Inscriptiones Latinae Selectae]]'' [http://oracle-vm.ku-eichstaett.de:8888/epigr/epieinzel_en?p_belegstelle=D+01098&r_sortierung=Belegstelle 1098] {{Wayback|url=http://oracle-vm.ku-eichstaett.de:8888/epigr/epieinzel_en?p_belegstelle=D+01098&r_sortierung=Belegstelle |date=20170602010101 }}; Birley, ''Marcus Aurelius'', 130.</ref> Houve pouca ação em 164 e a maior parte do ano foi investida nos preparativos para um novo assalto ao território parta.<ref name="Birley, Marcus Aurelius, 131"/>

Em 165, forças romanas, provavelmente lideradas por Márcio Vero e  a V ''Macedonica'', invadiram a Mesopotâmia. Edessa foi reocupada e Mano, reinstalado no trono osroeno<ref>Birley, "Hadrian to the Antonines", 163, citando [[Prosopografia do Império Romano]]<sup>2</sup> M 169.</ref>. Suas moedas também voltaram a ser reemitidas: Manu, o rei ({{lang-syr|M'NW MLK'}}) ou [[dinastia antonina|antoninos]] de um lado e rei ''"Rei Manos, amigo dos romanos"'' ({{lang-grc|Basileus Mannos Philorōmaios}}) do outro.<ref name="Millar, Near East, 112"/> Os partas recuaram para [[Nísibis]], mas esta cidade também foi cercada e tomada. Os partas se dispersaram no [[rio Tigre|Tigre]] e seu general, Osroes, atravessou-o a nado e se escondeu numa caverna.<ref>[[Luciano de Samósata|Luciano]], ''Historia Quomodo Conscribenda'' 15, 19; Birley, "Hadrian to the Antonines", 163.</ref> Uma segunda força, liderada por [[Avídio Cássio]] e a III ''Gallica'', desceu pelo Eufrates e lutou uma grande batalha em [[Dura Europo]].<ref>[[Luciano de Samósata|Luciano]], ''Historia Quomodo Conscribenda'' 20, 28; Birley, "Hadrian to the Antonines", 163, citando Syme, ''Roman Papers'', 5.689ff.</ref>

No final de 165, o exército de Cássio alcançou as metrópoles gêmeas da Mesopotâmia: [[Selêucia no Tigre|Selêucia]], na margem direita do Tigre, e [[Ctesifonte]], na esquerda. Esta foi tomada e seu palácio real foi incendiado. Os habitantes de Selêucia, ainda majoritariamente gregos (a cidade foi construída para ser a capital do finado [[Império Selêucida]], um dos [[diádoco|reinos sucessores]] de [[Alexandre, o Grande]]), abriram os portões aos invasores. Mesmo assim, foi saqueada, o que manchou profundamente a reputação de Lúcio Vero, que buscou desculpas (ou as inventou): a versão oficial (promulgada, segundo a [[História Augusta]], por [[Caio Asínio Quadrado|Asínio Quadrado]]) conta que os selêucidas traíram a boa-fé primeiro.<ref>''[[História Augusta]], Verus'' 8.3–4; Birley, "Hadrian to the Antonines", 163. Birley cita R.H. McDowell, ''Coins from Seleucia on the Tigris'' (Ann Arbor: University of Michigan Press, 1935), 124s. {{en}} sobre a data.</ref> Seja como for, o saque marcou um capítulo particularmente destrutivo no longo declínio de Selêucia<ref name="John F. Matthews 1989">John F. Matthews, ''The Roman Empire of Ammianus'' (Londres: Duckworth, 1989), 142–43.</ref>{{Efn|Birley afirma que o cerco marcou o fim da história da cidade.<ref>Birley, "Hadrian to the Antonines", 163–64.</ref> Matthews não acredita que o fim de Selêucia possa estar ligado a um único evento e lembra outros fatores que contribuíram para o declínio da cidade, como a ascensão de Ctesifonte, as mudanças no curso do Tigre e o declínio do patrocínio real.<ref name="John F. Matthews 1989"/>}}. Durante o saque, as tropas romanas roubaram a estátua de Apolo Comeu ({{lang-la|''Apollo Comaeus''}}) de seu templo e a levaram para Roma, onde ela foi instalada no [[Templo de Apolo Palatino]].<ref>[[Amiano Marcelino]] 23.6.23–24; McLynn, 334–35.</ref> Esta [[blasfêmia]] pode ser o que e estava na mente de Marco quando ele convocou um [[lectistérnio]], um grande banquete oferecido aos deuses, no começo das [[Guerras Marcomanas]]({{ca.}} 167) para repelir os males que na época assolavam o estado romano.<ref>''[[História Augusta]], Marcus'' 13.1–6; McLynn, 334–35. {{en}}</ref>

O exército de Cássio, mesmo sofrendo com a falta de suprimentos e com os efeitos da [[Peste de Antonino|peste]], contraída em Selêucia, conseguiu voltar em segurança para o território romano.<ref>Birley, "Hadrian to the Antonines", 164.</ref> Júnio Máximo, um jovem [[tribuno laticlávio]] que servia na III ''Gallica'', levou as notícias da vitória a Roma. Ele recebeu um generoso presente em dinheiro ({{lang-la|''dona''}}) por trazer as boas novas e foi imediatamente promovido a [[questor]].<ref>Birley, "Hadrian to the Antonines", 164, citando Alföldy and Halfmann, "Iunius Mauricus und die Victoria Parthica", ''Zeitschrift für Papyrologie und Epigraphik'' 35 (1979): 195–212 = Alföldy, ''Römische Heeresgeschichte. Beiträge 1962–1985'' (Amsterdam, 1987), 203 ss (com adendos, 220–1) {{en}}; Fronto, ''Ad amicos'' 1.6. {{en}}</ref> Lúcio tomou o título de Pártico Máximo e tanto ele quanto Marco Aurélio foram novamente aclamados ''imperatores'' (''Imp III'').<ref>Birley, "Hadrian to the Antonines", 164, citando H. Mattingly, ''Coins of the Roman Empire in the British Museum IV: Antoninus Pius to Commodus'' (London, 1940), Marcus Aurelius and Lucius Verus, nos. 384ss., 1248ss., 1271ss. {{en}}</ref> O exército de Cássio voltou a campo em 166, atravessando o Tigre e invadindo a [[Média Atropatena|Média]], o que valeu a Lúcio o título de Médico<ref>Birley, "Hadrian to the Antonines", 164, citando P. Kneissl, ''Die Siegestitulatur der römischen Kaiser. Untersuchungen zu den Siegerbeinamen des 1. und 2. Jahrhunderts'' (Gotinga, 1969), 99ss. {{en}}</ref> e uma quarta aclamação imperial (''IMP IV''). Desta vez, Marco Aurélio também tomou o título de Pártico Máximo.<ref>Birley, "Hadrian to the Antonines", 164, citando H. Mattingly, ''Coins of the Roman Empire in the British Museum IV: Antoninus Pius to Commodus'' (London, 1940), Marcus Aurelius and Lucius Verus, nos. 401ss. {{en}}</ref>

== Final da guerra (167) ==
A maior parte dos créditos pelo sucesso da guerra deve ser atribuído aos generais subordinados dos imperadores. As forças que invadiram Osroena foram lideradas por [[Marco Cláudio Frontão]], um nativo da Ásia de ascendência grega que liderava a I ''Minervia'' na Armênia sob Prisco. Ele foi provavelmente o primeiro senador da família<ref>Birley, ''Marcus Aurelius'', 130, citando a [[Prosopografia do Império Romano]]<sup>2</sup> C 874. {{en}}</ref>. Frontão foi cônsul em 165, provavelmente como homenagem por ter capturado Edessa, o que o obrigou a voltar para a [[Itália romana|Itália]]. O [[governador da Síria]], [[Cneu Júlio Vero (governador romano da Síria)|Cneu Júlio Vero]], também foi com ele.<ref>Birley, "Hadrian to the Antonines", 164, citing Alföldy, ''Konsulat'', 179ss. {{en}}</ref> [[Públio Márcio Vero]] liderou a V ''Macedonica'' e também serviu sob Prisco. Ele era um ocidental, provavelmente nativo de [[Tolosa (Roma Antiga)|Tolosa]] (moderna [[Toulouse]]), na [[Gália Narbonense]]<ref>Birley, ''Marcus Aurelius'', 130, citando a [[Prosopografia do Império Romano]]<sup>2</sup> M 348. {{en}}</ref>. O general mais importante, contudo, foi [[Avídio Cássio]], comandante da III ''Gallica'', uma das legiões sírias. Ele era um jovem senador, filho de [[Caio Avídio Heliodoro]], um importante [[oratória|orador]] e [[prefeito augustal do Egito]] entre 137 e 142, na época de [[Adriano]], com sua esposa Júnia Cássia Alexandria. Cássio também, sem falsa modéstia, alegou descender dos [[Império Selêucida|reis selêucidas]] e dos [[dinastia júlio-claudiana|júlio-claudianos]] através de sua mãe, Júnia Cássia, que era descendente de [[Júlia (filha de Augusto)|Júlia]], a única filha de [[Augusto]]<ref>Birley, ''Marcus Aurelius'', 130, citando a [[Prosopografia do Império Romano]]<sup>2</sup> A 1402f.; 1405 {{en}}; Astarita, ''passim''; Syme, ''Bonner Historia-Augustia Colloquia'' 1984 (= ''Roman Papers'' IV (Oxford: Clarendon Press, 1988), ?). {{en}}</ref>. Cássio e Márcio Vero, com pouco mais de 30 anos de idade, foram cônsules em 166 e, depois disso, foram nomeados [[governador romano|governadores]]: Cássio da Síria e Márcio Vero, da Capadócia.<ref>Birley, "Hadrian to the Antonines", 164, citando Alföldy, ''Konsulat'', 24, 221. {{en}}</ref>

Ao retornar da campanha, Lúcio recebeu um [[triunfo romano|triunfo]], mas, neste caso, foi pouco usual, pois o evento incluía dois imperadores, seus filhos e filhas não casadas, como se fosse uma celebração familiar. Os dois filhos de Marco Aurélio, [[Cômodo]], aos cinco, e [[Marco Ânio Vero César|Marco Ânio Vero]], aos três, foram elevados ao status de [[César (título)|césar]] na ocasião.

Ainda existe uma base de uma estátua em [[Sárdis]] que comemora a vitória de Lúcio (é provável que ele tenha visitado a cidade em sua viagem de retorno a Roma).<ref>Sherman E. Johnson, "Preliminary Epigraphic Report on the Inscriptions Found at Sardis in 1958", ''Bulletin of the American Schools of Oriental Research'' 158 (1960): 6–11. {{en}}</ref> O rico [[sofismo|sofista]] Flávio Damiano também abrigou o imperador e seu exército nesta viagem;<ref>Elizabeth Grier, "Certain Rich Men of the Second Century after Christ", ''Classical Weekly'' 23:15 (1930): 114, citando ''Forschungen in Ephesos, Veröffentlicht vom Oesterreichischen Archäeologischen Institut'' (Vienna, Hölder, 1906–23) 3.161 n. 80. {{en}}</ref>

Nísibis, no alto Eufrates, permaneceu sob controle romano por diversas décadas depois do fim da guerra. Em meados do século III, quando a cidade passou a ser frequentemente disputada e capturada nas contínuas [[guerras romano-persas]], ela passou cada vez mais a se parecer com uma cidade militar.<ref>C.S. Lightfoot, "Facts and Fiction: The Third Siege of Nisibis (A.D. 350)", ''Historia'' 37:1 (1988): 106–7. {{en}}</ref>

== Notas ==
{{refbegin|2}}
{{notelist}}
{{refend}}

{{Referências|col=2}}

== Bibliografia ==
=== Fontes primárias ===
{{refbegin|2}}
* [[Amiano Marcelino]]. ''Res Gestae''.
**Yonge, Charles Duke, trad. [http://www.tertullian.org/fathers/ammianus_00_eintro.htm ''Roman History'']. Londres: Bohn, 1862. {{en}}
**Rolfe, J.C., trad. [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Ammian/home.html ''History'']. 3 vols. Loeb ed. Londres: Heinemann, 1939–52. {{en}}
* [[Dião Cássio]]. [[História Romana (Dião Cássio)|História Romana]]
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* [[Epítome dos Césares]]
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* [[Marco Cornélio Frontão]]
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* [[Cláudio Galeno]]
**''ad Pisonem de Theriaca''.
**''de Antidotis''.
* [[Luciano de Samósata|Luciano]].
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**''Pro Imaginibus'': *Fowler, H.W. & H.G., trad. ''The Works of Lucian of Samosata''. 4 vols. Oxford: Clarendon Press, 1905. ''Pro Imaginibus''', [http://www.sacred-texts.com/cla/luc/wl3/wl304.htm volume 3]. {{en}}
* [[Marco Aurélio]], [[Meditações (Marco Aurélio)|Meditações]]
**Farquharson, A.S.L., trad. ''Meditations''. Nova Iorque: Knopf, 1946, rept. 1992. {{en}}
*[[Pausânias (geógrafo)|Pausânias]], ''Descrição da Grécia''.
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**Birley, Anthony R., trad. ''Lives of the Later Caesars''. Londres: Penguin, 1976. {{en}}
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* Champlin, Edward. ''Fronto and Antonine Rome''. Cambridge, MA: Harvard University Press, 1980. ISBN 0-674-32668-7 {{en}}
* Millar, Fergus. ''The Roman Near East: 31 BC&nbsp;–&nbsp;AD 337''. Cambridge, MA: Harvard University Press, 1993. ISBN 0-674-77886-3 {{en}}
* McLynn, Frank. ''Marcus Aurelius: Warrior, Philosopher, Emperor''. Londres: Bodley Head, 2009. ISBN 978-0-224-07292-2 {{en}}
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[[Categoria:Guerras do século II]]
[[Categoria:Guerras romano-partas]]
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