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História do alfabeto: diferenças entre revisões

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Acredita-se que a '''história do [[alfabeto]]''' tenha se iniciado no [[Egito Antigo]], quando já havia decorrido mais de um milênio da [[história da escrita]]. O primeiro [[alfabeto consonantal]] teria surgido por volta de 2000 a.C., representando o idioma dos trabalhadores [[semitas]] no Egito (ver [[Alfabetos da Idade do Bronze Média]]), e que foi influenciado pelos princípios alfabéticos da escrita [[hierática]] egípcia. Quase todos os alfabetos do mundo hoje em dia descendem diretamente deste desenvolvimento, ou foram inspirados por ele.<ref name="Himelfarb, Elizabeth J 2000">Himelfarb, Elizabeth J. "First Alphabet Found in Egypt", ''Archaeology'' 53, edição 1 (Jan./Fev. 2000): 21.</ref>


O alfabeto mais utilizado no mundo é o [[alfabeto latino]],<ref>{{harvnb|Haarmann|2004|p=96}}</ref> derivado do [[alfabeto grego]], o primeiro alfabeto 'real', por designar de maneira consistente letras tanto a [[consoante]]s quanto a [[Vogal|vogais]].<ref name="Blackwell">{{citar livro |autor = Coulmas, Florian|título = The Blackwell Encyclopedia of Writing Systems|ano = 1996|editora = Blackwell Publishers Ltd.|local = Oxford|id = ISBN 0-631-21481-X}}</ref> O alfabeto grego, por sua vez, veio do [[alfabeto fenício]], que na realidade era um [[abjad]] - um sistema no qual cada símbolo representa uma consoante.

== Pre-história ==
Duas escritas são bem-atestadas desde antes do final do quarto milênio a.C.; o [[escrita cuneiforme|cuneiforme mesopotâmico]] e os [[hieróglifos egípcios]]. Ambos eram bem conhecidos na região do [[Oriente Médio]] onde surgiu o primeiro alfabeto a ser usado em grande escala, o [[alfabeto fenício|fenício]]. Existem indícios que mostram que o cuneiforme estaria começando a desenvolver propriedades alfabéticas em alguns dos idiomas para os quais ele foi adaptado, como pôde ser visto novamente, mais tarde, na [[escrita cuneiforme persa antiga]]. O [[silabário de Biblos]] tem semelhanças gráficas sugestivas tanto com o [[hierático]] egípcio quanto com o alfabeto egípcio, porém até hoje ele não foi decifrado, e pouco pode ser dito sobre o papel que ele teve - se é que o teve - na história do alfabeto.

== Alfabetos consonantais ==
=== Alfabeto semítico ===
{{Vertambém|Genealogia das escritas derivadas do proto-sinaítico}}
A [[escrita proto-sinaítica]] do brasil ainda não foi totalmente decifrada. Ela parece, no entanto, ser alfabética, e que registrava um texto na [[língua canaanita]]. Os exemplos mais antigos foram [[grafito]]s encontrado na região do [[Sinai]] que datam de por volta de 1850 a.C.

{| class=wikitable
|-
! Forma ancestral reconstruída
|[[Image:Proto-semiticA-01.svg|20px]]
|[[Image:Proto-semiticB-01.svg|20px]]
|[[Image:Proto-semiticG-01.svg|20px]]
|[[Image:Proto-semiticD-01.svg|20px]] [[Image:Proto-semiticD-02.svg|20px]]
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|[[Image:Proto-semiticZ-01.svg|20px]]
|[[Image:Proto-semiticH-01.svg|20px]]
|[[Image:Proto-semiticTet-01.png|15px]]
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|[[Image:Proto-semiticL-01.svg|20px]]
|[[Image:Proto-semiticM-01.svg|20px]]
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|[[Image:Proto-semiticX-01.png|20px]] [[Image:Proto-semiticX-02.png|15px]]
|[[Image:Proto-semiticO-01.svg|20px]]
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|[[File:SemiticTsade-001.png|5px]] [[File:SemiticTsade-002.png|15px]]
|[[Image:Proto-semiticQ-01.svg|20px]]
|[[Image:Proto-semiticR-01.svg|20px]]
|[[Image:Proto-semiticS-01.svg|20px]]
|[[Image:Proto-semiticT-01.svg|20px]]
|-
! [[Alfabeto fenício|Fenício]]
|[[Image:PhoenicianA-01.svg|20px]]
|[[Image:PhoenicianB-01.svg|20px]]
|[[Image:PhoenicianG-01.png|20px]]
|[[Image:PhoenicianD-01.png|20px]]
|[[Image:PhoenicianE-01.png|20px]]
|[[Image:PhoenicianW-01.png|20px]]
|[[Image:PhoenicianZ-01.png|20px]]
|[[Image:PhoenicianH-01.png|20px]]
|[[Image:PhoenicianTet-01.png|20px]];
|[[Image:PhoenicianI-01.png|20px]]
|[[Image:PhoenicianK-01.png|20px]]
|[[Image:PhoenicianL-01.png|20px]]
|[[Image:PhoenicianM-01.png|20px]]
|[[Image:PhoenicianN-01.png|20px]]
|[[Image:PhoenicianX-01.png|20px]]
|[[Image:PhoenicianO-01.png|20px]]
|[[Image:PhoenicianP-01.png|20px]]
|[[Image:PhoenicianTsade-01.png|20px]]
|[[Image:PhoenicianQ-01.png|20px]]
|[[Image:PhoenicianR-01.png|20px]]
|[[Image:PhoenicianS-01.png|20px]]
|[[Image:PhoenicianT-01.png|20px]]
|-
! Possível<br>acrofonia
|{{unicode|[[ʾalp]]}} boi
|[[beth (letra)|bet]] casa
|[[gaml]] bastão
|[[daleth|digg]] peixe
|[[he (letter)|haw, hll]] hurra!
|[[waw (letter)|waw]] gancho
|[[zayin|zen, ziqq]] algema
|{{unicode|[[ḥet]]}} pátio
|{{unicode|[[ṭēt]]}} roda
|[[yodh|yad]] braço
|[[Kaph|kap]] mão
|[[lamd]] espora
|[[mem]] água
|{{unicode|[[naḥš]]}} cobra
|[[samek]] peixe
|{{unicode|[[ʿen]]}} olho
|{{unicode|[[piʾt]]}} curva
|{{unicode|[[ṣad]]}} planta
|[[qup]] macaco
|{{unicode|[[raʾs]]}} cabeça
|[[šimš|šananuma]] arco
|[[taw (letter)|taw]] assinatura
|}
<!--{{Alfabeto semítico}}-->
Esta escrita semítica alocou aos hieróglifos egípcios valores consonantais com base em suas traduções semíticas.<ref>Hooker, J. T., C. B. F. Walker, W. V. Davies, John Chadwick, John F. Healey, B. F. Cook e Larissa Bonfante, (1990). ''Reading the Past: Ancient Writing from Cuneiform to the Alphabet''. Berkeley: University of California Press. p. 211-213.</ref> Assim, por exemplo, o hieróglifo ''[[Per (hieróglifo)|per]]'' ("casa", em egípcio), se tornou ''bayt'' ("casa", em semítico).<ref>McCarter, P. Kyle. “The Early Diffusion of the Alphabet.” ''The Biblical Archaeologist'' 37, n.º 3 (set. de 1974): 54-68. p. 57.</ref> A escrita era usada apenas de maneira esporádica, e manteve sua natureza pictográfica por meio milênio, até ser adotada para uso administrativo em [[Canaã]]. Os primeiros estados canaanitas a fazer um uso extensivo do alfabeto foram as [[Cidade-estado|cidades-estado]] [[fenícia]]s, e por este motivo os estágios tardios da escrita canaanita são chamados de [[alfabeto fenício]]. Estas cidades da Fenícia eram estados [[mar]]ítimos, centros de uma vasta rede de comércio; rapidamente, o alfabeto fenício se espalhou por todo o [[Mar Mediterrâneo|Mediterrâneo]]. Duas variantes do alfabeto fenício tiveram grande impacto na história da escrita: o [[alfabeto aramaico]] e o [[alfabeto grego]].<ref>[http://www.bbc.co.uk/dna/h2g2/A2451890 The Development of the Western Alphabet], [[BBC]] h2g2, 8 de abril de 2004.</ref>

=== Descendentes do abjad aramaico ===
[[Imagem:Phönizisch-5Sprachen.svg|thumb|left|Tabela mostrando os detalhes da de quatro alfabetos descendentes do [[abjad]] fenício: da esquerda para a direita, o [[alfabeto latino]], o [[alfabeto grego|grego]], o [[Alfabeto fenício|fenício original]], o [[alfabeto hebraico|hebraico]] e o [[Língua árabe|árabe]].]]
Os alfabetos fenício e aramaico, como seu protótipo egípcio, representavam apenas consoantes, um sistema chamado de ''[[abjad]]''. O alfabeto aramaico, que evoluiu a partir do fenício no século VII a.C. como escrita usada em caráter oficial no [[Império Persa]], parece ter sido o ancestral de quase todos os alfabetos modernos da [[Ásia]]:
*O [[alfabeto hebraico]] começou como uma variante local do aramaico imperial (o alfabeto hebraico original ainda é usado pelos [[samaritanos]], na forma do [[alfabeto samaritano]]).<ref>Hooker, J. T., C. B. F. Walker, W. V. Davies, John Chadwick, John F. Healey, B. F. Cook e Larissa Bonfante, (1990). ''Reading the Past: Ancient Writing from Cuneiform to the Alphabet'', Berkeley: University of California Press. p. 222.</ref><ref>Robinson, Andrew, (1995). ''The Story of Writing: Alphabets, Hieroglyphs & Pictograms'', Nova York: Thames & Hudson Ltd. p. 172.</ref>
*O [[alfabeto árabe]] é descendente do alfabeto aramaico, através do [[alfabeto nabateu]], usado na região do atual sul da [[Jordânia]].
*O [[alfabeto siríaco]], usado após o século III d.C., evoluiu, através do [[Escrita pahlavi|pahlavi]] e do [[Alfabeto sogdiano|sogdiano]], até se transformar nos alfabetos do norte da Ásia, como a [[escrita orkhon]], o [[alfabeto uigur]], o [[alfabeto mongol]] e o [[alfabeto manchu]].
*O [[alfabeto georgiano]] tem origem incerta, porém parece fazer parte do grupo perso-aramaico (ou talvez do grego).
*O alfabeto aramaico também é o ancestral mais provável dos [[Família brami|alfabetos bramis]] do [[subcontinente indiano]] (ver [[escrita brami]]), que se espalharam ao [[Tibete]], [[Mongólia]], [[Indochina]] e ao [[arquipélago malaio]], juntamente com as religiões [[Hinduísmo|hinduísta]] e [[Budismo|budista]]. A [[China]] e o [[Japão]], no entanto, embora tenham absorvido o budismo, já eram alfabetizados e mantiveram seus sistemas de escrita [[Logograma|logográficos]] e [[silabário|silábicos]].
*O alfabeto [[hangul]] foi inventado na [[Coreia]] no século XV. A tradição local afirma que teria sido uma invenção autônoma; o professor americano [[Gari Ledyard]], no entanto, da [[Universidade Columbia]], apontou que partes do seu sistema consonantal poderiam ter sido baseados em meia dúzia de letras derivadas da [[escrita tibetana]] através do [[alfabeto phagspa]] imperial, usado pela [[dinastia Yuan]] da [[China]]. O próprio tibetano é uma escrita brami. Considerado único entre os alfabetos no mundo, o resto das consoantes foram derivadas a partir deste grupo central, como um sistema de [[característica distintiva|características distintivas]].<ref>Ledyard, Gari K. ''The Korean Language Reform of 1446.'' Seoul: Shingu munhwasa, 1998.</ref>

::{| class=wikitable style="text-align:center;"
|-
! colspan=2 | Ocidental ←
! rowspan=2 | Fenício
! colspan=3 | → Brami
! rowspan=2 | → Coreano
|-
! Latim
! Grego
! Guzerate
! Devanágari
! Tibetano
|-
| A
| Α
| [[File:phoenician aleph.svg|15px|Aleph]]
| અ
| अ
| ཨ
|
|-
| B
| В
| [[File:phoenician beth.svg|15px|Beth]]
| બ
| ब
| བ
| ㅂ
|-
| C, G
| Г
| [[File:phoenician gimel.svg|15px|Gimel]]
| ગ
| ग
| ག
| ㄱ
|-
| D
| Δ
| [[File:phoenician daleth.svg|15px|Daleth]]
| ધ (ઢ)
| ध (ढ)
| -
| ㄷ
|-
| E
| Ε
| [[File:phoenician he.svg|15px|He]]
| હ
| ह
| ཧ
| (ㅱ)
|-
| F, V
| Ϝ, Υ
| [[File:phoenician waw.svg|15px|Waw]]
| વ
| व
| ཝ
|
|-
| Z
| Ζ
|[[File:phoenician zayin.svg|15px|Zayin]]
| દ (ડ)
| द (ड)
| ད (ཌ)
| ㅈ
|-
| H
| Η
| [[File:phoenician heth.svg|15px|Heth]]
| ઘ
| घ
| -
|
|-
| -
| Θ
| [[File:phoenician teth.svg|15px|Teth]]
| થ (ઠ)
| थ (ठ)
| ཐ (ཋ)
|
|-
| I, J
| Ι
|[[File:phoenician yodh.svg|15px|Yodh]]
| ય
| य
| ཡ
|
|-
| K
| Κ
| [[File:phoenician kaph.svg|15px|Kaph]]
| ક
| क
| ཀ
| ㅋ
|-
| L
| Λ
| [[File:phoenician lamedh.svg|15px|Lamedh]]
| લ
| ल
| ལ
| ㄹㄹ
|-
| M
| Μ
|[[File:phoenician mem.svg|15px|Mem]]
| મ
| म
| མ
| ㅁ
|-
| N
| Ν
| [[File:phoenician nun.svg|15px|Nun]]
| ન
| न
| ན
| ㄴ
|-
| -
| Ξ
| [[File:phoenician samekh.svg|15px|Samek]]
| શ
| श
| ཤ
|
|-
| O
| Ο
| [[File:phoenician ayin.svg|15px|Ayin]]
| ?
|
|
|-
| P
| Π
|[[File:phoenician pe.svg|15px|Pe]]
| પ, ફ
| प, फ
| པ, ཕ
| ㅍ
|-
| -
| Ϡ
|[[File:phoenician sade.svg|15px|Sade]]
| સ
| स
| ས
|
|-
| Q
| Ϙ
|[[File:Phoenician qoph.svg|15px|Qoph]]
| ખ
| ख
| ཁ
|
|-
| R
| Ρ
| [[File:phoenician res.svg|15px|Res]]
| ર
| र
| ར
| ㄹ
|-
| S
| Σ
| [[File:phoenician sin.svg|15px|Sin]]
| ષ
| ष
| ཥ
| ㅅ
|-
| T
| Τ
| [[File:phoenician taw.svg|15px|Taw]]
| ત (ટ)
| त (ट)
| ཏ (ཊ)
| ㅌ
|}
A tabela mostra como o alfabeto se espalhou para o oeste (grego, latim) e para o leste (brami, coreano); a correspondência exata entre o fenício (através do aramaico) ao brami, no entanto, é incerta, especialmente devido às [[sibilante]]s e às letras entre parênteses. A transmissão do alfabeto do tibetano (através do phagspa) para o hangul também é controversa.

== Alfabetos verdadeiros ==
=== Alfabeto grego ===
;Adoção
{{principal|História do alfabeto grego}}
[[Imagem:NAMA Alphabet grec.jpg|thumb|250px|Alfabeto grego em antigo vaso em [[figura negra]].]]

Por volta do século VIII a.C. os gregos adaptaram o alfabeto fenício para seu próprio idioma,<ref name="McCarter, P. Kyle 1974 page 62">McCarter, P. Kyle. "The Early Diffusion of the Alphabet", ''The Biblical Archaeologist'' 37, n.º 3 (setembro de 1974): 54-68. p. 62.</ref> criando no processo o primeiro alfabeto "verdadeiro", no qual as vogais tinham um status igual ao das consoantes. De acordo com as [[Mitologia grega|lendas gregas]] transmitidas pelo historiador [[Heródoto]], o alfabeto teria sido levado da [[Fenícia]] para a [[Grécia Antiga|Grécia]] por [[Cadmo]]. As letras do alfabeto grego eram as mesmas do alfabeto fenício, e ambos eram organizados na mesma ordem.<ref name="McCarter, P. Kyle 1974, p. 62"/> Entretanto, enquanto a presença de letras separadas para vogais teria acabado por atrapalhar a legibilidade do egípcio, fenício ou hebraico, sua ausência é que se tornava problemática para o grego, idioma no qual as vogais desempenham um papel muito mais significativo.<ref>''"there are languages for which an alphabet is ''not'' an ideal writing system. The Semitic abjads really do fit the structure of Hebrew, Aramaic, and Arabic very well, [more] than an alphabet would [...], since the spelling ensures that each root looks the same through its plethora of inflections and derivations."'' Peter Daniels, ''The World's Writing Systems,'' p. 27.</ref> Os gregos usaram para representar as vogais algumas das letras fenícias que representavam fonemas do fenício que não tinham equivalentes no grego. Todos os nomes das letras do alfabeto fenício se iniciavam em consoantes, e estas consoantes indicavam aquilo que as letras representavam - fenômeno conhecido como o [[Acrofonia|princípio acrofônico]].

Como foi dito, diversas destas consoantes fenícias não existiam no grego, e portanto diversos nomes de letras passaram a ser pronunciados com vogais iniciais. Como o nome da letra supostamente deveria indicar o som desta letra, estas letras passaram a designar vogais no grego. Por exemplo, os gregos não tinham uma [[oclusiva glotal]], ou um ''[[h]]'', portanto as letras fenícias ''[[’alep]]'' e ''[[he]]'' se tornaram o ''[[alfa]]'' e o ''[[e]]'' (posteriormente ''[[epsilon]]''), e designando as vogais {{IPA|/a/}} e {{IPA|/e/}}, no lugar das consoantes {{IPA|/ʔ/}} e {{IPA|/h/}}. Como esta alteração apenas gerou cinco ou seis (dependendo do dialeto) das doze vogais existentes no grego da época, os gregos eventualmente criaram [[dígrafo]]s e outras modificações, como ''ei'', ''ou'', e <u>''o''</u> (que se tornou ''[[ômega]]''), ou em alguns casos meramente ignoraram esta deficiência, como no caso dos ''a'', ''i'' e ''u'' longos.<ref>Robinson, Andrew, (1995). ''The Story of Writing: Alphabets, Hieroglyphs & Pictograms'', New York: Thames & Hudson Ltd. page 170.</ref>

Diversas variantes do alfabeto grego foram desenvolvidas. Uma delas, conhecida como [[Alfabeto cumeu|grego ocidental ou calcídico]], era utilizado a oeste de [[Atenas]] e na [[Itália meridional]]. Outra variante, conhecida como [[História do alfabeto grego|grego oriental]], foi usado na [[Ásia Menor]] (atual [[Turquia]]). Os [[Antiga Atenas|atenienses]], por volta de 400 a.C., adotaram esta última variação e eventualmente o resto do mundo grego seguiu este exemplo. Após escrever inicialmente da direita para a esquerda, os gregos eventualmente optaram por escrever da esquerda para a direita (ao contrário do fenício e da maior parte dos idiomas semíticos).

;Descendentes
O alfabeto grego, por sua vez, virou a fonte de todas as escritas modernas da [[Europa]]. O alfabeto dos dialetos gregos ocidentais arcaicos, nos quais a letra ''[[eta]]'' continuou a ser um ''h'', deu origem aos alfabetos [[Alfabeto itálico antigo|itálico antigo]] e [[alfabeto romano|romano]]. Nos dialetos gregos orientais, que não tinham um /h/, o ''eta'' tomou o lugar de uma vogal, e permaneceu como tal no [[grego moderno]] e em todos os alfabetos derivados destas variantes orientais, como o [[Alfabeto glagolítico|glagolítico]], o [[alfabeto cirílico|cirílico]], o [[alfabeto armênio|armênio]], o [[Alfabeto gótico|gótico]] (que usava letras gregas e romanas) e, talvez, o [[Alfabeto georgiano|georgiano]].<ref>Robinson, Andrew. The Story of Writing: Alphabets, Hieroglyphs & Pictograms. New York: Thames & Hudson Ltd., 1995.</ref>

Embora esta descrição tenha apresentado a evolução das escritas de uma maneira linear, esta é uma visão simplificada. O [[alfabeto manchu]], por exemplo, que descende dos [[abjad]]s da Ásia ocidental, também foi influenciado pelo [[hangul]] coreano, que foi considerado tanto como sendo independente (ponto de vista tradicional) ou ele próprio tendo sido derivado dos [[abugida]]s da Ásia Meridional. O georgiano, por sua vez, aparentemente deriva da família aramaica, porém foi fortemente influenciado, em sua concepção, pelo grego. O alfabeto grego é ele próprio, por sua vez, uma derivação dos hieróglifos através daquele primeiro alfabeto semítico, que posteriormente adotou meia dúzia de hieróglifos [[demótico]]s adicionais quando passou a ser usado para grafar o [[Língua copta|egípcio copta]] ([[alfabeto copta]]). O [[Silabário aborígene canadense|silabário cree]], um abugida que parece ser uma fusão do [[devanágari]] e da [[estenografia de Pitman]] desenvolvida pelo [[missionário]] [[James Evans (linguista)|James Evans]], uma invenção independente, também tem suas origens na escrita latina cursiva.

{{referências|Notas e referências}}

== Bibliografia ==
* Peter T. Daniels, William Bright (eds.), 1996. ''The World's Writing Systems'', ISBN 0-19-507993-0.
* [[David Diringer|Diringer, David]], ''History of the Alphabet'', 1977, ISBN 0-905418-12-3.
* Fischer, Stephen R. ''A History of Writing'' 2005. Reaktion Books CN 136481
*{{citar livro | autor = Haarmann, Harald | título = Geschichte der Schrift | editora = C. H. Beck | local = Munique | edição = 2ª | ano = 2004 | id = ISBN 3-406-47998-7}}
* Hoffman, Joel M. ''In the Beginning: A Short History of the Hebrew Language'', 2004, ISBN 0-8147-3654-8.
* Logan, Robert K. ''The Alphabet Effect: The Impact of the Phonetic Alphabet on the Development of Western Civilization'', Nova York: William Morrow and Company, Inc., 1986.
*{{citar periódico | autor = Millard, A. R. | ano = 1986 | título = The Infancy of the Alphabet | jornal = World Archaeology | volume = 17
| número = 3 | páginas = 390–398}}
* Naveh, Joseph. ''Early History of the Alphabet: an Introduction to West Semitic Epigraphy and Palaeography'' (Magnes Press - Hebrew University, Jerusalem, 1982)
* Naveh, Joseph. ''Early History of the Alphabet: an Introduction to West Semitic Epigraphy and Palaeography'' (Magnes Press - Hebrew University, Jerusalem, 1982)
* Powell, Barry B. ''Homer and Origin of the Greek Alphabet,'' Cambridge: Cambridge University Press, 1991.
* Powell, Barry B. ''Homer and Origin of the Greek Alphabet,'' Cambridge: Cambridge University Press, 1991.

Revisão das 20h57min de 5 de novembro de 2013

  • Naveh, Joseph. Early History of the Alphabet: an Introduction to West Semitic Epigraphy and Palaeography (Magnes Press - Hebrew University, Jerusalem, 1982)
  • Powell, Barry B. Homer and Origin of the Greek Alphabet, Cambridge: Cambridge University Press, 1991.
  • Ullman, B.L. "The Origin and Development of the Alphabet," American Journal of Archaeology 31, n.º 3 (Jul., 1927): 311-328.
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