Mostrar código-fonte de Lúcio Emílio Paulo Macedônico

{{Ver desambig||Lúcio Emílio Paulo}}
{{Info/Nobre
|nome              = Lúcio Emílio Paulo Macedônico
|titulo             =[[Cônsul da República Romana]]
|imagem             =The Triumph of Aemilius Paulus (detail).jpg
|imgw               =400px
|legenda            ="O Triunfo de Emílio Paulo", de [[Carle Vernet]].
|sucessão           =
|reinado            =182 a.C.<br>168 a.C.
|tipo-reinado       =Consulado
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|data da morte              ={{morte|||-160}}
|local da morte             =
}}
'''Lúcio Emílio Paulo Macedônico''' (m. 160 a.C.; {{lang-la|''Lucius Aemilius Paullus Macedonicus''}}) foi um político da [[gente (Roma Antiga)|gente]] [[Emílios|Emília]] da [[República Romana]] eleito [[cônsul romano|cônsul]] por duas vezes, em 182 e 168 a.C., com [[Cneu Bébio Tânfilo]] e [[Caio Licínio Crasso]] respectivamente. Era filho de [[Lúcio Emílio Paulo (cônsul em 219 a.C.)|Lúcio Emílio Paulo]], cônsul em 219 a.C., que morreu na [[Batalha de Canas]].

== Família e primeiros anos ==
Paulo nasceu sob a influência aristocrática de seu pai e era, como ele, partidário de uma estrita disciplina militar. Como o pai, foi [[áugure]]. Foi mencionado pela primeira vez em 194 a.C., quando foi nomeado [[triúnviro]] ''coloniis deducendis'' com a missão de fundar uma [[colônia romana|colônia]] em [[Crotona]].

Dois anos depois, em 192 a.C., foi [[edil curul]] com um parente, [[Marco Emílio Lépido (cônsul em 187 a.C.)|Marco Emílio Lépido]], vencendo doze candidatos que depois foram cônsules. Durante seu mandato, perseguiu os ''[[pecuarii]]'', o nome pelo qual eram conhecidos os grandes criadores de gado que pastavam suas boiadas em [[ager publicus|terras públicas]]. Os dois construíram ainda um [[pórtico]] que ligou a [[Porta Fontinal]] ao [[Altar de Marte]].<ref>{{Citar livro|sobrenome=Platner|nome=Samuel Ball|autorlink=Samuel Ball Platner|título=A Topographical Dictionary of Ancient Rome|local=Londres|editora=Oxford University Press|ano=1929|página = 328| língua = inglês}}.</ref>

Em 191 a.C., foi [[pretor]] na [[Hispânia Ulterior]], com poderes [[procônsul|proconsulares]]. Sua atuação na [[Península Ibérica]] é obscura por causa de contradições entre as fontes, mas sabe-se que sufocou uma revolta dos [[turdetanos]] e que, no ano seguinte, foi derrotado pelos [[lusitanos]] ''"Lyko"'' ([[Lugo (Galiza)|Lugo]]?), na [[Bastetânia]]), perdendo mais de {{fmtn|6000}} homens. Recuperou-se depois e conseguiu derrotar os povos inimigos, deixando a Hispânia Ulterior pacificada por um tempo. Esta última vitória lhe valeu um [[triunfo romano|triunfo]]. Alguns autores, baseados em [[Lívio]], defendem que esta derrota de Emílio Paulo teria ocorrido em [[Ilurco]] emn 190 a.C..<ref>Molina González, Fernando & Roldán Hervás, José Manuel: ''Historia de Granada: De las primeras culturas al Islam'', Edt. Don Quijote, Granada, 1983, ISBN 84-85933-27-3, pag. 161</ref>

A primeira (ou segunda) inscrição romana ainda existente e oriunda da Hispânia, o chamado "[[Bronze de Lascuta]]", é um decreto de Emílio Paulo no qual ele concede a liberdade aos habitantes de uma fortaleza, conhecida como ''"Turris Lascutana"'', que, até então, eram [[escravidão na Roma Antiga|servos]] da cidade de [[Asta Régia]] (''Mesas de Asta'', perto da moderna [[Jerez de la Frontera]]).

== Primeiro consulado (182 a.C.) e procônsul (181 a.C.) ==
[[Ficheiro:Jean-François-Pierre Peyron 001.jpg|thumb|direita|400px|"Rendição do [[Perseu da Macedônia|rei Perseu]] a Emílio Paulo".<br><small>Por [[Jean-François-Pierre Peyron]] no [[Museu de Belas Artes de Budapeste]], na [[Hungria]].</small>]]
Depois de ser derrotado várias vezes nas eleições consulares depois de sua volta a Roma, em 189 a.C., Emílio Paulo foi finalmente eleito em 182 a.C. com [[Cneu Bébio Tânfilo]].<ref>[[Lívio]], ''[[Ab Urbe Condita libri|Ab Urbe Condita]]'' XXXIX 32.</ref><ref>[[Aurélio Vítor]] ''De Vir. Ill.'' 56.</ref> Sua província consular foi a [[Ligúria]]. No ano seguinte, como [[procônsul]], foi enviado para lutar contra os [[ingáunios]], um povo [[lígures|lígure]] que detinha um considerável poder naval e vinha atacando os barcos mercantes romanos. Eles foram completamente derrotados e todas as suas fortificações foram arrasadas. Ao retornar a Roma, Emílio Paulo celebrou um outro triunfo.

Nos treze anos seguintes, viveu em Roma tranquilamente, dedicado a educar seus filhos.

== Segundo consulado e guerra contra a Macedônia ==
{{AP|Terceira Guerra Macedônica}}
Já havia alguns anos que estava sendo travada a guerra contra o rei [[Perseu da Macedônia]], mas ninguém ainda havia conseguido a vitória definitiva. Em 169 a.C., o povo exigiu que fosse eleito cônsul um general com grande experiência e habilidade, o que fez com que vários notáveis romanos pressionassem Emílio Paulo para que ele apresentasse sua candidatura. Ele já tinha mais de sessenta anos e não estava disposto a assumir a função, mas, depois de ser aclamado, foi escolhido cônsul para 168 a.C. com [[Caio Licínio Crasso]].

Na primavera, chegou à [[Reino da Macedônia|Macedônia]] e, em 22 de junho, obteve uma grande vitória na [[Batalha de Pidna]], que pôs fim à guerra. Perseu se rendeu, foi preso e levado até Paulo, que o tratou com cortesia. Contudo, para deixar como exemplo, Paulo ordenou a execução de 500 proeminentes macedônios conhecidos por serem adversários de Roma. Ele também exilou muitos outros na Itália e confiscou seus bens em nome de Roma, mas, segundo [[Plutarco]], teria mantido muito para si próprio. Outras fontes indicam que ele teria mantido para si apenas a grande biblioteca real,{{Efn|Elizabeth Rawson chamou-a de ''"a primeira grande biblioteca grega"'', anterior à [[Biblioteca de Alexandria]]; no [[Antiguidade Tardia|final da Antiguidade]], as fontes de [[Isidoro de Sevilha]] foram suficientes para que ele declarasse que ''"Emílio Paulo foi o primeiro a trazer uma biblioteca a Roma"'' ({{lang-la|''"Romam primus librorum copiam advexit Aemilius Paulus"''}}).<ref>[[Isidoro de Sevilha]], ''"[[Etymologiae]]"'' VI 5.1).</ref>}} dando início a um costume que seria seguido por outros generais romanos posteriores, como [[Lúculo]]. Segundo [[Valério Máximo]], Emílio Paulo mandou executar seus próprios soldados acusados de [[deserção]] por [[esmagamento por elefante]], afirmando que ''"a disciplina militar precisa deste tipo de castigo severo e abrupto, pois assim é que se mantém firme a força das armas que, se se afastar do bom caminho, será subvertida".''<ref>Citado por Alison Futrell (ed.), A Sourcebook on the Roman Games, p. 8 (Blackwell Publishing, 2006) {{en}}.</ref>

Em 167 a.C., permaneceu na Macedônia como procônsul, o que lhe permitiu visitar toda a Grécia. Durante seu mandato, reparou diversas injustiças e realizou muitas doações. Voltou depois para a Macedônia e passou a viver em [[Anfípolis]], onde, junto com dez comissários especiais romanos, decidiu o futuro da Macedônia. Finalmente, celebrou magníficos [[jogos romanos|jogos]].

== Anos finais ==
No caminho de volta para Roma, diante da reclamação de suas tropas com relação à sua parte na imensa riqueza coletada na campanha, Paulo decidiu fazer uma para no [[Epiro]], um reino suspeito de simpatizar com a causa macedônia. A região já estava pacificada, mas Paulo ordenou que suas tropas saqueassem setenta de suas cidades, o que levou à escravização de {{fmtn|150000}} de seus habitantes. Depois do Epiro, Emílio Paulo seguiu para [[Orico]], de onde embarcou, com suas tropas, de volta para a Itália, onde chegou em 167 a.C.. O rico [[butim]] amealhado na campanha foi depositado no [[Erário de Saturno|erário romano]].
[[Ficheiro:Plan battle of Pydna-en.svg|thumb|esquerda|upright=.6|Diagrama da [[Batalha de Pidna]], vencida por Emílio Paulo.]]
Apesar de alguma oposição, recebeu a honra de um [[triunfo romano|triunfo]], cujas celebrações, consideradas espetaculares, duraram mais de três dias. Diante da carruagem triunfal de Emílio Paulo estava Perseu e seu filho, o que deu fim à dinastia dos [[selêucidas]]; atrás dela, os dois filhos maiores de Paulo, [[Quinto Fábio Máximo Emiliano|Fábio Emiliano]] e [[Públio Cornélio Cipião Emiliano|Cipião Emiliano]], adotados pelas famílias dos [[Fábios]] e dos [[Cipiões]] respectivamente. O [[Senado Romano|Senado]], como reconhecimento pela sua vitória, votou por conceder-lhe o [[cognome]] "Macedônico" ({{lang-la|''"Macedonicus"''}}). Apesar disto, sua alegria foi manchada por uma tragédia familiar: seus dois filhos mais jovens morreram, um deles, com apenas nove anos de idade, cinco dias antes do triunfo, e o outro, de quatorze anos, três dias depois. O evento provocou a extinção legal da família dos Paulos na gente Emília.

Em 164 a.C., foi eleito [[censor romano|censor]] com [[Quinto Márcio Filipo]] e morreu quatro anos depois, já bastante doente. A fortuna que deixou já estava tão diminuída que serviu apenas para pagar o [[dote]] de sua segunda mulher.

== Família ==
Os Emílios Paulos estavam ligados por casamento e interesses políticos aos [[Cipiões]].  Paulo se casou duas vezes. Com sua primeira esposa, Papíria, uma filha de [[Caio Papírio Masão]], cônsul em 231 a.C., teve quatro filhos (dois meninos e duas meninas):
* O filho mais velho, provavelmente chamado "Lúcio Emílio Paulo", ficou conhecido como [[Quinto Fábio Máximo Emiliano|Fábio Emiliano]];
* O filho mais novo, provavelmente chamado "Marco Emílio Paulo", ficou conhecido como [[Cipião Emiliano]];
* Emília Prima, casada com [[Quinto Élio Tuberão (estóico)|Quinto Élio Tuberão]];
* Emília Segunda, casada com Marco Pórcio Catão, filho de [[Catão, o Velho]].

Sem razão aparente, segundo [[Plutarco]], Paulo se divorciou dela quando seu filho mais jovem era ainda um bebê, o que indica que o [[divórcio]] tenha ocorrido em 183-2 a.C.. Paulo então casou-se novamente com uma romana de nome desconhecido, com quem teve os dois filhos, o mais velho nascido por volta de 181 a.C. e o mais novo, por volta de 176 a.C.. Aparentemente, ele teve ainda uma outra filha (Emília Tércia), ainda muito jovem quando seu pai foi eleito pela segunda vez.{{efn|Não se sabe o destino dela. Sabe-se que suas meia-irmãs mais velhas se casaram e que seus irmãos morreram em 167 a.C.. Ela pode ter morrido por volta de 160 a.C., pois [[Políbio]] não a cita mais e nenhum historiador romano menciona nenhum cunhado de Cipião Emiliano.}}

Como quatro filhos homens era um número demasiado grande para um pai sustentar durante o ''[[cursus honorum]]'', Paulo decidiu entregar seus dois filhos mais velhos à [[Adoção na Roma Antiga]], provavelmente entre 175 e 170 a.C. O mais velho foi adotado por [[Fábio Máximo]] e escolheu o nome de [[Quinto Fábio Máximo Emiliano]]. O mais novo foi adotado por um primo, [[Públio Cornélio Cipião (filho de Cipião Africano)|Públio Cornélio Cipião]], o filho mais velho e herdeiro de [[Cipião Africano]],{{efn|[[Públio Cornélio Cipião (filho de Cipião Africano)|Públio Cornélio Cipião]] era [[flâmine dial]] e foi, depois, [[pretor]]. Sua saúde, precária, impediu que ele brilhasse na carreira militar. Sua mãe era [[Emília Paula]] (ou "Emília Tércia"), a irmã de Emílio Paulo.}} escolhendo o nome de [[Públio Cornélio Cipião Emiliano]], entrando assim para a mais poderosa e influente dinastia política romana.

Com os filhos mais velhos adotados pelas mais poderosas famílias [[patrício romano|patrícias]] de Roma, Paulo contava com os filhos mais jovens, de seu segundo casamento, para continuar com seu próprio nome, mas o destino não seria este. Ambos morreram jovens, na época do seu triunfo sobre a Macedônia. Segundo [[Políbio]], o mais velho tinha quatorze e o mais novo, nove, e seus nomes são desconhecidos.

== Ver também ==
{{Cônsules da República Romana
|ant1=[[Marco Cláudio Marcelo (cônsul em 183 a.C.)|Marco Cláudio Marcelo]]
|ant2=[[Quinto Fábio Labeão]]
|con1=Lúcio Emílio Paulo Macedônico
|con2=[[Cneu Bébio Tânfilo]]
|ano=182 a.C.
|seg1=[[Públio Cornélio Cetego (cônsul em 181 a.C.)|Públio Cornélio Cetego]]
|seg2=[[Marco Bébio Tânfilo]]
|emenda=s
}}
{{Cônsules da República Romana
|cab=n
|ant1=[[Quinto Márcio Filipo (cônsul em 186 a.C.)|Quinto Márcio Filipo]] II
|ant2=[[Cneu Servílio Cepião (cônsul em 169 a.C.)|Cneu Servílio Cepião]]
|con1=Lúcio Emílio Paulo Macedônico II
|con2=[[Caio Licínio Crasso]]
|ano=168 a.C.
|seg1=[[Quinto Élio Peto (cônsul em 167 a.C.)|Quinto Élio Peto]]
|seg2=[[Marco Júnio Peno]]
}}

== Notas ==
{{refbegin}}
{{notelist}}
{{refend}}

{{referências|col=2}}

== Bibliografia ==
{{Commonscat|Lucius Aemilius Paullus Macedonicus}}
=== Fontes primárias ===
{{refbegin|2}}
*{{citar livro|autor=Lívio|autorlink=Lívio|título=[[Ab Urbe condita libri]]|ref=Livio|url=https://en.wikisource.org/wiki/From_the_Founding_of_the_City|língua=inglês}}
*{{citar livro|autor=Plutarco|autorlink=Plutarco|título=[[Vidas Paralelas (Plutarco)|Vidas Paralelas]]|subtítulo=Aemilius Paulus|url=http://classics.mit.edu/Plutarch/paulus.html|língua=inglês}}
*{{citar livro|autor=Políbio|autorlink=Políbio|título=[[Histórias (Políbio)|Histórias]]|subtítulo=XXXII, 8|url=http://www.perseus.tufts.edu/cgi-bin/ptext?lookup=Plb.+32.8|língua=inglês}}
{{refend}}

=== Fontes secundárias ===
{{refbegin|2}}
* {{citar livro|nome=T. Robert S.|sobrenome=Broughton|título=The Magistrates of the Roman Republic|subtítulo=Volume I, 509 B.C. - 100 B.C.|ano=1951|editora=The American Philological Association|número=|volume=I, número XV|local=Nova Iorque|páginas=578|língua=inglês}}
* {{SmithDGRBM|url = http://www.ancientlibrary.com/smith-bio/2487.html| artigo=Lucius Aemilius Paullus}}
* {{RE|I,1|576|580|Aemilius (114)|[[Elimar Klebs]]|RE:Aemilius 114}}
* {{DNP|1|181|182|Ae. Paullus, L. [I 32]|[[Carolus-Ludovicus Elvers]]}}
{{refend}}

{{Controle de autoridade}}

{{DEFAULTSORT:Paullus, Lucius Aemilius}}
[[Categoria:Cônsules da República Romana]]
[[Categoria:Romanos antigos do século III a.C.]]
[[Categoria:Romanos antigos do século II a.C.]]
[[Categoria:Ano de nascimento desconhecido]]
[[Categoria:Nascidos no século III a.C.]]
[[Categoria:Pretores da República Romana]]
[[Categoria:Aemilii]]
[[Categoria:Procônsules da Macedônia]]
[[Categoria:Áugures romanos]]
[[Categoria:Terceira Guerra Macedônica]]
[[Categoria:Triúnviros]]
[[Categoria:Censores da República Romana]]
[[Categoria:Governadores romanos da Gália Cisalpina]]