Mostrar código-fonte de Lúcio Múmio Acaico

{{Info/Nobre
|nome              = Lúcio Múmio Acaico
|titulo             =[[Cônsul da República Romana]]
|reinado            ={{AC|146|x}}
|tipo-reinado       =Consulado
}}
'''Lúcio Múmio Acaico''' ({{lang-la|''Lucius Mummius Achaicus''}}) foi um político da [[gente (Roma Antiga)|gente]] [[Múmios|Múmia]] da [[República Romana]] eleito [[cônsul romano|cônsul]] em {{AC|146|x}} com [[Cneu Cornélio Lêntulo (cônsul em 146 a.C.)|Cneu Cornélio Lêntulo]]. Lúcio era filho do [[tribuno da plebe]] Lúcio Múmio e foi o [[homem novo|primeiro de sua gente]] a alcançar o consulado.

== Família e primeiros anos ==
{{AP|Guerra Lusitana}}
Conhecido como bom orador, Lúcio era próximo do partido popular dos [[irmãos Graco]]. Foi eleito [[pretor]] em {{AC|154|x}} e recebeu a [[Hispânia Ulterior]] como província consular para assumir o comando da [[Guerra Lusitana]],<ref> Manuel de Faria e Sousa, (1730), ''Historia del reyno de Portugal, dividida en cinco partes'', pág. 42</ref> onde, depois de várias derrotas, conseguiu finalmente algumas vitórias importantes contra os [[lusitanos]] ({{AC|153|x}}). Conseguiu um [[triunfo romano|triunfo]] no ano seguinte por sua vitória.<ref>[[Apiano]], ''Hispan.'' 56-57; [[Eutrópio (historiador)|Eutrópio]] IV 9; [[Fastos Capitolinos]]</ref>

== Consulado ({{AC|146|x}}) e a destruição de Corinto ==
{{AP|Guerra Acaia|Saque de Corinto}}
[[Imagem:La Liga aquea en 150 aC-pt.svg|thumb|upright=1.3|Mapa da Grécia em {{AC|150|x}}, mostrando Corinto e a [[Liga Acaia]]]]
[[Imagem:Robert-fleury-Le Dernier Jour de Corinthe.jpg|thumb|upright=1.3|"A última noite de Corinto", obra de [[Tony Robert-Fleury]]. O saque de Corinto foi o grande feito de Múmio, o que lhe valeu o título de "Acaico"]]

Foi eleito cônsul em {{AC|146|x}} com [[Cneu Cornélio Lêntulo (cônsul em 146 a.C.)|Cneu Cornélio Lêntulo]] e recebeu o comando da [[Guerra Acaia]], substituindo o pretor [[Quinto Cecílio Metelo Macedônico|Cecílio Metelo]]. A [[Liga Acaia]], sob o comando de [[Critolau (estratego)|Critolau]] e [[Dieu de Megalópolis|Dieu]], já havia sido derrotada por Metelo na [[Batalha de Escarpeia]], mas o pretor não agiu com a energia necessária e a Liga continuou a guerra.<ref name="veleio.hist.1.12.1">[[Marco Veleio Patérculo]], ''Compêndio da História romana'', i. 12. § 1</ref>

A Liga reuniu um exército no [[Istmo de Corinto]] antes da chegada de Múmio, mas ele, com o objetivo de forçar a passagem por Leucóptera, venceu Dieu e ocupou [[Corinto]]. Durante o chamado [[saque de Corinto]], todos os homens foram executados e as mulheres e crianças, vendidos como [[escravidão na Roma Antiga|escravos]]. As obras de arte saqueadas foram repartidas entre as cidades gregas e romanas aliadas na região e a cidade foi incendiada. Apesar disto, pelo dois autores antigos relataram que Corinto não teria sido completamente destruída ([[Cícero]] e [[Dião Cássio]]).<ref>[[Cícero]], ''Tusc.'' 3.53; [[Dião Cássio]] 21</ref>

Esta crueldade, aparentemente desnecessária e que não combina bem o que sabemos sobre Múmio, foi explicada por [[Mommsen]] como sendo uma consequência das instruções enviadas pelo [[Senado Romano]], incitado principalmente pelos senadores com interesses comerciais, a quem interessava destruir um perigoso rival comercial. Segundo [[Políbio]], Múmio cedeu à pressão de seus principais generais e conselheiros.

A destruição de Corinto marcou o final da política tradicional romana na Grécia, benevolente até então, especialmente pelo fascínio que a região exercia entre os romanos. Considera-se, geralmente, como um dos piores crimes da República Romana, mas o Senado usou o caso como punição exemplar, mesmo depois dos apelos por moderação pela [[Liga Acaia]]. O resultado foi o fim das ligas gregas, a anexação da [[província romana|província]] da [[Acaia (província romana)|Acaia]] e a submissão de todo o resto da Grécia à vigilância do governador romano da [[Macedônia (província romana)|Macedônia]] ([[procônsul]]). A vitória lhe valeu o [[agnome]] de "[[Acaico]]".

== Procônsul na Grécia ({{AC|145|x}}) ==
Algumas das obras do saque de Corinto foram vendidas ao [[rei de Pérgamo]] e outras a Roma. Ele permaneceu na Grécia entre 146 e {{AC|145|x}}, o segundo ano como [[procônsul]], preparou a constituição fiscal e municipal da nova província romana. Conseguiu a confiança dos comandantes provinciais por sua integridade e senso de justiça, especialmente por respeitar as propriedades religiosas. Um resultado do incêndio em Corinto foi a descoberta acidental do chamado "bronze coríntio", utilizado em esculturas.

Múmio foi um dos poucos comandantes romanos da era republicana a render homenagens à [[Religião na Grécia Antiga|religião helênica]] e dedicou uma estátua de bronze a [[Zeus]] em [[Olímpia (Grécia)|Olímpia]], rodeando o santuário com escudos de bronze [[douração|dourado]].

== Anos finais ==
Ao voltar a Roma, ainda em {{AC|145|x}}, Múmio celebrou um [[triunfo romano|triunfo]] e seu desfile triunfal rapidamente tornou-se uma referência na história da arte romana. Ele trouxe a Roma muitas e muitas carroças com obras de arte clássicas, desfilando todas elas pela [[Via Sacra (Roma)|Via Sacra]] até o [[Capitólio (Roma)|Capitólio]]. Com uma modéstia pouco usual aos conquistadores, não quis seu nome gravado no butim. Ele considerava as obras uma propriedade do Estado Romano e, generosamente, decorou com elas os edifícios romanos, incluindo casas particulares, mas deixou sua própria ''[[villa]]'' limpa, mantendo a austeridade típica dos primeiros romanos.<ref>[[Veleio Patérculo]], ''[[Historiae romanae ad M. Vinicium libri duo]]'' I,13.</ref>

A admiração pelas obras de Corinto em Roma foi enorme, mas a compreensão artística e histórica do valor delas era rara entre os aristocratas romanos, com exceção de uns poucos. O próprio Múmio, na realidade, ficou tão surpreso com o alto valor oferecido por [[Átalo II de Pérgamo]] por uma obra de [[Aristides de Tebas|Aristides]] leiloada logo depois do saque de Corinto (um "Dionísio" do fundador da escola [[Tebas (Grécia)|tebano]]-[[ática]] do início do {{-séc|IV}}) que mandou cancelar a venda por suspeitar haver alguma virtude ("poder") desconhecida na pintura.<ref>[[Plínio, o Velho]], ''[[História Natural (Plínio)|História Natural]]'' XXXV, 24.</ref> Ao invés dos {{fmtn|600000}} [[denário]]s oferecidos, Múmio decidiu colocá-la no [[Templo de Ceres]], em [[Roma]], principalmente por motivos religiosos, o que fez desta pintura a primeira obra de arte estrangeira exibida num local público em Roma.

Provavelmente construiu o [[Templo de Hércules Víctor]], no [[Fórum Boário]].<ref>{{citar periódico|último = Ziolkowski |primeiro =  Adam  |ano= 1988 |título= Mummius' Temple of Hercules Victor and the Round Temple on the Tiber |periódico= [[Phoenix (classics journal)| Phoenix]] | volume = 42|número= 4 |página= 309–333 | jstor = 1088657|língua= inglês| páginas=314ff}}</ref>

Em {{AC|142|x}}, Múmio foi eleito [[censor romano|censor]] com [[Cipião Emiliano]], com quem travou frequentes conflitos por causa da severidade de Cipião. Apesar de ter trazido imensas riquezas para o Estado Romano, Múmio morreu pobre e o povo pagou o [[dote]] para o casamento de sua filha.

== Legado e influência ==
Múmio foi o primeiro [[homem novo]] de origem plebeia a obter um [[agnome]], "Acaico", por serviços militares.<ref>{{citar livro|autor1 =William Dunstan|título=Ancient Rome|url=https://books.google.com/books?id=xkOhwFzz1AkC&lpg=PP1&vq=pg%2087&pg=PA87#v=onepage&q&f=false|página=87|língua= inglês}}</ref> Sua indiferença pelas obras de arte e sua ignorância em relação ao valor sublinham uma observação sua em relação aos encarregados do transporte: ''"Se as perderem ou danificarem, terão que repô-las!"''. Por outro lado, mandou construir, para receber as festividades teatrais, um [[teatro romano|teatro]] que melhorou as condições acústicas e os assentos, seguindo o modelo grego, o que foi um avanço arquitetônico.<ref>[[Políbio]], [[Histórias (Políbio)|Histórias]] III 32, XL 7, 8,11.</ref><ref>[[Lívio]], ''[[Ab Urbe Condita libri|Ab Urbe Condita]]'' ''Epit.'' 52.</ref><ref>[[Apiano]], ''Pun.'' 135; [[Dião Cássio]] 81; [[Floro]] II 16; [[Eutrópio (historiador)|Eutrópio]] IV 14; [[Valério Máximo]] VI 4. § 2, VII 5. § 4; Pseudo-Ascon., ''In Cic. Verr.'' II; [[Diodoro Sículo]] XXXI 5, fr; [[Paulo Orósio]] V 3; ''Vell.'' I 12, 13, II 128; [[Tácito]] ''Ann.'' XIV 21; [[Pausânias (geógrafo)|Pausânias]] VII 12; [[Estrabão]] VIII; [[Zonaras]] IX 20 a 23.</ref><ref>[[Cícero]] ''in Verr.'' I 21, III 4, IV 2; ''Pro Muraen.'' 14; ''De Leg. Agrar.'' I 2; ''De Orat.'' II 6; ''Orat.'' 70; ''Brut.'' 22; ''De Off.'' II 22; ''Ad Att.'' XIII 4, 5, 6, 30, 32, 33; ''Parad.'' V 2; ''Cornel.'' II fr. 8.</ref><ref>[[Plínio, o Velho]], ''[[Naturalis Historia]]'' XXXIV 2, XXXV 4,10.</ref>

== Ver também ==
{{Cônsules da República Romana
|ant1=[[Públio Cornélio Cipião Emiliano]]
|ant2=[[Caio Lívio Druso]]
|con1=[[Cneu Cornélio Lêntulo (cônsul em 146 a.C.)|Cneu Cornélio Lêntulo]]
|con2=[[Lúcio Múmio Acaico]]
|ano=146 a.C.
|seg1=[[Quinto Fábio Máximo Emiliano]]
|seg2=[[Lúcio Hostílio Mancino]]
}}

{{referências|col=2}}

== Bibliografia ==
{{refbegin|2}}
* ''Historia universal siglo XXI. La formación del imperio romano'' ISBN 84-323-0168-X {{es}}
* {{citar livro| nome=T. Robert S.| sobrenome=Broughton| título=The Magistrates of the Roman Republic| subtítulo=Volume I, 509 B.C. - 100 B.C.| ano=1951| editora=The American Philological Association| número = | volume = I, número XV| local=Nova Iorque |páginas=578| língua = inglês}}
* {{RE|XVI,1|1195|1206|L. Mummius (no. 7a)|Fridericus Münzer}}
* {{DNP|8|466||[I 3] M., L.|Gulielmus Kierdorf}}
* {{Britannica1911|url = http://www.1911encyclopedia.org/Lucius_Mummius| artigo = Lucio Mummio}}
{{refend}}

{{Controle de autoridade}}

{{DEFAULTSORT:Achaicus, Lucius Mummius}}
[[Categoria:Cônsules da República Romana]]
[[Categoria:Romanos antigos do século II a.C.]]
[[Categoria:Ano de nascimento desconhecido]]
[[Categoria:Ano de morte desconhecido]]
[[Categoria:Pretores da República Romana]]
[[Categoria:Quarta Guerra Macedônica]]
[[Categoria:Guerra Lusitana]]
[[Categoria:Mummii]]
[[Categoria:Censores da República Romana]]
[[Categoria:Governadores romanos da Hispânia]]
[[Categoria:Guerra Acaia]]