Mostrar código-fonte de Leão

{{Ver desambig|redir=Leoa||Leoa (desambiguação)|ou=!}}
{{Info/Taxonomia
| nome = Leão<ref name="MSW3"/>
| período_fóssil = {{Período fóssil|1|0}}[[Pleistoceno]] – [[Holoceno]]
| estado = VU
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| imagem = Lion waiting in Namibia.jpg
| imagem_legenda = Um leão no parque em Okonjima, na [[Namíbia]].
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| imagem2_legenda = Uma leoa de Okonjima.
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| espécie = '''''P. leo'''''
| binomial = ''Panthera leo''
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| subdivisão_nome = Subespécies
| subdivisão = [[Panthera leo fossilis]] [[Extinção|†]]<br/>[[Panthera leo leo]]<br/>[[Panthera leo melanochaita]] †<br/>[[Leão-das-cavernas|Panthera leo spelaea]] †<br/>[[Leão-americano|Panthera leo atrox]] †<br/>[[Panthera leo krugeri]]<br/>[[panthera leo nubica]]<br/>[[Panthera leo bleyenberghi]]<br/>[[Panthera leo persica]]<br/> [[Panthera leo europaea]] †
| sinónimos = 
| mapa = Lion distribution.png
| mapa_legenda = Distribuição geográfica do leão, em vermelho área histórica, em azul populações remanescentes.
| mapa2 = Map Guj Nat Parks Sanctuary.png
| mapa2_legenda = Localização da última população de leões na [[Ásia]].
}}
O '''leão'''<ref>{{Citar web |ultimo=Infopédia |url=https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/le%C3%A3o |titulo=leão {{!}} Definição ou significado de leão no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa |acessodata=2023-12-11 |website=Infopédia - Dicionários Porto Editora |lingua=pt}}</ref> [feminino: '''leoa'''] ([[nome científico]]: ''Panthera leo'') é uma [[espécie]] de [[mamífero]] [[Carnivora|carnívoro]] do gênero ''[[Panthera]]'' e da família [[Felidae]]. A espécie é atualmente encontrada na [[África subsaariana]] e na [[Ásia]], com uma única população remanescente [[Estado de conservação|em perigo]], no [[Parque Nacional da Floresta de Gir]], [[Gujarat]], [[Índia]]. Foi extinto na [[África do Norte]] e no [[Sudoeste Asiático]] em tempos históricos, e até o [[Pleistoceno Superior]], há cerca de {{fmtn|10000}} anos, era o mais difundido grande mamífero terrestre depois dos humanos, sendo encontrado na maior parte da [[África]], em muito da [[Eurásia]], da Europa Ocidental à Índia, e na [[América]], do [[Yukon]] ao [[México]]. É um dos quatro [[grandes felinos]], com alguns machos excedendo 250 quilogramas em peso, sendo o segundo maior felino recente depois do [[tigre]].

A [[pelagem]] é unicolor de coloração castanha, e os machos apresentam uma juba característica. Uma das características mais marcantes da espécie é a presença de um tufo de pelos pretos na cauda, que também possui uma espora. Habita preferencialmente as [[savana]]s e pastagens abertas, mas pode ser encontrado em regiões mais arbustivas. É um animal sociável que vive em grupos que consiste das leoas e suas crias, o macho dominante e alguns machos jovens que ainda não alcançaram a maturidade sexual. A dieta consiste principalmente de grandes [[ungulado]]s e possuem hábitos noturnos e crepusculares, descansando e dormindo na maior parte do dia. Leões vivem por volta de 10-14 anos na natureza, enquanto em cativeiro eles podem viver por até 30 anos. Alguns animais desenvolveram o hábito de atacar e devorar humanos, ficando conhecidos como "devoradores de homens".

A espécie está classificada como [[Espécie vulnerável|vulnerável]] pela [[União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais]] (IUCN), e sofreu um declínio populacional de 30-50% nas últimas duas décadas no território africano. Na Ásia, o leão está confinado a uma única área protegida e sua população é estável, mas está classificado como [[Espécie em perigo|em perigo]], já que a população não passa de 350 animais. Entre as ameaças, a [[perda de habitat]] e os conflitos com humanos são as principais razões de preocupação na sua conservação. Por centenas de anos, o leão tem sido usado como [[simbologia|símbolo]] de bravura e nobreza em diversas civilizações e culturas da [[Europa]], [[Ásia]] e [[África]]. Está amplamente representado em esculturas, pinturas, bandeiras nacionais, brasões, e em filmes e na literatura contemporâneos.

== Etimologia ==
Nas [[Língua românica|línguas românicas]], o nome do leão deriva do [[latim]] ''leo'';<ref name="Cassell 1979"/> cf. [[Grécia antiga]] ''λέων'' (leão).<ref name="Liddell 1980"/> Na [[língua hebraica]], a palavra ''lavi'' (לביא) também está relacionada a essa etimologia,<ref name="Oxford"/> bem como o ''rw'' do [[Egito Antigo]].<ref>{{citar web |url=http://www.yourdictionary.com/ahd/l/l0190400.html |título=yourdictionary.com |arquivourl=https://web.archive.org/web/20070826092840/http://www.yourdictionary.com/ahd/l/l0190400.html |arquivodata=2007-08-26 |acessodata=2009-01-30 |urlmorta=no }}. As in other ancient scripts, in Ancient Egyptian only the consonants are written. No distinction was made between 'l' and 'r'.</ref> A designação científica, ''Panthera leo'', talvez seja derivada do grego ''pan-'' ("todos") e ''ther'' ("besta"), mas talvez seja essa uma etimologia mais popular do que acadêmica.<ref name="Pantheretymon">{{citar web| url=http://www.etymonline.com/index.php?term=panther |título="Panther" |obra=Online Etymology Dictionary |publicado=Douglas Harper |acessodata=2007-07-05}}</ref> Sob origem da [[Ásia Oriental]], ''Panthera leo'' pode significar "o [[animal]] amarelado ", ou até "branco-amarelo".<ref name="Pantheretymon"/> <!--verificar última frase-->

== Nomenclatura e taxonomia ==
O leão foi descrito no século XVIII por [[Carolus Linnaeus]], em seu ''[[Systema Naturae]]'', como ''Felis leo''.<ref name="Linnaeus1758"/> Nos séculos XVIII e XIX, a maioria dos naturalistas e pesquisadores seguiram a nomenclatura originalmente proposta. Em 1816, [[Lorenz Oken]] propôs a definição genérica ''Panthera'' (originalmente como subgênero de ''Felis''), assim como a ''Leo'' e ''Tigris''.<ref name="Oken1816"/> Algumas autoridades consideraram o ''Panthera'' como inválido por razões técnicas de nomenclatura e preferiram usar o termo genérico ''Leo''.<ref name="Novak"/> Em 1956, a [[Comissão Internacional de Nomenclatura Zoológica]] rejeitou a obra de Oken, ''Lehrbuch der Naturgeschichte'', para fins de nomenclatura zoológica.<ref name="ICZN1956"/> Na década de 1960 e 1970, a questão sobre a validade do gênero ''Panthera'' foi questionada junto a Comissão Internacional de Nomenclatura Zoológica, que em 1985 decidiu pela conservação do termo genérico ''Panthera''.<ref name="ICZN1985"/>

=== Subespécies ===
Nos séculos XIX e XX vários [[tipo nomenclatural|tipos nomenclaturais]] de leão foram descritos e propostos como [[subespécie]]s, com cerca de uma dúzia reconhecida como taxa válida até 2017. Entre 2008 e 2016, os avaliadores da [[Lista Vermelha da IUCN]] usaram apenas dois nomes subespecíficos: ''Panthera leo leo'' para populações de leões africanos e ''Panthera leo persica'' para a população de leões asiáticos.<ref name=Breitenmoser2008>{{citar iucn |autor=Breitenmoser, U. |autor2=Mallon, D. P. |autor3=Ahmad Khan, J. e |autor4=Driscoll, C. |data=2008 |volume=2008 |página=e.T15952A5327221 |título=''Panthera leo'' ssp. ''persica'' |doi=10.2305/IUCN.UK.2008.RLTS.T15952A5327221.en }}</ref><ref name=Henschel2015>{{citar iucn |autor=Henschel, P. |autor2=Bauer, H. |autor3=Sogbohoussou, E. |autor4=Nowell, K. |data=2015 |volume=2015 |doi=10.2305/IUCN.UK.2015-2.RLTS.T68933833A54067639.en |título=''Panthera leo'' West Africa subpopulation}}</ref> Em 2017, a ''Cat Classification Task Force'' do ''Cat Specialist Group'' revisou a [[taxonomia]] dos leões e reconhece duas subespécies com base nos resultados de vários estudos filogeográficos sobre a evolução dos leões, a saber:<ref name=catsg>{{citar periódico |autor1=Kitchener, A. C. |autor2=Breitenmoser-Würsten, C. |autor3=Eizirik, E. |autor4=Gentry, A. |autor5=Werdelin, L. |autor6=Wilting, A. |autor7=Yamaguchi, N. |autor8=Abramov, A. V. |autor9=Christiansen, P. |autor10=Driscoll, C. |autor11=Duckworth, J. W. |autor12=Johnson, W. |autor13=Luo, S.-J. |autor14=Meijaard, E. |autor15=O'Donoghue, P. |autor16=Sanderson, J. |autor17=Seymour, K. |autor18=Bruford, M. |autor19=Groves, C. |autor20=Hoffmann, M. |autor21=Nowell, K. |autor22=Timmons, Z. |autor23=Tobe, S. |ano=2017 |título=A revised taxonomy of the Felidae: The final report of the Cat Classification Task Force of the IUCN Cat Specialist Group |periódico=Cat News |volume=Special Issue 11 |páginas=71–73 |url=https://repository.si.edu/bitstream/handle/10088/32616/A_revised_Felidae_Taxonomy_CatNews.pdf?sequence=1&isAllowed=y#page=71}}</ref>

* ''Panthera leo leo'' (Linnaeus, 1758) - a subespécie inclui o [[leão asiático]], o extinto regionalmente [[Leão-do-atlas]] e as populações de leões nas partes oeste e norte da África Central.<ref name=catsg/> Os sinônimos incluem ''[[Panthera leo persica]]'' (Meyer, 1826), ''[[Panthera leo senegalensis]]'' (Meyer, 1826), ''Panthera leo kamptzi'' (Matschie, 1900) e ''[[Panthera leo azandica]]'' (Allen, 1924). Vários autores se referiram a ele como 'leão do norte' e 'subespécie do norte'.<ref>{{citar livro |último=Wood |primeiro=J. G. |autorlink=John George Wood |título=The Illustrated Natural History. Mammalia, Volume 1 |editora=[[Routledge]] |capítulo=Felidæ; or the Cat Tribe |página=129−148 |local=Londres |capítulo-url=https://books.google.com/books?id=v1DPAAAAMAAJ&pg=PA147 |ano=1865}}</ref><ref>{{citar livro |último1=Hunter |primeiro1=L. |autor-link=Luke Hunter |último2=Barrett |primeiro2=P. |título=The Field Guide to Carnivores of the World |edição=2 |editora=Bloomsbury |local=Londres, Oxford, Nova Iorque, Nova Déli, Sydney |isbn=978-1-4729-5080-2 |data=2018 |capítulo=Lion ''Panthera leo'' |capítulo-url=https://books.google.com/books?id=4HpxDwAAQBAJ&pg=PA46 |páginas=46−47}}</ref>
* ''Panthera leo melanochaita'' (Smith, 1842) - inclui o extinto leão do Cabo as populações extintas de leões nas regiões da África Oriental e Austral.  Os sinônimos incluem ''Panthera leo somaliensis'' (Noack 1891), ''Panthera leo massaica'' (Neumann, 1900), ''Panthera leo sabakiensis'' (Lönnberg, 1910), ''[[Panthera leo bleyenberghi]]'' (Lönnberg, 1914), ''Panthera leo roosevelti'' (Heller, 1914), ''Panthera leo nyanzae'' (Heller, 1914), ''Panthera leo hollisteri'' (Allen, 1924), ''[[Panthera leo krugeri]]'' (Roberts, 1929), ''Panthera leo maculatus''(Pocock,1937), ''Panthera leo vernayi'' (Roberts, 1948) e ''Panthera leo webbiensis'' (Zukowsky, 1964). Tem sido referido como 'subespécie do sul' e 'leão do sul'.

Amostras de leões de algumas partes do [[Planalto da Etiópia]] agrupam-se geneticamente com as de Camarões e Chade, enquanto leões de outras áreas da Etiópia agrupam-se com amostras da África Oriental. Os pesquisadores, portanto, presumem que a Etiópia é uma zona de contato entre as duas subespécies.<ref name=Bertola2016>{{citar periódico|autor1 =Bertola, L. D. |autor2 =Jongbloed, H. |autor3 =Van Der Gaag, K. J. |autor4 =De Knijff, P. |autor5 =Yamaguchi, N. |autor6 =Hooghiemstra, H. |autor7 =Bauer, H. |autor8 =Henschel, P. |autor9 =White, P. A. |autor10 =Driscoll, C. A. |autor11 =Tende, T. |autor12 =Ottosson, U. |autor13 =Saidu, Y. |autor14 =Vrieling, K. |autor15 =de Iongh, H. H. |ano=2016 |título=Phylogeographic patterns in Africa and High Resolution Delineation of genetic clades in the Lion (''Panthera leo'') |periódico=Scientific Reports |volume=6 |página=30807 |doi=10.1038/srep30807 |pmid=27488946 |pmc=4973251 |bibcode=2016NatSR...630807B | issn = 2045-2322}}</ref> Dados de todo o genoma de uma amostra histórica de leões nascidos na natureza do Sudão mostraram que se agrupou com P. l. leo em filogenias baseadas em mtDNA, mas com uma alta afinidade para P. l. melanochaita. Este resultado sugere que a posição taxonômica dos leões na África Central pode requerer revisão.<ref name="DeManuel_al2020">{{citar periódico |título=The evolutionary history of extinct and living lions |periódico=[[Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America]] |número=20 |ano=2020 |páginas=10927–10934 |doi=10.1073/pnas.1919423117 |pmc=7245068 |pmid=32366643 |autor4=Yamaguchi, N. |autor5=Vieira, F. G. |autor6=Mendoza, M. L. Z. |autor8=Martin, M. D. |autor9=Sinding, M.-H. S. |volume=117 |doi-access=free |autor1=Manuel, M. d. |autor2=Ross, B. |autor3=Sandoval-Velasco, M. |autor7=Liu, S. |autor10=Mak, S. S. T. |autor11=Carøe, C. |autor12=Liu, S. |autor13=Guo, C. |autor14=Zheng, J. |autor15=Zazula, G. |autor16=Baryshnikov, G. |autor17=Eizirik, E. |autor18=Koepfli, K.-P. |autor19=Johnson, W. E. |autor20=Antunes, A. |autor21=Sicheritz-Ponten, T. |name-list-style= |autor22=Gopalakrishnan, S. |autor23=Larson, G. |autor24=Yang, H. |autor25=O'Brien, S. J. |autor26=Hansen, A. J. |autor27=Zhang, G. |autor28=Marques-Bonet, T. |autor29=Gilbert, M. T. P.}}</ref>

=== Táxons fósseis ===
[[Imagem:Cave lion range.png|thumb|Vermelho ''Panthera leo spelaea''<br/>Azul ''Panthera leo atrox''<br/>Verde ''Panthera leo leo'' e ''Panthera leo melanochaita''<br/><br/>Distribuição máxima das subspécies extantes de leão <br/>e seus parentes extintos<br/>no final do Pleistoceno]]

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 | image1    = Panthera leo spelaea, fossil skull 01.JPG
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 | caption1  = Crânio do ''Panthera leo spelaea''

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}}
Várias formas pleistocênicas de leões foram descritas na Eurásia e América do Norte: ''[[Felis leo fossilis]]'' por [[Wilhelm von Reichenau]] em 1906 a partir de restos fósseis do Pleistoceno Médio da Europa;<ref name="Reichenau"/> ''[[Felis spelaea]]'' por [[Georg August Goldfuss]] em 1810 a partir de restos fósseis do Pleistoceno Superior da Europa,<ref name="Goldfuss"/> e posteriormente encontrado por toda Eurásia; ''[[Felis atrox]]'' por [[Joseph Leidy]] em 1853 a partir de restos fósseis do Pleistoceno Superior da América do Norte;<ref name="Leidy"/> e ''[[Panthera spelaea vereshchagini]]'' por Gennady Baryshnikov e Gennady Boeskorov em 2001 a partir de restos fósseis do Pleistoceno Superior da [[Beríngia]].<ref name="Baryshnikov&Boeskorov"/> Análise filogenética revela a ocorrência de apenas três clados distintos: o leão moderno, o leão-das-cavernas da Eurásia e Beríngia, e o leão-das-cavernas-americano, que forma uma população separada ao sul das geleiras pleistocênicas.<ref name="Barnett et al 2009"/> O táxon ''vereschchagini'' se mostrou indistinguível do ''spelaea'' através da análise genética de [[DNA]] antigo, sendo considerado como [[sinonímia (taxonomia)|sinônimo]] do leão-das-cavernas-europeu.<ref name="Barnett et al 2009"/>

As formas pleistocênicas são geralmente classificadas como sendo subespécies do leão moderno,<ref name="Kurten1968"/><ref name="Mazak2010"/> entretanto, alguns zoologistas as consideram como espécies distintas com base nas características craniais e dentárias.<ref name="Sotnikova&Nikolskiy2006"/><ref name="Baryshnikov2011"/> Todas as formas pleistocênicas são referidas ao gênero ''Panthera'', mas não há consenso quanto ao reconhecimento das formas como espécies distintas ou então como subespécies do ''Panthera leo''.<ref name="Burger et al 2004"/><ref name="Barnett et al 2009"/> A [[morfometria|análise morfológica]] comparativa, principalmente de caracteres dentários, das formas pleistocênicas e holocênicas resultaram no reconhecimento de duas linhagens evolucionárias básicas dentro de um único táxon específico: o grupo ''spelaea'', contendo as formas ''fossilis'', ''spelaea'' e ''atrox''; e o grupo ''leo'', com duas subespécies atuais.<ref name="Hemmer1974"/> [[filogenia|Análises moleculares]] baseadas no [[DNA mitocondrial]] demonstraram que o ''spelaea'' e ''leo'' podem ser considerados como clados irmãos,<ref name="Burger et al 2004"/> ou então que o ''spelaea'' e ''atrox'' seriam mais relacionados entre si e que constituiriam um clado irmão com o ''leo''.<ref name="Barnett et al 2009"/> A [[cladística|análise cladística]] com caracteres osteológicos e dentários indica que o ''atrox'' e possivelmente o ''spelaea'' não pertençam a linhagem do leão, representando grupos sucessivos do leão + leopardo.<ref name="Christiansen20082"/>

== Registro fóssil ==
O registro fóssil mais antigo atribuído ao ''Panthera leo'' provém da [[Garganta de Olduvai]], na [[Tanzânia]], e está datado do Pleistoceno Inferior (cerca de 1,5 milhões de anos).<ref name="Werdelin&Lewis"/> Um registro proveniente de [[Laetoli]], na Tanzânia, e datado de 3,5 milhões de anos, era atribuído ao ''P. leo'', entretanto, essa identificação é incerta, e outras interpretações demonstraram que os restos fósseis pertencem a uma espécie mais primitiva dentro do gênero ''Panthera''.<ref name="Werdelin&Dehghani"/> Alguns registros do [[Plioceno|Plio]]-Pleistoceno na África do Sul, encontrados nas cavernas em [[Kromdraai]], [[Swartkrans]] e [[Sterkfontein]], são atribuídos ao ''P. leo''.<ref name="Haas et al 2005"/> Entretanto, o status taxonômico do material das cavernas de Sterkfontein é incerto, e os materiais de Kromdraai e Swartkrans aparentam ser de um animal mais robusto que o leão moderno.<ref name="Hunters"/>

Acredita-se que o ''P. leo'' tenha evoluído na África há entre 1 milhão e {{fmtn|800000}} anos. Migrando para fora do continente africano durante o [[Pleistoceno Médio]] (800 - 100 kyr) para a Europa e Ásia, e posteriormente colonizando toda a [[região Holártica]].<ref name="Yamaguchi et al 2004"/> O leão foi o mamífero terrestre de grande porte mais difundido durante o [[Pleistoceno Superior]] (100–10 kyr), com uma distribuição que incluia a África, a maior parte da Eurásia e a América do Norte.<ref name="Kurten1968"/> A presença na América do Sul, foi atribuída a restos fósseis encontrados no [[Peru]] assinalados ao ''Panthera atrox'',<ref name="Kurten&Anderson"/> entretanto, o material foi reexaminado e atribuído à ''[[Panthera onca]]''.<ref name="Seymour"/><ref>SEYMOUR, K. (2010). The late Pleistocene fossil vertebrates from the Talara tar seeps, Peru, and Corralito, Ecuador, with particular reference to the Carnivora. X Congreso Argentino de Paleontología y Bioestratigrafía-VII Congreso Latinoamericano de Paleontología.</ref>

Na Europa, aparece no registro fóssil pela primeira vez há cerca de {{fmtn|700000}} anos, com a [[cronoespécie]] ''[[Panthera leo fossilis|fossilis]]'' em [[Isérnia|Isérnia La Pineta]], na Itália. A partir deste táxon deriva o chamado [[leão-das-cavernas]] (''Panthera leo spelea''/''Panthera spelea''), que aparece há cerca de {{fmtn|300000}} anos.<ref name="Turner1997"/> Na América do Norte o registro mais antigo data do estágio [[Sangamoniano]].<ref name="Kurten&Anderson"/> Os leões pleistocênicos foram extintos no norte da Eurásia e da América do Norte no final da última era glacial, há cerca de {{fmtn|10000}} anos;<ref name="Burger et al 2004"/> podendo a extinção ser secundária as [[extinções pleistocênicas]] da [[megafauna]].<ref name="Harington1996"/>

== Distribuição geográfica e habitat ==
[[Imagem:Panthera leo male in Tsavo East National Park (edited).jpg|thumb|Na África, a savana com arborização escassa é o habitat preferencial da espécie]]
A espécie originalmente estava distribuída por toda [[África subsaariana]] (exceto na densa [[floresta tropical]]) e do norte da África (acima do [[deserto do Saara]]) através do [[sudoeste asiático]], a oeste até a [[Europa]] ([[península balcânica]] e [[Cáucaso]]) e a leste até a Índia, onde vivem em densas florestas.<ref name="IUCN"/>

As evidências da presença da espécie na [[Eurásia]] não são totalmente confiáveis, especialmente durante o Holoceno Inferior e Médio (há entre {{fmtn|9600}} e {{fmtn|3500}} anos). Fragmentos ósseos encontrados na Espanha, Itália e Grécia são de difícil diagnóstico, podendo ser atribuídos tanto ao leão moderno quanto ao leão-das-cavernas. Já para o Holoceno Superior (entre {{fmtn|3500}} e {{fmtn|500 a.C.}}), alguns restos ósseos podem ser de animais cativos ou a sua datação pode ser vagamente atribuída ao [[período Neolítico]] limitando as interpretações.<ref name="Schnitzler"/>

Registros indicam que a expansão da espécie na Europa tenha chegado até 45º-48ºN (Hungria, Bulgária e Ucrânia), tendo extinguindo-se nestas localidades por volta de {{fmtn|3000 a.C.}}. Os leões extinguiram-se no [[Peloponeso]] durante o final da [[Civilização Micênica|era micênica]] {{-nwrap||1600|1200}}.<ref name="Schnitzler"/> [[Heródoto]] menciona que leões viviam nas planícies de Nestos, tendo atacado as caravanas de camelos do rei persa [[Xerxes I]] em sua marcha através da [[Trácia]] em {{fmtn|480 a.C.}} Já [[Aristóteles]] reportou que eles eram raros por volta de {{fmtn|300 a.C.}}.{{harvref|Schaller|1972|p=5}} Sendo completamente extintos nas montanhas do norte da Grécia no primeiro século depois de Cristo.<ref name="Schnitzler"/> A população no Cáucaso sobreviveu até o século X, sendo considerado o último refúgio da espécie na Europa.<ref name="Heptner"/>

O leão foi erradicado da [[Palestina (região)|Palestina]] na [[Idade Média]] e da maior parte do resto da Ásia após a chegada das armas de fogo, facilmente disponíveis no {{séc|XVIII}}. Entre o final do {{séc|XIX}} e começo do XX, ele se extinguiu no norte da África e no sudoeste asiático. No final do século XIX, o leão desapareceu da [[Turquia]] e da maior parte do norte da Índia,<ref name="zoos_encyclopedia2"/><ref>{{citar web |título=Past and present distribution of the lion in North Africa and Southwest Asia. |ano=2001 |publicado=Asiatic Lion Information Centre |url=http://www.asiatic-lion.org/distrib.html |acessodata=1 de junho de 2006 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20080510060942/http://www.asiatic-lion.org/distrib.html |arquivodata=2008-05-10 |urlmorta=yes }}</ref> enquanto a última aparição de um leão no [[Irã]] foi em 1941 (entre [[Shiraz (Irã)|Shiraz]] e [[Jahrom]], na [[província de Fars]]), embora o cadáver de uma leoa tenha sido encontrado nas margens do [[rio Karun]], na [[província de Khūzestān]] em 1944.<ref name="simba">{{citar livro|último = Guggisberg|primeiro =Charles Albert Walter |título=Simba: the life of the lion. |ano=1961 |publicado=Howard Timmins |local=Cape Town |isbn= }}</ref>

Até cerca de 1850, o leão estava distribuído no [[subcontinente indiano]] e era encontrado em [[Gujarat]], [[Haryana]], [[Madhya Pradesh]], [[Punjab]], [[Rajastão]] e [[Uttar Pradesh]]. No início da década de 1900, a população foi drasticamente reduzida e confinada no noroeste da Índia, na reserva de caça particular do [[nababo]] de [[Junagarh]].<ref name="Haas et al 2005"/> A área foi transformada em [[parque nacional]] em 1965.

Na África, os leões podem ser encontrados em savanas com arborização escassa de ''[[Acacia]]'' que servem como áreas de descanso;<ref>{{citar livro|último =Rudnai|primeiro = Judith A. |título=The social life of the lion |ano=1973 |publicado=s.n. |local=Wallingford |isbn=0-85200-053-7 }}</ref> na Índia, o habitat compreende uma mistura de savana arbustiva seca e floresta decídua seca.<ref>{{citar web|título=The Gir—Floristic |obra=Asiatic Lion Information Centre |publicado=Wildlife Conservation Trust of India |ano=2006 | url=http://www.asiaticlion.org/gir-floristic.htm |acessodata=14 de setembro de 2007}}</ref> O leão tem uma larga tolerância para habitats, ausente somente na floresta tropical e no interior do deserto do [[Saara]]. A espécie pode ocorrer do nível do mar até regiões montanhosas, no leste da África pode ser encontrado até {{fmtn|3600 metros}}, nos [[Monte Elgon]], [[Monte Quênia|Quênia]] e [[Montes Ruwenzori|Ruwenzori]], e nas [[Montanhas Bale]], na [[Etiópia]], pode ser encontrado aos {{fmtn|4200 metros}}.

== Características ==
{| class="wikitable" align="right" style="float:right;" border="2" cellpadding="4" cellspacing="0" style="margin: 0 0 0.5em 1em; background: #f9f9f9; border: 1px #aaa solid; border-collapse: collapse; font-size: 80%;"
|- align="center"
| colspan="2" |'''Características<ref>https://wildfact.com/forum/topic-the-measurements-and-weights-of-the-lion-panthera-leo-at-species-level</ref>'''
|-
|rowspan="2"| Peso
| 125 – 250&nbsp;kg (Machos)
|-
| 100 - 180&nbsp;kg (Fêmeas)<!-- Novak and Paradiso 1983 in Haas et al., 2005-->
|-
|rowspan="2"| Comprimento total <br/>(média)
| 2,45 - 3,07&nbsp;m (Machos)
|-
| 2,20 – 2,75&nbsp;m (Fêmeas)
|-
|rowspan="2"| Cauda <br/>(média)
| 90 - 105&nbsp;cm (Machos)
|-
| 70 - 100&nbsp;cm (Fêmeas)
|-
| rowspan="2" | Altura <br/>(cernelha)
| 1,20&nbsp;m (Machos)
|-
| 1,07&nbsp;m (Fêmeas)
|-
| Gestação
| 100 - 119 dias
|-
| Tamanho de ninhada
| 1 - 4 filhotes
|-
| Desmame
| 6 - 7 meses
|-
|rowspan="2"| Maturidade sexual
| 3 - 4 anos (Machos)
|-
| 3 - 4 anos (Fêmeas)
|-
| Longevidade
| até 15 anos em liberdade, até 27 anos em cativeiro
|}
[[Imagem:Lion (Panthera leo) (30941994012).jpg|miniaturadaimagem|esquerda|Um leão macho, no [[Parque Nacional Kruger]], com sua juba, característica da maioria das espécies de ''pantheras leo''. Os leões de Tsavo, por exemplo, são conhecidos por não terem juba, independente do gênero<ref>{{citar web|último =Trivedi |primeiro =Bijal P. |título=Are Maneless Tsavo Lions Prone to Male Pattern Baldness? |publicado=National Geographic |ano=2005 | url=http://news.nationalgeographic.com/news/2002/04/0412_020412_TVtsavolions.html |acessodata=7 de julho de 2007}}</ref>]]
O leão é o segundo maior felino depois do [[tigre]], apresentando comprimento e peso menor, mas sendo mais alto na [[cernelha]]. Possui uma [[pelagem]] curta e a coloração é unicolor, variando do castanho claro ao cinza prateado e do vermelho amarelado ao marrom escuro.<ref name="Novak"/> Não apresenta rosetas e os filhotes e juvenis apresentam manchas na pelagem.<ref name="Haas et al 2005"/> O ventre e as partes mediais dos membros são mais claras, e o tufo de pelos na ponta da cauda é preto. A juba é geralmente castanha, variando em tonalidades amareladas, avermelhadas ou tons mais escuros de marrom. Com a idade, a juba tende a ficar mais escura, podendo ser inteiramente preta.<ref name="Novak"/> Tem a cabeça arredondada e curta, com a face larga e orelhas arredondadas, o pescoço é relativamente curto e o corpo musculoso e bem proporcional.<ref name="Haas et al 2005"/>

Leões tendem a variar em tamanho dependendo da subespécie, do seu ambiente e área de distribuição, resultando em uma grande variação de registros [[morfometria|morfométricos]]. Os indivíduos da África Austral tendem a ser 5 por cento mais pesados do que os da África Oriental, em geral.<ref>Scott, Jonathon; Scott, Angela. (2002) ''Big Cat Diary: Lion'', p. 80</ref> O maior leão registrado, com quase 3,6 metros de comprimento (incluindo a cauda), foi um macho abatido perto [[Mucsso]], no sul de [[Angola]], em outubro de 1973.<ref>Wood, The Guinness Book of Animal Facts and Feats. Sterling Pub Co Inc (1983), ISBN 978-0-85112-235-9</ref> O mais pesado leão conhecido na natureza foi um "devorador de homens" abatido em 1936 nas cercanias de [[Hectorspruit]], no leste da [[Transvaal|província do Transvaal]], [[África do Sul]], que pesava 313 kg.<ref name=CAP>{{citar livro|autor =Nowell, Kristin; Jackson, Peter |título= Wild Cats: Status Survey and Conservation Action Plan |url=http://carnivoractionplans1.free.fr/wildcats.pdf |formato=PDF |ano=1996 |publicado=IUCN/SSC Cat Specialist Group |local= Gland, Switzerland |isbn=2-8317-0045-0 |páginas= 17–21|capítulo= Panthera Leo}}</ref> Outro leão nomeadamente descomunal do sexo masculino, foi abatido perto do [[Monte Quênia]], e pesava 272 kg. Leões em cativeiro tendem a ser maiores do que os leões em estado selvagem, o mais pesado registrado era um macho no [[Zoológico de Colchester]], na Inglaterra, em 1970, chamado Simba, que pesava 375 kg.<ref>[http://www.junglephotos.com/africa/afanimals/mammals/lionnathist.shtml Jungle Photos Africa Animals mammals—lion natural history] {{WebCite|url=https://www.webcitation.org/61AzjSRaq?url=http://www.junglephotos.com/africa/afanimals/mammals/lionnathist.shtml |date=20110824115326 |dateformat=iso }} Wood, G. 1983. The Guinness book of animal facts and feats. Sterling Pub. Co. Inc. 3rd. edition. 256 pp.</ref>

=== Juba ===
Só o macho possui a juba e o leão é o único felino que a possui. Há duas teorias que podem justificar a sua existência, a primeira diz que a juba seria um meio de se defender de predadores e de luta por território; a segunda teoria diz que a juba serve para que o macho pareça maior e assim intimide os adversários, impedindo que na maioria das vezes aconteça luta corporal (teoria aceita atualmente). Em experiências realizadas com réplicas de leões com jubas de colorações diferentes, as leoas se interessaram por leões de jubas maiores e mais escuras, o que fortifica a segunda teoria.<ref>[https://cbs.umn.edu/research/labs/lionresearch/research/mane-research Estudo sobre a juba do leão - Site COLLEGE OF BIOLOGICAL SCIENCES {{en}}]</ref> Também foi observado que nas lutas, o pescoço dos leões raramente é atacado, mesmo no caso de exemplares jovens sem juba. A primeira teoria, levantada por Charles Darwin, permaneceu, mesmo sem embasamento, até 1972, quando George Schaller publicou seu trabalho intitulado ''The Serengeti lion'', onde ele sugeriu que os leões possuíam grandes jubas para mostrar suas qualidades reprodutivas. Acredita-se que o tamanho e coloração da juba reflete a saúde e vigor dos leões, e que possui um fator intimidatório.<ref>[http://mentalfloss.com/article/61608/why-do-male-lions-have-manes Why Do Male Lions Have Manes? - Site Mental Floss, por KARA KOVALCHIK{{en}} - Porque os leões machos tem juba?]</ref><ref>[http://www.americanscientist.org/issues/feature/2005/3/the-lions-mane Artigo ''The lion's mane'' - American Scientist {{en}}. Introdução ao artigo. "A juba do leão."]</ref><ref name="Não-nomeado-xXSK-1">[http://www.americanscientist.org/issues/feature/2005/3/the-lions-mane/1 Artigo ''The lion's mane'', por Peyton West - Site American Scientist {{en}} - Artigo completo. "A juba do leão."]</ref><ref>[http://www.thomsonsafaris.com/blog/purpose-of-lion-manes/ Purpose of lion manes - Thomson safaris {{en}}]</ref> Apesar dos possíveis benefícios reprodutivos, a juba também possui desvantagens, sendo uma destas o fato de que leões com jubas grandes perdem a camuflagem necessária em caçadas, e por tal motivo são as fêmeas as responsáveis por conseguir o alimento. Outra desvantagem seria o calor, em áreas de climas mais quente, algumas subespécies de leão costumam ter jubas pequenas ou mesmo não possuir nenhuma.<ref name="Não-nomeado-xXSK-1"/>

=== Leucismo ===
[[Imagem:White Lion.jpg|thumb|Leão branco no [[Zoológico de Bratislava]]]]
O [[leucismo]], assim como acontece com o [[tigre branco]], é uma mutação rara que acomete principalmente animais da subespécie ''[[Panthera leo krugeri]]'', causando uma despigmentação dos pelos, fazendo que esses animais sejam chamados popularmente de leões brancos. Esses indivíduos leucísticos podem ser encontrados em algumas reservas na África do Sul em estado natural e em zoológicos ao redor do mundo. O leucismo é causado por um [[gene recessivo]] e mantém a coloração dos olhos e pele normais, diferindo assim do [[albinismo]].<ref>[http://www.slate.com/articles/health_and_science/science/2016/07/leucism_is_the_cause_of_white_coloration_in_lions_not_albinism.html Leucismo é a causa da coloração branca em leões (artigo em inglês)]</ref><ref>[http://www.zooaquarium.org.au/wp-content/uploads/2016/02/1a_6_PS_White-lions-and-tigers.pdf Leucismo em leões e tigres {{en}}]</ref><ref>[http://whitelions.org/white-lion/key-facts-about-the-white-lion/ White lion facts - Global White Lion Protection {{en}}]</ref> A confirmação da existência de leões brancos só veio no final do século XX. Durante séculos, acreditava-se que o leão branco era uma lenda fictícia circulando na África do Sul, onde é dito que a pelagem branca representa a bondade presente em todas as criaturas. A primeira aparição ocorreu no início de 1900 e continuou sendo incomum por quase 50 anos, até que em 1975, Chris McBride descobriu uma ninhada de filhotes brancos na [[Reserva Privada de Caça Timbavati]].<ref>[http://messybeast.com/genetics/lions-white.htm Leões brancos - Mitologia, história e genética. {{en}}]</ref><ref>''The white lions of Timbavati, por Chris McBride, 1977. ISBN 978-0448226774''</ref><ref>''Operation white lion'', por Chris McBride, 1981, ISBN 978-0312586805</ref>

== Ecologia e comportamento ==
[[Imagem:Serengeti Lion Running saturated.jpg|thumb|esquerda|Leoa a caçar]]

Esses grandes felinos vivem em bandos de 5 a 40 indivíduos, sendo os únicos felinos de hábitos gregários. Em um bando, há divisão de tarefas: as fêmeas são encarregadas da caça e do cuidado dos filhotes, enquanto o macho é responsável pela demarcação do território e pela defesa do grupo de animais maiores ou mais numerosos (contra eventuais ataques de [[hiena]]s, [[búfalo]]s, [[elefante]]s e outros leões machos).{{Carece de fontes|ciência=sim|data=outubro de 2015}}

Leões caçam em bando, dando preferência a uma tática de [[perseguição predatória]]: cada membro do grupo de caça recebe uma posição, do flanco esquerdo ao flanco direito, a fim de obter melhor suas presas.<ref>{{citar periódico |ultimo1=Stander |primeiro1=P.E. |ano=1992 |titulo=Cooperative hunting in lions: the role of the individual |periódico=Behavioral Ecology and Sociobiology | volume=29 |número=6|páginas=445–454 | doi=10.1007/bf00170175| s2cid=2588727 }}</ref> Acredita-se que tais especializações em papéis dentro do grupo aumentem a sofisticação da técnica; os membros nas bordas dos grupos de caça dos leões são mais rápidos e levarão a presa para o centro, onde os membros maiores, mais fortes e assassinos do bando derrubarão a mesma. Muitas observações de perseguidores de grupo observam um tamanho ideal de caça em que o número de presas mortas é maximizado em relação aos custos (quilômetros cobertos ou ferimentos sofridos).<ref>{{citar periódico |ultimo1=Holekamp |primeiro1=K. E. |ultimo2=Smale |primeiro2=L. |ultimo3=Berg |primeiro3=R. |ultimo4=Cooper |primeiro4=S. M. |ano=1996 |titulo=Hunting rates and hunting success in the spotted hyena (Crocuta crocuta) [Electronic version] |periódico=Journal of Zoology | volume=242 |número=1|páginas=1–15 | doi=10.1111/j.1469-7998.1997.tb02925.x }}</ref><ref>{{citar periódico |ultimo1=MacNulty |primeiro1=D. R. |ultimo2=Smith |primeiro2=D. W. |ultimo3=Mech |primeiro3=L. D. |ultimo4=Vucetich |primeiro4=J. A. |ultimo5=Packer |primeiro5=C. |ano=2011 |titulo=Nonlinear effects of group size on the success of wolves hunting elk |periódico=Behavioral Ecology | volume=23 |número=1|páginas=75–82 | doi=10.1093/beheco/arr159 | doi-access=free }}</ref> O tamanho dos grupos geralmente depende de aspectos do ambiente: número de presas, densidade de presas, número de competidores, mudanças sazonais, etc.<ref>{{citar periódico |ultimo1=Packer |primeiro1=C. |ultimo2=Scheel |primeiro2=D. |ultimo3=Pusey |primeiro3=A. E. |ano=1990 |titulo=Why lions form groups: food is not enough |periódico=American Naturalist | volume=136 |número=1|páginas=1–19 | doi=10.1086/285079| s2cid=85145653 }}</ref>

[[Imagem:Comparative view of the human and lion frame, Benjamin Waterhouse Hawkins, 1860.jpg|thumb|Vista comparativa entre um [[ser humano]] e um leão, 1860]]

Apesar do fato de as [[fêmea]]s efetuarem a maior parte da [[caça]], os [[macho]]s são igualmente capazes de tal tarefa. Dois fatores os impedem de caçar tantas vezes quanto as fêmeas: o principal é o seu tamanho, que os torna muito fortes, porém menos ágeis e maiores gastadores de [[energia]]. As fêmeas são sociais e caçam de forma cooperativa, enquanto os machos são solitários e gastam boa parte de sua energia patrulhando um extenso [[território]], mas tanto machos quanto fêmeas passam de 16 a 20 [[hora]]s diárias em repouso, num regime de [[economia]] de energias, uma vez que seu índice de sucesso em caças é de apenas 30%.{{Carece de fontes|ciência=sim|data=outubro de 2015}}

As fêmeas precisam de um tempo extra para caçar, porque os machos não cuidam dos filhotes. As leoas formam bandos de dois a dezoito animais da mesma [[família]], o que as caracteriza como o único felino realmente social. Apesar de a caça em grupo ser mais eficiente do que a caça individual, sua eficácia não é tão compensadora, já que, em grupo, é preciso obter mais alimento para nutrir a todos. É mais provável que a socialização das fêmeas vise a proteger os filhotes contra os machos.{{Carece de fontes|ciência=sim|data=outubro de 2015}}

=== Comunicação ===
[[Imagem:Lion (Panthera leo krugeri) 02.jpg|thumb|Fêmeas demonstrando o comportamento social de lambedura]]
Quando em repouso, a [[socialização]] do leão ocorre através de uma série de comportamentos e os movimentos expressivos do animal são altamente desenvolvidos. Os mais comuns são gestos táteis de atrito das cabeças e lambedura,{{harvref|Schaller|1972|p=85}} que foram comparados com a [[catação]] em primatas.<ref>{{citar livro|editor=Desmond Morris|último =Sparks |primeiro =J |título=Primate Ethology |capítulo=Allogrooming in primates:a review |ano=1967 |publicado=Aldine |local=Chicago |isbn=0-297-74828-9}} (2007 edition: 0-202-30826-X)</ref> A fricção de cabeça – afocinhar a testa, tocar o focinho ou o pescoço contra outro animal – parece ser uma forma de saudação, como é visto muitas vezes depois que um animal retorna para junto dos outros, ou depois de uma luta ou confronto.<ref>{{citar livro|último =Leyhausen |primeiro =Paul |título=Verhaltensstudien an Katzen|edição= 2nd |ano=1960 |publicado=Paul Parey |local=Berlin |isbn=3-489-71836-4}}</ref> Os machos tendem a se esfregar uns nos outros, enquanto filhotes e fêmeas esfregam-se apenas em fêmeas.{{harvref|Schaller|1972|p=85-88}} A lambedura social ocorre muitas vezes em conjunto com a fricção de cabeça; geralmente é mútua e o receptor parece expressar uma expressão prazerosa. A cabeça e o pescoço são as partes mais comumente lambidas, o que pode ter surgido como uma utilidade, já que um leão não consegue lamber estas áreas individualmente.{{harvref|Schaller|1972|p=88-91}}

Os leões têm uma variedade de expressões faciais e posturas corporais que servem como gestos visuais.{{harvref|Schaller|1972|p=92-102}} O repertório de vocalizações também é grande, variações na intensidade e altura, em vez de sinais discretos, parecem essenciais para a comunicação. Os sons do leão incluem [[rosnado]], sibilação, [[rugido]], latido rosnado, tossidela e [[miado]]. Os leões tendem a rugir de uma forma muito característica, começando com um longo rugido pouco profundo que avança em uma série de outros mais curtos.<ref>{{citar periódico |autor=EKLUND, R.; PETERS, G.; ANANTHAKRISHNAN, G.; MABIZA, E. |ano=2011 |título=An acoustic analysis of lion roars. I: Data collection and spectrogram and waveform analyses  |periódico=Proceeding from Fonetik |volume=51 |número= |páginas=1-4}}</ref> Eles rugem na maioria das vezes durante a noite: o som, que pode ser ouvido a uma distância de 8 km, é usado para anunciar a presença do animal.{{harvref|Schaller|1972|p=103-113}} Outras funções do rugido incluem aviso e defesa do território<ref>{{citar periódico |autor=PFERFFELE, D.; WEST, P.M.; GRINNEL, J.; PACKER, C.; FISCHER, J. |ano=2007 |título=Do acoustic features of lion, Panthera leo , roars reflect sex and male condition? |periódico=Journal of the Acoustical Society of America |volume=121 |páginas=3947–3953}}</ref> e como uma forma de comunicação para coordenar a caçada.<ref>{{citar periódico |autor=GRINNELL,J.; McCOMB, K. |ano=2001 |título=Roaring and social communication in African lions: the limitations imposed by listeners |periódico=Animal Behavior |volume=62 |páginas=93–98}}</ref>

== Dieta e hábitos alimentares ==
[[Imagem:Blue Wildebeest, Ngorongoro.jpg|thumb|O [[gnu]] é a principal presa na dieta do leão na África]]
[[Imagem:Lion heart.jpg|thumb|Coração de leão. Em exposição no [[Museu de Anatomia Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP|MAV/USP]].]]
O leão alimenta-se de qualquer presa que consiga apanhar, mas a dieta consiste principalmente de animais entre 50 e 300 quilogramas.<ref name="Novak"/> As presas do leão-asiático são geralmente menores que as do africano.<ref name="Haas et al 2005"/> Entre as espécies africanas mais significativas estão a impala (''[[Aepyceros melampus]]''), gnu (''[[Connochaetes taurinus]]''), outros [[antílope]]s (''[[Gazella]]'' spp.; ''[[Damaliscus]]'' spp.; ''[[Eudorcas]]'' spp.; ''[[Oryx]]'' spp.), girafa (''[[Giraffa camelopardalis]]''), búfalo (''[[Syncerus caffer]]''), zebra (''[[Equus burchellii]]'') e facóquero (''[[Phacochoerus africanus]]'').<ref name="Novak"/> O chital (''[[Axis axis]]'') consiste na principal presa dos leões-asiáticos, que também pode se alimentar de outras espécies de cervos, como o sambar (''[[Rusa unicolor]]'').<ref name="Haas et al 2005"/> Outras presas incluem o javali (''[[Sus scrofa]]''), antílope-de-quatro-cornos (''[[Tetracerus quadricornis]]''), nilgó (''[[Boselaphus tragocamelus]]''), chinkara (''[[Gazella bennetti]]''), ''[[Lepus nigricollis]]'', porco-espinho-indiano (''[[Hystrix indica]]''), langur-comum (''[[Semnopithecus entellus]]'') e o pavão (''[[Pavo cristatus]]'').<ref name="Meena et al 2011"/>

Um estudo amplo, com 48 localidades geográficas distintas na África, demonstrou que gnus, búfalos-do-cabo, ''gemsboks'', girafas e a zebras-comuns são as presas mais consumidas.<ref name="Hayward2005"/> Na Ásia, um estudo revelou que o ''Axis axis'' representa cerca de 80% da dieta da subespécie.<ref name="Meena et al 2011"/>

[[Imagem:Lions taking down cape buffalo.jpg|thumb|esquerda|Fêmeas derrubando um búfalo-do-cabo no Serengeti]]
A morte da presa é conseguida por [[estrangulamento]].<ref>{{citar web |título=About lions—Ecology and behaviour |autor=Dr Gus Mills |publicado=African Lion Working Group |url=http://www.african-lion.org/lions_e.htm |acessodata=11 de março de 2013 |arquivourl=https://archive.today/20140331141011/http://www.african-lion.org/lions_e.htm |arquivodata=2014-03-31 |urlmorta=yes }}</ref>

== Reprodução ==
A espécie não apresenta uma [[estação reprodutiva]] definida e pode se reproduzir a qualquer época do ano, sofrendo interferência do clima e da disponibilidade de alimento.<ref name="Haas et al 2005"/> Geralmente a fêmea se reproduz a cada dois anos e de preferência na estação das chuvas. A fêmea é [[ciclo estral|poliéstrica]], podendo entrar em [[estro]] em resposta à perda da ninhada por infanticídio ou em conjunto com outras fêmeas do bando. O estro dura entre 4 a 7 dias e possui um intervalo de poucos dias até um ano.<ref name="Haas et al 2005"/>

== Híbridos ==
[[Imagem:Liger couple.jpg|thumb|Casal de ''ligres'' no Everland Amusement Park, Coreia do Sul]]
O cruzamento de leões com tigres resulta em [[híbrido (biologia)|híbrido]]s chamados ''[[ligre]]'' e é relativamente comum.<ref>{{citar livro|último =Guggisberg |primeiro =Charles Albert Walter |título=Wild Cats of the World |ano=1975 |publicado=Taplinger Publishing |local=New York |isbn=0-8008-8324-1 }}</ref> Existem também cruzamentos com leopardos<ref>{{citar livro|autor =Doi H, Reynolds B |título=The Story of Leopons |ano=1967 |publicado=Putnam |local=New York }}</ref> e com onças-pintadas.

== Conservação ==
[[Imagem:Lion Gir.jpg|esquerda|thumb|O leão-asiático ocorre em uma única e isolada população no estado do Gujarat, Índia]]
O leão está classificado como "vulnerável" pela [[União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais]] (IUCN), enquanto a subespécie asiática é considerada "em perigo".<ref name="IUCN"/> Na [[Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção]], apenas a população asiática é listada no "Apêndice I".<ref name="CITES">{{citar web |url=http://www.cites.org/eng/app/appendices.php |título=Appendices I, II and III |autor=CITES |data=3 de abril de 2012 |publicado=cites.org |acessodata=19 de janeiro de 2013}}</ref>

As maiores populações da espécie estão na África Oriental e Meridional, e seus números estão decrescendo, com uma taxa estimada de 30-50% de queda nas últimas duas décadas.<ref name="IUCN"/> As estimativas populacionais para os leões africanos variava entre {{fmtn|16500}} e {{fmtn|47000}} animais na natureza em 2002–2004,<ref>{{citar periódico|autor =Bauer, H.; Van Der Merwe, S. |ano= 2002|título=The African lion database |periódico=Cat news |volume=36 |número= |páginas=41–53}}</ref><ref>{{citar livro|autor =Chardonnet, P. |ano=2002 |título=Conservation of African lion |publicado=International Foundation for the Conservation of Wildlife |local=Paris}}</ref> uma queda quando comparada com os números do início da década de 1990, quando estimativas apontavam entre {{fmtn|30000}} e {{fmtn|100000}} indivíduos.<ref name="IUCN"/> O leão-asiático ocorre em uma única população na floresta de Gir e seu número foi estimado em 359 animais em 2005.<ref name="IUCN"/> Em 2007, foi reportada a morte de 34 leões devido à caça, eletrocussão, atropelamento e outras causas; mesmo assim, a população é considerada estável.<ref name="IUCN"/>

Desde a antiguidade, o leão vem sofrendo extinções territoriais:
[[Europa Ocidental]] (ano 1), [[Europa Oriental]] (ano 100), [[Cáucaso]] (século X), [[Palestina (região)|Palestina]] (século XII), [[Líbia]] (1700), [[Egito]] (década de 1790), [[Paquistão]] (1810), [[Turquia]] (1870), [[Tunísia]] e [[Síria]] (1891), [[Argélia]] (1893), [[Iraque]] (1918), [[Marrocos]] (1922), [[Irã]] (1942), dentre outras. Ainda no final do século XIX, estava quase extinto da [[Índia]].
[[Imagem:Panthera leo stretching (Etosha, 2012).jpg|miniaturadaimagem|Um leão macho se espreguiçando]]
Uma série de fatores se acumulam para ameaçar a continuidade da existência dos leões: seu número populacional reduzido, a constante redução de seus [[território]]s e a caça indiscriminada são os principais. No [[continente africano]], o mais grave fator a contribuir à sua extinção tem sido o abate retaliativo dos seres [[humano]]s: uma ampla [[cultura]] de gado favorece ataques ocasionais dos leões aos animais dos [[fazendeiro]]s, que os perseguem e matam quando isso acontece. A caça, tanto ilegal como legal (pois é permitida em vários países do continente africano) também tem sido fator muito grave: por viver em grandes bandos e em áreas abertas, é mais fácil de ser caçado do que [[tigre]]s e [[leopardo]]s, pois sendo estes de mais difícil localização, torna-se o leão o maior alvo da caça indiscriminada.

=== Em 2012 ===
Em 2012, um estudo revelou que a população de leões em África está reduzida a 32&nbsp;mil animais, uma quebra brutal face aos 100 mil que existiam há 50 anos. Os leões que deambulam pelas savanas de África perderam até 75% do seu habitat nos últimos 50 anos, na sequência do aumento da densidade populacional nestes territórios. A redução foi mais pronunciada na África Ocidental, em países como Guiné-Bissau, Nigéria, Mali, Costa do Marfim, Senegal ou Burkina Faso. Nos últimos anos, a ocupação por populações humanas de territórios reconhecidos como tradicionais habitats de leões provocou a diminuição do número destes animais, bem como fragmentou os clãs existentes. Apenas nove países registam atualmente a presença de pelo menos mil leões, enquanto a Tanzânia detém mais de 40% da população global de leões presente no continente africano.<ref>{{citar web|url=http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/ultima-hora/restam-32-mil-leoes-no-continente-africano|título=Restam 32 mil leões no continente africano|autor=|data=|publicado=|acessodata=}}</ref>

=== Em 2015 ===
Em 2015, calcula-se que 20 mil leões ainda habitavam o continente africano. Um estudo, realizado ao longo de 20 anos junto de 47 populações diferentes de leões, tem conclusões alarmantes: o número diminuiu em todas, com exceção de comunidades no Botsuana, na Namíbia, na África do Sul e no Zimbábue.

Em meados do século XX, os leões em África rondavam os 200&nbsp;000 e ocupavam então muito mais território, estando atualmente confinados a 25% daquela área.

A situação é particularmente crítica na África Central e Ocidental, onde os cientistas, tendo por base a evolução das populações de grandes felinos desde 1990, estimam que metade dos leões desapareça nos próximos 20 anos.

Nesta zona de África, subsistem apenas duas grandes populações – uma de 350 indivíduos, no complexo W-Arly-Pendjari, na fronteira entre o Benim, Burkina Faso e o Níger; e outra com 250, no complexo do Benue, nos Camarões.

Na África Ocidental, o leão é já considerado "em perigo crítico de extinção", de acordo com a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza, mas os investigadores esperam convencer esta entidade a colocar o leão nessa mesma categoria na África Central e Oriental, onde figura apenas como espécie "vulnerável".

O desaparecimento dos leões resulta, principalmente, da concorrência humana, na medida em que zonas que seriam de caça para aqueles felinos têm vindo a ser transformadas em terras agrícolas ou de pastoreio, além de que animais que constituem a sua alimentação (como os antílopes ou os búfalos) são mortos por caçadores, havendo ainda leões abatidos por agricultores para protegerem os rebanhos.<ref>{{citar web|URL=http://www.jn.pt/PaginaInicial/Mundo/Interior.aspx?content_id=4858392&page=-1|título=Metade dos leões de África podem desaparecer|autor=|data=|publicado=|acessodata=}}</ref>

=== Cativeiro ===
Leões fazem parte de um grupo de animais exóticos que são a cerne das exibições de zoológicos desde o final do século XVIII; membros deste grupo são invariavelmente grandes vertebrados e incluem elefantes, rinocerontes, hipopótamos, grandes primatas e outros grandes felinos.{{harvref|deCourcy|1995|p=81}} Embora muitos zoológicos modernos sejam mais seletivos quanto a suas exibições,{{harvref|deCourcy|1995|p=82}} há cerca de {{fmtn|1000}} leões africanos e 100 asiáticos em zoológicos e parques da vida selvagem ao redor do mundo.<ref name="WAZA"/> O leão é considerado uma espécie embaixadora e é mantido para fins de turismo, educação e conservação.<ref name="WAZA">{{citar web |último1 = Dollinger |primeiro1 = P |último2 = Geser |primeiro2 = S |título = Lion: In the Zoo (subpage) |obra = Visit the Zoo |publicado = WAZA (World Association of Zoos and Aquariums) |url = http://www.waza.org/en/zoo/visit-the-zoo/cats-1254385523/panthera-leo |acessodata = 5 de abril de 2011 |arquivourl = https://web.archive.org/web/20110929135611/http://www.waza.org/en/zoo/visit-the-zoo/cats-1254385523/panthera-leo |arquivodata = 2011-09-29 |urlmorta = yes }}</ref>

=== Ataques contra humanos ===
[[Imagem:Lionsoftsavo2008.jpg|thumb|[[Comedores de homens de Tsavo|Devoradores de homens do Tsavo]] taxidermizados em exposição no [[Field Museum of Natural History]], em Chicago]]
Enquanto um leão faminto provavelmente irá atacar um humano que esteja próximo, normalmente os leões preferem ficar longe do homem. O mais famoso caso de leões devoradores de homens foi o ocorrido em Tsavo, no [[Quênia]], em dezembro de 1898. Dois machos (sem juba) de cerca de 3 m de comprimento foram [[Comedores de homens de Tsavo|responsáveis por mais de 140 mortes]] em menos de um mês. Os leões entravam nas cabanas dos moradores, que eram mortos e arrastados até a caverna onde os leões viviam, transformando a vida local em um perfeito estado de horror. Segundo o Coronel [[John Henry Patterson|John Patterson]], o mais atormentador era que os leões eram extremamente inteligentes, já que as suas formas de atacar e de se esquivar das armadilhas eram coordenadas e perfeitamente estratégicas e eficazes, de forma diferente de qualquer outro animal. Os moradores da região alegavam que os leões eram na verdade espíritos de dois chefes indígenas que eram contra a construção da ferrovia, e por isso atacavam a região da ferrovia na forma de leões. As mortes só cessaram quando Patterson conseguiu matar os leões. O primeiro, na noite de 9 de dezembro de 1889, e o segundo na manhã de 29 de dezembro, quase tendo sido devorado na segunda caçada. O feito foi retratado no livro ''The Man-Eaters of Tsavo'', de autoria do próprio Patterson, e no filme [[A Sombra e a Escuridão]], de [[Stephen Hopkins]].

Houve outros casos de ataques a humanos, como os leões de Merfuwe. Em ambos os casos, os caçadores que encararam os leões escreveram livros detalhando a "trajetória" dos leões como devoradores de homens. No folclore africano, leões devoradores de homens são considerados demônios.

Há também ataques ocorridos fora do meio ambiente natural do animal, como a [[tragédia do Circo Vostok]], no [[Brasil]], na qual leões famintos atacaram e mataram uma criança.

== Aspectos culturais ==
[[Imagem:Lion Darius Palace Louvre Sb3298.jpg|thumb|Leão em um painel decorativo do palácio de [[Dario I]] durante o império persa (550–330 AC).]]
[[Imagem:Mycenae lion gate detail dsc06384.jpg|thumb|O portal do leão de [[Micenas]] (detalhe) — duas leoas [[animais confrontados|no flanco]] da coluna central, c. 1300 AC]]
[[Imagem:Nishi Honganji Karamon (detail).jpg|thumb|Detalhe do estilo [[Karamon]] de [[Nishi Hongan-ji]] em [[Kyoto]]; [[período Momoyama]]; [[Tesouro Nacional do Japão]]]]

O leão tem sido um ícone para a humanidade por milhares de anos, aparecendo em culturas de toda a Europa, Ásia e África. Apesar de incidentes de ataques a seres humanos, os leões têm tido uma representação positiva na cultura, representando tanto força como nobreza. Uma descrição comum é a sua representação como "[[Monarquia|rei]] da selva" ou "rei dos animais", daí, o leão tem sido um símbolo popular da realeza e imponência,<ref name="Garai73">{{citar livro|último =Garai |primeiro =Jana |título=The Book of Symbols |ano=1973 |publicado=Simon & Schuster |local=New York |isbn=0-671-21773-9}}</ref> bem como um símbolo de bravura: já era o animal destaque em vários [[Fábulas de Esopo|fábulas]] do século VI a.C. do [[Grécia Antiga|grego]] [[Esopo]].<ref>{{citar livro|autor =Aesop|coautor= Gibbs L |título=Aesop's Fables |series=Oxford World's Classics |ano=2002 |publicado=Oxford University Press |local=Oxford |isbn=0-19-284050-9}}</ref>

Representações de leões datam desde o início do [[Paleolítico Superior]]. A cabeça de leão da escultura de marfim da caverna de Vogelherd, nos [[Alpes da Suábia]], no sudoeste da [[Alemanha]], pertencente a cultura [[aurignacense]], foi datada inicialmente em {{fmtn|32000}} anos,<ref name="Burger et al 2004"/> mas uma datação mais apurada revelou ser mais antiga, tendo cerca de {{fmtn|40000}} anos.<ref>{{citar web |autor=BAILEY, M. |data=31 de janeiro de 2013 |url=http://www.theartnewspaper.com/articles/Ice-Age-iLion-Mani-is-worlds-earliest-figurative-sculpture/28595 |título=Ice Age Lion Man is world’s earliest figurative sculpture |língua=inglês |publicado=The Art Newspaper |acessodata=4 de junho de 2013}}</ref> [[Pinturas rupestres]] paleolíticas de dois leões, retratados se acasalando, da "câmara dos felinos" das cavernas de Lascaux foram datadas em {{fmtn|15000}} anos de idade. Leões-da-caverna também estão representados na [[caverna de Chauvet]], descoberta em 1994; e que foi datado em {{fmtn|32000}} anos de idade,<ref name="Packer00">{{citar periódico|último =Packer |primeiro =Craig |coautor=Jean Clottes |título=When Lions Ruled France |periódico=Natural History | volume=|número=|páginas=52–57 | month=Novembro |ano=2000}}</ref> embora possa ser da mesma idade ou mais jovem que as de Lascaux.<ref>{{citar conferência|primeiro =Christian |último =Züchner |título=Grotte Chauvet Archaeologically Dated |data=setembro de 1998 |local=International Rock Art Congress IRAC ´98, Vila Real, Portugal | url=http://www.rupestre.net/tracce/12/chauv.html |acessodata=6 de novembro de 2010}}</ref>

O [[Antigo Egito]] venerava a leoa (o caçador feroz) como sua [[lista de divindades de guerra|divindade de guerra]] e, entre os deuses do [[panteão egípcio]], vários possuem uma representação felina, como [[Bastet]], [[Mafdet]], [[Menhit]], [[Pakhet]], [[Sacmis]], [[Téfnis]] e [[Esfinge]].<ref name="Garai73"/> O [[leão da Nemeia]] foi simbólico na Grécia Antiga e em Roma, representado como a constelação e o signo do zodíaco [[Leão (astrologia)|Leão]], e descrito na mitologia, cuja pele foi usada pelo herói [[Hércules]].<ref>{{citar livro|último =Graves |primeiro =R |autorlink =Robert Graves |título=Greek Myths |ano=1955|publicado=Penguin |local=London |isbn=0-14-001026-2|páginas=465–69 |capítulo=The First Labour:The Nemean Lion}}</ref> O leão foi um símbolo de destaque na antiga Mesopotâmia (da Suméria até os tempos da Assíria e Babilônia), onde foi fortemente associado com a realeza.<ref>{{citar periódico|último =Cassin |primeiro =Elena |ano=1981 |título= Le roi et le lion |periódico=Revue de l'histoire des religions |volume=298 |número=198–4 |páginas=355–401 |doi= |url= http://www.persee.fr/web/revues/home/prescript/article/rhr_0035-1423_1981_num_198_4_4828 |formato=PDF|acessodata=3 de dezembro de 2009|língua=francês}}</ref> O clássico motivo do leão babilônio, encontrado na forma de estátua, escultura ou pintura nas paredes, é muitas vezes referido como o "leão de passos largos da Babilônia". Foi em Babilônia que o profeta bíblico [[Daniel (profeta)|Daniel]] foi supostamente lançado à cova dos leões, da qual teria milagrosamente sobrevivido.<ref>[[Livro de Daniel|Daniel]] 6</ref>

No textos [[purana|purânicos]] do [[Hinduísmo]], [[Narasimha]] ("homem-leão"), a encarnação ou ([[avatar]]) de [[Víxenu]], metade leão, metade homem, é adorado por seus devotos e salvou o devoto filho [[Pralada]] de seu pai, o malévolo rei demônio [[Hiraniacaxipu]];<ref>[http://srimadbhagavatam.com/1/3/18/en1 Bhag-P 1.3.18] {{Wayback|url=http://srimadbhagavatam.com/1/3/18/en1 |date=20070926234746 }} "In the fourteenth incarnation, the Lord appeared as Nrisimha and bifurcated the strong body of the atheist Hiranyakasipu with His nails, just as a carpenter pierces cane."</ref> Vishnu assume a forma metade leão, metade humana no Narasimha, tendo o dorso e parte inferior humanas e com a cabeça e garras de leão.<ref>{{citar web |url=http://srimadbhagavatam.com/7/8/19-22/en1 |título=Bhag-P 7.8.19–22 |publicado=Srimadbhagavatam.com |data= |acessodata=21 de novembro de 2010 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20100726072730/http://srimadbhagavatam.com/7/8/19-22/en1 |arquivodata=2010-07-26 |urlmorta=yes }}</ref> Singh é um antigo nome védico que significa "leão", que remonta há mais de 2&nbsp;000 anos na [[História da Índia|Índia antiga]]. Ele foi originalmente usado apenas pelos [[Rajputs]], uma casta militar indiana (os [[Kshatriya|Xátrias]]). Após o nascimento da fraternidade [[Khalsa]], em 1699, os [[Sikh]]s também adotaram o nome "Singh", devido aos desejos do [[Guru Gobind Singh]]. Junto a milhões de hindus Rajputs de hoje, também é usado por mais de 20 milhões de [[Sikhs]] em todo o mundo.<ref>Khushwant Singh, ''A History of the Sikhs, Volume I''</ref> Encontrado em numerosas [[bandeiras]] e [[brasões]] em toda a Ásia e Europa, o leão também está representado no [[Emblema Nacional da Índia]].<ref>{{citar web |autor=Government of India |título=Know India: State Emblem |obra=National Portal of India |publicado=National Informatics Centre |ano=2005 |url=http://india.gov.in/knowindia/state_emblem.php |acessodata=27 de agosto de 2007 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20070822111444/http://india.gov.in/knowindia/state_emblem.php |arquivodata=2007-08-22 |urlmorta=no }}</ref> O leão é um símbolo para os [[cingaleses]],<ref>{{citar web |autor=Government of Sri Lanka |título=Sri Lanka National Flag |publicado=Government of Sri Lanka |data= |url=http://www.gov.lk/info/index.asp?mi=19&xp=52&xi=54&xl=3&o=0&t= |arquivourl=https://web.archive.org/web/20080327112704/http://www.gov.lk/info/index.asp?mi=19&xp=52&xi=54&xl=3&o=0&t= |arquivodata=2008-03-27 |acessodata=6 de agosto de 2007 |urlmorta=yes }}</ref> a maioria étnica do [[Sri Lanka]]: o termo indo-ariano ''Sinhala'', significa "povo-leão" ou "povo com sangue de leão", enquanto um leão empunhando uma espada é a figura central da bandeira nacional do Sri Lanka.<ref>{{citar web |autor=Government of Sri Lanka |título=Article 6: The National Flag |obra=Official Website of the Government of Sri Lanka |publicado=Government of Sri Lanka |data= |url=http://www.priu.gov.lk/Cons/1978Constitution/Schedle_2_Amd.html |acessodata=6 de agosto de 2007 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20070814100316/http://www.priu.gov.lk/Cons/1978Constitution/Schedle_2_Amd.html |arquivodata=2007-08-14 |urlmorta=yes }}</ref>

O leão é um motivo comum na arte chinesa. Ele foi usado pela primeira vez durante o final do [[período das Primaveras e Outonos]] (século V ou VI a.C.), e tornou-se muito mais popular durante a [[dinastia Han]] (206 BC–AD 220), quando os "leões guardiães imperiais" começaram a ser colocados na frente dos palácios imperiais para proteção. Um vez que os leões não são nativos da China, as descrições iniciais eram um tanto irrealistas. Após a introdução da [[arte budista]] na China, na [[dinastia Tang]] (depois do século VI d.C.), os leões passaram a ser representados geralmente sem asas; seus corpos se tornaram mais grossos e curtos; e suas jubas, mais encaracoladas.<ref>Li Ling (maio de 2002). "{{citar web|url=http://www.cityu.edu.hk/ccs/Newsletter/newsletter4/Lion/Lion.htm|título=The Two-Way Process in the Age of Globalization|acessodata=2012-12-12|arquivourl=https://web.archive.org/web/20050406143133/http://www.cityu.edu.hk/ccs/Newsletter/newsletter4/Lion/Lion.htm|arquivodata=2005-04-06|urlmorta=yes}}", translated by Ronald Egan. Ex/Change Newsletter from [[City University of Hong Kong]], Issue 4. Acesso em 26 de setembro de 2007.</ref> A [[dança do leão]] é uma forma de dança tradicional na [[cultura chinesa]], em que os artistas imitam os movimentos de um leão trajados em fantasias de leão, muitas vezes com acompanhamento musical de pratos, tambores e gongos. Eles são realizados no [[Ano-Novo Chinês]], no [[Festival da Lua de Agosto]] e em outras ocasiões de comemoração para a boa sorte.<ref>[http://web.mit.edu/lion-dance/www/about/index.html MIT Lion Dance Club—about]. Acesso em 26 de setembro de 2007.</ref>

[[Imagem:6710 - Milano, Castello sforzesco - Armeria - Vetrata marchese Camillo (1674) - Foto Giovanni Dall'Orto - 14-Feb-2008.jpg|thumb|esquerda|Museo d'arte antica no [[Castello Sforzesco|Castelo Sforza]] em [[Milão]], Itália<!--Italian [[stained glass]] with heraldic white lion rampant dated 1674.-->]]
"Leão" foi usado como apelido por vários governantes guerreiros medievais com uma reputação de bravura, como o rei inglês [[Ricardo Coração de Leão]],<ref name="Garai73"/> [[Henrique, o Leão]] ({{lang-de | Heinrich der Löwe}}), [[duque da Saxônia]] e [[Robert III de Flandres]] apelidado de "o leão da Flandres", um grande ícone nacional flamengo até o presente. Leões são frequentemente descritos em brasões, ou como um dispositivo em escudos, ou como [[partidários]] (a leoa muito mais infrequente.).<ref>{{citar web|título=Arms of Margaret Norrie McCain, The Public Register of Arms, Flags and Badges of Canada|url=http://archive.gg.ca/heraldry/pub-reg/project-pic.asp?lang=e&ProjectID=538&ProjectElementID=1883|acessodata=30 de junho de 2010}}</ref> A linguagem formal de [[heráldica]], chamada [[blazon]], emprega termos franceses para descrever as imagens com precisão. Tais descrições especificam se os leões ou outras criaturas estão "[[Leão (heráldica)|rampant]]" ou "passant", que mostra se eles estão empinados ou agachados.<ref name="Notre Dame">{{citar web |título=Heraldic Dictionary: Beasts |publicado=University of Notre Dame |url=http://www.rarebooks.nd.edu/digital/heraldry/charges/lions.html |acessodata=20 de julho de 2007 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20070610045340/http://www.rarebooks.nd.edu/digital/heraldry/charges/lions.html |arquivodata=2007-06-10 |urlmorta=yes }}</ref> O leão é usado como um símbolo de equipes desportivas, de associações de equipes nacionais de futebol, como da [[Inglaterra]], [[Escócia]] e [[Singapura]] aos clubes famosos como o [[Detroit Lions]] do NFL,<ref>{{citar web |autor= |título=Official Website of the Detroit Lions |publicado=Detroit Lions |ano=2001 |url=http://www.detroitlions.com/index.cfm?homelink=y |acessodata=8 de julho de 2007 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20070710154200/http://www.detroitlions.com/index.cfm?homelink=y |arquivodata=2007-07-10 |urlmorta=yes }}</ref> [[Chelsea F.C.|Chelsea]]<ref name="new crest">{{citar jornal|data=12 de novembro de 2004 | url=http://news.bbc.co.uk/sport1/hi/football/teams/c/chelsea/4008257.stm |título=Chelsea centenary crest unveiled |publicado=BBC |acessodata=2 de janeiro de 2007}}</ref> e [[Aston Villa F.C.|Aston Villa]] da liga britânica,<ref>{{citar web |autor=Aston Villa F.C. |título=The Aston Villa Crest: 2007 Onwards... |publicado=Aston Villa F.C. |ano=2007 |url=http://www.avfc.premiumtv.co.uk/page/CrestTest/0,,10265,00.html |arquivourl=https://web.archive.org/web/20071011024349/http://www.avfc.premiumtv.co.uk/page/CrestTest/0,,10265,00.html |arquivodata=2007-10-11 |acessodata=6 de agosto de 2007 |urlmorta=yes }}</ref> até clubes menores ao redor do mundo.

Leões continuam a figurar na literatura moderna, sendo símbolo heráldico de muitas famílias da nobreza da série de livros das Crônicas de Gelo e Fogo, como os Lannisters e os Reynes. Na literatura, também se destacam leões personagens de caracteres variando do messiânico [[Aslan]], um leão que apresenta muitos dos ideais associados à espécie, como liderança e coragem, em'' [[O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa]]'' e livros seguintes da série [[As Crônicas de Nárnia|''As Crônicas de Nárnia'']] escrita por [[C. S. Lewis]], ao [[Leão Covarde]], antítese a esses mesmos ideais, em ''[[O Mágico de Oz]]''.<ref>{{citar livro|autor = Baum, L. Frank ; Hearn, Michael Patrick |título=The Annotated Wizard of Oz|página=148|publicado= Clarkson N. Potter, Inc.|local=New York, NY|ano=1973|isbn=0-517-50086-8}}</ref> O advento de imagens em movimento viu surgir a figura de um dos mais emblemáticos leões da história, [[Leo the Lion|Leo, o Leão]], que tem sido o mascote dos estúdios [[Metro-Goldwyn-Mayer]] (MGM) desde a década de 1920.<ref name="tvacres">{{citar web | url=http://www.tvacres.com/adanimals_leolion.htm | título=TV ACRES: Advertising Mascots—Animals—Leo the MGM Lion (MGM Studios) | obra=TV Acres | acessodata=2012-12-12 | arquivourl=https://archive.is/20121205093550/http://www.tvacres.com/adanimals_leolion.htm | arquivodata=2012-12-05 | urlmorta=yes }}</ref> Na década de 1960, surgiu a mais famosa leoa, o animal queniano [[Elsa (leoa)|Elsa]], no filme'' [[Born Free]]'', baseado no best-seller internacional de mesmo título.<ref>{{citar livro|último =Adamson |primeiro =Joy |autorlink =Joy Adamson |título=Born Free: A Lioness of Two Worlds |ano=2000|anooriginal=1960 |publicado=Pantheon |local= |isbn=0-375-71438-3 }}</ref> O papel do leão como rei dos animais tem sido utilizado em desenhos animados, da década de 1950 (com o mangá que deu origem à primeira série japonesa de animação colorida na TV, [[Kimba, o Leão Branco|''Kimba, o Leão Branco'']]) até o filme de animação de 1994 da [[Walt Disney Pictures|Walt Disney]], ''[[O Rei Leão]]'', que também contou com a canção popular "[[The Lion Sleeps Tonight]]" em sua trilha sonora.<ref>{{citar livro|último =Schweizer |primeiro =Peter |título=Disney: The Mouse Betrayed |ano=1998 |páginas=164–69|publicado=Regnery Publishing |local=Washington D.C. |isbn=0-89526-387-4}}</ref><ref>{{citar web|título=King Leonardo and His Short Subjects |obra=Internet Movie Database |publicado=Internet Movie Database Inc. |ano=2007 | url=http://www.imdb.com/title/tt0053515/maindetails |acessodata=14 de setembro de 2007}}</ref>
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  ***** a verificar:
Poucos animais possuem presença tão marcante como símbolo.
* O [[Leão (astrologia)|leão]] é um dos doze [[signos do zodíaco]].
* O [[Leão (heráldica)|leão]] é uma das figuras utilizadas na [[heráldica]], podendo ser visto nos [[Brasão|brasões de armas]] de diversos países e famílias [[Nobreza|nobres]].
* O leão é conhecido como o ''Rei dos Animais'', e assim é retratado em muitas histórias infantis, como [[O Rei Leão]] e [[O gato de botas]].
* Na [[mitologia grega]] e [[mitologia romana|romana]], a morte do [[leão da Nemeia]] foi o primeiro trabalho de [[Héracles]].
* Sua imagem é normalmente associada ao poder, à justiça e à força, mas também ao orgulho e à autoconfiança.
* O leão também é um símbolo solar.
* O Estado de [[Pernambuco]] tem como mascote o leão, presente em seu brasão, apelidado de Leão do Norte
* No livro das revelações, o [[Leão de Judá]] é o [[Messias]]: "Todavia, um dos anciãos me disse: Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá, a raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos." (Apocalipse 5:4-6). O leão também aparece no estandarte da [[tribo de Judá]].
* O leão é o símbolo do [[Sporting Clube de Portugal]], inserido no centro do [[emblema]] do clube com sede em [[Lisboa]], um dos [[Os Três Grandes|3 grandes]] de [[Portugal]].
* O leão é o mascote do [[Comercial Futebol Clube (Ribeirão Preto)]], um dos mais tradicionais clubes brasileiro com 100 anos de existência. Com sede em Ribeirão Preto, interior do estado de São Paulo é conhecido como Leão do Norte por causa de uma famosa excursão ao norte e nordeste brasileiro, em maio/junho de 1920, onde permaneceu invicto.
* O leão é o símbolo maior do [[Fortaleza Esporte Clube]], nacionalmente reconhecido também pelas alcunhas de Leão do Pici e Tricolor de Aço.
* O leão é o mascote do [[Sport Club do Recife]] desde 1919, quando ganhou o Campeonato Leão do Norte, na Pará, cujo troféu era um leão imponente.
* O leão é o mascote do [[Avaí Futebol Clube]], de [[Florianópolis]], o clube de maior torcida em [[Santa Catarina]], conhecido por ser o time do tenista [[Gustavo Kuerten]], o Guga, é chamado de Leão da ilha.
* O leão é mascote do [[Nacional Futebol Clube (Manaus)|Nacional Futebol Clube]] de [[Manaus]], conhecido como Leão da Amazônia e Leão da Vila Municipal. Suas torcidas também o adotam como tal, o animal é mascote do clube desde meados da decada de 40.
* O leão é também mascote do [[Esporte Clube Vitória]], devido aos leões de pedra que ficavam na entrada da mansão dos seus fundadores, os irmãos Valente, no Corredor da Vitória, em Salvador, razão pela qual o time tem o epíteto de Leão da Barra.
* O leão é a mascote e um dos símbolos do [[Clube do Remo]], sendo também reconhecido como Leão Azul Paraense.
* O leão é o símbolo da escola de samba [[GRES Estácio de Sá|Estácio de Sá]] e nome de escola do município de Nova Iguaçu, chamado de [[GRES Leão de Nova Iguaçu|Leão de Nova Iguaçu]].
* Como símbolo do [[safári]] africano, pertence ao grupo de [[animais selvagens]] chamado de ''[[big five]]'', correspondente aos 5 animais mais difíceis de serem caçados: leão, [[leopardo]], [[elefante]], [[búfalo]] e [[rinoceronte]].
* No [[Brasil]], devido à veiculação, em 1979, de uma [[campanha publicitária]] sobre a ação fiscalizadora da [[Receita Federal]] nas declarações de [[Imposto de Renda]], em que aparecia o animal, tornou-se uma [[metáfora]] frequentemente usada pelos meios de comunicação para simbolizar aquela [[autarquia]]<ref name="leaoIR">{{Citar web |url=http://www.vocesabia.net/curiosidades/a-origem-do-leao-do-imposto-de-renda |título=Você Sabia?: A Origem do Leão do Imposto de Renda: visitada em 25 de abril de 2008. |língua= |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref> ("prestar contas com o Leão", "Leão do Imposto de Renda").

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{{Referências|colwidth=40em|refs=

<ref name="MSW3">{{MSW3 Wozencraft|id=14000228|pages=532–628}}</ref>
<ref name=IUCN>{{citar iucn |author=Bauer, H. |author2=Packer, C. |author3=Funston, P.F. |author4=Henschel, P. |author5=Nowell, K. |year=2016 |errata=2017 |title=''Panthera leo'' |volume=2016 |page=e.T15951A115130419 |doi=10.2305/IUCN.UK.2016-3.RLTS.T15951A107265605.en |access-date=30 de Janeiro de 2022}}</ref>
<ref name="Linnaeus1758">{{citar livro|autor=LINNAEUS, C. |título= Systema Naturae per regna tria naturæ, secundum classes, ordines, genera, species, cum characteribus, differentiis, synonymis, locis |editora=Laurentii Salvii |local=Holmiae |ano=1758 |página=824 |url=http://www.biodiversitylibrary.org/page/726936 |acessodata=2008-09-08 |língua=Latim |volume=1 |edição=decima, reformata}}</ref><!--p.41-->

<ref name="Oken1816">{{citar livro |autor=OKEN, L. |ano=1816 |título=Lehrbuch der Naturgeschichte. Dritter Theil: Zoologi. Zweite Abtheilung: Fleischthiere |volume=3 |editora=C. H. Reclam |local=Leipzig |páginas=xvi+1270}}</ref><!--p.1052-->

<ref name="Cassell 1979">{{citar livro |autor=SIMPSON, D.P. |título=Cassell's Latin Dictionary |editora=Cassell Ltd. |ano=1979 |edição=5 |local=Londres |páginas=883 |isbn=0-304-52257-0}}</ref>
<ref name="Liddell 1980">{{citar livro |autor=LIDDELL, H.G.; SCOTT, R. |ano=1980 |título=A Greek-English Lexicon (Abridged Edition) |editora=Oxford University Press |local=Reino Unido |páginas= |isbn=0-19-910207-4}}</ref>
<ref name="Oxford">{{citar enciclopédia |título=Lion |enciclopédia=Oxford English Dictionary |editor=SIMPSON, J.; WEINER, E. (eds.)|ano=1989 |edição= 2 | local=Oxford |editora=Clarendon Press |isbn=0-19-861186-2}}</ref>
<ref name="Novak">{{citar livro |autor=NOVAK, R.M. |título=Walker’s Carnivores of the World |local=Baltimore |editora=Johns Hopkins University Press |ano=2004 |páginas=328 |isbn=9780801880322 |url=http://books.google.com.br/books/about/Walker_s_Carnivores_of_the_World.html?id=0q5aHw2mFi8C}}</ref>
<ref name="ICZN1956">{{citar periódico |autor=International Comission on Zoological Nomenclature |ano=1956 |título=Opinion 417. Rejection for nomenclatural purposes of volume 3 (Zoologie) of the work by Lorenz Oken entitled Okens Lehrbuch der Naturgeschichte published in 1815–1816 |periódico=Bulletin of Zoological Nomenclature |volume=14 |número=1 |páginas=1-42}}</ref>
<ref name="ICZN1985">{{citar periódico |autor=International Commission on Zoological Nomenclature |ano=1985 |título=The generic names ''Pan'' and ''Panthera'' (Mammalia, Carnivora): available as from Oken, 1816 |jornal=Bulletin of Zoological Nomenclature |volume=42 |número=4 |páginas=365-370}}</ref>
<ref name="Burger et al 2004">{{citar periódico |autor=BURGER, J.; ROSENDAHL, W.; LOREILLE, O.; HEMMER, H.; ERIKSSON, T.; GÖTHERSTRÖM, A.; HILLER, J.; COLLINS, M.J.; WESS, T.; ALT, K.W. |ano=2004 |título=Molecular phylogeny of the extinct cave lion ''Panthera leo spelaea'' |periódico=Molecular Phylogenetics and Evolution |volume=30 |número=3 |páginas=841–49 |doi=10.1016/j.ympev.2003.07.020}}</ref>
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<ref name="Christiansen20082">{{citar periódico |autor=CHRISTIANSEN, P. |ano=2008 |título=Phylogeny of the great cats (Felidae: Pantherinae), and the influence of fossil taxa and missing characters |periódico=Cladistics |volume=24 |número=6 |páginas=977-992 |doi=10.1111/j.1096-0031.2008.00226.x}}</ref>
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<ref name="Turner1997">{{citar livro |autor= TURNER, A.; ANTÓN, M. |ano=1997 |título=The big cats and their fossil relatives |subtítulo=an illustrated guide to their evolution and natural history |local=New York |editora=Columbia University Press |páginas=256 |isbn=9780231102292 |url=http://books.google.com.br/books?id=KDQ_HHiTXfUC}}</ref>
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<!-- não utilizadas ou repetidas
<ref name ="Dubach et al 2005">{{citar periódico |autor=DUBACH, J.; PATTERSON, B.D.; BRIGGS, M.B.; VENZKE, K.; FLAMAND, J.; STANDER, P.; SCHEEPERS, L.; KAYS, R.W. |ano=2005 |título=Molecular genetic variation across the southern and eastern geographic ranges of the African lion, ''Panthera leo'' |periódico=Conservation Genetics |volume=6 |número=1 |páginas=15–24 |doi=10.1007/s10592-004-7729-6}}</ref>
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<ref name="O'Brien et al 1987">{{citar periódico |autor=O’BRIEN, S.J.; MARTENSON, J.S.; PACKER, C.; HERBST, L.; VOS, V.D.; JOSLIN, P.; OTT-JOSLIN, J. |ano=1987 |título=Biochemical genetic variation in geographic isolates of African and Asiatic lions |periódico=National Geography Research |volume=3 |páginas=114–124}}</ref>
<ref name="Kingdon">{{citar livro |autor=KINGDON, J. |ano=1997 |título=The Kingdon Field Guide to African Mammals |editora=Academic Press |local=San Diego, California |páginas=464 |isbn=9780124083554 |url=http://books.google.com.br/books?id=u2iakgEACAAJ}}</ref>
<ref name="Skinner&Smithers">{{citar livro |autor=SKINNER, J.D.; SMITHERS, R.H.N. |ano=1990 |título=The mammals of the Southern African subregion |editora=University of Pretoria |local=Pretoria |páginas=771 |isbn=9780869798027}}</ref>
<ref name="Christiansen2008">{{citar periódico |autor=CHRISTIANSEN, P. |ano=2008 |título=On the distinctiveness of the Cape lion (''Panthera leo melanochaita'' Smith, 1842), and a possible new specimen from the Zoological Museum, Copenhagen |periódico=Mammalian Biology |volume=73 |número=1 |páginas=58–65 |doi=10.1016/j.mambio.2007.06.003}}</ref>
-->}}

== Bibliografias ==
{{InícioRef}}
*{{Citar livro |sobrenome=Baratay |nome=Eric |coautores=Elisabeth Hardouin-Fugier |título=Zoo : a history of zoological gardens in the West |ano=2002 |editora=Reaktion Books |local=London |isbn=1-86189-111-3}}
*{{Citar livro |sobrenome=Blunt |nome=Wilfred |título=The Ark in the Park: The Zoo in the Nineteenth Century |ano=1975 |editora=Hamish Hamilton |local=London |isbn=0-241-89331-3}}
*{{Citar livro |sobrenome=de Courcy |nome=Catherine |título=The Zoo Story |ano=1995 |editora=Penguin Books |local=Ringwood, Victoria |isbn=0-14-023919-7}}
*{{Citar livro |sobrenome=Schaller |nome=George B. |ano=1972 |título= The Serengeti lion: A study of predator-prey relations |editora= University of Chicago Press |local=Chicago |isbn=0-226-73639-3}}
{{-fim}}

== Ligações externas ==
{{Correlatos
|wikiquote     = leão
|commons       = Panthera leo
|commonscat    = Panthera leo
|wikispecies   = Panthera leo
|wikcionario   = leão
}}
*{{Link|en|2=http://www.lionconservationfund.org/|3=Lion Conservation Fund}}
*{{Link|en|2=http://www.lionresearch.org/main.html|3=Lion Research Center}}

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{{Portal3|Biologia|Zoologia|Mamíferos|Felinos|África}}
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