Mostrar código-fonte de Lobo-guará

{{Info/Taxonomia
| nome                    = Lobo-guará
| período_fóssil          = [[Pleistoceno]] - Recente
| estado                  = NT
| estado_ref              = <ref name="iucn"/>
| sistema_estado          = iucn3.1
| imagem                  = Chrysocyon brachyurus 205682420.jpg
| imagem_legenda          = Lobo-guará fotografado no sul de Minas Gerais.
| reino                   = [[Animal]]
| filo                    = [[Cordados]]
| classe                  = [[Mamíferos]]
| ordem                   = [[Carnívoros]]
| família                 = [[Canídeos]]
| género                  = '''''Chrysocyon'''''
| género_autoridade       = <span style="font-variant:small-caps;">[[Charles Hamilton Smith|Smith]]</span>, 1839
| espécie_tipo            = '''''Canis jubatus'''''
| espécie_tipo_autoridade = <span style="font-variant:small-caps;">[[Anselme Gaëtan Desmarest|Desmarest]]</span>, 1820
| espécie                 = '''''C. brachyurus'''''
| binomial                = ''Chrysocyon brachyurus''<ref name=Wozencraft />
| binomial_autoridade     = <span style="font-variant:small-caps;">([[Johann Karl Wilhelm Illiger|Illiger]]</span>, 1815)
| mapa                    = Maned Wolf range.png
| sinónimos               = * ''Canis brachyurus'' {{pequeno|Illiger, 1811}}
* ''Canis campestris'' {{pequeno|Wied-Neuwied, 1826}}
* ''Canis isodactylus'' {{pequeno|Ameghino, 1909}}
* ''Canis jubatus'' {{pequeno|Desmarest, 1820}}
* ''Vulpes cancrosa'' {{pequeno|Oken, 1816}}
| sinónimos_ref          = <ref name=dietz1984/>
}}

O '''lobo-guará''' ([[Nomenclatura binomial|nome científico]]: '''''Chrysocyon brachyurus'''''), também chamado '''guará''', '''aguará''', '''aguaraçu''', '''lobo-de-crina''', '''lobo-de-juba''' e '''lobo-vermelho''', é uma espécie de [[canídeo]] [[endemismo|endêmico]] da [[América do Sul]]. Suas marcas lembram as de uma raposa, mas não é uma [[raposa]] nem um [[lobo]]. É a única espécie do gênero '''''Chrysocyon''''' e provavelmente, a espécie vivente mais próxima é o [[cachorro-vinagre]] (''Speothos venaticus''). Ocorre em [[savana]]s e áreas abertas no centro do [[Brasil]], [[Paraguai]], [[Argentina]] e [[Bolívia]], sendo um animal típico do [[Cerrado]]. Foi extinto em parte de sua ocorrência ao sul, mas ainda deve ocorrer no [[Uruguai]]. No dia 29 de julho de 2020 o lobo-guará foi escolhido para simbolizar a [[cédula de duzentos reais]].

É o maior [[canídeo]] da [[América do Sul]], podendo atingir entre 20 e 30 quilos de peso e até 90 centímetros na altura da [[cernelha]]. Suas pernas longas e finas e a densa pelagem avermelhada lhe conferem uma aparência inconfundível. O lobo-guará é adaptado aos ambientes abertos das savanas sul-americanas, sendo um animal [[crepúsculo|crepuscular]] e [[onívoro]], com importante papel na dispersão de sementes de frutos do cerrado, principalmente a [[Solanum lycocarpum|lobeira]] (''Solanum lycocarpum''). Solitário, os territórios são divididos entre um casal, que se encontra no período do [[estro]] da fêmea. Esses territórios são bastante amplos, podendo ter uma área de até 123&nbsp;km². A comunicação se dá principalmente através de marcação de cheiro, mas também ocorrem vocalizações semelhantes a [[latido]]s. A gestação dura até 65 dias, com os recém-nascidos de cor preta pesando entre 340 e 430 gramas.

Apesar de não ser considerado em perigo de [[espécie ameaçada|extinção]] pela [[União Internacional para a Conservação da Natureza]] (UICN), todos os países em que ele ocorre o classificam em algum grau de ameaça, apesar de não se saber a real situação das populações. Estima-se que existam cerca de 23 mil animais na natureza, sendo um animal popular em todos os zoológicos. Está ameaçado principalmente por causa da destruição do [[cerrado]] para ampliação da [[agricultura]], atropelamentos, [[caça furtiva|caça]] e doenças advindas dos [[cão|cães]] domésticos. No entanto, é adaptável e tolerante às alterações provocadas pelo ser humano. O lobo-guará ocorre atualmente em áreas de [[Mata Atlântica]] já desmatadas, onde não ocorria originalmente.

Algumas comunidades carregam [[Superstição|superstições]] sobre o lobo-guará e podem até nutrir certa aversão ao animal. Mas em geral o lobo-guará provoca simpatia em humanos e por isso é usado como [[espécie bandeira]] na conservação do [[Cerrado]].

== Etimologia ==
O lobo-guará também é conhecido como ''guará'', ''aguará'', ''aguaraçu'', ''lobo-de-crina'', ''lobo-de-juba'' ou ''lobo-vermelho''.<ref name="dicionário"/><ref name=paula2013/> O termo ''lobo'' origina-se do [[latim]] ''lupus''.<ref name="dicionário"/> ''Guará'' e ''aguará'' se originaram do [[Língua tupi|tupi]] ''agûará (''também escrito ''aûará)''<ref>{{Citar web|url=http://kiansheik.io/nhe-enga/?query=ag%C3%BBar%C3%A1|titulo=Dicionário de tupi antigo: A língua indígena clássica do Brasil|acessodata=2024-09-26|website=kiansheik.io}}</ref>'', guary'' na ortografia [[Dialeto mbiá|guaraní mbyá]]''.''<ref>LÉXICO GUARANÍ, DIALETO MBYÁ:versão para fins acadêmicos com acréscimos do dialeto nhandéva e outros subfalares do sul do Brasil (revisão de novembro de 1998) (acesso em 25/setembro/2024) http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/educacao_indigena/lexico_guarani_mbya.pdf</ref> ''Aguaraçu'' veio do termo para "guará grande".<ref name="dicionário"/> Os nomes de origem tupi-guarani são mais comuns na [[Argentina]] e [[Paraguai]] (''aguará guazú''), mas outros países de [[língua espanhola]] têm outras denominações como ''boroche'' na [[Bolívia]] e ''lobo de crin'' no [[Peru]].<ref name=dietz1984b/> ''Lobo de crin'' (em [[Língua castelhana|espanhol]]) e ''maned wolf'' (em [[língua inglesa|inglês]]) são alusões à [[crina]] da nuca.<ref name=dietz1984b/>

== Taxonomia e evolução ==
[[Imagem:Aguara1.jpg|thumb|200px|esquerda|É um dos canídeos [[endemismo|endêmicos]] da [[América do Sul]]]]
{{cladograma |style=font-size:85%;line-height:75%;width:300px;
|título = [[Filogenia|Relações filogenéticas]] dos [[canídeos]] sul-americanos.<ref name=perini2010/>
|clado={{clado
|1={{clado
|1={{Clado
      |1='''''Chrysocyon brachyurus''''' - lobo-guará
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      |1=''Cerdocyon thous'' - [[graxaim-do-mato]]
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}}}}
|legenda=Filogenia inferida a partir de dados de [[DNA mitocondrial]] e [[DNA nuclear|nuclear]].}}
A espécie foi descrita em 1815, por [[Johann Karl Wilhelm Illiger]], inicialmente como ''Canis brachyurus''.<ref name=dietz1984/> [[Lorenz Oken]] o classificou como ''Vulpes cancrosa'', e somente em 1839, [[Charles Hamilton Smith]] descreveu o gênero ''Chrysocyon''.<ref name=dietz1984/> Posteriormente outros autores o consideraram como integrante do gênero ''[[Canis]]''.<ref name=dietz1984/>

Apesar de já ter pertencido aos gêneros ''Canis'' e ''[[Vulpes]]'', por suas semelhanças morfológicas, o lobo-guará não está intimamente relacionado a estes gêneros.<ref name=os19/> [[DNA|Estudos moleculares]] não demonstraram relações do gênero ''Chrysocyon'' com estes canídeos.<ref name="Lindblad-Toh"/> O lobo-guará é um dos [[canídeo]]s [[endemismo|endêmico]]s da [[América do Sul]], juntamente com o [[graxaim-do-mato]] (''Cerdocyon thous''), o [[cachorro-vinagre]] (''Speothus venaticus'') e o gênero ''[[Lycalopex]]''. Tal grupo é [[monofilético]] segundo os estudos genéticos, mas estudos [[Morfologia (biologia)|morfológicos]] incluem ''[[Nyctereutes procyonoides]]'', que é originário da [[Ásia]].<ref name=perini2010/> A espécie da qual derivou-se é o ''[[Chrysocyon nearcticus]]'', que ao contrário do lobo-guará, viveu na [[América do Norte]]<ref>https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/21970/8/Anatomia%C3%93sseaMuscular.pdf</ref>.

Um estudo comparando a anatomia cerebral de vários canídeos, publicado em 2003, colocou o lobo-guará como aparentado do [[lobo-das-malvinas]] (''Dusicyon australis'') e do gênero ''Lycalopex'' (considerado pelos autores como ''[[Pseudalopex]]'').<ref name="brain_anatomy"/> Os estudos moleculares corroboram que o lobo-guará tem um ancestral comum exclusivo com o lobo-das-malvinas, que viveu há aproximadamente 6 milhões de anos.<ref name="Falklands_wolf"/><ref name="relíquia"/>

Entretanto, estudos genéticos recentes situam o lobo-guará como mais próximo [[filogenia|filogeneticamente]] do cachorro-vinagre (''Speothos venaticus''), formando um clado que é grupo-irmão de outro ao qual pertencem todos os outros canídeos sul-americanos, como o [[cachorro-do-mato-de-orelhas-curtas]] (''Atelocynus microtis''), o graxaim-do-mato (''Cerdocyon thous'') e o gênero ''Lycalopex''.<ref name="Lindblad-Toh"/> Tal clado divergiu dos outros canídeos sul-americanos há cerca de 4,2 milhões de anos e os gêneros ''Chrysocyon'' e ''[[Speothos]]'' divergiram há cerca de 3 milhões de anos.<ref name=perini2010/>

Não são conhecidos muitos [[Fóssil|fósseis]] de lobo-guará e os que foram descobertos são originários do [[Holoceno]] e do Pleistoceno Superior, desenterrados no [[planalto Brasileiro]], indicando que a espécie também evoluiu somente nas áreas abertas do Brasil Central.<ref name="adw"/> Também não são reconhecidas subespécies.<ref name=mammals2009/>

== Distribuição geográfica e habitat ==
[[Imagem:Cerrado - Campo Sujo.JPG|thumb|esquerda|250px|O [[Cerrado]] é o principal habitat do lobo-guará]]
O lobo-guará é um [[canídeo]] [[endemismo|endêmico]] da [[América do Sul]] e habita as [[pradaria]]s e [[Matagal|matagais]] do centro desse continente. Sua distribuição geográfica vai da foz do rio [[Rio Parnaíba|Parnaíba]], no [[Região Nordeste do Brasil|Nordeste do Brasil]], passando pelas terras baixas da [[Bolívia]], o leste dos ''Pampas del Heath'', no [[Peru]] e o [[chaco]] [[paraguai]]o, até o [[Rio Grande do Sul]].<ref name=dietz1984/> Evidências da presença do lobo-guará na [[Argentina]] podem ser encontradas até o [[Paralelo 30 S|Paralelo 30]], com avistamentos recentes em [[Santiago del Estero (província)|Santiago del Estero]]. Provavelmente o lobo-guará ainda ocorre no [[Uruguai]], dado que um [[espécime]] foi avistado em 1990, mas desde então não há registro da espécie no país.<ref name="iucn"/>

É fato que o lobo-guará desapareceu em muitas regiões nos limites sul de sua distribuição geográfica, ocorrendo quase que somente até a fronteira do [[Rio Grande do Sul]] com o [[Uruguai]].<ref name="queirolo2011" /> Interessamente, o [[desmatamento]] da [[Mata Atlântica]] nas regiões sudeste e leste do [[Brasil]] favoreceu a expansão de sua distribuição geográfica para áreas onde antes não habitava.<ref name="queirolo2011" /> Por essa razão, os registros em áreas de Mata Atlântica no [[Paraná]], [[São Paulo (estado)|São Paulo]], [[Rio de Janeiro (estado)|Rio de Janeiro]] e [[Minas Gerais]] aumentaram nos últimos anos.<ref name=paula2013/> No [[Pantanal]] o lobo-guará ocorre em terras altas no alto [[rio Paraguai|Paraguai]], mas evita as terras baixas da [[planície Pantanal]].<ref name=paula2013/> Há registros esporádicos da espécie em áreas de transição do [[Cerrado]] com a [[Amazônia]] e com a [[Caatinga]].<ref name=paula2013/> A espécie pode ocorrer acima de {{fmtn|1500}} metros de altitude.<ref name=paula2013/>

O ''habitat'' do lobo-guará se caracteriza principalmente por campos abertos, com vegetação arbustiva e áreas florestais com o [[Dossel florestal|dossel]] aberto, sendo um animal típico do [[Cerrado]].<ref name=mammals2009/> Também pode ser encontrado em áreas que sofrem inundações periódicas e campos cultivados pelo homem.<ref name=mammals2009/> O lobo-guará prefere ambientes com baixa quantidade de arbustos e vegetação pouco densa.<ref name=mammals2009/> Áreas mais fechadas são utilizadas para descanso durante o dia, principalmente em regiões muito alteradas antropicamente.<ref name=chiarello2000/> Nessas áreas alteradas pode ser observado em campos cultivados, plantações de ''[[Eucalyptus]]'' e até em áreas suburbanas.<ref name=soler2013/> Apesar de a espécie poder ocorrer em ambientes antrópicos, é necessário que se façam mais estudos para quantificar o grau de tolerância do lobo-guará às atividades agrícolas, mas alguns autores sugerem a preferência por áreas modificadas pelo homem em oposição às áreas florestais bem preservadas.<ref name=paula2013/><ref name=mammals2009/>

== Descrição ==
[[Imagem:Chrysocyon brachyurus 02 MWNH 354.jpg|thumb|200px|O [[crânio]] é semelhante ao do [[lobo]] e do [[coiote]]]]
É o maior [[canídeo]] da [[América do Sul]], atingindo entre 95 e 115 centímetros de comprimento, com uma cauda medindo entre 38 e 50 centímetros de comprimento e atingindo até 90 centímetros na altura da [[cernelha]].<ref name=mammals2009/> Pesa entre 20,5 e 30 quilos, não havendo diferenças significativas no peso de machos e fêmeas.<ref name=mammals2009/> É um animal difícil de confundir com os outros canídeos sul-americanos, por causa de suas longas e finas pernas, densa pelagem avermelhada e grandes orelhas.<ref name=mammals2009/> A forma esguia da espécie provavelmente é uma adaptação ao deslocamento em áreas abertas cobertas por [[gramínea]]s.<ref name=dietz1984/> Outras adaptações condizentes ao ambiente aberto, coincidem na extrema velocidade da espécie graças a sua morfologia similar a de um [[galgo]], atingindo uma velocidade de 75 km/h, tornando-o o mais rápido canídeo selvagem.
[[imagem:Chrysocyon brachyurus no Parque Nacional da Serra da Canastra por Celso Ferrarezi Jr (07).jpg|esquerda|miniaturadaimagem|250x250px|O lobo-guará apresenta pelagem marrom-avermelhada.]]
A pelagem do corpo varia do vermelho-dourado ao laranja e os pelos da nuca e patas são pretos, não havendo uma subcamada na pelagem.<ref name=dietz1984/> A parte inferior da [[mandíbula]] e a ponta da cauda são brancos.<ref name=dietz1984/> Os pelos são compridos, podendo atingir até 8 centímetros de comprimento ao longo do corpo, formando um tipo de [[crina]] na nuca do animal.<ref name="dietz1984b" /> Quase não existe variação na cor da pelagem, e não é possível identificar os indivíduos ou o sexo a partir da coloração dos pelos, embora já tenha sido registrado um indivíduo totalmente preto no norte de [[Minas Gerais]].<ref name=dietz1984b/><ref name=ferreira2017/>

O formato da cabeça se parece com o de uma [[raposa]]. O [[focinho]] é esguio e as [[orelha]]s são grandes.<ref name="dietz1984" /> Entretanto, o [[crânio]] é semelhante ao do [[lobo]] (''Canis lupus'') e do [[coiote]] (''Canis latrans'').<ref name="dietz1984" /> O crânio também apresenta uma proeminente [[crista sagital]]. O [[dente carniceiro]] é reduzido, os [[incisivos]] superiores pequenos e os [[caninos]] longos.<ref name="dietz1984" /> Como os outros canídeos, tem 42 dentes com a seguinte [[dentição|fórmula dentária]]: {{Fórmuladentária|superior = 3.1.4.2|inferior = 3.1.4.3|total = 42}}.<ref name=lopes2008/> Semelhante ao do [[cachorro-vinagre]] (''Speothos venaticus''), o [[rinário]] do lobo-guará se estende até o lábio superior, mas as [[vibrissa]]s são mais compridas.<ref name=dietz1984/>

As pegadas do lobo-guará são semelhantes às do [[cão]], mas apresentam as almofadas plantares desproporcionalmente pequenas quando comparadas com as marcas dos dígitos, que são bem abertas.<ref name=pitman2002/><ref name=borges2004/> O cão apresenta almofadas plantares até 3 vezes maiores que a do lobo-guará em suas pegadas.<ref name=borges2004/> Essas almofadas têm um formato triangular.<ref name=borges2004/> As pegadas dianteiras têm entre 7 e 9 centímetros de comprimento e 5,5 e 7 centímetros de largura, e as das patas traseiras têm entre 6,5 e 9 centímetros de comprimento e 6,5 a 8,5 centímetros de largura.<ref name=borges2004/> Uma característica que diferencia as pegadas do lobo-guará da dos outros canídeos sul-americanos é a união proximal dos terceiro e quarto dígitos.<ref name=dietz1984/>

[[Genética|Geneticamente]] o lobo-guará apresenta 38 [[cromossomo]]s, com um [[cariótipo]] semelhante ao dos outros canídeos.<ref name=dietz1984/> A diversidade genética sugere que há 15 mil anos a espécie sofreu uma redução da sua diversidade, chamada [[efeito de gargalo]]. Mesmo assim essa diversidade genética é maior que a de outros [[canídeo]]s.<ref name=paula2013/>

== Comportamento e ecologia ==

O lobo-guará é um animal [[crepúsculo|crepuscular]], mas seu padrão de atividade está mais relacionado com a [[Humidade|umidade relativa do ar]] e com a [[temperatura]], semelhante ao observado com o [[graxaim-do-mato]] (''Cerdocyon thous''). Os picos de atividade ocorrem entre 8h e 10h da manhã e 8h e 10h da noite.<ref name=silveira1999/> Em dias frios ou nublados podem ficar ativos durante todo o dia.<ref name=silveira1999/> É provável que utilize os campos abertos para [[forrageamento]] e as áreas mais fechadas, como as [[mata ciliar|matas ciliares]], para descansar, principalmente nos dias mais quentes.<ref name=dietz1984b/>
[[Imagem:Maned Wolf stretching muscles - Lobo Guará.jpg|thumb|250px|Seu padrão de atividade se relaciona com a temperatura e umidade do ambiente, não sendo obrigatoriamente [[crepúsculo|crepuscular]]]]
Os machos deslocam-se mais que as fêmeas e poucas barreiras geográficas impedem o deslocamento.<ref name=dietz1984b/> Os dados genéticos mostraram que mesmo rios não são capazes de impedir o [[fluxo gênico]] entre populações de lobos-guarás e as populações da espécie não estão isoladas, indicando uma capacidade de deslocamento e adaptação muito grandes.<ref name=paula2013/> No [[Parque Nacional Noel Kempff Mercado]], na [[Bolívia]], os lobos podem andar até 12&nbsp;km em uma única noite.<ref name=emmons2012c/>

É um animal [[onívoro]], generalista, típico entre os [[mesopredador]]es.<ref name=silveira1999/> Por consumir grandes quantidades de [[fruto]]s e frequentemente eliminá-los intactos nas fezes tem importante papel na dispersão de [[semente]]s de plantas, principalmente as da [[Solanum lycocarpum|lobeira]] (''Solanum lycocarpum'').<ref name=paula2013/> Apesar da lobeira também ser consumida por outros canídeos sul-americanos, o lobo-guará é o principal dispersor das sementes desta planta, depositando as fezes com sementes em [[saúva|sauveiros]], locais em que as lobeiras se agregam.<ref name=rodrigues2002/> Parece não haver competição direta com outras espécies de [[carnívoros]], apesar de frequentemente ocorrer nos mesmos ambientes.<ref name="canids"/> Muitas vezes utilizam os mesmos itens alimentares que o [[graxaim-do-mato]] (''Cerdocyon thous'') e a [[raposinha-do-campo]] (''Lycalopex vetulus'').<ref name="canids"/>

Seus predadores são principalmente os grandes [[felino]]s, como a [[onça-parda]] (''Puma concolor'') e a [[onça-pintada]] (''Panthera onca''), mas é mais frequentemente predado por esse último [[superpredador]].<ref name=cavalcanti2010/>

São parasitados por [[carrapato]]s, principalmente do gênero ''[[Amblyomma]]'', e por [[Brachycera|moscas]] como ''[[Cochliomyia hominivorax]]'', geralmente nas [[orelha]]s.<ref name="dietz1984b" /> Interessante notar que o lobo-guará é pouco parasitado por [[pulga]]s.<ref name="dietz1984b" /> Ele também compartilha uma série de parasitas com os cães domésticos como o [[vírus da raiva]], o [[parvovírus]], o [[Cinomose|vírus da cinomose]], o [[hepatite infecciosa canina|adenovírus canino]], o [[protozoário]] ''[[Toxoplasma gondii]]'', a [[bactéria]] ''[[Leptospira interrogans]]'' e o [[nemátodo]] ''[[Dirofilaria immitis]]''.<ref name="dietz1984b" /><ref name="deem2005" />

Frequentemente o lobo-guará é [[parasitismo|parasitado]] por ''[[Dioctophyme renale]]'', um [[nemátodo]] que pode ser fatal para animais em cativeiro e que também se hospeda nos animais em liberdade, nos [[rim|rins]].<ref name="dietz1984b" /><ref name="deem2005" /> Já foi sugerido que a ingestão da [[lobeira]] poderia evitar que os lobos-guarás contraíssem esse nemátodo, mas tal hipótese foi questionada por vários autores.<ref name="dietz1984b" />

===Dieta e forrageamento===
Muitos dos estudos sobre a dieta do lobo-guará foram conduzidos em cativeiro e poucos pesquisaram os animais na natureza.<ref name=motta2013/> Esses estudos foram feitos principalmente em áreas de [[cerrado]] do sudeste e centro do [[Brasil]] e em algumas localidades da [[Argentina]] e [[Bolívia]].<ref name=motta2013/>
[[Imagem:Flickr - João de Deus Medeiros - Solanum lycocarpum (1).jpg|thumb|esquerda|250px|Fruto da [[Solanum lycocarpum|lobeira]], um dos principais itens vegetais ingeridos pelo lobo-guará]]
Sendo um animal [[onívoro]] e generalista, o lobo-guará se alimenta de praticamente qualquer item que seja capaz de engolir, de origem animal ou vegetal, consumindo uma ampla variedade de [[fruto]]s e pequenos [[vertebrado]]s.<ref name=paula2013/> Foram registrados até 301 itens alimentares ingeridos pelo lobo-guará, sendo 116 plantas e 178 espécies de animais.<ref name=motta2013/> Eventualmente pode se alimentar de animais de maior porte como o [[tamanduá-bandeira]] (''Myrmecophaga tridactyla''), o [[graxaim-do-mato]] (''Cerdocyon thous''), o [[caititu]] (''Pecari tajacu'') e o [[veado-campeiro]] (''Ozotoceros bezoarticus''). Mas alguns autores consideram que esses animais não são ativamente caçados pelo lobo-guará e que foram ingeridos por já estarem mortos, porque o principal método de estudo da dieta desse animal é feito analisando as [[fezes]].<ref name=paula2013/><ref name=rodrigues2002/> Alguns autores registraram perseguições ativas ao [[veado-campeiro]].<ref name=rodrigues2002/> [[Ave]]s foram os principais animais consumidos pelo lobo-guará, e tatus ([[dásipo]]s) e [[roedor]]es também são importantes na composição da dieta.<ref name=motta2013/> Um detalhe interessante é que os alimentos de origem animal são mais consumidos na estação seca.<ref name=dietz1984b/><ref name=motta1996/>

O lobo-guará caça perseguindo a presa e cavando buracos, realizando saltos para pegar aves em voo. Cerca de 21% das caçadas têm sucesso.<ref name="canids" /> Lobos-guará predaram até [[ratão-do-banhado|ratões-do-banhado]] (''Myocastor coypus'') que estavam presos em armadilhas.<ref name="canids" /> Também foram observados se alimentando de carcaças de animais atropelados.<ref name="canids" />

Muitos estudos mostraram que uma parcela significativa da dieta do lobo-guará é composta por frutos da [[Solanum lycocarpum|lobeira]] (''Solanum lycocarpum'') e que estes frutos são o principal alimento desse canídeo. Com algumas exceções, esses frutos compõem entre 40 e 90% da dieta do lobo-guará.<ref name="dietz1984b" /><ref name="rodrigues2002" /><ref name="motta1996" /> Somente em alguns estudos no [[Parque Nacional da Serra da Canastra]] foi observado uma ingestão reduzida desse fruto.<ref name="amboni2007" /> A lobeira é ativamente procurada pelo lobo-guará e onde ela é consumida com abundância não parece ocorrer sazonalidade, sendo consumida durante o ano todo, ao contrário de outros frutos que podem ser consumidos somente na estação chuvosa.<ref name="rodrigues2002" /><ref name="motta1996" /> Ele pode consumir vários frutos de uma vez e eliminar as sementes intactas nas fezes, o que o torna um excelente dispersor dessa [[planta]].<ref name="rodrigues2002" /> Outros itens vegetais são consumidos, incluindo [[folha]]s de [[gramínea]]s e frutos do [[jerivá]] (''Syagrus romanzoffiana'') e do [[Alibertia edulis|marmeleiro]] (''Alibertia edulis'').<ref name="motta2013" /> Muitos estudos mostram que itens vegetais podem ser a base da dieta do lobo-guará.<ref name="mammals2009" />
[[Imagem:Lobo Guará urinating on tree.jpg|thumb|250px|Marcação de cheiro com [[urina]] é uma forma de comunicação no lobo-guará]]
[[Imagem:Maned wolves, Belfast Zoo - geograph.org.uk - 1766969.jpg|thumb|250px|Apesar de solitário, os lobos-guarás podem formar casais no período de [[estro]] da fêmea]]
Restos de alimentos deixados por seres humanos e animais domésticos não possuem muita importância na dieta do lobo-guará, principalmente em áreas bem preservadas de [[cerrado]].<ref name=motta2013/> Mas ele apresenta tolerância a frutos exóticos cultivados pelo homem, vivendo em áreas alteradas pela agricultura.<ref name=azevedo2008/>

===Território, área de vida e comportamento social===

Por ter hábitos predominantemente solitários, o lobo-guará também é um animal territorial.<ref name=dietz1984b/> É um [[monogamia|monogâmico facultativo]] e os casais só são observados durante o [[estro]] da fêmea.<ref name=songsasen2013/> A [[área de vida]] é ampla, variando de 40 a 123&nbsp;km², dependendo da estação do ano e da disponibilidade de alimento.<ref name=emmons2012c/> Alguns estudos mostram que territórios de fêmeas podem ser maiores que de machos.<ref name=rodrigues2002/><ref name=azevedo2008/> Na época do [[cio]] a fêmea pode reduzir sua área de vida (na [[serra do Caraça]], em [[Minas Gerais]], a fêmea reduziu de 72,28&nbsp;km² para 45,48&nbsp;km²).<ref name=coelho2008/> Apesar de solitário, a unidade social do lobo-guará dentro de seu território é o casal, que pode se manter estável por um longo período de tempo.<ref name=emmons2012c/><ref name=emmons2012e/> Esse casal só se encontra e pode manter alguma coesão na época reprodutiva. Já foi observado um pequeno grau de caça compartilhada, mas os animais nunca descansam juntos.<ref name=emmons2012e/> Os territórios de diferentes casais podem se sobrepor.<ref name=rodrigues2002/><ref name=azevedo2008/>

Marcações com cheiro e vocalizações são os meios que o lobo-guará usa para se comunicar, seja sinalizando território, seja encontrando outros indivíduos.<ref name=dietz1984b/> Tanto machos quanto fêmeas utilizam a marcação com cheiro, mas os machos fazem isso com mais frequência, principalmente no período de estro das fêmeas.<ref name=songsasen2013/> [[Fezes]] são depositadas principalmente perto das tocas e locais de descanso, em cima de rochas ou [[cupim|cupinzeiro]]s.<ref name=dietz1984b/> A [[urina]] é utilizada no mesmo contexto, apresentando um odor forte e característico que chega a ser sentido por humanos em trilhas muito utilizadas pelo lobo-guará.<ref name=dietz1984b/> Ao longo dessas trilhas o lobo-guará não faz marcas com arranhões.<ref name=dietz1984b/>

As vocalizações lembram os [[latido]]s de um cachorro de porte grande, durando em média 0,7 segundos em intervalos de 2 a 4 segundos, sequência que se repete por até 23 vezes.<ref name=dietz1984b/> Tanto machos quanto fêmeas vocalizam.<ref name=dietz1984b/> Costumam vocalizar mais à noite, quando podem ser ouvidos a vários metros de distância.<ref name=emmons2012e/> Apesar de estarem associadadas à territorialidade, as vocalizações são mais frequentes entre jovens de um mesmo território, sugerindo serem apenas um sinal para contato a grandes distâncias entre indivíduos conhecidos e não para a defesa de território.<ref name=emmons2012e/>

Interações sociais diretas são raras e os lobos-guarás parecem se evitar.<ref name=dietz1984b/> Os encontros [[comportamento agonístico|agonísticos]] são raros mas ocorrem principalmente entre machos, não tendo sido observados entre as fêmeas.<ref name=azevedo2008/> Isso resulta em quase nenhuma sobreposição nos territórios dos machos.<ref name=azevedo2008/>

=== Reprodução e ciclo de vida===
[[Imagem:Maned Wolf Pup Image 001.jpg|thumb|esquerda|Os filhotes nascem pesando entre 340 e 430 g e ficam com a pelagem avermelhada depois da décima semana]]
Como na dieta, a maior parte dos dados sobre o [[estro]] e ciclo reprodutivo do lobo-guará provém de animais em cativeiro, principalmente sobre a [[endocrinologia]] da reprodução.<ref name=songsasen2013/> Entretanto, os estudos de animais em liberdade constataram que as mudanças [[hormônio|hormonais]] seguem o mesmo padrão de variação dos animais em cativeiro.<ref name=songsasen2013/> A princípio as fêmeas [[ovulação|ovulam]] espontaneamente, mas alguns autores sugerem que a presença de um macho é importante para a indução do estro.<ref name=songsasen2013/>

Os animais de cativeiro no [[hemisfério norte]] se reproduzem entre outubro e fevereiro e no [[hemisfério sul]] entre agosto e outubro. Isso indica que o [[fotoperíodo]] tem papel importante na reprodução do lobo-guará, principalmente por conta da produção de [[sêmen]].<ref name="dietz1984" /><ref name="songsasen2013" /> Geralmente ocorre um [[estro]] por ano<ref name="dietz1984" /> e a quantidade de esperma produzida pelo lobo-guará é menor quando comparada com a de outros [[canídeo]]s.<ref name="songsasen2013" />

As cópulas acontecem durante o período de 4 dias do estro e são seguidas por até 15 minutos de [[engate copulatório]].<ref name="dietz1984" /> O comportamento de corte não é diferente do de outros [[canídeo]]s, caracterizando-se por aproximações frequentes e investigação [[períneo|anogenital]].<ref name="canids" />

A [[gestação]] dura cerca de 65 dias, nascendo entre de 2 e 5 filhotes, mas 7 filhotes já foram registrados.<ref name="dietz1984" /> Já foram observados nascimentos em maio na [[serra da Canastra]], mas os dados de cativeiro sugerem que os partos se concentram entre junho e setembro.<ref name="paula2013" /> Os poucos dados disponíveis sobre a reprodução na natureza mostram que o lobo-guará se reproduz com dificuldade e a mortalidade de filhotes é alta. As fêmeas podem ficar até 2 anos sem se reproduzirem.<ref name="songsasen2013" />

Em cativeiro a reprodução é mais difícil ainda, especialmente nos países temperados do hemisfério norte.<ref name="songsasen2013" /> Os filhotes nascem pesando entre 340 e 430 gramas, pretos e mudando para a cor avermelhada depois da décima semana.<ref name="dietz1984" /> Os olhos se abrem com cerca de 9 dias de idade.<ref name="dietz1984" /> São amamentados até os 4 meses e alimentados pelos pais por regurgitação até os 10 meses, iniciando na 3ª semana de idade.<ref name="rodrigues2002" /><ref name="canids" /> Com três meses os filhotes acompanham a mãe enquanto ela [[forrageamento|forrageia]].<ref name="rodrigues2002" /> O [[cuidado parental]] é compartilhado entre macho e fêmea, mas as fêmeas fazem isso com mais frequência.<ref name="rodrigues2002" /> Dados sobre cuidado parental pelo macho foram coletados em animais de cativeiro e pouco se sabe se isso ocorre com frequência em animais selvagens.<ref name="canids" /> A maturidade sexual é alcançada com 1 ano de idade e a partir dessa idade deixam o território em que nasceram.<ref name="canids" />

A longevidade em liberdade é desconhecida, mas em cativeiro ela é estimada entre 12 e 15 anos.<ref name="dietz1984" /> Há um relato de um indivíduo no [[Zoológico de São Paulo]] que viveu até os 22 anos.<ref name="paula2013" />

== Conservação ==
{{Anexo|Lista de unidades de conservação com ocorrência do lobo-guará no Brasil}}
[[Imagem:Plantio Mato Grosso (Pedro Biondi) 25jul2007.jpg|thumb|250px|Apesar de tolerante a ambientes humanizados, a destruição do [[cerrado]] para a [[agricultura]] é a maior ameaça ao lobo-guará]]
O lobo-guará não é considerado uma espécie [[extinção|ameaçada de extinção]] pela [[União Internacional para a Conservação da Natureza]] (UICN), por causa de sua ampla distribuição geográfica e pela capacidade de adaptação a ambientes modificados pelo homem. Mas tem se observado um declínio de suas populações e a espécie pode estar em alguma categoria de ameaça em breve, por isso a UICN classifica-o como uma [[espécie quase ameaçada]]. Até 1996 o lobo-guará era uma [[espécie vulnerável]] pela UICN. Ele também consta no ''apêndice II'' da [[Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção]] (CITES), que não o caracteriza como ameaçado mas atenta para que, se não houver medidas para sua conservação, a espécie pode entrar em alguma categoria de ameaça no futuro.<ref name="iucn"/> A [[lista de mamíferos ameaçados do Brasil|lista]] do [[Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade]] (ICMBio), no [[Brasil]], que segue os mesmos critérios da UICN, considera o lobo como espécie vulnerável.<ref name=lista2014/><ref name=ibama2008/> Por esses mesmos critérios, as listas estaduais brasileiras também o consideram em situação mais problemática: é uma espécie vulnerável nas listas de [[São Paulo (estado)|São Paulo]] e [[Minas Gerais]], enquanto que nas listas do [[Paraná]], [[Santa Catarina]] e [[Rio Grande do Sul]] o lobo-guará é considerado como "[[Espécie em perigo|em perigo]]" e "[[criticamente em perigo]]", respectivamente.<ref name=ibama2008/><ref name=queirolo2013/> No [[Uruguai]], apesar de não haver uma lista como a do Brasil e da UICN, ele é tido como espécie com "prioridade" para conservação.<ref name=queirolo2013/> Na [[Argentina]] não é considerado como em perigo crítico, mas reconhece-se que suas populações estão declinando e encontram-se [[Isolamento geográfico|fragmentadas]].<ref name=soler2013/> A situação do lobo-guará na [[Bolívia]]<ref name=emmons2013/> e no [[Paraguai]]<ref name=cartes2013/> é incerta. Mesmo com essas incertezas o lobo-guará é protegido contra a caça em todos os países que ocorre.<ref name="iucn"/>

Dados populacionais estimam 21 746 indivíduos adultos no Brasil.<ref name=paula2013/> Na [[Argentina]] estima-se que ocorram 660 animais, e 880 no Paraguai. Não mais do que 1 mil animais devem ocorrer na Bolívia.<ref name="canids"/> A natureza territorial e solitária do lobo-guará faz com que ele tenha densidades muito baixas nos locais em que habita.<ref name="iucn"/> Estudos apontam para densidades de 0,01 indivíduo / km² na [[Estação Ecológica de Águas Emendadas]] e 0,05 / km² no [[Parque Nacional das Emas]], sendo que a maior densidade reportada é de 0,08 animais / km² no [[Parque Nacional da Serra da Canastra]].<ref name=paula2013/>

A maior ameaça à sobrevivência do lobo-guará é representada pela [[Destruição de habitat|conversão]] de áreas de vegetação nativa em [[agricultura|campos cultivados]], apesar de sua notável tolerância a ambientes alterados [[Antropocentrismo|antropicamente]].<ref name=paula2013/><ref name=ibama2008/> A falta de ambientes ótimos para a reprodução da espécie é um fator preponderante na alta mortalidade dos filhotes.<ref name=songsasen2013/> Nessas áreas antropizadas, atropelamentos também são importante causa de mortalidade, principalmente de animais jovens.<ref name=rodrigues2002/> O contato com [[cão|cães]] também é prejudicial ao lobo-guará, susceptível a contrair as mesmas doenças. Este é um dos principais problemas a serem resolvidos, apesar de não se saber ao certo o quão grave seja a ameaça.<ref name=paula2013/>
Frequentemente, o lobo-guará é considerado um predador de animais domésticos, principalmente [[galinha]]s, o que faz com que ele seja perseguido por fazendeiros.<ref name=rodrigues2002/> Não raro, [[avicultura|avicultores]] possuem uma percepção negativa do lobo-guará, mesmo que ele não seja, de fato, o responsável pelos ataques aos galinheiros.<ref name=rodrigues2002/> Dado que a visão das populações locais influencia diretamente o sucesso de programas de conservação, a [[educação ambiental]] é um ponto importante a ser abordado em qualquer estratégia de preservação do lobo-guará.<ref name=paula2013/><ref name=rodrigues2002/>

Encorajador na conservação do lobo-guará é o fato de ele ainda ocorrer em numerosas unidades de conservação, mesmo nas regiões em que o [[cerrado]] foi [[Fragmentação de habitat|fragmentado]], como no estado de São Paulo.<ref name=paula2013/> Importantes unidades de conservação do lobo-guará são a [[Reserva Provincial Iberá]] e o [[Parque Nacional Chaco]], na Argentina; os parques nacionais [[Parque Nacional de Noel Kempff Mercado|Noel Kempff Mercado]] e [[Terra indígena e parque nacional Isiboro-Secure|Isiboro-Secure]] na Bolívia; os parques nacionais [[Parque Nacional das Emas|das Emas]], da [[Parque Nacional da Serra da Canastra|Serra da Canastra]] e de [[Parque Nacional de Brasília|Brasília]], no Brasil; e a [[Reserva da biosfera do Bosque Mbaracayú]], no Paraguai.<ref name="canids"/>

Geneticamente, as populações de lobo-guará estão íntegras, sem grandes descontinuidades e sem nenhuma população dramaticamente isolada, o que também é um aspecto positivo para a conservação do canídeo.<ref name="fountura2013" /> No entanto, a genética do lobo-guará ainda não é bem entendida e alguns estudos apontam para uma baixa diversidade do [[DNA mitocondrial]], sugerindo que houve uma [[Efeito de gargalo|redução drástica]] nas populações em um passado recente.<ref name="fountura2013" />

O lobo-guará é um animal popular em [[Jardim zoológico|zoológicos]], e tem sido mantido em várias instituições por muitos anos, apesar de sua difícil reprodução em cativeiro.<ref name="holland2013" /> Zoológicos são importantes na conservação desta e de outras espécies, principalmente do ponto de vista genético.<ref name="holland2013" /> No caso do lobo-guará, visto a rápida destruição do cerrado, zoológicos são importantes meios de se evitar sua extinção.<ref name="holland2013" /><ref name="pessutti2013" /> Em 2011, no [[Jardim Zoológico de Brasília]], a [[medicina veterinária]] fez uso de [[Medicina regenerativa|terapia regenerativa]], quando [[células-tronco]] foram empregadas para tratar uma loba-guará vitimada por atropelamento.<ref>{{citar web|url=https://www.popsci.com/science/article/2011-01/injured-brazilian-wolf-first-wild-animal-treated-stem-cells/|título=Injured Brazilian Wolf Is First Wild Animal Treated With Stem Cells|autor=Rebecca Boyle|data=15 de janeiro de 2011|publicado=[[Popular Science]] {{en}}|acessodata=17 de julho de 2022|arquivourl=|arquivodata=|urlmorta=}}</ref> Após o tratamento, loba foi devolvida para a natureza totalmente recuperada.<ref name="CFMV">{{citar web|url=https://web.archive.org/web/20210807180131/https://www.cfmv.gov.br/tratamento/comunicacao/noticias/2011/01/11/|título=Tratamento|autor=|data=11 de janeiro de 2011|publicado=[[Conselho Federal de Medicina Veterinária]] (via [[Web Archive]])|acessodata=17 de julho de 2022|arquivourl=|arquivodata=|urlmorta=}}</ref> Tal técnica foi vista como uma forma de auxiliar na preservação de animais selvagens.<ref name="CFMV"/> Este foi o primeiro uso registrado de células-tronco para tratar e curar lesões num animal selvagem.<ref>{{citar web|url=https://www.apm.org.br/wp-content/uploads/APM669.pdf|título=Células-tronco e a medicina do futuro|autor=Guilherme Almeida|data=agosto de 2015|publicado=Revista APM ([[Associação Paulista de Medicina]]), edição nº 669, pág. 28.|acessodata=17 de julho de 2022|arquivourl=|arquivodata=|urlmorta=}}</ref>

Em 2012, existiam 3 288 animais em cativeiro, em cerca de 320 instituições pelo mundo.<ref name="holland2013" /> Existem bons programas de manejo dessas populações em cativeiro, e apesar de no começo muitos animais terem sido provenientes de espécimes selvagens (até cerca de 1963), atualmente, os animais distribuídos em zoológicos nasceram em cativeiro.<ref name="holland2013" /> Para os zoológicos brasileiros, existia um plano específico para o lobo-guará, o ''Plano de Manejo Brasileiro para o Lobo Guará'', criado em 1990, mas cancelado em 2003.<ref name="pessutti2013" />

==Aspectos culturais==
[[Imagem:Lobo Guará no Santuário do Caraça.jpg|thumb|250px|Para os humanos, o lobo-guará é um animal a ser preservado]]
As atitudes e opiniões dos [[Homo sapiens|seres humanos]] sobre o lobo-guará variam ao longo das populações, indo desde o medo e a tolerância, até aversão.<ref name="canids"/> Em algumas regiões do Brasil [[Pseudociência|acredita-se]] que partes de seu corpo ajudem na cura de [[bronquite]], doenças nos [[rim|rins]], e até picadas de [[cobra]]s.<ref name="canids"/> Também acredita-se que possa trazer boa sorte.<ref name="canids"/> Essas partes podem ser [[dente]]s, o [[coração]], [[orelha]]s e até mesmo [[fezes]] secas.<ref name=mccrea2013/> Na Bolívia acredita-se que montar uma [[sela]] feita de couro do lobo-guará protege de má sorte.<ref name="canids"/> Apesar dessas [[Superstição|superstições]], não existe uso em larga escala das partes desse animal.<ref name="canids"/>
{{Imagem múltipla
|direction= vertical
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|image1  = Reverso da cédula de 200 reais.jpg
|image2  = 100-cruzeiros-reais-1994.png
|caption2= Reverso da [[cédula de duzentos reais]] (acima). [[Cruzeiro real|Moeda de 100 cruzeiros-reais]] (abaixo).
 }}
Em sociedades urbanas no Brasil as pessoas tendem a apresentar simpatia pelo lobo-guará, não vendo nele valores como animal de [[caça]] ou praga.<ref name=mccrea2013/> Frequentemente, consideram ser importante a sua preservação e, apesar dessas sociedades o associarem à força e ferocidade, não o consideram um animal perigoso.<ref name=mccrea2013/> Apesar de popular em alguns locais e comum em muitos zoológicos, ele pode passar despercebido. Estudos em zoológicos do Brasil mostraram que até 30% dos entrevistados desconheciam ou não sabiam reconhecer um lobo-guará.<ref name="canids"/>

Era considerado um animal comum pelos [[povo guarani|guaranis]] e os primeiros nomes usados por europeus, como o [[Padre José de Anchieta]], eram os mesmos usados pelos [[Povos indígenas do Brasil|povos nativos]] (''yaguaraçú'').<ref name=mccrea2013/> O naturalista espanhol [[Félix de Azara]] também utilizou o nome guarani para descrevê-lo.<ref name=cartes2013/> Azara também foi um dos primeiros a descrever a biologia da espécie e considerá-la parte importante da fauna do [[Paraguai]].<ref name=cartes2013/> Deve-se salientar que muito da visão negativa sobre o lobo-guará como predador de aves domésticas deriva do [[etnocentrismo]] europeu, onde frequentemente os camponeses tinham problemas com [[lobo]]s e [[raposa]]s.<ref name=mccrea2013/>

Raramente o lobo-guará causa antipatia nas populações humanas dos locais em que habita. Por isso ele tem sido utilizado como [[espécie bandeira]] para preservação do cerrado brasileiro.<ref name=mccrea2013/>

Em julho de 2020, o lobo-guará passou a figurar a [[Cédula de duzentos reais|nota de 200 reais]]. A nota foi lançada oficialmente em 02 de setembro de 2020, dado que em 2001 o lobo-guará havia sido o 3º mais votado pelo público para estampar as notas de real, atrás apenas da [[tartaruga-marinha]] e do [[mico-leão-dourado]].<ref>{{Citar web |url=https://www.bcb.gov.br/detalhenoticia/17140/nota |titulo=Banco Central lançará cédula de 200 reais|acessodata=24 de julho de 2021|publicado=Banco Central do Brasil|ano=2020|mês=julho}}</ref>

Ele também já foi representado na [[Cruzeiro real|moeda de 100 cruzeiros-reais]], que circulou no Brasil entre 1993 e 1994.<ref name=moeda/>
{{limpar}}
{{Referências|col=2|refs =

<ref name=ferreira2017>{{citar periódico|autor1=Ferreira, G. B.|autor2=Barros, C. S.|autor3=Costa, A. B.|autor4=Dias, T. S.|autor5=Oliveira, M. J. R.|ano= 2017|titulo=First ever record of a black-coloured maned wolf|url=http://www.canids.org/CBC/20/Black_maned_wolf.pdf|jornal=Canid Biology & Conservation|arquivourl=https://web.archive.org/web/20180103011642/http://www.canids.org/CBC/20/Black_maned_wolf.pdf#|arquivodata=3 de janeiro de 2018|urlmorta=yes}}</ref>

<ref name=Wozencraft>{{citar livro| último = Wozencraft | primeiro = W.C.| ano = 2005| capítulo= Leopardus braccatus| capítulourl = http://www.departments.bucknell.edu/biology/resources/msw3//browse.asp?id=14000081|editor = Wilson, D. E.; Reeder, D. M.|título = Mammal Species of the World| páginas = {{{pages|532–628}}}| página = 578|edição = 3.ª| editora = Imprensa da Universidade Johns Hopkins|local=Baltimore, Marilândia| isbn= 978-0-8018-8221-0| oclc= 62265494}}</ref>

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<ref name=dietz1984>{{citar periódico|autor=Dietz, J.M.|título=''Chrysocyon brachyurus''|url=http://www.science.smith.edu/msi/pdf/i0076-3519-234-01-0001.pdf|periódico=Mammalian Species|volume=234|páginas=1-4|data=1985|acessodata=24 de julho de 2021|arquivourl=https://web.archive.org/web/20140116131536/http://www.science.smith.edu/msi/pdf/i0076-3519-234-01-0001.pdf|arquivodata=2014-01-16|urlmorta=sim}}</ref>

<ref name="dicionário">{{Citar livro|último=Ferreira|primeiro=A. B. H.|título=Novo Dicionário da Língua Portuguesa|edição=2ª|local=Rio de Janeiro|editora=Nova Fronteira|ano=1986}}</ref>

<ref name=paula2013>{{citar periódico|autor1=Paula, Rogério Cunha de|autor2=Rodrigues, Flávia Henrique Guimarães|autor3=Queirolo, Diego|autor4=Jorge, Rodrigo Pinto Silva|autor5=Lemos, Frederico Gemésio|autor6=Rodrigues, Lívia de Almeida|ano=2013|título=Avaliação do risco de extinção do lobo-guará ''Chrysocyon brachiurus'' (Illiger, 1815) no Brasil|periódico=Biodiversidade Brasileira|volume=3|número=1|páginas=146-159|url=https://www.icmbio.gov.br/portal/faunabrasileira?id=6091:especie-6091}}</ref>

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<ref name=queirolo2011>{{citar periódico|autor=Queirolo, D., Moreira, J. R., Soler, L., Emmons, L. H., Rodrigues, F. H., Pautasso, A. A., & Salvatori, V.|data=2011|título=Historical and current range of the Near Threatened maned wolf ''Chrysocyon brachyurus'' in South America|periódico=Oryx|volume=45|número=02|páginas=296-303|url=http://www.researchgate.net/profile/Diego_Queirolo/publication/231996714_Historical_and_current_range_of_the_Near_Threatened_maned_wolf_Chrysocyon_brachyurus_in_South_America/links/54eb27e00cf2f7aa4d5a68e5.pdf|doi=10.1017/S0030605310000372 }}</ref>

<ref name=chiarello2000>{{citar periódico|autor=Chiarello, A. G.|data=2000|título=Conservation value of a native forest fragment in a region of extensive agriculture|periódico=Revista Brasileira de Biologia|volume=60|número=2|páginas=237-247|url=http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-71082000000200007&script=sci_arttext&tlng=es}}</ref>

<ref name=lopes2008>{{Citar tese |autor=Lopes, F.M. |título= Avaliação do sistema estomatognático e de sincrânios do lobo-guará (''Chrysocyon brachiurus'') em vida livre e cativeiro |grau=Dissertação de Mestrado |url=https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/10/10137/tde-22042009-113850/publico/Fernanda_Maria_Lopes_ATUAL.pdf |ano=2008 |universidade=[[Universidade de São Paulo]] |acessodata=24 de julho de 2021 }}</ref>

<ref name=lista2014>{{citar web|url=http://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/biodiversidade/fauna-brasileira/avaliacao-do-risco/PORTARIA_N%C2%BA_444_DE_17_DE_DEZEMBRO_DE_2014.pdf|formato=PDF|publicado=[[Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade]] (ICMBio), [[Ministério do Meio Ambiente (Brasil)|Ministério do Meio Ambiente]] (MMA)|título= PORTARIA No - 444, DE 17 DE DEZEMBRO DE 2014|acessodata=24 de julho de 2021}}</ref>

<ref name=pitman2002>{{citar livro|autor1=de Oliveira, T. G.|autor2=Cavalcanti, S. M. C.|editor=Pitman, M. R. P. L.; de Oliveira, T. G.; de Paula, T. G.; Indrusiak, C.|título=Manual de Identificação, Prevenção e Controle de Predação por Carnívoros|url=http://www.faunativa.com.br/downloads/mamiferos/manual_de_identificacao_e_predacao_de_carnivoros.pdf|editora=Edições [[Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis]] (IBAMA)|local=Brasília, Distrito Federal|páginas=31-53|capítulo=Identificação dos Predadores de Animais Domésticos|ano=2002|acessodata=24 de julho de 2021|arquivourl=https://web.archive.org/web/20131225190057/http://www.faunativa.com.br/downloads/mamiferos/manual_de_identificacao_e_predacao_de_carnivoros.pdf#|arquivodata=25 de dezembro de 2013|urlmorta=yes}}</ref>

<ref name=borges2004>{{citar livro|autor=Borges, P. L., & Tomás, W. M.|ano=2004|título=Guia de rastros e outros vestígios de mamíferos do Pantanal|local=Corumbá|editora=[[Embrapa]] Pantanal|isbn=85-98893-01-3|páginas=148}}</ref>

<ref name=silveira1999>{{Citar tese |autor=Silveira, L. |título= Ecologia e conservação dos mamíferos carnívorosdo Parque Nacional das Emas, Goiás |grau=Dissertação de Mestrado |url=http://www.procarnivoros.org.br/pdfs/mestrado_Leandro.pdf |ano=1999 |universidade=[[Universidade Federal de Goiás]]}}</ref>

<ref name=rodrigues2002>{{Citar tese |autor=Rodrigues, F. |título= Biologia e conservação do lobo-guará na Estação Ecológica de Águas Emendadas, DF. |grau=Tese de [[Doutorado]] |url=http://www.carnivoreconservation.org/files/thesis/guimaraes_2002_phd.pdf |ano=2002 |universidade=[[Universidade Estadual de Campinas]]}}</ref>

<ref name="canids">{{citar livro|autor1=Rodden, M.|autor2=Rodrigues, F.|autor3=Bestelmeyer, S.|editor=Sillero-Zubiri,C.; Hoffman,M.; McDonald, D.|título=Canids: Foxes, Wolves, Jackals and Dogs|url=http://www.carnivoreconservation.org/files/actionplans/canids.pdf|editora=[[União Internacional para a Conservação da Natureza]] (UICN)/SSC Canid Specialist Group|local=Gland, Suíça|páginas=26-80|capítulo=Chapter 3. South America (Neotropical)|ano=2004|isbn=2-8317-0786-2}}</ref>

<ref name=cavalcanti2010>{{citar livro|autor=Cavalcanti, S. |numero-autores=et al|capítulo=Jaguars, livestock and people in Brazil: realities and perceptions behind the conflitct|título=Biology and Conservation of Wild Felids|editor=Macdonald, D.W. & Loveridge, A.|editora=Imprensa da Universidade de Oxônia|local=Oxônia, Reino Unido|ano=2010|páginas=383-402|isbn=978-0199234455}}</ref>

<ref name=deem2005>{{citar periódico|autor=Deem, S. L., & Emmons, L. H.|data=2005|título=Exposure of free-ranging maned wolves (''Chrysocyon brachyurus'') to infectious and parasitic disease agents in the Noel Kempff Mercado National Park, Bolivia|periódico=Journal of Zoo and Wildlife Medicine|volume=36|número=2|páginas=192-197|doi=10.1638/04-076.1}}</ref>

<ref name=motta1996>{{Citar periódico|titulo = Diet of the maned wolf, Chrysocyon brachyurus, in central Brazil|url = http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/abstract|doi = 10.1111/j.1469-7998.1996.tb05284.x|autor = Motta-Jr., J.C.|coautores = S. A. Talamoni, J. A. Lombardi, K. Simokomaki|jornal = Journal of Zoology|ano = 1996|volume = 240|numero = 2|paginas = 277–284|idioma = inglês}}{{Ligação inativa|data=maio de 2019 }}</ref>

<ref name=amboni2007>{{Citar tese|título = Dieta, disponibilidade alimentar e padrão de movimentação de lobo-guará, ''Chrysocyon brachyurus'', no Parque Nacional da Serra da Canastra, MG.|url = http://pos.icb.ufmg.br/pgecologia/dissertacoes/D184_Mayra_Pereira_de_Melo_Amboni.pdf|autor = Amboni, M.P.|grau = Mestrado em Ecologia, Manejo e Conservação da Vida Silvestre|acessadoem = 15 de setembro de 2015|local = Belo Horizonte|universidade = UFMG|ano = 2007}}</ref>

<ref name=azevedo2008>{{Citar tese |autor=Azevedo, F.C. |título= Área de vida e organização espacial de lobos-guará (''Chrysocyon brachiurus'') na região do Parque Nacional da Serra da Canastra, Minas Gerais, Brasil |grau=Dissertação de [[Mestrado]] |url=http://pos.icb.ufmg.br/pgecologia/dissertacoes/D209_Fernanda_Cavalcanti_de_Azevedo.pdf |ano=2008 |universidade=[[Universidade Federal de Minas Gerais ]]}}</ref>

<ref name=coelho2008>{{citar periódico|autor=Coelho, C. M., De Melo, L. F. B., Sábato, M. A. L., Magni, E. M. V., Hirsch, A., & Young, R. J.|data=2008|título=Habitat use by wild maned wolves (''Chrysocyon brachyurus'') in a transition zone environment|periódico=Journal of Mammalogy|volume=89|número=1|páginas=97-104|doi=10.1644/06-MAMM-A-383.1 }}</ref>

<ref name=ibama2008>{{citar livro|autor=Chiarello, A.G.; Aguiar, L.M.S., Cerqueira, R.; de Melo, F.R.; Rodrigues, F.H.G.; da Silva, V.M.|título=Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção - Volume 2|capítulo=Mamíferos|url=http://www.mma.gov.br/estruturas/179/_arquivos/vol_ii_mamferos.pdf|editor=Machado, A.B.M.; Drummond, G.M.; Paglia, A.P.|páginas=680-883|ano=2008|local=Brasília, DF|editora=[[Ministério do Meio Ambiente (Brasil)|Ministério do Meio Ambiente]]|isbn=978-85-7738-102-9}}</ref>

<ref name=moeda>{{citar web|título=100 Cruzeiros Reais|url=http://en.numista.com/catalogue/pieces9370.html|publicado=Numista|acessodata=24 de julho de 2021}}</ref>

<ref name=emmons2012c>{{citar livro|editor=Emmons, L.H.|ano=2012|título=The Maned Wolves of Noel Kempff Mercado National Park|local=Washington, D.C.|editora=Smithsonian Institution Scholarly Press|issn=0081-0282|páginas=25-37|autor=Emmons, L.H. |numero-autores=et al|capítulo=Ranging patterns|url=https://repository.si.edu/bitstream/handle/10088/18219/SCZ639_Emmons_web_FINAL.pdf?sequence=1&isAllowed=y}}</ref>

<ref name=emmons2012e>{{citar livro|editor=Emmons, L.H.|ano=2012|título=The Maned Wolves of Noel Kempff Mercado National Park|local=Washington, D.C.|editora=Smithsonian Institution Scholarly Press|issn=0081-0282|páginas=57-77|autor=Emmons, L.H. |numero-autores=et al|capítulo=Social Interactions and Reproduction|url=https://repository.si.edu/bitstream/handle/10088/18219/SCZ639_Emmons_web_FINAL.pdf?sequence=1&isAllowed=y}}</ref>

<ref name=soler2013>{{citar livro|editor=Conserot-McCrea, A. G., & Santos, E.F.|ano=2013|título=Ecology and Conservation of the Maned Wolf: Multidisciplinary perspectives|local=Nova Iorque|editora=CRC Press|isbn=978-1-4665-1260-3|páginas=203-220|autor=Soler, L.|capítulo=Maned Wolf in Argentina}}</ref>

<ref name=motta2013>{{citar livro|editor=Conserot-McCrea, A. G., & Santos, E.F.|ano=2013|título=Ecology and Conservation of the Maned Wolf: Multidisciplinary perspectives|local=Nova Iorque|editora=CRC Press|isbn=978-1-4665-1260-3|páginas=87-99|autor1=Motta-Jr, J.C.|autor2=Queirolo, D.|autor3=Bueno, A.A.|capítulo=Feeding ecology: A Review}}</ref>

<ref name=songsasen2013>{{citar livro|editor=Conserot-McCrea, A. G., & Santos, E.F.|ano=2013|título=Ecology and Conservation of the Maned Wolf: Multidisciplinary perspectives|local=Nova Iorque|editora=CRC Press|isbn=978-1-4665-1260-3|páginas=99-109|autor=Songsasen, N.; |numero-autores=et al|capítulo=Reproduction and Factors Affecting Reproductive Success in the Maned Wolf}}</ref>

<ref name=queirolo2013>{{citar livro|editor=Conserot-McCrea, A. G., & Santos, E.F.|ano=2013|título=Ecology and Conservation of the Maned Wolf: Multidisciplinary perspectives|local=Nova Iorque|editora=CRC Press|isbn=978-1-4665-1260-3|páginas=193-202|autor=Queirolo, D.; |numero-autores=et al|capítulo=Maned Wolf Conservation in the South of Brazil and Uruguay}}</ref>

<ref name=emmons2013>{{citar livro|editor=Conserot-McCrea, A. G., & Santos, E.F.|ano=2013|título=Ecology and Conservation of the Maned Wolf: Multidisciplinary perspectives|local=Nova Iorque|editora=CRC Press|isbn=978-1-4665-1260-3|páginas=221-234|autor=Emmons, L.H.|capítulo=Environmental Influences on Maned Wolf Ecology in Bolivia}}</ref>

<ref name=cartes2013>{{citar livro|editor=Conserot-McCrea, A. G., & Santos, E.F.|ano=2013|título=Ecology and Conservation of the Maned Wolf: Multidisciplinary perspectives|local=Nova Iorque|editora=CRC Press|isbn=978-1-4665-1260-3|páginas=235-247|autor=Cartes, J.L. |numero-autores=et al|capítulo=The Maned Wolf (''Chrysocyon brachyurus'') in Paraguay}}</ref>

<ref name=fountura2013>{{citar livro|editor=Conserot-McCrea, A. G., & Santos, E.F.|ano=2013|título=Ecology and Conservation of the Maned Wolf: Multidisciplinary perspectives|local=Nova Iorque|editora=CRC Press|isbn=978-1-4665-1260-3|páginas=77-85|autor1=Fountura-Rodrigues, M.L.|autor2=Eizirik, E.|capítulo=Evolutionary and Conservation Genetics of the Maned Wolf}}</ref>

<ref name=holland2013>{{citar livro|editor=Conserot-McCrea, A. G., & Santos, E.F.|ano=2013|título=Ecology and Conservation of the Maned Wolf: Multidisciplinary perspectives|local=Nova Iorque|editora=CRC Press|isbn=978-1-4665-1260-3|páginas=53-62|autor=Holland, R.|capítulo=The Maned Wolf ''Ex Situ'' Worldwide}}</ref>

<ref name=pessutti2013>{{citar livro|editor=Conserot-McCrea, A. G., & Santos, E.F.|ano=2013|título=Ecology and Conservation of the Maned Wolf: Multidisciplinary perspectives|local=Nova Iorque|editora=CRC Press|isbn=978-1-4665-1260-3|páginas=64-76|autor1=Pessutti, C.|autor2=Chieregatto, C.|autor3=Vanstreels, R.|capítulo=The ''Ex Situ'' Maned Wolf Population in Brazilian Zoos}}</ref>

<ref name=mccrea2013>{{citar livro|editor=Conserot-McCrea, A. G., & Santos, E.F.|ano=2013|título=Ecology and Conservation of the Maned Wolf: Multidisciplinary perspectives|local=Nova Iorque|editora=CRC Press|isbn=978-1-4665-1260-3|páginas=35-51|autor=Consorte-McCrea, A.|capítulo=Relationships between the Maned Wolf and People}}</ref>
}}

==Ligações externas==
{{wikispecies|Chrysocyon}}
{{commons|Chrysocyon brachyurus}}
* ARKive&nbsp;– {{Link|en|2=http://www.arkive.edu/species/GES/mammals/Chrysocyon_brachyurus/ |3=imagens e vídeos do lobo-guará.}}
* Animal Diversity Web &nbsp;– {{Link|en|2=http://animaldiversity.ummz.umich.edu/site/accounts/information/Chrysocyon_brachyurus.html|3= ''Chrysocyon brachyurus'' Maned Wolf - Perfil da espécie}}
* Lobos da Canastra &nbsp;– {{Link|pt|2=http://procarnivoros.org.br/index.php/projetos/biologia-comportamental-do-lobo-guara/|3= projeto da ONG Pró-Carnívoros que visa estudar a ecologia e comportamento do lobo-guará no Cerrado}}
* Plano Nacional para a Conservação do Lobo-guará &nbsp;– {{Link|pt|2=http://www.icmbio.gov.br/portal/biodiversidade/fauna-brasileira/plano-de-acao/2120-plano-de-acao-nacional-para-a-conservacao-do-lobo-guara.html|3= projeto do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros para conservação do lobo-guará no Brasil}}

{{Carnivora espécies|Ca.|state=autocollapse}}
{{Portal3|Ciência|Zoologia|Mamíferos|Ecologia}}
{{Portal3|Extinção|Evolução|Brasil}}
{{Controle de autoridade}}

{{Artigo destacado}}

{{DEFAULTSORT:Lobo-Guara}}
[[Categoria:Canídeos do Brasil]]
[[Categoria:Mamíferos da Argentina]]
[[Categoria:Mamíferos da Bolívia]]
[[Categoria:Canídeos da Bahia]]
[[Categoria:Mamíferos do Paraguai]]
[[Categoria:Mamíferos do Uruguai]]
[[Categoria:Fauna do Cerrado]]
[[Categoria:Fauna do Pantanal]]
[[Categoria:Mamíferos descritos em 1815]]
[[Categoria:Espécies citadas na Portaria MMA N.º 444]]