Mostrar código-fonte de Meca

{{ver desambiguação}}
{{Info/Assentamento/Arábia Saudita|cid
|nome            = Meca
|outro_nome      = ''Makka''
|imagem          = Makkah Montage.jpg
|imagem_legenda  = 
|imagens_tamanho = 300
|latd            = 21
|latm            = 25
|latNS           = N
|longd           = 39
|longm           = 49
|longEW          = W
|região          = [[Meca (região)|Meca]]
|população_em    = 2020
|população_total = 2042000{{sfn|City Population|2021}}
|sítio           = www.holymakkah.gov.sa
}}
'''Meca''' ({{lang-ar|مكة||''Makka''}}; por inteiro: {{langx|ar|مكة المكرمة||''Makka al-Mukarrama''|lit. "Meca, a Honrada"}}) é uma cidade da [[Arábia Saudita]] considerada a [[Cidade santa|mais sagrada]] no mundo para os [[Islão|muçulmanos]], situada na [[Meca (província)|província homônima]].

A tradição islâmica atribui sua fundação aos descendentes de [[Ismael]]. No {{séc|VII}}, o [[Profetas do Islão|profeta islâmico]] [[Maomé]] proclamou o Islã na cidade que era, então, um importante centro comercial. Após 966, Meca passou a ser governada por [[xarife]]s locais. Com o fim da autoridade do [[Império Otomano]] sobre a região, em 1916, os governantes locais fundaram o Reino [[Hachemitas|Hachemita]] [[Reino do Hejaz|do Hejaz]].<ref name = encarta>[http://www.webcitar livro.org/5kx73ce9l "Mecca"]{{Ligação inativa|data=maio de 2019 }}, [[Encarta]]. (arquivado) 1-11-2009.</ref> O reino, inclusive Meca, foi absorvido pela [[Casa de Saud|dinastia saudita]] em 1925. Durante o período moderno, a cidade vivenciou uma expansão colossal, tanto em termos de tamanho quanto de infraestrutura.

Situada na histórica região do [[Hejaz]], tem uma população de 1,7 milhões de habitantes (2008), e localiza-se a 73 [[quilômetro]]s da cidade litorânea de [[Jidá]], em um vale estreito a 277 [[metro]]s acima do [[nível do mar]].

Meca é considerada a cidade mais sagrada para a religião islâmica,<ref>[[Seyyed Nasr|Nasr, Seyyed]]. Mecca, ''The Blessed, Medina, The Radiant: The Holiest Cities of Islam''. Aperture. 2005</ref> e seus adeptos costumam orar voltados para ela. Anualmente mais de 13 milhões de muçulmanos a visitam, incluindo os milhões que realizam a peregrinação conhecida como [[Haje]].<ref>"A Saudi tower: Mecca versus Las Vegas: Taller, holier and even more popular than (almost) anywhere else", ''[[The Economist]]'', 24 de junho de 2010, Cairo.</ref> Como decorrência disto, Meca se tornou uma das cidades mais cosmopolitas e diversificadas do mundo islâmico.<ref name= NYT>Fattah, Hassan M.[http://www.nytimes.com/2005/01/20/international/middleeast/20mecca.html Islamic Pilgrims Bring Cosmopolitan Air to Unlikely City], ''[[New York Times]]''. 20 de janeiro de 2005.</ref> A entrada na cidade, no entanto, é proibida a pessoas que não sejam muçulmanas.<ref name="peters 206"/>

== Nome ==
''Meca'' é a [[transliteração]] original em português do nome original [[Língua árabe|árabe]], مكة (''Makka''), comumente usados em dicionários onomásticos,<ref>[[José Pedro Machado|Machado, José Pedro]]. ''[[Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa]]'', verbete "Meca". Machado atesta a forma 'Meca' em documentos de Portugal anteriores à chegada dos exploradores daquele país à região da cidade, como mostra o trecho a seguir, do {{séc|XIII}}: ''"contra Mec'as mãos / punnan de tender"'', St. Maria, n.º 192, vs. 134; ''"ben de Meca uen / Este poder... Que a Balteyra tal de Meca ten... ay eu Meca sen / poder"'', Vaasco Perez e Pedr Amigo, no C.B.N., n.º [1421].</ref> obras acadêmicas,<ref>Boléo, Manuel de Paiva. [http://books.google.com/books?ei=LSnVTcqvOsPAtgeUqNWGDA&ct=result&id=LFxfAAAAMAAJ&dq=meca+%22ar%C3%A1bia+saudita%22+universidade&q=meca#search_anchor ''Revista portuguesa de filologia''], volume 18, p. 708. [[Universidade de Coimbra]], Instituto de Estudos Românicos, 1980.</ref><ref>[http://books.google.com/books?ei=LSnVTcqvOsPAtgeUqNWGDA&ct=result&id=Rf8sAQAAIAAJ&dq=meca+%22ar%C3%A1bia+saudita%22+universidade&q=meca#search_anchor ''Cadernos de estudos africanos''], p. 141, edições 4-8. Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (Portugal). Centro de Estudos Africanos, 2003.</ref> governamentais<ref>[http://books.google.com/books?ei=NyfVTazIDcu1tgf8npmODA&ct=result&id=Qu0-AAAAYAAJ&dq=meca+%22ar%C3%A1bia+saudita%22&q=meca#search_anchor ''Arábia Saudita''], p. 12. Coleção Estudos e documentos de comércio exterior : Série Como exportar. Delegação em Genebra, Setor de Promoção Comercial. [[Ministério das Relações Exteriores (Brasil)|Ministério das Relações Exteriores]], Departamento de Promoção Comercial, Divisão de Informação Comercial, 1975.</ref><ref>[http://books.google.com/books?ei=LSnVTcqvOsPAtgeUqNWGDA&ct=result&id=HBQtAQAAIAAJ&dq=meca+%22ar%C3%A1bia+saudita%22+universidade&q=meca#search_anchor ''Boletim cultural da Guiné Portuguesa''], volume 28, p. 176, Centro de Estudos da Guiné Portuguesa, 1973.</ref> e de referência.<ref>[http://books.google.com/books?ei=NyfVTazIDcu1tgf8npmODA&ct=result&id=8LgwAAAAYAAJ&dq=meca+%22ar%C3%A1bia+saudita%22&q=meca#search_anchor ''Almanaque Abril'']: Mundo, volume 27, parte 1, p. 112. Editora Abril, 2001.</ref><ref>[http://books.google.com/books?ei=LSnVTcqvOsPAtgeUqNWGDA&ct=result&id=wkIZAQAAIAAJ&dq=meca+%22ar%C3%A1bia+saudita%22+universidade&q=meca#search_anchor ''Grande enciclopédia portuguesa e brasileira'']: atualização, volume 10, p. 75 e 152. Editorial Enciclopédia, 1987.</ref>

O nome formal da cidade, مكة المكرمة (''Makka al-Mukarrama''), significa "Meca, a Honrada".

== História ==
=== História antiga ===
[[Imagem:Mecca from Jabal Nur.JPG|thumb|esquerda|Meca vista do [[Jabal al-Nour]]]]
[[Imagem:OldmapofMecca.jpg|thumb|esquerda|Arte turca de 1787 na [[Grande Mesquita de Meca|Grande Mesquita]]]]
Meca pode ter sido a "Macoraba" mencionada por [[Ptolomeu (geógrafo)|Ptolomeu]], embora esta identificação seja controversa.<ref>P. Crone, ''Meccan Trade and the Rise of Islam'', p. 134-135.</ref> A [[arqueologia]] não descobriu qualquer [[inscrição]] ou menção à cidade anterior ao período deste autor, embora outras cidades e reinos localizados naquela região tenham sido bem-documentados nos registros históricos.

Por volta do {{séc|V}} a [[Caaba]] era um local de culto para as diversas divindades da [[Mitologia árabe|tribos pagãs árabes]]. A [[divindade]] [[Paganismo|pagã]] mais importante de Meca era [[Hubal]], cujo culto havia sido instalado ali pela tribo dominante da área, os [[coraixitas]],<ref>Hawting, p. 44</ref><ref>''Islamic World'', p. 20</ref> e que ali permaneceu até o {{séc|VII}}.

No {{séc|V}}, os coraixitas tomaram controle de Meca, tornando-se hábeis comerciantes e mercadores. No século seguinte passaram a fazer parte do lucrativo [[comércio de especiarias]], já que batalhas ocorridas noutras partes do mundo fizeram que as [[Rota comercial|rotas comerciais]] fossem desviadas das tradicionais rotas marítimas, que haviam se tornado perigosas, para novas rotas terrestres. O [[Império Bizantino]] havia, até então, controlado o [[Mar Vermelho]], porém gradualmente a [[pirataria]] na região aumentou. Outra rota que anteriormente passava pelo [[Golfo Pérsico]] e através dos rios [[Rio Eufrates|Eufrates]] e [[Rio Tigre|Tigre]] também passou a ser ameaçada por incursões do [[Império Sassânida]], bem como dos [[lacmidas]], dos [[gassânidas]] e das tropas envolvidas nas [[Guerras Romano-Persas]]. A importância de Meca como centro comercial ultrapassou, eventualmente, a de outras cidades da [[Arábia]] do período, como [[Palmira (Síria)|Palmira]] e [[Petra]].<ref name =EIE/><ref name=lapidus-14>{{citar livro | título = History of Islamic Socieities|autor=Ira Marvin Lapidus|editora = Cambridge University Press|ano = 2002|páginas = 14|url=http://books.google.com/books?id=I3mVUEzm8xMC&printsec=frontcover&dq=History+of+Islamic+Societies&hl=en&src=bmrr&ei=nadqTaGfJpO6tgeTmKXmAg&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CDYQ6AEwAA#v=onepage&q&f=false}}</ref> Os sassânidas, no entanto, nem sempre foram uma ameaça para Meca; em 575 chegaram mesmo a proteger a cidade árabe de uma invasão do [[Reino de Axum]], comandada por seu líder [[Cristianismo|cristão]], [[Abraha]]. As tribos da [[Arábia Meridional]] pediram ajuda ao monarca persa [[Cosroes I]], que respondeu enviando tropas de [[infantaria]] e uma frota de [[navio]]s para Meca. A intervenção persa evitou que o cristianismo se expandisse para dentro da península Arábica, impedindo que Meca e o profeta islâmico [[Maomé]], que na altura era um garoto de seis anos da tribo coraixita, "crescessem sob a [[cruz]]".<ref>{{citar livro | título = The history of the medieval world: from the conversion of Constantine to the First Crusade|autor=S. Wise Bauer|editora = W. W. Norton & Company|ano = 2010|páginas = 243|url=http://books.google.com/books?id=1u2oP2RihIgC&pg=PA243&dq=Khosru+conquered+mecca&hl=en&ei=0q9pTevQKNSUtweLldDmAg&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=7&ved=0CEQQ6AEwBjgK#v=onepage&q=Khosru%20conquered%20mecca&f=false}}</ref>

Em meados do {{séc|VI}}, havia três principais centros populacionais no norte da Arábia, ao longo do litoral sudoeste do Mar Vermelho, numa região habitável entre o mar e o grande deserto situado a leste. Esta região, conhecida tradicionalmente como [[Hejaz]], continha três povoados que se desenvolveram em torno de [[oásis]] onde a água era disponível. No centro do Hejaz estava [[Iatrebe]] (que posteriormente veio a se chamar [[Medina (Arábia Saudita)|Medina]], de ''Madinatun Nabi'', "Cidade do Profeta"). A 400 [[quilômetro]]s ao sul de Iatrebe estava a cidade montanhosa de [[Ta’if]], e a noroeste desta estava Meca. Embora a área em torno de Meca fosse completamente estéril, ela era a mais rica das três, com água em abundância proveniente do célebre [[Poço de Zamzam]], e ocupando uma posição estratégica na encruzilhada das principais rotas das [[caravana]]s.<ref name=world-13/>

As condições duras e os terrenos áridos e íngremes da península forçavam um estado quase constante de conflito entre as [[Tribos da Arábia|tribos locais]], porém uma vez por ano uma trégua era declarada, e todas se encontravam em Meca para realizar uma peregrinação anual. Até o {{séc|VII}} esta viagem era feita por motivos religiosos, pelos pagãos árabes que desejavam prestar reverência a seu santuário, e beber da água do Poço de Zamzam. Este também era o período do ano em que os conflitos eram arbitrados, as dívidas eram resolvidas, e o comércio ocorria nas feiras da cidade. Estes eventos anuais davam às tribos uma sensação de identidade comum, transformando Meca num ponto focal importante da península.<ref name=lapidus-16>Lapidus, Ira. ''History of Islamic Societies'', pp. 16–17</ref>

As caravanas de [[camelo]]s, que segundo a tradição teriam sido usadas pela primeira vez pelo bisavô de Maomé, eram parte integrante da fervilhante economia de Meca. Diversas alianças eram estabelecidas pelos comerciantes e mercadores da cidade e as tribos nômades locais, que traziam mercadorias como [[couro]], animais domésticos e metais extraídos das montanhas locais para serem vendidas e levadas a cidades da [[Síria]] e da [[Mesopotâmia]].<ref name=world>''Islamic World'', pp. 17–18</ref> Relatos históricos também fornecem indícios de que mercadorias de outros continentes também passavam por Meca; produtos vindos da [[África]] e do [[Extremo Oriente]], como [[especiaria]]s, [[couro]], [[medicamento]]s, [[tecido]]s e [[escravo]]s eram vendidos ali para também serem levados para a Síria e outros locais, e em troca a cidade recebia [[dinheiro]], [[arma]]s, [[cereal|cereais]] e [[vinho]] - que a partir de Meca eram distribuídos para todo o resto da península. Os habitantes da cidade assinaram tratados com os [[Império Bizantino|bizantinos]] e os [[beduínos]], negociando passagem para as caravanas e fornecendo-lhes água e pasto. Meca aos poucos tornou-se o centro de uma confederação pouco definida de tribos clientes, que incluía os [[Banu Tamim]]. Outras potências regionais, como os [[Império Axumita|abissínios]], os [[gassânidas]] e os [[lacmidas]] estavam em declínio, o que só veio a transformar o comércio de Meca na força unificadora primordial da Arábia no fim do {{séc|VI}}.<ref name=lapidus-16/>

=== Tradição ===
De acordo com a tradição islâmica, a história de Meca remontaria aos tempos de [[Abraão]] ([[Ibraim (profeta)|Ibraim]]), que teria construído a Caaba com a ajuda de seu filho mais velho, [[Ismael]] por volta de {{AC|2000|x}}, quando os habitantes do povoado conhecido então como [[Bakka]] havia se afastado do [[monoteísmo]] original por influência dos [[amalequitas]].<ref>{{CathEncy|wstitle=Mecca}}</ref> Além desta tradição, no entanto, pouco se sabe da existência da Caaba antes do {{+séc|V}}

=== Maomé e a conquista de Meca ===
<!-- {{Campanhas de Maomé}}
{{principal|Maomé|Conquista de Meca|Maomé em Meca}} -->
[[Imagem:Jabal Nur.JPG|thumb|esquerda||[[Jabal al-Nour]] é o local onde Maomé teria recebido a primeira revelação de [[Deus no Islã|Deus]], através do [[arcanjo]] [[Gabriel (anjo)|Gabriel]]]]
Maomé nasceu em Meca em 570, e assim o [[islamismo]] tem estado desde então associado de maneira inextricável com a cidade. Nascido entre os [[haxemitas]], uma facção menor da tribo dominante, os [[coraixitas]], foi em Meca, na [[Caverna de Hira]], na montanha conhecida como [[Jabal al-Nour]] que, de acordo com a tradição islâmica, Maomé teria recebido pela primeira vez a [[revelação]] divina advinda do próprio [[Deus no Islã|Deus]] por intermédio do [[arcanjo]] [[Gabriel (anjo)|Gabriel]], no ano de 610, e foi na cidade que Maomé começou a pregar sua forma de [[Religiões abraâmicas|monoteísmo abraâmico]] contra o [[paganismo]] de Meca. Após sofrer perseguições das tribos pagãs por 13 anos, Maomé migrou (ver [[Hégira]]), em 622, juntamente com seus companheiros - os ''[[Muhajirun]]'' - para [[Iatrebe]] (conhecida posteriormente como 'Medina'). O conflito entre os coraixitas e os muçulmanos, no entanto, continuou; os dois grupos se enfrentaram na [[Batalha de Badr]], na qual os adeptos do islã derrotaram o exército coraixita nos arredores de Medina, e na [[Batalha de Uude]], que terminou de maneira inconclusiva. No geral, no entanto, os esforços dos habitantes de Meca para aniquilar o islã fracassaram, e acabaram por se revelar custosos demais e, eventualmente, mal-sucedidos. Durante a [[Batalha da Trincheira]], em 627, os exércitos reunidos da Arábia não lograram derrotar as forças comandadas por Maomé.<ref name=lapidus-32>Lapidus, p. 32</ref>

Em 628 Maomé e seus seguidores marcharam para Meca, tentando entrar na cidade para uma [[peregrinação]]. Sua entrada, no entanto, foi impedida pelos coraixitas. Após o ocorrido muçulmanos e habitantes da cidade assinaram o [[Tratado de Hudaybiyya]], através do qual os coraixitas se comprometiam a parar de combater os muçulmanos, que passariam a poder entra a cidade para realizar suas peregrinações a partir do ano seguinte. Dois anos mais tarde, no entanto, os coraixitas violaram a trégua, assassinando um grupo de muçulmanos e seus aliados. Maomé e seus companheiros, que agora totalizavam {{fmtn|10000}} pessoas, decidiram marchar novamente à cidade. Em vez de dar sequência ao combate, entretanto, os habitantes de Meca se renderam às tropas de Maomé, que declararam paz e anistia geral. Todas as imagens pagãs da cidade foram destruídas por Maomé e seus seguidores, e o local foi [[islamização|islamizado]] e rededicado ao culto de Deus. Maomé declarou então Meca como [[Locais mais sagrados do islamismo|'local mais sagrado do islã']], transformando-a no epicentro da peregrinação islâmica, um dos [[Cinco pilares do islã|cinco pilares]] daquela fé. Também declarou que nenhum [[cafir]] (não-muçulmano) poderia entrar na cidade, como forma de protegê-la da influência do [[politeísmo]] e de práticas semelhantes. Maomé então retornou a Medina, deixando [[Akib ibn Usaid]] como governador da cidade. Suas outras atividades ao redor da Arábia acabaram unificar, eventualmente, a península.<ref name = EIE/><ref name=lapidus-32/>

Maomé morreu em 632, porém com o legado de unidade que ele havia passado à sua ''[[Umma]]'' (nação islâmica), o islã começou um período de rápida expansão, e ao longo dos próximos cem anos se propagaria para o [[Norte da África]], [[Ásia]] e partes da [[Europa]]. À medida que o [[Califado Ortodoxo]] crescia, Meca continuou a atrair peregrinos, não só da Arábia, mas de todo o [[mundo islâmico]], e mais e mais muçulmanos executavam ali a peregrinação anual do Haje.

Meca também atraía uma população de acadêmicos e estudiosos, muçulmanos devotos que desejavam viver perto da [[Caaba]], bem como uma grande quantidade de pessoas que servia às necessidades destes peregrinos. A peregrinação do Haje envolvia grandes custos e dificuldades; peregrinos chegavam através de barcos, pelo [[Porto de Gidá]], ou por terra, com as caravanas vindas da Síria e do Iraque.

=== Período medieval e pré-moderno ===
[[Imagem:First-saudi-state2.JPG|thumb|esquerda|300px|O [[Primeiro Estado Saudita]]]]
Meca nunca foi capital de qualquer [[Califado|Estado islâmico]], porém governantes muçulmanos contribuíram para a sua manutenção. Durante os reinados de [[Omar]] {{nwrap|r.|634|644}} e [[Otomão]] {{nwrap|r.|644|656}} as preocupações com [[enchente]]s ocorridas no local fizeram com que os califas trouxessem [[engenheiro]]s [[Cristianismo|cristãos]] para construir [[barragem|barragens]] nos quarteirões mais afetados, e erguer [[dique]]s e [[Aterramento marítimo|aterro]]s para proteger a área em volta da [[Caaba]].<ref name = EIE>"Makka – The pre-Islamic and early Islamic periods", ''Encyclopaedia of Islam''</ref>

A migração de Maomé para Medina retirou o foco da cidade, o que se agravou quando [[Ali]], o quarto califa, assumiu o poder e escolheu [[Cufa]] como sua capital. O [[califado Abássida]] moveu sua capital para [[Bagdá]], no atual [[Iraque]], que continuou a ser o centro do Império Islâmico por quase 500 anos. Meca voltou a entrar na história política islâmica brevemente, quando foi dominada por [[Abedalá ibne Zobair]], um antigo líder muçulmano que se opôs aos [[califa omíada|califas omíadas]] e, posteriormente, quando o califa {{lknb|Iázide|I}} sitiou a cidade, em 683.<ref>[http://www.princeton.edu/~batke/itl/denise/umayyads.htm Ummayads: The First Muslim Dynasty] {{Wayback|url=http://www.princeton.edu/~batke/itl/denise/umayyads.htm |date=19970720073855 }}. Página acessada em 26 de novembro de 2007.</ref> Por algum tempo a partir daí a cidade teve pouca relevância política, e continuou a ser uma cidade dedicada ao culto e ao estudo acadêmico, governada pelos [[Xarife de Meca|xarifes]] [[hachemitas]].

Em 930 Meca foi atacada e saqueada pelos [[carmatas]], uma [[Escolas e ramos do islamismo|seita islâmica]] [[ismaelismo|ismaelita]] [[milenarismo|milenarista]] liderada por [[Abu Tair Aljanabi]] e centrada no leste da Arábia.<ref>{{citar web|url=http://www.infoplease.com/ce6/world/A0832430.html |título = Mecca |publicado = Infoplease.com |acessodata=06-04-2010}}</ref> A [[pandemia]] da [[Peste Negra]] atingiu a cidade em 1349.<ref>{{citar web |url = http://www.ucalgary.ca/applied_history/tutor/islam/mongols/blackDeath.html |título = The Islamic World to 1600: The Mongol Invasions (The Black Death) |publicado = [[Universidade de Calgary]] |acessodata=06-04-2010 |arquivourl = https://web.archive.org/web/20090721033845/http://www.ucalgary.ca/applied_history/tutor/islam/mongols/blackDeath.html |arquivodata = 2009-07-21 |urlmorta = yes }}</ref>

Em 1517 o xarife, Barakat bin Muhammed, reconheceu a supremacia do [[Califado otomano|califa otomano]], mantendo, no entanto, um elevado grau de autonomia local.<ref>{{citar web |url = http://www.1911encyclopedia.org/Mecca |título = Mecca – LoveToKnow 1911 |publicado = 1911encyclopedia.org |data = 12 de abril de 2007 |acessodata=06-04-2010 |arquivourl = https://web.archive.org/web/20091214182220/http://www.1911encyclopedia.org/Mecca |arquivodata = 2009-12-14 |urlmorta = yes }}</ref>

Em 1803 a cidade foi capturada pelo [[Primeiro Estado Saudita]],<ref>"[http://countrystudies.us/saudi-arabia/7.htm The Saud Family and Wahhabi Islam]". [[Library of Congress Country Studies]].</ref> que dominou Meca até 1813. A conquista representou um golpe maciço no prestígio do Império Otomano turco, que vinha exercendo soberania sobre a cidade sagrada desde 1517. Os otomanos designaram a tarefa de recuperar Meca para o seu domínio ao poderoso [[quediva do Egito]], [[Mehmet Ali|Maomé Ali Paxá]]. Maomé Ali conseguiu recapturar a cidade para o controle otomano com sucesso [[Retorno de Meca aos otomanos|em 1813]].

Em 1818 os seguidores da escola jurídica [[salafismo|salafista]] foram derrotados novamente, porém alguns membros do clã [[Al Saud]] sobreviveram e fundaram o [[Segundo Estado Saudita]], que durou até 1891 e deu origem à atual [[Arábia Saudita]].

[[Imagem:mecca-1850.jpg|thumb|Mecca em 1850]]
[[Imagem:Makkah-1910.jpg|thumb|Mecca em 1910]]

Meca sofreu constantemente com [[epidemia]]s de [[cólera]].<ref>[http://www.ph.ucla.edu/epi/snow/pancholera2.html Asiatic Cholera Pandemic of 1826–37 ]. [[UCLA School of Public Health]].</ref> De 1831 a 1930 27 epidemias foram registradas durante as peregrinações ocorridas nestes anos. Mais de {{fmtn|20000}} peregrinos morreram de cólera durante o Haje de 1907-1908.<ref>[http://www.britannica.com/EBchecked/topic/114078/cholera/253250/Seven-pandemics#ref=ref886683 Cholera (pathology)]. ''[[Encyclopædia Britannica]]''.</ref>

=== Revolta do Xarife de Meca ===
Durante a [[Primeira Guerra Mundial]], o Império Otomano esteve em guerra com a [[Grã-Bretanha]] e seus aliados, e aliado à [[Alemanha]]. O país havia conseguido repelir com sucesso um ataque a [[Istambul]] durante a [[Campanha de Galípoli]], e contra Bagdá, durante o [[Sítio de Kut]]. O agente britânico [[T. E. Lawrence]] conspirou com o governador otomano da região, [[Hussein bin Ali, Xarife de Meca|Hussein bin Ali]], o [[Xarife de Meca]], o que deu início a uma revolta contra o Império Otomano a partir da cidade, que se tornou a primeira a ser capturada por suas tropas, durante a [[Batalha de Meca (1916)|Batalha de Meca]], em 1916. A revolta do xarife representou um dos pontos cruciais da guerra na sua frente oriental, e ele eventualmente declarou um novo Estado, o [[Reino do Hejaz]], declarando Meca a capital do novo reino.

=== Arábia Saudita ===
Após a segunda [[Batalha de Meca (1924)|Batalha de Meca]], ocorrida em 1924, o Xarife de Meca foi deposto pela [[família Saud]], e Meca foi incorporada à Arábia Saudita.<ref name = encarta/>

Sob o domínio saudita, boa parte da cidade histórica foi demolida como resultado de programas de construção - [[Meca#Destruição dos locais históricos e religiosos|ver abaixo]].

Em 20 de novembro de 1979 duzentos dissidentes [[fundamentalismo islâmico|fundamentalistas islâmicos]], liderados pelo pregador saudita [[Juhayman al-Otaibi]] [[Captura da Grande Mesquita|tomaram a Grande Mesquita]], alegando que a família real saudita não mais representava o islã 'puro' e que a [[Grande Mesquita de Meca|Grande Mesquita]] ("A Mesquita Sagrada") e a Caaba deveriam estar nas mãos daqueles que tinham a fé verdadeira. Os rebeldes capturaram dezenas de milhares de peregrinos como reféns, e construíram barricadas dentro da [[mesquita]]. O cerco ao local durou duas semanas, e resultou em centenas de mortes e danos significativos ao santuário, especialmente a galeria [[Al-Safa e Al-Marwah|Safa-Marwa]]. [[Forças Armadas do Paquistão|Tropas do Paquistão]], com o auxílio de armas e logística de uma equipe de [[comando]]s de elite [[França|franceses]] do [[Groupe d'Intervention de la Gendarmerie Nationale|GIGN]] realizaram o ataque final ao complexo.<ref>{{citar web |url = http://www.siegeofmecca.com |título = The Siege of Mecca |publicado = Doubleday(US) |data = 28 de agosto de 2007 |acessodata=03-08-2007 |arquivourl = https://web.archive.org/web/20141018060953/http://www.siegeofmecca.com/ |arquivodata = 2014-10-18 |urlmorta = yes }}</ref>

=== Destruição dos locais históricos e religiosos ===
[[Imagem:Supplicating Pilgrim at Masjid Al Haram. Mecca, Saudi Arabia.jpg|thumb|esquerda|Peregrino orando na Grande Mesquita, em Meca]]

A força do [[islã]] aprovada oficialmente na Arábia Saudita, o [[uaabismo]], é hostil a qualquer referência a locais de importância religiosa ou histórica, por medo de que eles possam dar origem a alguma forma de [[idolatria]]. Como consequência, durante o domínio saudita, a cidade sofreu uma destruição considerável de seu patrimônio histórico físico, e estima-se de que desde 1985 cerca de 95% dos edifícios históricos de Meca, a maioria com mais de mil anos de idade, teriam sido demolidos.<ref name="independent.co.uk">[http://www.independent.co.uk/news/world/middle-east/the-destruction-of-mecca-saudi-hardliners-are-wiping-out-their-own-heritage-501647.html 'The destruction of Mecca: Saudi hardliners are wiping out their own heritage'], ''[[The Independnt]]'', 6 de agosto de 2005. Página acessada em 17-1-2011</ref>

Entre os sítios históricos de importância religiosa que foram destruídos pelos sauditas estão cinco das célebres "Sete Mesquitas", construídas inicialmente pela filha de Maomé e por quatro de seus "maiores Companheiros":Masjide Abacar, Masjide Salmã Alfarci, Masjide Omar ibne Alcatabe, Masjide Saída Fátima binte Raçulila e Masjide Ali ibne Abu Talibe.<ref>[http://theamericanmuslim.org/tam.php/features/articles/saudi_destruction_of_muslim_historical_sites/ Destruction of Islamic Architectural Heritage in Saudi Arabia: A Wake-up Call], ''The American Muslim''. Página acessada em 17-1-2011</ref>

Relatos informam que atualmente existem menos de 20 estruturas em Meca que datam da época de Maomé. Entre outros edifícios que forma destruídos estão a casa de [[Cadija]], uma das esposas do profeta Maomé, demolida para a construção de [[Banheiro público|banheiros públicos]]; a casa de [[Abacar]], companheiro do profeta, onde se ergue atualmente o [[hotel Hilton]] local; a casa de Ali-Oraid, neto de Maomé, e a Mesquita de Abu Cubais, onde se encontra atualmente o palácio real da cidade.<ref>[http://www.independent.co.uk/news/world/middle-east/shame-of-the-house-of-saud-shadows-over-mecca-474736.html ‘Shame of the House of Saud: Shadows over Mecca’], ''[[The Independent]]'', 19 de abril de 2006</ref>

Embora boa parte destes edifícios tenham sido destruídos para a construção de hotéis, prédios de apartamentos, estacionamentos e outras estruturas necessárias para a infraestrutura necessária aos peregrinos do Haje, muitos foram destruídos sem qualquer razão aparente. A casa de Ali-Oraid, por exemplo, foi demolida pouco depois de sua descoberta e escavação, por ordens do próprio [[rei Fahd]], que temia que ela se tornasse um local de peregrinações.<ref name="independent.co.uk"/>

=== Tragédia em setembro de 2015 ===
{{Artigo principal|Pisoteamento em Meca em 2015}}
Em 24 de setembro de 2015 centenas de pessoas morreram após uma confusão durante uma peregrinação anual. Pelo menos 805 pessoas ficaram feridas e 717 foram mortas. O tumulto ocorreu na Rua 204 da cidade de Mina, localidade onde os peregrinos permanecem hospedados por vários dias durante o clímax do Haje e que está situada a poucos quilômetros de Meca. A tragédia teria sido causada pelo grande número de pessoas aglomeradas no local.<ref>{{citar web |url=http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/09/tragedia-durante-peregrinacao-na-arabia-saudita-mata-centenas.html|título =Confusão durante peregrinação a Meca mata centenas na Arábia Saudita |publicado = g1.com.br |data=24 de setembro de 2015 |acessodata= 24-09-2015}}</ref>

== Geografia ==
Meca situa-se a uma altitude de 277 metros acima do nível do mar, e a aproximadamente 80 quilômetros de distância do litoral do [[Mar Vermelho]].<ref name=world-13>''Islamic World'', p. 13</ref> A Meca central se encontra num corredor entre montanhas, conhecido como o "vazio de Meca". A área contém os vales de Al Taneem, Bakka e Abqar.<ref name =EIE/><ref name = EIModern/>

Esta região montanhosa definiu a expansão atual da cidade; seu centro se encontra na região da [[Grande Mesquita de Meca|Grande Mesquita]] (a Mesquita Sagrada), que tem uma altitude mais baixa que a do resto da cidade. A área em torno da mesquita abrange a cidade antiga. Suas principais [[avenida]]s são Al-Mudda'ah e Sūq al-Layl, a norte da mesquita, e As-Sūg Assaghīr, ao sul. À medida que os sauditas expandiram a Grande Mesquita, no centro da cidade, centenas de casas foram demolidas para a construção de amplas avenidas e praças. As casas mais tradicionais da cidade foram construídas com pedra local, e geralmente têm de dois a três andares. A cidade possui um sistema de [[metrô]], que cobre atualmente 1200 [[quilômetros quadrados]].<ref>{{citar web |url = http://www.holymakkah.gov.sa/ |título = Mecca Municipality |publicado = Holymakkah.gov.sa |acessodata=06-04-2010 |arquivourl = https://www.webcitation.org/6GCr6Rm8q?url=http://www.holymakkah.gov.sa/Pages/default.aspx |arquivodata = 2013-04-28 |urlmorta = yes }}</ref>

Na Meca antiga existiam poucas fontes de água; entre elas estavam os [[poço]]s locais, como o Poço de Zamzam, que geralmente gerava [[água salobra]]. A segunda fonte importante era a nascente de Ayn Zubayda. As fontes desta nascente estão nas montanhas de Jabal Sa'd e Jabal Kabkāb, a poucos quilômetros a leste de Djabal ʿArafa, cerca de 20 quilômetros a sudeste de Meca. A água era transportada através de canais subterrâneos. Havia ainda uma terceira fonte, demasiado esporádica, que consistia na água de [[chuva]]s armazenadas pela população em pequenos reservatórios, ou [[cisterna]]s. A água da chuva também trazia consigo a ameaça de enchentes, um perigo destes tempos antigos. De acordo com o historiador árabe Al-Kurdī, até 1965 haviam ocorrido 89 enchentes históricas, diversas delas durante o período saudita. A mais grave ocorreu em 1942; desde então, diversas represas foram construídas para tentar solucionar o problema.<ref name = EIModern/>

{{panorama|Makkah_Panorama.jpg|1000px|Panorama da cidade}}

=== Bairros ===
{{dividir em colunas}}
* [[Ajyad]]
* [[Al Adl]]<ref name="AN">[http://arabnews.com/saudiarabia/article184594.ece ArabNews: "Makkah districts to have a bigger slice of the pie this time"]</ref>
* [[Al Faisaliyyah]]
* [[Al Gemmezah]]
* [[Al Ghassalah]]
* [[Al Hindawiyyah]]
* [[Al Iskan]]
* [[Al Khalediya]]<ref name="AN"/>
* [[Al Maabda]]<ref name="AN"/>
* [[Al Muaisem]]<ref name="AN"/>
* [[Al Nuzha]]
* [[Al Rasaifah]]
* [[Al Shoqiyah]]<ref name="AN"/>
* [[Al Shubaikah]]
* [[Al Sulaimaniyyah]]
* [[Al Tundobawi]]
* [[Al Utaibiyyah]]
* [[Al Zahir (bairro)|Al Zahir]]
* [[Al Zahra]]
* [[Aziziyah]]<ref name="AN"/>
* [[Gaza (bairro)|Gaza]]<ref>[Associated Press: "Fire Breaks Out In Mecca Neighborhood Near Hajj Pilgrims"]</ref>
* [[Jabal Al Nour]]
* [[Jarwal (bairro)|Jarwal]]
* [[Jurhum (bairro)|Jurhum]]<ref name="NDN">{{Citar web |url=http://ndn.nigeriadailynews.com/templates/?a=18516 |titulo=NigeriaNews: "Kano rents 15 houses in Saudi for pilgrims" |acessodata=2011-05-17 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20110714181938/http://ndn.nigeriadailynews.com/templates/?a=18516 |arquivodata=2011-07-14 |urlmorta=yes }}</ref>
* [[Mina (bairro)|Mina]]
* [[Misfalah]]
* [[Shar Mansur]]<ref name="NDN"/>
* [[Suq Al Lail]]
* [[Yabalash]]<ref name="NDN"/><ref>[http://maps.google.com/maps?f=q&source=s_q&hl=en&geocode=&q=mecca,+saudi+arabia&sll=21.409485,39.79836&sspn=0.020936,0.054331&ie=UTF8&hq=&hnear=Mecca,+Makkah+Province+Saudi+Arabia&ll=21.419673,39.801707&spn=0.020934,0.054331&t=h&z=15 Google Maps: Mecca, Saudi Arabia]</ref>
{{dividir em colunas fim}}

== Clima ==
Ao contrário de outras cidades da Arábia Saudita, Meca mantém uma temperatura alta durante o [[inverno]], que vai de 17 [[graus Celsius]] à meia-noite até 25 graus durante as tardes. As temperaturas no [[verão]] são muito elevadas, e ultrapassam a marca de 40 graus durante as tardes, chegando aos 30 durante as noites. As chuvas costumam ocorrer, em pequenas quantidades, durante os meses de novembro de janeiro.

{{Tabela/Clima
|localidade = Meca
|Jan_REC_Max_°C = 37.0
|Fev_REC_Max_°C = 38.3
|Mar_REC_Max_°C = 42.0
|Abr_REC_Max_°C = 44.7
|Mai_REC_Max_°C = 49.4
|Jun_REC_Max_°C = 49.4
|Jul_REC_Max_°C = 49.8
|Ago_REC_Max_°C = 49.6
|Set_REC_Max_°C = 49.4
|Out_REC_Max_°C = 46.8
|Nov_REC_Max_°C = 40.8
|Dez_REC_Max_°C = 37.8
|Max_Rec_Ano_°C = 49.8
|Jan_Max_°C = 30.2
|Fev_Max_°C = 31.4
|Mar_Max_°C = 34.6
|Abr_Max_°C = 38.5
|Mai_Max_°C = 41.9
|Jun_Max_°C = 43.7
|Jul_Max_°C = 42.8
|Ago_Max_°C = 42.7
|Set_Max_°C = 42.7
|Out_Max_°C = 39.9
|Nov_Max_°C = 35.0
|Dez_Max_°C = 31.8
|Max_Ano_°C = 43.7
|Jan mean C = 23.9
|Feb mean C = 24.5
|Mar mean C = 27.2
|Apr mean C = 30.8
|May mean C = 34.3
|Jun mean C = 35.7
|Jul mean C = 35.8
|Aug mean C = 35.6
|Sep mean C = 35.0
|Oct mean C = 32.1
|Nov mean C = 28.3
|Dec mean C = 25.5
|ano mean C = 30.7
|Jan_Min_°C = 18.6
|Fev_Min_°C = 18.9
|Mar_Min_°C = 21.0
|Abr_Min_°C = 24.3
|Mai_Min_°C = 27.5
|Jun_Min_°C = 28.3
|Jul_Min_°C = 29.0
|Ago_Min_°C = 29.3
|Set_Min_°C = 28.8
|Out_Min_°C = 25.8
|Nov_Min_°C = 22.9
|Dez_Min_°C = 20.2
|Min_Ano_°C = 18.9
|Jan_REC_Min_°C = 11.0
|Fev_REC_Min_°C = 10.0
|Mar_REC_Min_°C = 13.0
|Abr_REC_Min_°C = 15.6
|Mai_REC_Min_°C = 20.3
|Jun_REC_Min_°C = 22.0
|Jul_REC_Min_°C = 23.4
|Ago_REC_Min_°C = 23.4
|Set_REC_Min_°C = 22.0
|Out_REC_Min_°C = 18.0
|Nov_REC_Min_°C = 16.4
|Dez_REC_Min_°C = 12.4
|Min_Rec_Ano_°C = 10.0
|Jan_Precip_mm = 20.6
|Fev_Precip_mm = 1.4
|Mar_Precip_mm = 6.2
|Abr_Precip_mm = 11.6
|Mai_Precip_mm = 0.6
|Jun_Precip_mm = 0.0
|Jul_Precip_mm = 1.5
|Ago_Precip_mm = 5.6
|Set_Precip_mm = 5.3
|Out_Precip_mm = 14.2
|Nov_Precip_mm = 21.7
|Dez_Precip_mm = 21.4
|Ano_Precip_mm = 110.1
|Jan humidity = 58
|Feb humidity = 54
|Mar humidity = 48
|Apr humidity = 43
|May humidity = 36
|Jun humidity = 33
|Jul humidity = 34
|Aug humidity = 39
|Sep humidity = 45
|Oct humidity = 50
|Nov humidity = 58
|Dec humidity = 59
|ano humidity = 46
|Jan_dchuva = 4.1
|Fev_dchuva = 0.9
|Mar_dchuva = 2.0
|Abr_dchuva = 1.9
|Mai_dchuva = 0.7
|Jun_dchuva = 0.0
|Jul_dchuva = 0.2
|Ago_dchuva = 1.6
|Set_dchuva = 2.3
|Out_dchuva = 1.9
|Nov_dchuva = 3.9
|Dez_dchuva = 3.6
|Ano_dchuva = 1.9
|fonte =<ref>{{citar web | url = http://www.pme.gov.sa/Makkah.htm | título = Weather averages for Mecca |acessodata= 17-08-2009 | publicado = PME | arquivourl = https://web.archive.org/web/20090321084503/http://www.pme.gov.sa/Makkah.htm | arquivodata = 2009-03-21 | urlmorta = yes }}</ref>
|data_de_acesso = (agosto de 2010)
}}

== Demografia ==
=== Religião ===
{{panorama|Masjid al-Haram panorama.JPG|1000px|Panorama da [[Grande Mesquita de Meca|Grande Mesquita]]}}
Meca é a sede da [[Grande Mesquita de Meca|Grande Mesquita]], a maior [[mesquita]] do mundo. Foi construída em volta da [[Caaba]], para o qual todos os muçulmanos se voltam ao fazerem suas [[Salah|orações diárias]].<ref>{{citar web |url = http://www.cgijeddah.com/cgijed/haj/orient/visitharam.htm |título = Orientation |publicado = Cgijeddah.com |acessodata=06-04-2010 |arquivourl = https://web.archive.org/web/20070409163435/http://www.cgijeddah.com/cgijed/haj/orient/visitharam.htm |arquivodata = 2007-04-09 |urlmorta = yes }}</ref>

Como mencionado em tópicos anteriores, a hostilidade dos [[uaabismo|uaabitas]] com a reverência prestada a edifícios de importância histórica e religiosa, Meca perdeu boa parte de seu patrimônio nos últimos anos, e poucos edifícios construídos nos últimos {{fmtn|1500}} anos sobreviveram ao domínio saudita.<ref name="independent.co.uk"/>

O [[Poço de Zamzam]], célebre fonte de água local, até hoje é visitado. [[Caverna de Hira|Hira]] é uma [[caverna]] próxima a Meca, sobre a montanha conhecida como [[Jabal al-Nour|Jabal Al-Nūr]], na região do [[Hejaz]]. É célebre por ter sido o local onde os muçulmanos acreditam que [[Maomé]] teria recebido [[Primeira revelação de Maomé|suas primeiras revelações]] de Deus, por intermédio do [[anjo]] ''Jibrīl'', também conhecido como [[Gabriel (arcanjo)|Gabriel]] para os [[cristãos]].<ref>[http://www.witness-pioneer.org/vil/Books/SM_tsn/ch1s7.html]</ref>

A peregrinação a Meca atrai milhões de muçulmanos de todos os lugares do mundo. Existem duas peregrinações: o [[Haje]] e a ''[[Umrah]]''. O Haje, a peregrinação 'maior', é executada anualmente. Uma vez por ano milhões de pessoas de diversas nacionalidades visitam a cidade e oram em uníssono. Todo adulto saudável que tenha capacidade financeira e física para viajar a Meca, e que tem condições de providenciar cuidados para seus parentes e dependentes durante a viagem, deve executar o Haje pelo menos uma vez durante sua vida.

A ''Umrah'', a peregrinação 'menor', não é obrigatória, porém também é recomendada no [[Corão]].<ref>{{citar web | título = What is Umrah?|url=http://islamonline.com/news/articles/21/What_is_Umrah_.html}}</ref> Frequentemente ela é realizada quando os peregrinos visitam a Grande Mesquita.

== Economia ==
[[Imagem:Abraj-al-bait-2.jpg|thumb|[[Arranha-céu]] [[Abraj Al Bait]]]]
A [[economia]] de Meca é fortemente dependente da peregrinação anual. Nas palavras de um acadêmico, "[os habitantes de Meca] não têm como ganhar a vida, a não ser servindo os hajis (peregrinos)". A renda gerada pelo Haje, na verdade, não apenas financia a economia de Meca mas também, historicamente, tem tido efeitos em toda a economia das regiões do Hejaz e de [[Nágede]]. Esta renda é gerada de diferentes maneiras; um dos métodos, por exemplo, era a cobrança de taxas e impostos sobre os peregrinos. Estas taxas foram especialmente altas durante a [[Grande Depressão]], e muitas delas estavam em vigor até 1972. Outra maneira pela qual o Haje gera renda é através dos serviços prestados aos peregrinos; a [[companhia aérea]] nacional saudita, por exemplo, a [[Saudi Arabian Airlines]], obtém 12% de seu faturamento da peregrinação. Os gastos de peregrinos com viagens por terra, bem como os hotéis que os hospedam, também são responsáveis pela movimentação da economia.<ref name = EIModern/>

A cidade arrecada mais de 100 milhões de [[Dólar dos Estados Unidos|dólares]], enquanto o governo saudita gasta cerca de 50 milhões em serviços para o Haje. Existem algumas [[indústria]]s e [[fábrica]]s na cidade, porém Meca não tem mais um papel central na economia da Arábia Saudita, que é baseada principalmente na exportação de [[petróleo]].<ref>''Mecca.'' World Book Encyclopedia. Edição de 2003, volume M, p.353</ref> As poucas indústrias que operam na cidade são responsáveis por produtos têxteis, mobílias e utensílios diversos. A maior parte da economia é voltada para os serviços, porém também existem empresas, em atividade desde o início da década de 1970, produzindo objetos de [[ferro]] e [[cobre]], além de [[carpintaria]]s, usinas de extração de [[óleo vegetal]], fabricantes de [[doce]]s e de alimentos em geral, [[granja]]s, importadoras de [[comida congelada]], produtores de [[gelo]], revendedoras de [[refrigerante]]s, [[barbearia]]s, [[livraria]]s, [[agência de viagem|agências de viagem]] e [[banco]]s.<ref name = EIModern/>

A cidade cresceu substancialmente nos séculos XX e XXI, à medida que as viagens aéreas se tornaram mais convenientes e acessíveis, o que aumentou o número de peregrinos. Milhares de sauditas têm empregos envolvidos diretamente com o Haje, e estes trabalhadores por sua vez aumentaram a demanda por residências e serviços. Meca é cercada por [[rodovia]]s, e tem diversos [[shopping center]]s e [[arranha-céu]]s.<ref>{{citar web |url = http://news.independent.co.uk/world/middle_east/article358577.ece |título = Shame of the House of Saud: Shadows over Mecca |obra = [[The Independent]] |data = 19 de abril de 2006 |acessodata=03-05-2007 |local = Londres |autor = Howden, Daniel |arquivourl = https://web.archive.org/web/20070520184851/http://news.independent.co.uk/world/middle_east/article358577.ece |arquivodata = 2007-05-20 |urlmorta = yes }}</ref>

A expansão da cidade tem continuado, e inclui a construção das [[Torres Abraj Al Bait]], com 577 metros de altura, situadas diretamente em frente à Grande Mesquita.<ref>{{citar web |url=http://thestar.com.my/lifestyle/story.asp?file=/2010/12/4/lifetravel/7478279&sec=lifetravel |título = Going mega in Mecca |autor= Kee Hua Chee|obra=[[The Star (Malásia)|The Star]]|data = 4 de dezembro de 2010|acessodata = 27-12-2010}}</ref> Durante sua construção a [[Fortaleza de Ajyad]], construída pelos otomanos, foi demolida, o que provocou um conflito entre a [[Turquia]] e a Arábia Saudita.<ref>[http://www.wsws.org/articles/2002/jan2002/fort-j28.shtml Saudi government demolishes historic Ottoman castle]</ref> A [[Qishla de Meca]] era um [[castelo]] otomano que também se situava nas proximidades da Grande Mesquita, e servia para defender a cidade de ataques externos. O governo saudita, no entanto, demoliu a estrutura para a construção de hotéis e edifícios de negócios.<ref>[http://wikimapia.org/1401843/ WikiMapia] – About the Qishla and its location</ref>

== Saúde ==
Cuidados com a saúde são fornecidos pelo [[governo saudita]] para todos os peregrinos, sem qualquer custo. Além de diversas [[clínica]]s, existem cinco grandes [[Hospital|hospitais]] na cidade:

* Hospital Ajyad (em árabe: مستشفى أجياد)
* Hospital Rei Abdul Aziz (مستشفى الملك عبدالعزيز)
* Hospital Al Nur (مستشفى النور)
* Hospital Sheesha (مستشفى الششة)
* Hospital Hira (مستشفى حراء)

== Cultura ==
[[Imagem:The Holy Mosque in Mecca.jpg|thumb|esquerda|Edifícios modernos se elevam por trás da [[Grande Mesquita de Meca|Grande Mesquita]]]]
Meca foi inevitavelmente afetada pelo grande número de peregrinos que chegam anualmente, e apresenta uma rica herança cultural. Os habitantes locais falam o [[árabe do Hejaz]], porém idiomas de todos os lugares do mundo islâmico podem ser ouvidos entre os peregrinos.

Como resultado do grande número de visitantes que chegam à cidade a cada ano (muitos dos quais permanecem indefinidamente), Meca se tornou a cidade mais diversificada do mundo árabe. Contrastando com o resto da Arábia Saudita e, especialmente, a região de [[Négede]], Meca se tornou, nas palavras do jornal americano ''[[The New York Times]]'', "um oásis impactante" de discussão e pensamento livre" e, também, de um "improvável [[liberalismo]]", e que "os habitantes [de Meca] se veem como um bastião contra o extremismo rasteiro que tomou conta de boa parte do debate islâmico".<ref name= NYT/>

A primeira [[prensa tipográfica]] foi levada a Meca em 1885 por [[Osmã Nuri Paxá]], um [[uale]] [[Império Otomano|otomano]]. Durante o período hachemita, foi utilizada para imprimir a [[gazeta]] oficial, Alquibla (''al-Qibla''). O regime saudita expandiu o uso desta prensa para uma operação maior, e introduziu uma nova gazeta oficial, ''Umm al-Qurā''; a partir daí técnicas de impressão foram introduzidas na cidade, vindas de toda parte do [[Oriente Médio]], quase sempre por meio de [[Gidá]] (segunda maior cidade do país, sede do [[Porto de Gidá]] e do [[Aeroporto Internacional Rei Abdulaziz]] e, por essas razões, chamada de "Porta para Meca").<ref name = EIModern/>

Em Gidá circula o principal jornal em [[língua árabe]] do país, ''[[Shams (jornal)|Shams]]''. No entanto, outros jornais sauditas e internacionais também circulam em Meca, como a ''[[Saudi Gazette]]'', ''[[Medina (jornal)|Medina]]'', ''[[Okaz]]'' e ''[[Al-Bilad (jornal)|Al-Bilad]]''. Os primeiros três têm versões impressas localmente, que falam de assuntos que afetam a cidade, e contam com mais de um milhão de leitores.

Diverasas [[Estação de televisão|estações de televisão]] são transmitidas na cidade, entre elas a [[Saudi TV1]], [[Saudi TV2]], [[Saudi TV Sports]], [[Al-Ekhbariya]], [[Arab Radio and Television Network]] e diversas de retransmissoras de televisão a cabo e satélite.

Na Meca pré-moderna os [[esporte]]s mais comuns eram [[luta]]s e [[corrida]]s improvisadas.<ref name = EIModern/>Atualmente, o [[futebol]] é o esporte mais popular na cidade, que é sede de alguns dos clubes mais antigos da Arábia Saudita, como o [[Al-Wahda FC (Meca)|Al-Wahda FC]], fundado em 1945. O [[Estádio Rei Abdul Aziz]] é o maior [[estádio]] de Meca, com capacidade para {{fmtn|38000}} espectadores.<ref>[http://www.fussballtempel.net/afc/listeafc.html Asian Football Stadiums - Stadium King Abdul Aziz] - FussballTempel.net</ref>

=== Culinária ===
Como em outras cidades sauditas, o [[kabsa]], um prato de [[arroz]] e [[carne]] fortemente [[Tempero|temperado]], é o almoço mais tradicional; o [[Mandi (prato)|mandi]], no entanto, um prato tradicional [[Iémen|iemenita]], também é popular. Pratos de carne [[grelha]]da, como o [[shawarma]] ([[sanduíche]]s de carne no [[pão pita]]), [[kofta]] (espécies de [[almôndega]]s de carne) e o [[kebab]] também são comumente encontrados na cidade. Durante o [[Ramadã]] [[Ful medames|favas no azeite]] e [[samosa]]s são os pratos mais populares, consumidos durante o [[pôr-do-sol]]. Tradicionalmente, durante o Ramadã, homens conhecidos como ''Saggas'' fornecem [[água mineral]] e [[suco]]s de [[fruta]]s para os muçulmanos que quebram o jejum ao final do dia. Atualmente, estes ''Saggas'' também ganham dinheiro vendendo doces como ''[[baklava]]'' e ''[[basbosa]]'', juntamente com suas bebidas.

A mistura de etnias e nacionalidades entre os residentes de Meca tem afetado de maneira impactante a culinária tradicional de Meca. A cidade foi descrita como uma das cidades islâmicas mais cosmopolitas, onde se encontra uma "culinária internacional".<ref>{{citar livro |autor=Michael Naylor Pearson|título = Pilgrimage to Mecca: the Ind[i]an experience, 1500-1800|editora = Markus Wiener Publisher|página = 62}}</ref>

No {{séc|XX}} diversas cadeias de [[fast-food]] abriram franquias em Meca, servindo tanto habitantes locais quanto os peregrinos.<ref>{{citar web|título=Gorani: Masks and business at Hajj|url=http://articles.cnn.com/2006-01-07/world/hajj.gorani_1_hajj-grand-mosque-pilgrims?_s=PM:WORLD|obra=[[CNN]]|acessodata=2011-05-18|arquivourl=https://web.archive.org/web/20101201020839/https://articles.cnn.com/2006-01-07/world/hajj.gorani_1_hajj-grand-mosque-pilgrims?_s=PM%3AWORLD|arquivodata=2010-12-01|urlmorta=yes}}</ref> Comidas exóticas, como frutas da [[Índia]] e do [[Japão]], costumam ser trazidas pelos peregrinos.<ref>Wolfe, p. 475</ref>

=== Demografia ===
[[Imagem:Saka.jpg|thumb|Um ''Sagga'']]
A [[densidade populacional]] de Meca é muito alta. A maior parte dos seus residentes permanentes vive na Cidade Antiga, e muitos trabalham na indústria conhecida localmente como ''Indústria do Haje''. Iyad Madani, ministro para o Haje da Arábia Saudita, teria declarado: "Nunca paramos de nos preparar para o Haje".<ref>{{citar web|url=http://www.anisamehdi.com/projects/insidemecca/pressrelease.htm |título = A new National Geographic Special on PBS "Inside Mecca" |obra = Anisamehdi.com |acessodata=06-04-2010}}</ref> Ao longo de todo o ano, peregrinos chegam à cidade para executar os rituais da ''[[Umra]]'', e, durante as últimas semanas de [[Dhu al-Qi'dah]], cerca de quatro milhões de muçulmanos chegam à cidade para executar os rituais conhecidos como Haje.<ref name='ebmm'>{{citar enciclopédia |título=Makkah al-Mukarramah and Medina|enciclopédia=Encyclopædia Britannica. Fifteenth edition |volume =23 |páginas=698–699 |ano=2007}}</ref>

Os peregrinos têm diversas etnias e origens culturais, especialmente da [[Ásia Central]], [[Ásia Meridional|Meridional]], [[Europa]], [[Oriente Médio]] e [[África]]. Diversos acabaram por ficar permanentemente na cidade. Além da diversidade trazida pelos peregrinos, o ''boom'' do petróleo ocorrido nos últimos 50 anos trouxe centenas de milhares de trabalhadores migrantes.

Pessoas que não são muçulmanas não recebem permissão para entrar em Meca de acordo com a [[Lei Básica da Arábia Saudita|lei saudita]],<ref name="peters 206">{{citar livro | título = The Hajj: The Muslim Pilgrimage to Mecca and the Holy Places |autor = Peters, Francis E. |ano = 1994 |editora = Princeton University Press |isbn= 069102619X |página = 206 }}</ref> e a utilização de documentos ilegais ou fraudulentos para fazê-lo pode resultar em prisões e processos legais.<ref>{{citar web |título = Saudi embassy warns against entry of non-Muslims in Mecca |url = http://www.abs-cbnnews.com/storypage.aspx?StoryId=32627 |obra = ABS-CBN News |data = 14 de março de 2006 |acessodata= 27-04-2008 |arquivourl = https://web.archive.org/web/20060426192447/http://www.abs-cbnnews.com/storypage.aspx?StoryId=32627 |arquivodata = 2006-04-26 |urlmorta = yes }}</ref> Ainda assim, a título de curiosidade, diversos não-muçulmanos já se passaram por fiéis como forma de visitar a cidade e até mesmo passar pela experiência do Haje. O primeiro exemplo registrado foi o de [[Ludovico di Verthema]], de [[Bolonha]], em 1503,<ref>{{citar web |url = http://www.saudiaramcoworld.com/issue/197406/the.lure.of.mecca.htm |título = The Lure Of Mecca |publicado = Saudi Aramco World |acessodata=06-04-2010 |arquivourl = https://web.archive.org/web/20100113084034/http://saudiaramcoworld.com/issue/197406/the.lure.of.mecca.htm |arquivodata = 2010-01-13 |urlmorta = yes }}</ref> e o mais célebre foi o do explorador [[Reino Unido|britânico]] [[Richard Francis Burton]],<ref>{{citar web|url=http://www.fordham.edu/halsall/mod/1853Burton.html |título = Sir Richard Francis Burton: A Pilgrimage to Mecca, 1853 |publicado = Fordham.edu |acessodata=06-04-2010}}</ref> que trabalhou como um [[Sufismo|sufi]] ''[[qadiriyyah]]'' do [[Afeganistão]] em 1853. O governo saudita sustenta sua proibição com base na [[Sura]] 9:28, do [[Corão]].<ref>"Ó fiéis, em verdade os idólatras são impuros. Que depois deste seu ano não se aproximem da Sagrada Mesquita! E se temeis a pobreza, sabei que se a Deus aprouver, enriquecer-vos-á com Sua bondade, porque é Sapiente, Prudentíssimo". in [http://quran.com/9/28 Quran.com].</ref>

== Educação ==
A educação formal em Meca começou a ser desenvolvida no fim do período otomano, e teve sequência vagarosa até o período hachemita. A primeira grande tentativa de melhorar a situação educacional na cidade foi feita pelo mercador de [[Porto de Gidá|Gidá]] Muhammad ʿAlī Zaynal Riḍā, que fundodu as ''[[madrassa|madrasat]]'' al-Falāḥ, em 1911–12, sob o custo de {{fmtn|400000}} [[Libra esterlina|libras]].<ref name=EIModern/>

O sistema educacional de Meca tem escolas públicas e privadas, tanto para homens quanto para mulheres. Em 2005, o total era de 532 instituições para homens e 681 para mulheres.<ref>[http://www.moe.gov.sa/statscenter/tawzee.rar Sumário de estatísticas para a educação na Arábia Saudita] - Ministério da Educação da Arábia Saudita {{en}}</ref> Tanto escolas públicas quanto privadas lecionam em [[Língua árabe|árabe]], com ênfase em [[Língua inglesa|inglês]] como [[segunda língua]], porém algumas escolas privadas fundadas por entidades estrangeiras, como escolas internacionais, utilizam o inglês como principal meio de instrução. Estas escolas também podem permitir a existência de classes mistas, com homens e mulheres, enquanto a maioria das escolas da cidade não o faz.

Em termos de [[educação superior]], a cidade tem apenas uma [[universidade]], a [[Universidade Umm al-Qura]], fundada como um colégio de [[xariá]] (direito islâmico) em 1949, e transformada em universidade pública em 1979.

== Paleontologia ==
Em 2010, a região em torno de Meca se tornou um importante sítio [[paleontologia|paleontológico]] relacionado à evolução dos [[primatas]] após a descoberta de um [[fóssil]] de ''[[Saadanius]]''. O [[Gênero (biologia)|gênero]] é considerado de um parente próximo do ancestral comum aos chamados 'macacos do Velho Mundo' ([[cercopitecídeos]]) e os [[grandes primatas]]. O habitat do fóssil, próximo ao mar Vermelho, no oeste da Arábia Saudita, era uma região de florestas (h)úmidas há entre 28 e 29 milhões de anos.<ref>{{citar web | autor = Sample, Ian | título = Ape ancestors brought to life by fossil skull of 'Saadanius' primate| obra = [[The Guardian]] | data = 14 de julho de 2010 | url = http://www.guardian.co.uk/science/2010/jul/14/ape-ancestors-fossil-skull-saadanius| acessodata = | local = Londres}}</ref> Os paleontólogos envolvidos nas escavações esperam encontrar mais fósseis na área.<ref>{{Citar web| autor =Laursen, Lucas| título = Fossil skull fingered as ape–monkey ancestor | obra = [[Nature]] | url = http://www.nature.com/news/2010/100714/full/news.2010.354.html}}</ref>

== Comunicações ==
O desenvolvimento das [[telecomunicações]] na cidade foi enfatizado sob o reinado saudita. O rei [[Ibn Saud da Arábia Saudita|Abdul Aziz Al-Saud]] (Ibn Saud) estimulou as telecomunicações por vê-las como um meio de governar melhor e com maior conveniência. No período do [[Ali do Hejaz|rei Hussein]] existiam cerca de 20 [[telefone]]s em toda a cidade; em 1936 o número tinha subido para 450, cerca de metade dos telefones do país. Durante o período as linhas telefônicas foram levadas a Gidá e Ta’if, embora ainda não chegassem à capital, [[Riade]]. Em 1985, Meca, como outras cidades sauditas, dispunha de todos os sistemas de comunicações modernos ([[telex]], telefone, [[Rádio (comunicação)|rádio]] e [[televisão]]).<ref name = EIModern>"Makka – The Modern City", ''Encyclopaedia of Islam''</ref>

Uma comunicação limitada via [[Rádio (comunicação)|rádio]] foi estabelecida dentro da região do Hejaz ainda sob os hachemitas. Em 1929 estações de transmissão a distância foram montadas em diversas cidades da região, criando uma rede que estaria totalmente implementada em 1932. logo após a [[Segunda Guerra Mundial]] a rede foi ampliada e melhorada e, desde então, passou a ser usada de maneira extensiva para coordenar a peregrinação e se dirigir aos peregrinos. A prática teve início em 1950, com o início das transmissões do [[Dia de Arafa]], e aumentou exponencialmente até 1957, quando a Rádio Meca, transmitida em 50 [[kW]], se tornou a estação mais potente do Oriente Médio. Esta potência foi aumentada posteriormente para 450 kW. Embora a música não fizesse parte da programação inicialmente, foi sendo introduzida gradualmente.<ref name = EIModern/>

== Transporte ==
Os principais serviços de transporte de Meca estão relacionados ao Haje e à ''Umra''. Meca conta apenas com o pequeno [[Aeroporto do Leste de Meca]], que não tem qualquer serviço de [[companhia aérea|companhias aéreas]], e os peregrinos têm de acessar a cidade através do Terminal Haje do [[Aeroporto Internacional Rei Abdulaziz|Aeroporto de Gidá (Aeroporto Internacional Rei Abdulaziz)]] ou do [[Porto de Gidá|Porto Marítimo de Gidá]], ambos localizados em Gidá (em inglês, ''Djedda''; em francês, ''Djedda''), segunda maior cidade da Arábia Saudita.

Meca não conta com qualquer serviço de transporte público para seus residentes e visitantes, tanto durante quanto fora das estações de peregrinação. As únicas opções são veículos privados ou [[táxi]]s.

O [[Metrô Al Mashaaer Al Mugaddassah]], com dezoito [[quilômetro]]s de extensão, foi aberto em novembro de 2010.<ref name=opening>{{citar web | url=http://www.railwaygazette.com/nc/news/single-view/view/hajj-pilgrims-take-the-metro-to-makkah.html | título = Hajj pilgrims take the metro to Makkah|publicado = [[Railway Gazette International]] |data = 15 de novembro de 2010}}</ref> Um total de 5 novas linhas foram planejadas, para ajudar a transportar peregrinos até os sítios religiosos.<ref name=rgi20090624>{{citar web |título = Mecca metro contracts signed |url = http://www.railwaygazette.com/news/single-view/view//makkah-metro-contracts-signed.html |publicado = [[Railway Gazette International]] |data = 24 de junho de 2009 |acessodata= 25-06-2009 |arquivourl = https://web.archive.org/web/20100228180304/http://www.railwaygazette.com/news/single-view/view/makkah-metro-contracts-signed.html |arquivodata = 2010-02-28 |urlmorta = yes }}</ref>

{{referências|col=2}}
* {{tradução/ref|en|Mecca|428820102}}

== Bibliografia ==

* {{Citar web|ref={{harvid|City Population|2019}}|url=https://www.citypopulation.de/en/saudiarabia/cities/?admid=1514|título=Saudi Arabia|publicado=City Population|ano=2019}}

* {{Citar livro | título = What life was like in the lands of the prophet: Islamic world, AD 570 – 1405|editora = Time-Life Books|isbn= 0-7835-5465-6|ano = 1999|autor=editores da Time-Life Books.}}
* {{Citar livro | título =Quraysh | obra =[[Encyclopædia Britannica]] | editora =Britannica Concise Encyclopedia (online) | ano =2007 | url =http://concise.britannica.com/ebc/article-9062323/Quraysh |acessodata=19-02-2007 | arquivourl=https://web.archive.org/web/20071017231331/http://concise.britannica.com/ebc/article-9062323/Quraysh | arquivodata =2007-10-17 | urlmorta =yes }}
* {{Citar livro|autor=Lapidus, Ira M.|título=A History of Islamic Societies|editora=[[Cambridge University Press]]|ano=1988|isbn=}}
* {{Citar periódico |título = The Disappearance and Rediscovery of Zamzam and the 'Well of the Ka'ba'|autor=Hawting, G. R.|jornal = Boletim da Escola de Estudos Orientais e Africanos, Universidade de Londres | volume = 43|número = 1|ano = 1980|páginas = 44–54|jstor=616125}}
* {{Citar enciclopédia|título=Gaganpreet |enciclopédia=[[Encyclopædia Britannica]] |publicado=UKEN (online) |ano= 2010| url = http://www.google.com |acessodata= }}
* {{citar livro | autor=Wolfe, Michael|título = [[One Thousand Roads to Mecca|One thousand roads to Mecca: ten centuries of travelers writing about the Muslim pilgrimage]]|editora = Grove Press|ano = 1998}}
* Watt, W. Montgomery. "Makka – The pre-Islamic and early Islamic periods." ''[[Encyclopaedia of Islam]]''. P. Bearman, [[Thierry Bianquis|Th. Bianquis]], C.E. Bosworth, E. van Donzel e W.P. Heinrichs (editores). Brill, 2008. Brill Online, 6 de junho de 2008.
* Winder, R.B. "Makka – The Modern City." ''Encyclopaedia of Islam''. P. Bearman, [[Thierry Bianquis|Th. Bianquis]], C.E. Bosworth, E. van Donzel e W.P. Heinrichs (editoreS). Brill, 2008. Brill Online, 6 de junho de 2008.

== Ligações externas ==
{{Wikivoyage}}
* [https://www.webcitation.org/6GCr6Rm8q?url=http://www.holymakkah.gov.sa/Pages/default.aspx Site oficial] (em árabe)
* [http://www.saudinf.com/main/a83.htm Holy Mecca]- Saudi Information Resource
* {{Link||2=http://www.life.com/image/first/in-gallery/52431/mecca-then-and-now |3=Mecca Then and Now |4=- revista ''[[Life (revista)|Life]]''}}
* [https://web.archive.org/web/20081201031904/http://etext.library.adelaide.edu.au/b/burton/richard/b97p/chapter27.html Personal Narrative of a Pilgrimage to Al Madinah and Meccah], [[Richard Burton]]

{{Portal3|Arábia Saudita|Religião|Islão}}
[[Categoria:Meca| ]]