O Espelho de Vénus (Burne-Jones)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de O Espelho de Vénus)
O Espelho de Vénus
O Espelho de Vénus (Burne-Jones)
Autor Edward Burne-Jones
Data 1875
Técnica Pintura a óleo sobre tela
Dimensões 120 cm × 200 cm 
Localização Museu Calouste Gulbenkian, Lisboa

O Espelho de Vénus (em inglês: The Mirror of Venus) é uma pintura a óleo sobre tela de 1875 do pintor inglês pré-rafaelita Edward Burne-Jones e que faz parte actualmente do espólio do Museu Calouste Gulbenkian em Lisboa.

Integrado no movimento pré-rafaelita formado em Inglaterra em 1848, Edward Burne-Jones tornou-se um dos grandes nomes de uma nova tendência surgida na década de 1860, designada por Esteticismo.

A obra constitui uma exaltação da beleza ideal, inserindo-se no universo estético comum à arte vitoriana tardia.[1]

Descrição[editar | editar código-fonte]

Segundo a apresentação da obra pelo Museu Calouste Gulbenkian, o autor recorre a um discurso narrativo mínimo, colocando as figuras poéticas e sonhadoras, que envergam trajes pseudo-clássicos, numa distribuição linear, à maneira de friso de inspiração grega. Mais do que uma semelhança formal de estilo, Burne-Jones procura uma afinidade geral de ambiente renascentista, numa clara alusão ao Quattrocento, de Botticelli em particular, privilegiando no quadro a harmonia decorativa do conjunto e uma evocação nostálgica do passado.

Tal como O Banho de Vénus, também pertencente à Coleção Calouste Gulbenkian, a composição deriva de uma ilustração destinada a The Hill of Venus, integrado no poema The Earthly Paradise, de William Morris, inspirado na lenda medieval de Tannhäuser.[1]

As pinturas de Burne-Jones eram fios da tapeçaria evolutiva do Esteticismo a partir da década de 1860, que considerava que a arte deve ser valorizada como um objeto de beleza gerando uma resposta sensual, em vez de o ser pela história ou moral implícita no tema, o que era, muito expressivamente, a antítese dos ideais de John Ruskin e dos primeiros pré-rafaelitas.[2]

O objetivo artístico de Burne-Jones entende-se pelas suas próprias palavras, numa carta a um amigo:

Para mim, pintura é um sonho belo e romântico de algo que nunca existiu, nunca existirá - com uma luz melhor do que qualquer luz que alguma vez brilhou - numa terra que ninguém pode identificar ou lembrar, apenas desejar - e as formas divinamente belas - e depois acordo, com o acordar de Brunilda.[3]

História[editar | editar código-fonte]

Após um período inicial de menor receptividade, o reconhecimento chegou finalmente em 1877, na abertura da primeira exposição da Grosvenor Gallery, quando as obras Days of Creation, The Beguiling of Merlin, e o Espelho de Vénus foram expostas.

A obra pertenceu à Coleção Frederick R. Leyland, tendo sido adquirida por Calouste Gulbenkian a Arthur Ruck, em Londres, em 1924.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Christopher Wood (1981), Pre-Raphaelites, Londres: Weidenfeld and Nicolson, p. 119.
  • Luísa Sampaio (2009) – Pintura no Museu Calouste Gulbenkian. Milão: Skira; Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2009, n.º 109, il., p. 240-241.
  • Museu Calouste Gulbenkian. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2011, n.º 168, il., p. 189.
  • Wildman, Stephen: Edward Burne-Jones: Victorian Artist-Dreamer, Metropolitan Museum of Art, 1998, ISBN 0-87099-859-5, [2]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b Nota sobre a obra no sítio do Museu Calouste Gulbenkian, [1]
  2. Wildman, Edward Burne-Jones, p. 112-113
  3. Chisholm, Hugh, ed. (1911). "Burne-Jones, Sir Edward Burne". Encyclopædia Britannica 4 (11th ed.). Cambridge University Press.

Ligação externa[editar | editar código-fonte]

  • Página na net do Museu Calouste Gulbenkian [3]