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[[Ficheiro:Saint-Simon-A01.jpg|miniaturadaimagem|[[Conde de Saint-Simon|Henri de Saint-Simon]], cujas ideias deram nascimento ao movimento que leva seu nome.]]
O '''sansimonismo''', '''saint-simonismo''' ou '''saint-simonianismo''' foi o movimento ideológico com fins políticos fundado pelos seguidores do socialista aristocrático [[Conde de Saint-Simon|Henri de Saint-Simon]] após a morte deste em 1825. Na França, constituiu a primeira experiência prática de socialismo, ainda que se discuta se suas propostas foram realmente [[Socialismo|socialistas]].{{HarvRef|Bravo|1976|p=98; 104|loc="Aunque presentaron inequívocos elementos de socialismo en sus planes teóricos (la exaltación del trabajo, la crítica de la propiedad y de la herencia, la necesidad de la planificación, la centralización de las decisiones políticas dentro de la autonomía de la periferia, la igualdad de sexos, la insistente propuesta de una acción social generalizada a favor de los pobres y los trabajadores), otros componentes de sus ideas se prestan al equívoco, y en particular su escasa confianza en la autonomía política de las masas y de la clase obrera y el hecho de que vieron a los industriales, los financieros y los banqueros «como guías naturales de los trabajadores»; también está el hecho de que cualquier gobierno, con independencia de su forma institucional, les parecía «de muy poca importancia al lado de la organización de los asuntos económicos».}} Sua influência estendeu-se fora da [[França]] e atingiu praticamente a todo o planeta, se apresentando não tanto como um «movimento socialista ou social como quanto agrupamento técnico-político, com objetivos reformistas, metas financeiras e místico-filosóficas não demasiado definidas».{{HarvRef|Bravo|1976|p=104}}

As ideias de Saint-Simon, expressas em grande parte através de uma sucessão de periódicos como ''l'Industrie'' (1816), ''La politique'' (1818) e ''L'Organisateur'' (1819–20){{HarvRef|Hewett|2008}} focavam na percepção de que o crescimento da [[industrialização]] e da descoberta científica trariam mudanças profundas na sociedade. Ele acreditava que a sociedade se reestruturaria abandonando as ideias tradicionais de poder temporal e espiritual, uma evolução que levaria, inevitavelmente, a uma sociedade produtiva baseada em e se beneficiando de uma "... união de homens engajados em trabalho útil"; a base da "verdadeira igualdade".<ref>Saint-Simon, citado em Leopold, 1998</ref> 

As primeiras publicações de Saint-Simon, como sua ''Introduction aux travaux scientifiques du XIXe siècle (Introdução às descobertas científicas do século XIX)'' (1803) e o ''Mémoire sur la science de l'homme (Notas sobre o estudo do homem)'' (1813), (a última das quais é um elogio a [[Napoleão Bonaparte|Napoleão]]), demonstra sua fé na ciência como um meio de regenerar a sociedade. Em seu ensaio de 1814, ''De la reorganisation of the société européenne (Sobre a reorganização da sociedade europeia)'', escrito em colaboração com seu então secretário [[Augustin Thierry]], Saint-Simon parece ter previsto a [[União Europeia]], esperando, no entanto, que a [[Inglaterra]] assumisse a liderança em formar um continente compartilhando as mesmas leis e instituições.{{HarvRef|Goyau|1912}} Durante sua última década, Saint-Simon concentrou-se em temas de [[economia política]]. Juntamente com [[Auguste Comte]], (então apenas adolescente), Saint-Simon projetou uma sociedade que contornase as mudanças da [[Revolução Francesa]], na qual a ciência e a indústria tomariam o poder moral e temporal da [[teocracia]] medieval.{{HarvRef|Goyau|1912}} Porém, em seu último trabalho, ''[[Nouveau Christianisme]] (Novo Cristianismo)'' (1825), Saint-Simon voltou às ideias mais tradicionais de renovar a sociedade por meio do [[Novo Mandamento|amor fraternal]] [[Cristianismo|cristão]]. Ele morreu logo após a sua publicação.{{HarvRef|Hewett|2008}}

== História ==

=== O «socialismo aristocrático» de Saint-Simon ===
Em 1825, no ano de sua morte, publicou-se a obra de [[Conde de Saint-Simon|Henri de Saint-Simon]] [[Nouveau Christianisme|''Nouveau Christianisme'']] (''Novo cristianismo''), síntese final de suas ideias econômicas, sociais e políticas desenvolvidas durante os vinte anos anteriores.{{HarvRef|Bravo|1976|p=90}} Nela Saint-Simon propunha criar um «novo» e «autêntico» cristianismo que servisse de fundamento ideológico e moral à nova sociedade industrial que propunha. «A grande meta terrena dos cristãos, que devem se propor a obter a vida eterna, é melhorar o mais rapidamente possível a existência moral e física da classe mais pobre», escreveu.{{HarvRef|Bravo|1976|p=96}}

Para atingir essa sociedade que acabasse com a «anarquia» capitalista, propunha a constituição de um novo Estado dirigido pelos cientistas e pelos «industriais» que substituiriam aos «incapazes»: curas, nobres e exploradores. Por isso sua proposta tem sido qualificada como «socialismo aristocrático», antecedente do que em século XX chamar-se-ia [[tecnocracia]].{{HarvRef|Bravo|1976|p=88-89|loc="No fue un utopista, al contrario de Fourier, que a veces hizo concesiones a una representación utópica de la sociedad. Su visión del futuro ofreció incluso un análisis típicamente antiutópico, basado en la ciencia, que pretendía dar un encuadre industrial a toda la construcción social, y que hoy podría ser tachado de visión tecnocrática"}} Daí também que boa parte de seus seguidores fossem banqueiros, financeiros, industriais, inventores, etc., alguns dos quais desempenharam funções importantes na vida econômica da França e fora dela.{{HarvRef|Bravo|1976|p=89}}{{HarvRef|Bravo|1976|p=96-97|loc="La figura de Saint-Simon fue determinante para la historia del [[socialismo]]. Muchas de sus ideas se consolidaron en los años posteriores a su muerte en todo el mundo, gracias sobre todo a la enseñanza predicada y difundida por la secta que tomó su nombre, la escuela sansimoniana. En particular, pueden recordarse algunos conceptos que, debatidos después, tienen un concreto origen en sus obras: en primer lugar, el del 'nuevo' y 'auténtico' cristianismo; después lo siguen: la idea del progreso; su obra sobre la formación de la nueva ''[[intelligentzia]]'', de la [[tecnocracia]], de las 'capacidades'; sus tesis sobre el [[desarrollo económico]], primordial para la evolución -incluso ética- de la sociedad; y, por último, los temas de las divisiones de clase (e incluso el interclasismo) y del trabajo y los trabajadores, base de la nueva construcción social".}}

Para Saint-Simon, o conflito de classes fundamental da sociedade de seu tempo não era o que o enfrentava à «[[burguesia]]» com o «[[proletariado]]», como afirmarão outros socialistas e desenvolverá o marxismo, mas aquele que opunha os «produtores» ou «terceira classe» — que incluía tanto os proprietários quanto aos operários, «os que dirigiam os [[Trabalho produtivo e improdutivo|trabalhos produtivos]] e os que os realizavam» — com os «ociosos» [[Trabalho produtivo e improdutivo|improdutivos]] que não contribuíam em nada à riqueza e ao bem-estar econômico da nação, e entre os quais se encontravam em primeiro lugar os membros do clero e da nobreza.{{HarvRef|Bravo|1976|p=92-93}}

Segundo Saint-Simon a propriedade só era legítima quando se baseava no trabalho, do que deduzia que a sociedade moderna se apoiava na indústria e nos «industriais», grupo formado por «três grandes classes que se chamam os cultivadores, os fabricantes e os negociantes» e que todos «reunidos trabalham para produzir ou para pôr ao alcance de todos os membros da sociedade todos os meios materiais para satisfazer suas necessidades ou seus gostos físicos».{{HarvRef|Bravo|1976|p=94-95}}

=== Nascimento e primeira época do sansimonismo (1825-1831) ===
{{Caixa de citação|«Glória a Saint-Simon, o primeiro a anunciar aos homens que suas esperanças não são enganosas, que os sonhos apaixonados de nossos pais logo se tornarão realidade! Defensores da "igualdade"! Saint-Simon diz que os homens são "desiguais"; mas também diz que eles não "distinguirão" um do outro, exceto pelo seu poder de "amor", de "ciência" e de "indústria"; Não é isso o que quereis? Defensores da "liberdade"!, Saint-Simon diz que tereis "chefes"; mas esses líderes serão mais capazes de elevar vossos sentimentos, cultivar vossa inteligência, aumentar vossa riqueza; aspirais a outra coisa quando tentais se libertar de vossos antigos amos?»|''Doutrina de Saint-Simon'', 1830.{{Harvnp|Bravo|1976|p=97}}|posição=right|largura=298px}}
Os seguidores de Saint-Simon consideraram-no como um «mestre» e o apresentaram como um «messias» da nova «religião» exposta em «O novo cristianismo».{{Sfn|Bravo|1976|p=97}} Os chefes do movimento foram [[Barthélemy Prosper Enfantin]], [[Amand Bazard|Saint-Amand Bazard]] e [[Olinde Rodrigues]], que junto com outros destacados membros do grupo, como [[Henri Forunel]], [[Abel Transon]], [[Michel Chevalier]], [[Jean Reynaud]], [[Pierre Leroux]] e [[Philippe Joseph Benjamin Buchez|Philippe Buchez]], constituíram a «hierarquia dos produtores». Seu primeiro passo foi fundar em 1825, no mesmo ano da morte de Saint-Simon, o jornal ''Le Producteur'', no que criticaram o [[liberalismo]] e o [[Livre-cambismo|livre-comércio]], e a seguir organizaram sessões de debates públicos nos quais se discutiram e desenvolveram os princípios da escola que foram recolhidos na ''Exposição da doutrina de Saint-Simon'' publicada em 1830. Graças a este labor de difusão do sansimonismo foram-se aderindo ao mesmo não só políticos e pensadores, mas também homens de negócios, banqueiros, industriais e economistas que ocupariam postos importantes na França em meados do século. Todos eles assumiram o sansimonismo como uma «religião» cuja «fé» se baseava na ciência — na qual incluíam à história, «uma ciência que assume as características de rigor das ciências exatas»— e que  evia mostrar «o caminho progressivo da humanidade para a associação universal».{{HarvRef|Bravo|1976|p=97}} Assim se dizia na ''Exposição da doutrina de'' Saint-Simon:{{Sfn|Bravo|1976|p=100}}
[[Ficheiro:Saint-amand-bazard.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|174x174px|[[Amand Bazard|Saint-Amand Bazard]].]]
 {{Quote|texto=«Até hoje o homem tem [[exploração (socioeconomia)| explorado]] o homem. Mestres e [[escravos]]s, [[patrícios]]s e [[plebeus]]s, [[senhoria|senhores]] e [[servo]]s; proprietários; inquilinos; ociosos e trabalhadores,… eis aqui a história progressiva da humanidade até hoje: ''Associação Universal'', eis aqui nosso futuro ''[[a cada um segundo sua contribuição|a cada um segundo sua capacidade, cada capacidade segundo suas obras]]'', eis aqui o novo direito, que substitui o [[direito de conquista|de conquista]] e o de nascimento. O homem já não explora mais o homem; o homem associado ao homem, explora o mundo abandonado ao seu poderio.»}}
[[Ficheiro:Olinde_Rodrigues.jpg|miniaturadaimagem|186x186px|[[Olinde Rodrigues]].]]
[[Ficheiro:Michel_Chevalier.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|195x195px|[[Michel Chevalier]].]]
Os sansimonianos questionaram o direito de propriedade e sobretudo opuseram-se radicalmente a que pudesse se transmitir em [[herança]], porque isso suporia perpetuar «as mordomias do ''nascimento»'' —quando morresse um proprietário seus bens seriam «transferidos» ao Estado, «convertido na ''associação dos trabalhadores»—''. Mas advertiam que o sistema social que propugnavam não devia se confundir «com o conhecido sob o nome de ''comunhão de bens»'' pois em sua proposta «cada um deverá ser ''classificado'' segundo sua capacidade, [[A cada um segundo sua contribuição|''retribuído'' segundo obras]]».{{Sfn|Bravo|1976|p=100}} O fato de não defender o [[igualitarismo]], de manter «a ''desigualdade'' na distribuição» e de propugnar uma sociedade hierarquizada regida pelos melhores —entre os quais incluíam os industriais, os financeiros e os banqueiros, «guias naturais dos trabalhadores»— fez que a influência direta do sansimonismo nos médios operários fosse muito reduzida, apesar de suas contínuas denúncias da «exploração do homem pelo homem».{{HarvRef|Bravo|1976|p=100-101}}

Por outro lado, os sansimonianos foram dos primeiros em se ocupar da [[Emancipação feminina|emancipação da mulher]], adotando nesta questão posições muito avançadas para seu tempo. Denunciaram que as mulheres eram «escravas» —estavam mais exploradas que os homens pois cobravam menos pelo mesmo trabalho— e que suas únicas perspectivas vitais eram de se converter em ''submissas'' ou em ''prostitutas'', sem capacidade pois para dispor de uma vida própria.{{HarvRef|Bravo|1976|p=105-106}}

Nos últimos anos e no período após sua morte, as ideias de Saint-Simon, que deram destaque à arte como um aspecto valorizado do trabalho, interessaram numerosos artistas e músicos, entre eles [[Hector Berlioz]], [[Félicien David]] (que escreveu vários hinos para o movimento) e [[Franz Liszt]].<ref>Locke, Ralph P.. "Music, Musicians, and the Saint-Simonians", Chicago: Univ of Chicago Press, 1986. {{ISBN|0226489027}}</ref> Por um breve período, o historiador e escritor [[Léon Halévy]] atuou como secretário do filósofo.<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=OS2iGsTaeO0C&pg=PA1093|título=Jews and the French Revolutions of 1789, 1830 and 1848|ultimo=Szajkowski|primeiro=Zosa|ultimo2=Szajkowski|primeiro2=Soza|data=1970|editora=KTAV Publishing House, Inc.|lingua=en}}</ref> 
[[Ficheiro:SuezCanalElGuisr.jpg|miniaturadaimagem|230x230px|Construção do [[Canal de Suez]].]]
Na França, o movimento encontrou numerosos opositores, especialmente entre as classes dirigentes e na Igreja católica, e também foi perseguido pelo governo, mas conseguiu se difundir por todo o país e pelos Estados alemães e italianos, e fora de Europa, pelo Oriente Médio e  Egipto, onde os sansimonianos encabeçados por [[Ferdinand de Lesseps]] desenvolveram o projeto do [[canal de Suez]] inaugurado em 1869. O sansimonismo também influiu no jovem [[Karl Marx]].{{HarvRef|Bravo|1976|p=97-98}}

=== Ruptura, perseguição e extensão do movimento fora da França (1831-1864) ===
[[Ficheiro:Jaures-Histoire_Socialiste-VIII-p189.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|214x214px|[[Barthélemy Prosper Enfantin]], «pai» da «religião» sansimoniana.]]
[[Ficheiro:Pierre_Leroux.jpg|miniaturadaimagem|190x190px|[[Pierre Leroux]].]]
[[Ficheiro:Philippe_Buchez_by_Charles_Bour.jpg|miniaturadaimagem|179x179px|[[Philippe Joseph Benjamin Buchez|Philippe Buchez]].]]
Após a morte de Saint-Simon, em 1825, seus seguidores começaram a diferir sobre como divulgar suas ideias. Em 1831 [[Barthélemy Prosper Enfantin]] e [[Amand Bazard]] compraram o jornal ''[[Le Globe]]'' como órgão oficial de sua fraternidade revolucionária "Amigos da Verdade".<ref name="Bucchianeri2008">{{cite book|url=https://books.google.com/books?id=gEg3XuQZ7KwC&pg=PA625|title=Faust: My Soul be Damned for the World|author=E. A. Bucchianeri|publisher=AuthorHouse|isbn=978-1-4343-9061-5|year=2008|page=625}}</ref> Inicialmente, ambos deveriam ser colíderes se autodenominando "Pais Supremos", no entanto, Bazard deixou o grupo à medida que se tornava cada vez mais ritualístico e religioso, com Enfantin fundando uma comunidade em [[Ménilmontant]], onde denunciou o casamento como tirania, promoveu o [[amor livre]], declarou-se "escolhido por Deus" e começou a prever que um "Messias feminino" logo salvaria a humanidade.<ref name="Bucchianeri2008" /> Em 1832, o grupo liderado pelo carismático Enfantin foi levado a julgamento pela [[Monarquia de Julho]] sob a acusação de indecência pública especificamente no que diz respeito às crenças e práticas de Enfantin associadas ao amor livre.<ref name="AltmannOrtiz2006">{{cite book|url=https://books.google.com/books?id=o8hCH7R7TjMC&pg=PA24|title=Mathematics and Social Utopias in France: Olinde Rodrigues and His Times|author1=Simon Altmann|author2=Eduardo L. Ortiz|date=17 de outubro de 2006|publisher=American Mathematical Soc.|isbn=978-0-8218-4253-9|pages=23–24}}</ref> O grupo foi posteriormente banido pelas autoridades em 1832, embora já estivesse sofrendo graves disputas internas.<ref name="AltmannOrtiz2006" />

A progressiva conversão do movimento numa «religião» que adotou cada vez mais as características de uma [[seita]] acabou provocando sua divisão —e alguns como [[Pierre Leroux]] ou [[Philippe Joseph Benjamin Buchez|Philippe Buchez]] a abandonaram—, agravada pela perseguição governamental a que foram submetidos seus chefes, sendo alguns deles, como Enfantin e [[Michel Chevalier]], condenados a penas de cárcere.  Depois disso, entre 1833 e 1836 os principais dirigentes sansimonianos, com Enfantin à frente, visitaram [[Constantinopla]] e depois se transladaram ao [[Egito]], onde influenciaram a criação do [[Canal de Suez]] em busca de revelações [[Messias|messiânicas]], e o movimento saint-simoniano formal expirou.<ref name=":0">{{Citar livro|url=https://archive.org/details/partingdesertcre00kara/page/31|título=Parting the desert: the creation of the Suez Canal|ultimo=Karabell|primeiro=Zachary|data=2003|isbn=978-0-375-40883-0|publicação=Alfred A. Knopf}}</ref>{{HarvRef|Bravo|1976|p=105-106}}

No entanto, outros que estiveram associados ao grupo e não eram seguidores de Enfantin (como [[Olinde Rodrigues]] e [[Gustave d'Eichthal]]) desenvolveram na prática noções saint-simonianas e se envolveram no desenvolvimento da economia francesa, fundando uma série de grandes empresas, incluindo a Companhia do [[Canal de Suez]] e o banco [[ Crédit Mobilier|Crédit Mobilier]].{{HarvRef|Leopold|1998}} 

Quando regressaram à França, os sansimonianos destacaram no campo do jornalismo, da indústria e das finanças —os [[irmãos Péreire]] se converteram nos principais banqueiros franceses. Quando estourou a [[Revoluções de 1848|revolução de 1848]], apoiaram à [[Segunda República Francesa]] mas se opuseram a qualquer mostra de extremismo, pelo que alguns acabaram aceitando o [[Segundo Império Francês]], como Chevalier e o próprio Enfatin, fundador e diretor de grandes empresas ferroviárias. Desta forma, o sansimonismo deixou de ser um movimento social e muito menos socialista, pelo que se costuma fixar seu final em 1864, ano da morte de Enfantin.{{HarvRef|Bravo|1976|p=105}}

Também foi notado que as ideias saint-simonianas exerceram uma influência significativa em novos movimentos religiosos, como o [[espiritualismo]] e o [[ocultismo]] desde a década de 1850.<ref>Strube, 2016</ref> [[Karl Marx]] consideravam os saint-simonianos os "pais do socialismo".<ref name="Pilbeam2014">{{cite book|url=https://books.google.com/books?id=Dy6wAgAAQBAJ&pg=PA1|title=Saint-Simonians in Nineteenth-Century France: From Free Love to Algeria|author=Pamela M. Pilbeam|date=2/2/2014|publisher=Palgrave Macmillan UK|isbn=978-1-137-31396-6|page=1}}</ref>

== Pessoas associadas ao movimento sansimoniano ==
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* [[Amand Bazard]] (1791-1832), socialista
* [[Philippe Buchez]] (1796-1865), historiador, sociólogo e político
* [[Michel Chevalier]] (1806-1878), estadista, economista e liberal de livre mercado
* [[Auguste Comte]] (1798-1857), primeiro filósofo da ciência positiva
* [[Félicien David]] (1810–1876), compositor
* [[Claire Demar]] (1799–1833), autora, feminista
* [[Jeanne Deroin]] (1805-1894), autora, jornalista, feminista, costureira, reformadora social
* [[Barthélemy Prosper Enfantin]] (1796-1864), reformador social
* [[Gustave d'Eichthal]] (1804-1886), escritor e publicitário
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* [[Simon Ganneau]] (1805-1851), escultor, socialista, feminista, místico
* [[Désirée Gay]] (1810-1891), editora, feminista, costureira, reformadora social
* [[Henri Germain]] (1824-1905), empresário e fundador do [[Crédit Lyonnais]]
* [[Floresca Guépin]] (1813-1889), feminista, professora, fundadora da escola
* [[Charles Joseph Lambert (engenheiro)|Charles Joseph Bay]], explorador e engenheiro
* [[Rosa Bonheur]] (1822-1899), pintora<!--Pierre Dugied?-->
* [[Suzanne Voilquin]] (1801–1876), autora, editora, parteira, feminista
{{Col-end}}{{Referências}}

== Bibliografia ==

* {{Citar livro|título=Historia del socialismo 1789-1848. El pensamiento socialista antes de Marx|ultimo=Bravo|primeiro=Gian Mario|ano=1976|local=Barcelona|isbn=84-344-6508-6|anooriginal=1971|títulotrad=Storia del socialismo, 1789-1848. Il pensiero socialista prima di Marx|editorial=Ariel}}

* Butler, Eliza Marian. [https://books.google.com/books/about/The_Saint_Simonian_religion_in_Germany.html?id=GGQaAAAAYAAJ ''The Saint-Simonian Religion in Germany; A Study of the Young German Movement''], New York: H. Fertig, 1968.
* Carlisle, Robert B. ''The Proffered Crown: Saint-Simonianism and the Doctrine of Hope'', Baltimore: Johns Hopkins Univ. Press, 1987. {{ISBN|0801835127}}[[International Standard Book Number|ISBN]] [[Special:BookSources/0801835127|0801835127]]
* Durkheim, Emile.''Socialism and Saint-Simon (Le Socialisme)'', Ed. and with Intro by Alvin W. Gouldner. Charlotte Sattler (Translator). Yellow Springs, OH: Antioch Press, 1958.
* Gerits, Anton. [https://books.google.com/books/about/Additions_and_corrections_to_Jean_Walch.html?id=9S4XAQAAIAAJ ''Additions and Corrections to Jean Walch Bibliographie du Saint-Simonisme''], Amsterdam: A. Gerits, 1986. {{ISBN|9070775026}}[[International Standard Book Number|ISBN]] [[Special:BookSources/9070775026|9070775026]]
* Goyau, G. ''Saint-Simon and Saint-Simonism'' in the [[Enciclopédia Católica|Catholic Encyclopedia]], New York, 1912.
* Hewett, Caspar, [http://thegreatdebate.org.uk/Saint-Simon.html ''Henri de Saint-Simon, the Great Synthesizer''], 2008.
* Leopold, David, ''Saint-Simon, Claude-Henri de Rouvroy'' in E. Craig (ed.). ''Routledge Encyclopaedia of Philosophy'', London, 1998.
* Osama W. Abi-Mershed. ''Apostles of Modernity: Saint-Simonians and the Civilizing Mission in Algeria.'' Palo Alto: Stanford UP, 2010.
* Pankhurst, Richard K. P. ''The Saint Simonians, Mill and Carlyle: A Preface to Modern Though'', Norwood, PA: Norwood Editions, 1976. {{ISBN|0848220927}}[[International Standard Book Number|ISBN]] [[Special:BookSources/0848220927|0848220927]]
* St-Simon, "[https://www.marxists.org/reference/subject/philosophy/works/fr/st-simon.htm Letters from an Inhabitant of Geneva to His Contemporaries]" at the Marxist Internet Archive.
* Shine, Hill.''Carlyle and the Saint-Simonians: The Concept of Historical Periodiciy'', New York: Octagon Books, 1971.
* Strube, Julian. [http://www.tandfonline.com/doi/pdf/10.1080/0048721X.2016.1146926 ''Socialist Religion and the Emergence of Occultism: A Genealogical Approach to Socialism and Secularization in 19th-Century France'']. ''Religion'', 2016.
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