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{{Ver desambig|o princípio filosófico|Simplicidade (filosofia)|outros significados|Simplicidade (desambiguação)}}

A '''simplicidade voluntária''' refere-se a práticas que promovem a [[simplicidade]] no estilo de vida de alguém. Práticas comuns de simplicidade voluntária incluem reduzir o número de bens que se possui, depender menos da tecnologia e serviços e gastar menos dinheiro.<ref>{{Citar livro|url=https://archive.org/details/choosingsimplici0000pier|título=Choosing Simplicity|ultimo=Linda Breen Pierce|editora=Gallagher Press|ano=2000|isbn=978-0967206714|acessourl=registo}}</ref><ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=AKHxP8xncfcC&pg=PT24|título=Quotes about Happiness|ultimo=Vernon Howard|autorlink=Vernon Howard}}</ref> Estas práticas podem ser vistas ao longo da história, religião, arte e economia.
[[Ficheiro:Gandhi_spinning_1942.jpg|ligação=https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/1/14/Gandhi_spinning_1942.jpg/300px-Gandhi_spinning_1942.jpg|direita|miniaturadaimagem|300x300px|[[Mahatma Gandhi]] [[Roda de fiar|fiando fio]] em 1942. Gandhi acreditava numa vida de simplicidade e auto-suficiência.]]
Os adeptos podem escolher uma vida simples por uma variedade de razões pessoais, como [[espiritualidade]], [[saúde]], aumento do [[tempo de qualidade]] para a família e amigos, [[Equilíbrio trabalho-vida|equilíbrio entre vida profissional e pessoal]], gosto pessoal, sustentabilidade financeira, aumento da [[filantropia]], [[frugalidade]], [[Ecologismo|sustentabilidade ambiental]],<ref name=":0">{{Citar web|ultimo=Taylor|primeiro=Matthew|url=http://www.theguardian.com/environment/2019/may/22/working-fewer-hours-could-help-tackle-climate-crisis-study|titulo=Much shorter working weeks needed to tackle climate crisis – study|data=2019-05-22|acessodata=2021-11-02|website=The Guardian|lingua=en|urlmorta=live}}</ref> ou reduzir o [[Estresse|stresse]]. A simplicidade voluntária também pode ser uma reação ao [[Materialismo económico|materialismo]] e ao [[consumo conspícuo]]. Alguns citam objetivos [[Sociologia política|sociopolíticos]] alinhados com movimentos ambientalistas, [[Anticonsumismo|anticonsumistas]] ou [[Movimento anti-guerra|antiguerra]], incluindo [[Conservação da natureza|conservação]], [[Decrescimento (economia)|decrescimento]], [[ecologia profunda]] e [[resistência fiscal]].<ref name="NWTRCC">{{Citar web|url=http://www.nwtrcc.org/practical5.php|titulo=Low Income/Simple Living as War Tax Resistance|publicado=NWTRCC}}</ref>

== História ==

=== Religiosa e espiritual ===
[[Ficheiro:Gerome_-_Diogenes.jpg|ligação=https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/b/b1/Jean-L%C3%A9on_G%C3%A9r%C3%B4me_-_Diogenes_-_Walters_37131.jpg/300px-Jean-L%C3%A9on_G%C3%A9r%C3%B4me_-_Diogenes_-_Walters_37131.jpg|direita|miniaturadaimagem|300x300px|[[Diógenes de Sinope|Diógenes]] a viver numa jarra de vinho de barro. Pintura de [[Jean-Léon Gérôme]] (1860), [[Museu de Arte Walters]].]]
Várias tradições religiosas e espirituais incentivam a simplicidade voluntária.<ref>Helena Echlin (December 2006) ''[https://books.google.com/books?id=vekDAAAAMBAJ&pg=PA92&lpg=#v=onepage&q&f=false Yoga Journal], p. 92''</ref> Os primeiros exemplos incluem as tradições [[Xrâmana|Xramaṇa]] da [[Idade do Ferro na Índia]] e os [[nazireu]]s bíblicos. Tradições mais formais de simplicidade voluntária remontam à antiguidade, originárias de líderes religiosos e filosóficos como [[Lao Zi|Lao Tzu]], [[Confúcio]], [[Zaratustra]], [[Sidarta Gautama|Gautama Buda]], [[Jesus]] e [[Maomé]]. Estas tradições foram fortemente influenciadas pelas culturas nacionais e pela ética religiosa.<ref name="shi">Shi, David. ''The Simple Life''. University of Georgia Press (2001).</ref> [[Diógenes de Sinope|Diógenes]], uma figura importante na antiga filosofia grega do [[cinismo]], afirmou que uma vida simples era necessária para a virtude, e dizia-se que vivia numa jarra de vinho.<ref>{{Citar enciclopédia|ultimo=Parry|primeiro=Richard|url=https://plato.stanford.edu/entries/ethics-ancient/#5|titulo=Ancient Ethical Theory|acessodata=16-09-2012|enciclopédia=Stanford Encyclopedia of Philosophy}}</ref>

A simplicidade foi um dos principais conceitos defendidos por [[Lao Zi|Lao Tzu]], o fundador do [[Taoismo|Taoísmo]]. Isto está mais incorporado nos princípios de [[Pu (taoísmo)|Pu]] e [[Ziran]]. [[Confúcio]] foi citado inúmeras vezes como promotor da simplicidade voluntária.

[[Sidarta Gautama|Gautama Buda]] defendeu a simplicidade voluntária como uma virtude central do [[budismo]]. As [[Quatro Nobres Verdades]] defendem o desapego do desejo como o caminho para acabar com o sofrimento e alcançar o [[Nirvana]].

Diz-se que [[Jesus]] viveu uma vida simples. Diz-se que ele encorajou os seus discípulos "a não levarem nada para a viagem, exceto um cajado - nem pão, nem bolsa, nem dinheiro nos seus cintos - mas a usar sandálias e não colocar duas túnicas".<ref>{{Citar web|url=http://www.bibleserver.com/text/ESV/Mark6,8|titulo=Mark 6:8 &#124; English Standard Version :: ERF Bibleserver}}</ref> Semelhante à declaração de Jesus, muitos notáveis indivíduos religiosos, como [[Bento de Núrsia]], [[Francisco de Assis]], [[Henry David Thoreau]], [[Liev Tolstói|Leo Tolstoy]], [[Rabindranath Tagore]], [[Albert Schweitzer]] e [[Mahatma Gandhi]],<ref name="shi" /><ref>Slocock, N. (May 2004). [http://www.tssf.org.uk/attachments/article/219/Living_a_Life_of_Simplicity.pdf "'Living a Life of Simplicity?' A Response to Francis of Assisi by Adrian House"].</ref> afirmaram que a inspiração espiritual levou para um estilo de vida simples.
[[Ficheiro:Preziosi_-_Derviş_cerşetor.jpg|ligação=https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/2/25/Preziosi_-_Dervi%C5%9F_cer%C5%9Fetor.jpg/200px-Preziosi_-_Dervi%C5%9F_cer%C5%9Fetor.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|278x278px|[[Dervixe]] [[Turcos otomanos|otomano]] retratado por [[Amadeo Preziosi|Amedeo Preziosi]], cerca de 1860, [[Museu Nacional de Arte da Roménia|Muzeul Naţional de Artă al României]]]]
O [[sufismo]] no [[Mundo islâmico|mundo muçulmano]] emergiu e cresceu como uma tradição mística,<ref name="Cook 2015">{{Citar enciclopédia|autorlink=David Cook (historian)|url=https://oxfordre.com/view/10.1093/acrefore/9780199340378.001.0001/acrefore-9780199340378-e-51|titulo=Mysticism in Sufi Islam|data=05-2015|acessodata=04-01-2022|publicado=[[Oxford University Press]]|local=[[Oxford]]|doi=10.1093/acrefore/9780199340378.013.51|isbn=9780199340378|arquivourl=https://web.archive.org/web/20181128012740/http://oxfordre.com/religion/view/10.1093/acrefore/9780199340378.001.0001/acrefore-9780199340378-e-51|arquivodata=28-11-2018|urlmorta=live|doi-access=free|enciclopédia=Oxford Research Encyclopedia of Religion}}</ref> um tanto oculta nas principais [[Corrente islâmica|denominações]] [[Sunismo|sunitas]] e [[Xiismo|xiitas]] do [[Islão]],<ref name="Cook 2015" /> afirmam Eric Hanson e [[Karen Armstrong]], provavelmente em reação ao "crescente mundanismo das sociedades [[Califado Omíada|omíadas]] e [[Califado Abássida|abássidas]]".<ref name="hanson104">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=Wz4nCOMd8ucC&pg=PA102|título=Religion and Politics in the International System Today|ultimo=Hanson|primeiro=Eric O.|editora=[[Cambridge University Press]]|ano=2006|localização=[[New York City|New York]]|páginas=102–104|doi=10.1017/CBO9780511616457|isbn=978-0-521-85245-6}}</ref> O sufismo foi adotado e depois cresceu particularmente nas áreas fronteiriças dos [[Mundo islâmico|estados islâmicos]],<ref name="Cook 2015" /><ref name="Findley 2005">{{Citar livro|título=The Turks in World History|ultimo=Findley|primeiro=Carter V.|editora=[[Oxford University Press]]|ano=2005|localização=[[Oxford]] and [[New York City|New York]]|páginas=56–66|capitulo=Islam and Empire from the Seljuks through the Mongols|isbn=9780195177268|oclc=54529318|autorlink=Carter V. Findley}}</ref> onde o ascetismo dos seus [[faquir]]es e [[dervixe]]s atraía populações já acostumadas às tradições monásticas do [[hinduísmo]], [[budismo]] e [[cristianismo]].<ref name="hanson104" /><ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=ArurAgAAQBAJ|título=Sufi Bodies: Religion and Society in Medieval Islam|ultimo=Shahzad Bashir|editora=Columbia University Press|ano=2013|páginas=9–11, 58–67|isbn=978-0-231-14491-9}}</ref><ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=Hd1vAAAAQBAJ|título=The History of Islamic Political Thought: From the Prophet to the Present|ultimo=Antony Black|editora=Edinburgh University Press|ano=2011|páginas=241–242|isbn=978-0-7486-8878-4}}</ref> Os sufis foram altamente influentes e muito bem sucedidos na [[Propagação do Islã|disseminação do Islão]] entre os séculos X e XIX,<ref name="Cook 2015" /> particularmente para os postos avançados mais distantes do mundo muçulmano no [[Médio Oriente|Oriente Médio]] e [[Norte de África|norte da África]], os [[Bálcãs|Balcãs]] e [[Cáucaso]], o [[subcontinente indiano]] e, finalmente, [[Ásia Central|Centro]], [[Ásia Oriental|Leste]] e [[Sudeste Asiático]].<ref name="Cook 2015" /> Alguns estudiosos argumentam que os ascetas e místicos muçulmanos sufis desempenharam um papel decisivo na conversão dos [[povos turcos]] ao islamismo entre os séculos X e XII e os [[Conquistas e invasões mongóis|invasores mongóis]] na [[História do Irão|Pérsia]] durante os séculos XIII e XIV, principalmente por causa das semelhanças entre os sufis extremos e ascéticos ([[faquir]]es e [[dervixe]]s) e os [[Xamanismo|xamãs]] da [[Tengriismo|religião tradicional turco-mongol]].<ref name="Findley 2005" /><ref>{{Citar periódico |titulo=Sufis and Shamans: Some Remarks on the Islamization of the Mongols in the Ilkhanate |data=01-1999 |publicado=[[Brill Publishers]] |número=1 |ultimo=Amitai-Preiss |primeiro=Reuven |local=[[Leiden]] |paginas=27–46 |doi=10.1163/1568520991445605 |issn=1568-5209 |jstor=3632297 |volume=42 |periódico=Journal of the Economic and Social History of the Orient}}</ref>

Os [[plain people]] normalmente pertenciam a grupos cristãos que praticavam estilos de vida com formas de [[riqueza]] ou [[tecnologia]] excluídas por motivos religiosos ou filosóficos. Tais grupos cristãos incluem os [[Shakers]], [[Menonita da Velha Ordem|Menonitas]], [[Amish]], [[Huteritas|Hutterites]], [[Colónias Amana]], [[Comunidades Bruderhof|Bruderhof]],<ref>{{Citar jornal|url=https://christlife.org/blog/learning-from-the-bruderhof-an-intentional-christian-community|titulo=Learning from the Bruderhof: An Intentional Christian Community|acessodata=2017-05-23|website=ChristLife|lingua=en}}</ref><ref>{{Citar web|url=https://www.bbc.co.uk/mediacentre/mediapacks/inside-the-bruderhof|titulo=BBC - Inside The Bruderhof - Media Centre|acessodata=2019-07-19|website=www.bbc.co.uk}}</ref> [[Tunkers|Antigos Irmãos Batistas Alemães]], [[Sociedade da Harmonia|Sociedade Harmonia]] e alguns [[Quaker]]s. Uma crença Quaker chamada ''[[Testemunho de simplicidade|Testemunho da simplicidade]]'' afirma que uma pessoa deve viver a sua vida com simplicidade. Alguns tropos sobre a exclusão completa da tecnologia nesses grupos podem não ser precisos. Os Amish e outros grupos usam alguma tecnologia moderna, depois de avaliar o seu impacto na comunidade.<ref>{{Citar web|ultimo=Crump|primeiro=Dallin|url=https://medium.com/@dallincrump/what-the-amish-are-teaching-me-about-how-to-use-technology-aa8bd1816260|titulo=What the Amish are Teaching Me about How to Use Technology|data=2018-08-22|acessodata=2019-08-01|website=Medium|lingua=en}}</ref><ref>{{Citar web|url=https://metro.co.uk/2019/07/20/unknown-christian-community-in-sussex-lives-without-electricity-possessions-or-debt-10431308/|titulo=Unknown Christian community in Sussex lives without electricity or possessions|data=2019-07-20|acessodata=2019-08-01|website=Metro|lingua=en-US}}</ref>

O filósofo [[Iluminismo|iluminista francês]] do século XVIII [[Jean-Jacques Rousseau]] elogiou fortemente o modo de vida simples em muitos dos seus escritos, especialmente em dois livros: ''Discurso sobre as Artes e Ciências'' (1750) e ''Discurso sobre a Desigualdade'' (1754).<ref>[[Peter Marshall (author)|Marshall, Peter]]. ''[[Nature's Web: Rethinking Our Place on Earth]]''. M.E. Sharpe, 1996 (pp. 235, 239–44).</ref>

=== Seculares e políticos ===
O [[epicurismo]], baseado nos ensinamentos do [[filósofo]] [[Epicuro]], sediado em [[Atenas]], floresceu por volta do século IV a.C. até ao século III d.C. O epicurismo sustentava a vida tranquila como o paradigma da felicidade, possibilitada por escolhas cuidadosamente ponderadas. Especificamente, Epicuro apontou que os problemas decorrentes da manutenção de um estilo de vida extravagante tendem a superar o prazer de participar nele. Ele, portanto, concluiu que o que é necessário para a felicidade, o conforto corporal e a própria vida deve ser mantido a um custo mínimo, enquanto todas as coisas além do necessário devem ser temperadas com moderação ou completamente evitadas.<ref>Smith, M.F. (2001). [http://www.epicurus.info/etexts/introlucretius.html#III ''Lucretius: On the Nature of Things''] {{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20060301142624/http://www.epicurus.info/etexts/introlucretius.html|date=2006-03-01}}. Introduction available online at Epicurius.info. Hackett Pub Co {{ISBN|978-0872205871}}</ref>
[[Ficheiro:Thoreau's_cabin_inside.jpg|ligação=https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/6/6c/Thoreau%27s_cabin_inside.jpg/220px-Thoreau%27s_cabin_inside.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|Reconstrução da cabana de [[Henry David Thoreau]] nas margens de [[Lago Walden]]]]
[[Henry David Thoreau]], um [[História natural|naturalista]] e autor norte-americano, é frequentemente considerado como tendo feito a declaração [[Secularidade|secular]] clássica defendendo uma vida simples e [[Vida sustentável|sustentável]] no seu livro ''[[Walden]]'' (1854). Thoreau conduziu uma experiência de dois anos a viver uma vida simples nas margens de [[Lago Walden]]. Na Grã-Bretanha vitoriana, [[Henry Stephens Salt]], um admirador de Thoreau, popularizou a ideia de "Simplificação, o método mais saudável de viver".<ref>Salt quoted in Peter C. Gould, ''Early Green Politics'', p. 22.</ref> Outros defensores britânicos da vida simples incluíam [[Edward Carpenter]], [[William Morris]] e os membros da "[[Fellowship of the New Life]]".<ref>Gould, pp. 27–28</ref> Carpenter popularizou a frase "Vida Simples" no seu ensaio ''Simplification of Life'' in his ''England's Ideal'' (1887).{{Sfn|Delany|1987|loc=p.&nbsp;10}}

[[Charles Robert Ashbee|C.R. Ashbee]] e os seus seguidores também praticaram algumas dessas ideias, ligando assim a simplicidade ao [[Arts & Crafts|movimento Arts and Crafts]].<ref>Fiona Maccarthy, ''The Simple Life: C.R. Ashbee in the Cotswolds'' (London, 1981).</ref> O romancista britânico [[John Cowper Powys]] defendeu a vida simples no seu livro de 1933 ''A Philosophy of Solitude''.<ref>''A Philosophy of Solitude'', London, 1933. See also [[David Goodway]], ''[[Anarchist Seeds Beneath the Snow]]'' (Liverpool, 2006), pp. 48–49, 174, for Goodway's comparison of Powys' ideas of the Simple Life to Carpenter's.</ref> [[John Middleton Murry]] e [[Max Plowman]] praticavam um estilo de vida simples no seu Adelphi Center em Essex na década de 1930.<ref>Hardy, Dennis. ''Utopian England: Community Experiments 1900–1945'' p. 42. Hardy's book details other simple living movements in the UK in this period.</ref> O poeta irlandês [[Patrick Kavanagh]] defendeu uma filosofia de "simplicidade certa" baseada no [[Agrarianismo|ruralismo]] em alguns dos seus trabalhos.<ref>{{Citar jornal|url=https://www.irishtimes.com/culture/books/kavanagh-s-lessons-for-simple-living-1.776937|titulo=Kavanagh's Lessons for Simple Living|data=23 de novembro de 2009|publicado=Irish Times}}</ref>

[[George Lorenzo Noyes]], [[História natural|naturalista]], [[Mineralogia|mineralogista]], [[Pós-desenvolvimento|crítico de desenvolvimento]], escritor e artista, é conhecido como o Thoreau do Maine. Ele viveu um estilo de vida selvagem, defendendo através do seu trabalho criativo uma vida simples e reverência pela natureza. Durante as décadas de 1920 e 1930, os [[Southern Agrarians|Vanderbilt Agrários]] do [[Região Sul (Estados Unidos)|sul dos Estados Unidos]] defendiam um estilo de vida e cultura centrados em [[Agrarianismo|valores agrários]] tradicionais e sustentáveis, em oposição ao [[Revolução Industrial|industrialismo]] urbano progressivo que dominava o mundo ocidental naquela época.
[[Ficheiro:Veblen_-_Theory_of_the_leisure_class,_1924_-_5854536.tif|ligação=https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/1/10/Veblen_-_Theory_of_the_leisure_class%2C_1924_-_5854536.tif/lossless-page1-220px-Veblen_-_Theory_of_the_leisure_class%2C_1924_-_5854536.tif.png|direita|miniaturadaimagem|[[A Teoria da Classe do Lazer]], 1924]]
O economista e sociólogo norueguês-americano [[Thorstein Veblen]] advertiu contra o [[consumo conspícuo]] da sociedade [[Materialismo económico|materialista]] com [[A Teoria da Classe do Lazer]] (1899); [[Richard Gregg]] cunhou o termo "simplicidade voluntária" em ''The Value of Voluntary Simplicity'' (1936). A partir da década de 1920, vários autores modernos articularam tanto a teoria quanto a prática de viver com simplicidade, entre eles o [[Gandhianismo|gandhiniano]] Richard Gregg, os economistas [[Ralph Borsodi]] e [[Scott Nearing]], o antropólogo-poeta [[Gary Snyder]] e o escritor de ficção [[Utopia|utópica]] [[Ernest Callenbach]] . O economista [[Ernst Friedrich Schumacher|E.F. Schumacher]] argumentou contra a noção de que "quanto maior, melhor" em ''[[Small Is Beautiful]]'' (1973); e [[Duane Elgin]] continuou a promoção da vida simples em ''Voluntary Simplicity'' (1981). O académico australiano [[Treinador de Ted|Ted Trainer]] pratica e escreve sobre simplicidade e estabeleceu o The Simplicity Institute<ref>{{Citar web|url=https://simplicityinstitute.org/about|titulo=About : Simplicity Institute|acessodata=2022-09-04}}</ref> em Pigface Point, cerca de 20&nbsp;km da [[Universidade de Nova Gales do Sul]] à qual está anexado.<ref>{{Citar web|url=https://www.unsw.edu.au/arts-design-architecture|titulo=Arts, Design & Architecture - UNSW Sydney|acessodata=2022-09-04|website=UNSW Sites|lingua=en}}</ref> Um conjunto secular de nove valores foi desenvolvido com o projeto [http://ethify.org/en/content/values ''Ethify Yourself''] na [[Áustria]], tendo em mente um estilo de vida simplificado e acompanhado por um livro online (2011). Nos [[Estados Unidos]], a simplicidade voluntária começou a ganhar mais exposição pública através de um movimento no final da década de 1990 em torno de um livro popular de "simplicidade", ''The Simple Living Guide''<ref>{{Citar web|url=https://simpleliving.com/book/|titulo=The Simple Living Guide|acessodata=2022-09-04|website=Simple Living|lingua=en-US}}</ref> de Janet Luhrs.<ref>[https://simpleliving.com/about/ Janet Luhrs | Simple Living]</ref> Na mesma época, o [[minimalismo]] (um movimento semelhante) começou a aparecer aos olhos do público.

== Mudando a mentalidade ==
Danny Dover, autor de ''The Minimalist Mindset'', afirma que as ideias são apenas pensamentos, mas implementar e agir sobre essas ideias nas nossas próprias vidas é o que vai torná-las habituais e permitir uma mudança de mentalidade.<ref>{{Citation|último=Fox|primeiro1=Danny|capítulo=On Logical Form|doi=10.1002/9780470758342.ch2|páginas=82–123|publicado=Blackwell Publishing Ltd|isbn=978-0470758342|titulo=Minimalist Syntax|ano=2003}}</ref> Leo Babauta acredita que encontrar beleza e alegria em menos é o que os defensores do pensamento de "mais é melhor" não conseguem fazer. [[The Minimalists|Joshua Millburn e Ryan Nicodemus]] compartilham a sua história sobre o que eles costumavam ver na vida.<ref>{{Citar livro|título=Minimalism Essential Essays|ultimo=Millburn|primeiro=Joshua|ultimo2=Nicodemus|primeiro2=Ryan|editora=Mins Publishing|ano=2011|páginas=9–12}}</ref> É a qualidade sobre a quantidade que os minimalistas preferem seguir. Ressalta-se que devemos valorizar as coisas que nos fazem felizes e que nos são essenciais, ao invés de valorizar a ideia de apenas ter coisas para ter.<ref>{{Citar web|ultimo=Babauta|primeiro=Leo|url=https://tonywideman.com/minimalist+life+guide.pdf|titulo=the simple guide to a minimalist life}}</ref>

Esta mentalidade espalhou-se entre muitos indivíduos devido à influência de outras pessoas que vivem este estilo de vida.

== Práticas ==

=== Reduzir o consumo, o tempo de trabalho e as posses ===
[[Ficheiro:Portland_alternative_dwellings_workshop.jpg|ligação=https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/c/cc/Portland_alternative_dwellings_workshop.jpg/176px-Portland_alternative_dwellings_workshop.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|265x265px|Viver simplesmente numa [[Movimento Tiny House|pequena habitação]]]]
{{Caixa de citação
| citação = "A simplicidade resume-se em dois passos: Identificar o essencial. Eliminar o resto."<ref>{{Citar web|ultimo=admin|url=https://www.richroll.com/podcast/leo-babauta/|titulo=Leo Babauta's Mission To End Human Struggle -- Ruminations on Suffering, Simplicity & The Power of Mindfulness|data=2017-04-16|acessodata=2022-09-04|website=Rich Roll|lingua=en-US}}</ref>
| autor = [[Leo Babauta]]
| posição = right
| largura = 22%
}}Algumas pessoas praticam uma vida simples reduzindo o [[consumo]]. A redução do consumo provavelmente levará a menos dívida individual, permitindo maior flexibilidade e simplicidade na vida de cada um. Ao diminuir as despesas com bens ou serviços, o tempo gasto para ganhar [[dinheiro]] pode ser reduzido. O tempo economizado pode ser usado para buscar outros interesses ou ajudar outras pessoas por meio do [[Trabalho voluntário|voluntariado]]. Alguns podem usar o tempo livre extra para melhorar a sua [[qualidade de vida]], por exemplo, realizando atividades criativas, como arte e artesanato. Desenvolver um [[Desapego (filosofia)|desapego]] do dinheiro levou alguns indivíduos, como [[Suelo]] e [[Mark Boyle]], a viver sem dinheiro.<ref>{{Citar jornal|ultimo=Osborne|primeiro=Hilary|url=https://www.theguardian.com/money/blog/2009/jul/23/daniel-suelo-caveman|titulo=Daniel Suelo: Free spirit or freeloader?|data=23-07-2009|acessodata=20-10-2011|website=The Guardian|local=UK}}</ref><ref>{{Citar jornal|ultimo=Salter|primeiro=Jessica|url=https://www.telegraph.co.uk/earth/greenerliving/7951968/The-man-who-lives-without-money.html|titulo=The man who lives without money|data=18-08-2010|website=The Telegraph|local=UK|arquivourl=https://web.archive.org/web/20100820084055/http://www.telegraph.co.uk/earth/greenerliving/7951968/The-man-who-lives-without-money.html|arquivodata=20-08-2010|urlmorta=dead}}</ref> A redução de despesas também pode levar ao aumento da poupança, o que pode levar à [[independência financeira]] e à possibilidade de [[Aposentadoria|reforma precoce]].<ref>{{Citar jornal|ultimo=Robinson|primeiro=Nancy|url=https://www.forbes.com/sites/financialfinesse/2012/08/02/retiring-at-age-50-is-realistic-using-unorthodox-strategies/|titulo=Retiring At Age 50 Is Realistic Using These Unorthodox Strategies|data=02-08-2012|acessodata=20-08-2012|website=Forbes|local=US}}</ref>

O 100 Thing Challenge é um movimento de base para reduzir os bens pessoais a cem itens, com o objetivo de organizar e simplificar a vida.<ref>{{Citar jornal|ultimo=Lisa McClaughlin|url=http://content.time.com/time/magazine/article/0,9171,1812048,00.html|titulo=How to Live with Just 100 Things|data=05-06-2008|publicado=[[Time (magazine)|Time]]}}</ref> O [[Movimento Tiny House|movimento de casas pequenas]] inclui indivíduos que optaram por viver em pequenas habitações, sem hipotecas e de baixo impacto, como [[Cabana de madeira|cabanas de madeira]] ou [[Cabana de praia|cabanas de praia]].<ref>{{Citar jornal|url=https://www.bbc.co.uk/news/av/magazine-16348594/less-is-more-simple-living-in-small-spaces|titulo=Less is more: Simple living in small spaces|data=28-12-2011|website=BBC News}}</ref>

Aqueles que seguem uma vida simples podem ter um valor diferente sobre as suas casas. [[Joshua Becker]] sugere simplificar o local em que vivem para aqueles que desejam viver este estilo de vida.<ref>{{Citar livro|título=The Minimalist Home|ultimo=Becker|primeiro=Joshua|editora=WaterBrook|ano=2018|páginas=3–5}}</ref>

=== Aumentando a autossuficiência ===
[[Ficheiro:Forestgarden2.jpg|ligação=https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/d/d5/Forestgarden2.jpg/200px-Forestgarden2.jpg|direita|miniaturadaimagem|271x271px|O [[Jardinagem florestal|jardim florestal]] de [[Robert Hart]] em Shropshire, Inglaterra, Reino Unido]]
Uma maneira de simplificar a vida é [[Movimento back-to-the-land|voltar à terra]] e cultivar a sua própria comida, pois o aumento da [[autossuficiência]] reduz a dependência do dinheiro e da [[Atividade econômica|economia]]. [[Tom Hodgkinson]] acredita que a chave para uma vida livre e simples é parar de consumir e começar a produzir.<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=7pZWAAAAYAAJ|título=How To Be Free|ultimo=Tom Hodgkinson|ano=2006|isbn=978-0241143216}}</ref> Este é um sentimento compartilhado por um número cada vez maior de pessoas, incluindo aquelas pertencentes à geração do milénio, como a escritora e blogueira ecológica Jennifer Nini, que deixou a cidade para viver fora da rede, cultivar alimentos e “ser parte da solução; não parte do problema."<ref>{{Citar web|ultimo=Nini|primeiro=Jennifer|url=https://ecowarriorprincess.net/2014/09/so-you-think-you-can-farm/|titulo=So You Think You Can Farm?|data=09-2014|acessodata=01-09-2014}}</ref>

A [[jardinagem florestal]], desenvolvida pelo adepto da vida simples [[Robert Hart]], é um sistema de produção de alimentos à base de plantas de baixa manutenção baseado em ecossistemas florestais, incorporando árvores frutíferas e nozes, arbustos, ervas, trepadeiras e vegetais perenes.<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=N01940btQAQC&q=forest%20gardening%20robert%20hart%20simple%20living&pg=PA97|título=Forest gardening: Cultivating an edible landscape|ultimo=Robert Hart|data=1996-09-01|isbn=978-1603580502}}</ref> Hart criou um jardim florestal modelo de um pomar de 0,12 acres (~485m2) na sua quinta em [[Wenlock Edge]] em [[Shropshire]].<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=N01940btQAQC&q=forest%20gardening%20robert%20hart%20simple%20living&pg=PA45|título=Forest Gardening|ultimo=Robert Hart|ano=1996|isbn=978-1603580502}}</ref>

A ideia de [[food miles]], o número de milhas que um determinado item de comida ou os seus ingredientes percorreu entre a quinta e a mesa, é usada por defensores da vida simples para defender alimentos cultivados localmente. Isto agora está a ganhar aceitação popular, como mostrado pela popularidade de livros como ''[[The 100-Mile Diet]]'' e ''[[Animal, Vegetable, Miracle|Animal, Vegetable, Miracle: A Year of Food Life]]'', de [[Barbara Kingsolver]]. Em cada um destes casos, os autores dedicaram um ano para reduzir a sua pegada de carbono comendo localmente.<ref>Taylor, K. (August 8, 2007). [https://www.nysun.com/arts/year-i-saved-the-world/60056/ "The Year I Saved The World."] New York: ''The Sun."''</ref>

Os moradores da cidade também podem produzir frutas e vegetais frescos cultivados em casa em [[Jardim de vasos|jardins de vasos]] ou estufas interiores em miniatura. Tomate, alface, espinafre, acelga, ervilha, morango e vários tipos de ervas podem prosperar em vasos. [[Jim Merkel]] diz: "Uma pessoa pode germinar sementes. Elas são saborosas, incrivelmente nutritivas e fáceis de cultivar... Nós cultiva-mo-las em frascos largos com um quadrado de tela de nylon aparafusado sob um anel de metal".<ref>Merkel, Jim. Radical Simplicity. British Columbia: New Society, 2003. Print, 170–71.</ref> O agricultor Matt Moore falou sobre esta questão: “Como afeta o consumidor saber que os brócolos levam 105 dias para crescer? [...] O modo supermercado é um dos muitos – está sempre abastecido. E isso muda a nossa noção de tempo. Quanto tempo demora para cultivar alimentos - isso é removido do mercado. Eles não querem que você pense em quanto tempo leva para crescer, porque eles querem que você compre agora."<ref name="Feb 2010">Mark, Jason. "How Does Your Garden Grow? Watch and See" food.change.org. Sustainable Food. 26 Feb 2010. Web.</ref> Uma maneira de mudar este ponto de vista também é sugerida por Moore. Ele colocou uma instalação de vídeo na secção de produtos de uma mercearia que documentava o tempo necessário para cultivar certos vegetais.<ref name="Feb 2010" /> O objetivo era conscientizar as pessoas sobre o tempo realmente necessário para as hortas.

A [[Faça você mesmo|ética do faça você mesmo]] refere-se ao princípio de realizar as tarefas necessárias por conta própria, em vez de ter outras pessoas, mais habilidosas ou experientes, completando-as para você.

=== Reconsiderando a tecnologia ===
As pessoas que praticam a simplicidade voluntária têm visões diversas sobre o papel da tecnologia. O ativista político americano [[Scott Nearing]] estava cético sobre como a humanidade usaria novas tecnologias, citando invenções destrutivas, como [[Bomba nuclear|armas nucleares]].<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=1NeqUvTqGEcC&pg=PA101|título=Civilization and Beyond|ultimo=Scott Nearing|ano=2006|isbn=978-1406834970}}</ref> Aqueles que evitam a tecnologia moderna são frequentemente chamados de [[Ludismo|luditas]] ou [[Neoludismo|neoluditas]].<ref name="Luddites">Sale, K. (February 1997). [http://mondediplo.com/1997/02/20luddites "America's New Luddites."] Le Monde diplomatique.</ref> Embora a simplicidade voluntária seja muitas vezes uma busca [[Secularidade|secular]], ainda pode envolver a reconsideração das definições pessoais de [[tecnologia apropriada]], como fizeram grupos [[anabatista]]s como os [[Amish]] ou [[Menonitas]].

A tecnologia é uma forma de tornar um estilo de vida simples dentro da cultura dominante mais fácil e sustentável. A [[internet]] pode reduzir a [[pegada de carbono]] de um indivíduo por meio do [[Teletrabalho|trabalho remoto]] e menor uso de papel. Alguns também calcularam o seu consumo de energia e mostraram que se pode viver de forma simples e emocionalmente satisfatória usando muito menos energia do que é usada nos países ocidentais.<ref>Anil K. Rajvanshi "How to Live Simply and in a Sustainable Way" {{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20131219004528/http://www.speakingtree.in/spiritual-blogs/masters/self-improvement/how-to-live-simply-and-in-a-sustainable-way|date=2013-12-19}}</ref> As tecnologias que podem adotar incluem computadores, [[Sistema fotovoltaico|sistemas fotovoltaicos]], [[Aerogerador|turbinas eólicas]] e [[Turbina hidráulica|turbinas hidráulicas]].

Intervenções tecnológicas que parecem simplificar a vida podem, na verdade, induzir efeitos colaterais em outros lugares ou num momento futuro. [[Evgeny Morozov]] adverte que ferramentas como a internet podem facilitar a [[vigilância em massa]] e a [[repressão política]].<ref>{{Citar livro|título=The Net Delusion: The Dark Side of Internet Freedom|ultimo=Evgeny Morozov|ano=2011}}</ref> O livro ''[[Green Illusions]]'' identifica como as tecnologias de energia eólica e solar têm efeitos colaterais ocultos e podem realmente aumentar o consumo de energia e causar danos ambientais ao longo do tempo.<ref>{{Citar livro|url=http://GreenIllusions.org|título=Green Illusions: The Dirty Secrets of Clean Energy and the Future of Environmentalism|ultimo=Zehner|primeiro=Ozzie|editora=[[University of Nebraska Press]]|ano=2012}}</ref> Os autores do livro ''Techno-Fix'' criticam os otimistas tecnológicos por ignorarem as limitações da tecnologia na resolução de problemas agrícolas.<ref>Huesemann, Michael H., and Joyce A. Huesemann (2011). [http://www.newtechnologyandsociety.org ''Technofix: Why Technology Won't Save Us or the Environment''], New Society Publishers, Gabriola Island, British Columbia, Canada, {{ISBN|0865717044}}, 464 pp.</ref>

A [[publicidade]] é criticada por estimular uma mentalidade consumista. Muitos defensores da simplicidade voluntária tendem a concordar que cortar, ou reduzir, ver [[televisão]] é um ingrediente chave na vida simples.

=== Simplificando a dieta ===
[[Ficheiro:Figs,_berries_and_cheese.jpg|ligação=https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/2/2a/Figs%2C_berries_and_cheese.jpg/220px-Figs%2C_berries_and_cheese.jpg|miniaturadaimagem|Figos, frutas e queijo]]
Ao contrário de outras formas de dieta, como a dieta à base de plantas, cetogênica e mediterrânica, entre outras, a dieta simplificada concentra-se em vários princípios, em vez de ter um conjunto de regras. É comum os indivíduos utilizarem ingredientes menos sofisticados e mais baratos, e tendem a promover pratos considerados como “[[comfort food]]”, incluindo pratos caseiros. As dietas simples costumam ser consideradas “saudáveis”, pois incluem uma quantidade significativa de frutas e vegetais.<ref>{{Citar jornal|ultimo=Smith|primeiro=Katie|url=https://infoweb.newsbank.com/apps/news/openurl?ctx_ver=z39.88-2004&rft_id=info%3Asid/infoweb.newsbank.com&svc_dat=WORLDNEWS&req_dat=6745D0C7EC9246F49DAE70DA1EA3845F&rft_val_format=info%3Aofi/fmt%3Akev%3Amtx%3Actx&rft_dat=document_id%3Anews%252F126937DCC5E81D90|titulo=Slow economy calls for simple living|data=25-02-2009|website=Free Lance-Star}}</ref> Uma dieta simples geralmente evita alimentos altamente processados e fast-food. Uma dieta simples, por pertencer a um estilo de vida, também implica ter tempo para estar presente enquanto se come, como seguir rituais, evitar multitarefas ao comer e reservar um tempo para consumir os alimentos com consciência e gratidão, potencialmente na companhia de outras pessoas.<ref>{{Citar jornal|ultimo=McDonald|primeiro=Glenn|url=https://infoweb.newsbank.com/apps/news/document-view?p=WORLDNEWS&docref=news/1315CB0B2B616478.|titulo=For us, simple living isn't easy - Author advocates the joy of less stuff.|website=News & Observer}}</ref> Além disso, é comum cozinhar a própria comida, seguindo receitas simples que não consomem muito tempo, na tentativa de reduzir a quantidade de energia necessária para cozinhar.<ref>{{Citar jornal|ultimo=Weidner|primeiro=Johanna|url=https://infoweb.newsbank.com/apps/news/document-view?p=WORLDNEWS&docref=news/10AA68B2F82643EB.|titulo=Food helps define life, editor says.|data=08-01-2005|website=Record, The (Kitchner, Ontario, Canada)}}</ref>

No geral, no entanto, uma dieta simples parece diferente de pessoa para pessoa e pode ser adaptada para atender às necessidades e desejos individuais. Por exemplo, no Reino Unido, o Movimento pela Vida Compassiva foi formado por Kathleen e Jack Jannaway em 1984 para espalhar a mensagem do [[veganismo]] e promover a vida simples e a autossuficiência como remédio contra a [[Explotação de recursos naturais|exploração de humanos, animais e do planeta]].

== Política e ativismo ==

=== Ambientalismo ===
O [[Ecologismo|ambientalismo]] é inspirado na vida simples, pois a harmonia com a [[natureza]] é intrinsecamente dependente de um estilo de vida simples. Por exemplo, os [[partidos verdes]] muitas vezes defendem uma vida simples como consequência dos seus "quatro pilares" ou os "Dez Valores-Chave" do [[Partido Verde (Estados Unidos)|Partido Verde dos Estados Unidos]]. Isto inclui, em termos de políticas, a rejeição da [[engenharia genética]] e [[Energia nuclear|da energia nuclear]] e outras tecnologias que consideram perigosas. O apoio dos [[Política verde|Verdes]] à simplicidade baseia-se na redução da utilização dos recursos naturais e do impacto ambiental.<ref name=":0" /> Este conceito é expresso no "triângulo verde" de [[Ernest Callenbach]] de [[ecologia]], [[frugalidade]] e saúde.
[[Ficheiro:PeacePark.jpg|ligação=https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/9/9d/PeacePark.jpg/220px-PeacePark.jpg|direita|miniaturadaimagem|A [[Vigília da Paz da Casa Branca|Vigília de Paz da Casa Branca]], iniciada por um aderente da da vida simples [[Thomas (ativista)|Thomas]] em 1981]]
Muitos com visões semelhantes evitam o envolvimento mesmo com a [[política verde]] como comprometedora da simplicidade, no entanto, e defendem formas de [[Ecologismo libertário|anarquismo verde]] que tentam implementar esses princípios em menor escala, por exemplo, a [[ecovila]]. A [[ecologia profunda]], uma crença de que o mundo não existe como um recurso a ser explorado livremente pelos humanos, propõe a [[Conservação de habitats|preservação da natureza selvagem]], o [[Controle populacional|controlo da população humana]] e a vida simples.<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=YTB4OMgsxIEC&pg=PA161|título=International Encyclopedia of Environmental Politics|ultimo=John Barry|ultimo2=E. Gene Frankland|editora=Routledge|ano=2002|isbn=978-0415202855}}</ref>

=== Anti-guerra ===

A [[Movimento anti-guerra|oposição à guerra]] levou [[Pacifismo|ativistas da paz]], como [[Ammon Hennacy]] e [[Ellen Thomas]], a uma forma de [[resistência fiscal]] na qual reduzem o seu rendimento abaixo do [[Limite de imposto de rendimento|limite fiscal]] adotando um estilo de vida simples.<ref name="NWTRCC" /><ref>[http://sniggle.net/Experiment/index.php?entry=19Mar05&showyear=2005 Picket Line Annual Report]</ref> Estes indivíduos acreditam que o seu governo está envolvido em atividades imorais, antiéticas ou destrutivas, como a guerra, e o pagamento de impostos inevitavelmente financia essas atividades.<ref name="NWTRCC" />

=== Artes ===
O termo [[Boémia (estilo de vida)|boêmia]] tem sido usado para descrever uma longa tradição de pobreza tanto voluntária como involuntária por [[artista]]s que dedicam o seu tempo a empreendimentos artísticos em vez de trabalho remunerado. A fase boémianista foi cunhada pela burguesia francesa como forma de descrever os "inconformistas" da sociedade.<ref name=":03">{{Citar web|url=https://www.widewalls.ch/magazine/famous-artists-bohemians|titulo=Famous Artists of the 20th Century Who Knew How to Live|acessodata=2022-04-03|website=Widewalls|lingua=en}}</ref> Geralmente, os boémios pareciam expressar a sua heterodoxia através da arte simplista; este comportamento foi notadamente observado por [[Amedeo Modigliani]].<ref>{{Citar web|url=https://www.theartstory.org/artist/modigliani-amedeo/|titulo=Amedeo Modigliani Paintings, Bio, Ideas|acessodata=2022-04-03|website=The Art Story}}</ref> Amedeo Modigliani era conhecido pelas suas pinturas e esculturas que retratavam a nudez numa interpretação provocativa, mas inequívoca.<ref name=":03" /> Mais tarde, essa forma de arte minimalista transcendeu em muitos países, inspirando movimentos artísticos "rebeldes" no século XX.<ref name=":03" />

Em maio de 2014, uma reportagem na [[National Public Radio|NPR]] sugeriu que atitudes positivas em relação a viver na pobreza por causa da arte estão se a tornar menos comuns entre os jovens artistas americanos, e citou um recém-formado da [[Escola de Design de Rhode Island]] dizendo que os "seus colegas mostraram pouco interesse em viver em [[Águas-furtadas|sótãos]] e comer [[Lámen|macarrão ramen]]."<ref>{{Citar episódio|créditos=[[Neda Ulaby]] (Director)|título=In Pricey Cities, Being A Bohemian Starving Artist Gets Old Fast|url=https://www.npr.org/2014/05/15/312779821/in-pricey-cities-being-a-bohemian-starving-artist-gets-old-fast|série=War On Poverty, 50 Years Later}}</ref>

== Economia ==
Um novo movimento económico tem se vindo a formar desde a [[Conferência de Estocolmo|Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano]] em 1972,<ref>United Nations Environment Program (1972) [http://www.unep.org/Documents.Multilingual/Default.asp?DocumentID=97 Report of the United Nations Conference on the Human Environment] {{Webarchive|url=http://webarchive.loc.gov/all/20070411124414/http://www.unep.org/Documents.Multilingual/Default.asp?DocumentID=97|date=2007-04-11}}. Stockholm 1972. Retrieved on March 24, 2008</ref> e as publicações daquele ano de ''Only One Earth'', ''[[Os Limites do Crescimento]]'' e ''[[Um plano de sobrevivência|Blueprint For Survival]]'', seguido por ''[[Small Is Beautiful]]: Economics As If People Mattered'' em 1973''.''<ref name="Robertson">Robertson, James (2005) [http://www.jamesrobertson.com/book/neweconomicsofsustainabledevelopment.pdf "The New Economics of Sustainable Development"]. A Briefing for Policy Makers. Report for the European Commission. {{ISBN|0749430931}}</ref>

Recentemente, David Wann introduziu a ideia de "prosperidade simples" aplicada a um estilo de vida [[Sustentabilidade|sustentável]]. Do seu ponto de vista, e como ponto de partida para o que ele chama de [[sustentabilidade]] real, “é importante fazermo-nos três perguntas fundamentais: qual é o sentido de todos os nossos deslocamentos e consumos? Para que serve a economia? E, finalmente, por que parecemos estar mais infelizes agora do que quando começamos a nossa busca inicial por rica abundância?"<ref>Wann, David. ''Simple Prosperity: Finding Real Wealth in a Sustainable Lifestyle''. New York, St. Martin's Griffin, 2007. {{ISBN|978-0312361419}}</ref>

Um ponto de referência para esta nova economia pode ser encontrada em ''A New Economics of Sustainable Development,'' de [[James Robertson]],<ref name="Robertson" /> e no trabalho de pensadores e ativistas, que participam na sua rede e programa ''Working for a Sane Alternative''. De acordo com Robertson, a mudança para a sustentabilidade provavelmente exigirá uma ampla mudança de ênfase, de aumento de rendimento a redução de custos.

Os princípios da nova economia, conforme estabelecido por Robertson, são os seguintes:

* [[Empoderamento (administração)|Empoderamento]] sistemático das pessoas (em oposição a torná-las e mantê-las dependentes), como base para o desenvolvimento centrado nas pessoas
* Conservação sistemática dos recursos e [[Ambiente|do meio ambiente]], como base para o desenvolvimento ambientalmente sustentável
* Evolução de um modelo de vida económica de "riqueza das nações" para um modelo mundial e de um modelo da economia internacional de hoje para um sistema económico mundial ecologicamente sustentável, descentralizado e multinível
* Restauração de fatores [[Política|políticos]] e [[Ética|éticos]] para um lugar central na vida e no pensamento económico
* Respeito por valores [[Propriedade qualitativa|qualitativos]], não apenas valores quantitativos

== Ver também ==
{{Div col|3}}
* [[Agrarianismo]]
* [[Ainsa (conceito nas religiões indianas]])
* [[Anarquismo cristão]]
* [[Anticonsumismo]]
* [[Ascetismo]]
* [[Budismo engajado]]
* [[Buraco de uma agulha]]
* [[Decrescimento]]
* [[Downshifting]]
* [[Ecologia profunda]]
* [[Economia budista]]
* [[Epicurismo]]
* [[Ética budista]]
* [[Felicidade Interna Bruta]]
* [[Homesteading]]
* [[Jesus e o jovem rico]]
* [[Movimento Tiny House]]
* [[Movimento back-to-the-land]]
* [[Off-the-grid]]
* [[Pacifismo cristão]]
* [[Pobreza corporativa]]
* [[Pu]] (conceito no [[Taoismo]])
* [[Rancho Black Bear]]
* [[Slow living]]
* [[Vegetarianismo e religião]]
** [[Dieta taoista]]
** [[Vegetarianismo budista]]
** [[Vegetarianismo cristão]]
** [[Vegetarianismo jainista]]
** [[Vegetarianismo judeu]]
* [[Vida intencional]]
* [[Ziran]] (conceito no [[Taoismo]]) 
{{Div col fim}}{{Referências}}

== Bibliografia ==
{{refbegin|30em}}
* {{citar livro|url=https://archive.org/details/neopagansrupertb00dela|titulo=The Neo-pagans: Rupert Brooke and the ordeal of youth|último=Delany|primeiro=Paul|data=1987|publicado=[[Free Press (publisher)|Free Press]]|isbn=978-0029082805|acessourl=registo}}
* [[Helen Nearing|Helen]] and [[Scott Nearing]] (1970) ''The Good Life: Helen and Scott Nearing's Sixty Years of Self-Sufficient Living'', Schocken
* [[Vernard Eller]] (1973) [http://www.hccentral.com/eller3/index.html ''The Simple Life''], {{ISBN|0802815375}}
* Dolly Freed (1978) ''Possum Living: How to Live Well Without a Job and with (Almost) No Money'' 2010 edition {{ISBN|0982053932}}
* [[Duane Elgin]] (1981, revised 1993 and 2010) ''Voluntary Simplicity'', Harper, {{ISBN|978-0061779268}}
* Charles Long (1986) ''How to Survive Without a Salary: Living the Conserver Lifestyle''. 1996 edition {{ISBN|1894622375}}
* [[Wendell Berry]] (1990) ''What Are People For?'', North Point Press, {{ISBN|0865474370}}
* [[Vicki Robin]] and Joe Dominguez (1992) ''Your Money or Your Life'', Viking. ''Your Money or Your Life: Revised and Updated for the 21st Century'', published by [[Penguin Books]] in December 2008 by Vicki Robin with Monique Tilford and contributor Mark Zaifman.
* Edward Romney (1992) ''Living Well on Practically Nothing'' 2001 edition {{ISBN|1581602820}}
* Janet Luhrs (1997) ''The Simple Living Guide: A Sourcebook for Less Stressful, More Joyful Living'', {{ISBN|0553067966}}
* Amy Dacyczyn (1998) ''The Complete Tightwad Gazette: Promoting Thrift as a Viable Alternative Lifestyle.'', {{ISBN|0375752250}}
* Deborah Taylor-Hough (2000) ''A Simple Choice: A practical guide for saving your time, money and sanity'', SourceBooks, {{ISBN|1891400495}}
* John de Graaf, David Wann and [[Thomas Naylor]] (2002) ''[[Affluenza: The All-Consuming Epidemic]]'', {{ISBN|1576751996}}
* Stephanie Mills (2002) ''Epicurean Simplicity'', Island Press, {{ISBN|978-1559636896}}
* [[Jacob Lund Fisker]] (2010) ''Early Retirement Extreme: A philosophical and practical guide to financial independence'', {{ISBN|978-1453601211}}
* Dave Bruno (2010) ''The 100 Thing Challenge'', {{ISBN|978-0061787744}}
* [[Marie Kondo]] (2014) ''The Life-Changing Magic of Tidying Up'', {{ISBN|978-1607747307}}
{{refend}}
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