Mostrar código-fonte de Tatupeba

{{Info/Taxonomia
| nome               = Tatupeba
| imagem             = Six-banded armadillo (Euphractus sexcinctus).JPG
| imagem_legenda     = Tatupeba fotografado no [[Pantanal]]
| sistema_estado     = iucn3.1
| estado             = LC
| estado_ref         = <ref name=iucn>{{citar web|autor1 = Abba, A. M. |autor2 = Lima, E. |autor3 = Superina, M. |título=Yellow Armadillo - ''Euphractus sexcinctus''|periódico= [[Lista Vermelha da IUCN]] | volume = 2014 |página= e.T8306A47441708 |publicado= [[União Internacional para Conservação da Natureza]] (UICN) |data= 2014 | doi = 10.2305/IUCN.UK.2014-1.RLTS.T8306A47441708.en | url= https://www.iucnredlist.org/species/8306/47441708 |acessodata=17 de julho de 2021}}</ref>
| filo               = [[Chordata]]
| reino              = [[Animalia]]
| classe             = [[Mammalia]]
| ordem              = [[Cingulata]]
| família            = [[Clamiforídeos]]
| subfamília         = [[Eufractíneos]]
| género             = '''''Euphractus'''''
| género_autoridade  = [[Johann Georg Wagler|Wagler]], 1830
| espécie            = '''''E. sexcinctus'''''
| binomial           = ''Euphractus sexcinctus''
| binomial_autoridade= ([[Carolus Linnaeus|Linnaeus]], 1758)
| mapa               = Six-banded Armadillo area.png
| sinónimos          = {{collapsible list|bullets=true
| título             = Binomiais sinônimos
| ''Dasypus encoubert'' <small>Desmarest, 1822</small>
| ''D. flavipes'' <small>G. Fischer, 1814</small>
| ''D. sexcinctus'' <small>Linnaeus, 1758</small>
| ''Loricatus flavimanus'' <small>Desmarest, 1804</small>
| ''Scleropleura bruneti'' <small>Milne-Edwards, 1872</small>
| ''Tatus sexcinctus'' <small>Schinz, 1824</small>
}}
| sinónimos_ref = <ref name="redford">{{citar periódico|último1=Redford|primeiro1=K.H.|último2=Wetzel|primeiro2=R.M.|título=''Euphractus sexcinctus''|periódico=[[Mammalian Species]]|data=1985|número=252|páginas=1–4|doi=10.2307/3503786|url=http://www.science.smith.edu/msi/pdf/i0076-3519-252-01-0001.pdf|acessodata=26 de outubro de 2017|arquivourl=https://web.archive.org/web/20160315234543/http://www.science.smith.edu/msi/pdf/i0076-3519-252-01-0001.pdf|arquivodata=2016-03-15|urlmorta=yes}}</ref><ref name=Gardner>{{citar livro|último = Gardner |primeiro = A.L. |ano= 2005|capítulo=Euphractus sexcinctus|capítulourl=http://www.departments.bucknell.edu/biology/resources/msw3/browse.asp?id=11700032|editor-sobrenome1 =Wilson |editor-nome1 =D.E. |editor1-link=Don E. Wilson|editor-sobrenome2 =Reeder |editor-nome2 =D. M.|título= Mammal Species of the World: A Taxonomic and Geographic Reference| url = http://www.google.com/books?id=JgAMbNSt8ikC&pg=PA{{{page|{{{pages|97}}} }}}|páginas=97|edição= 3.ª|publicado= Imprensa da Universidade Johns Hopkins|local=Baltimore, Marilândia| isbn= 978-0-8018-8221-0| oclc= 62265494}}</ref><ref name="gardner">{{citar livro|último1 =Gardner|primeiro1 =A.L.|título=Mammals of South America|volume=1|data=2007|publicado=Imprensa da Universidade de Chicago|local=Chicago|isbn=978-0-226-28242-8|páginas=144–6|url={{Google Books|id=dbU3d7EUCm8C|página=144|plainurl=yes}}}}</ref>
}}
O '''tatupeba''' ([[Nomenclatura binomial|nome científico]]: '''''Euphractus sexcinctus'''''), também conhecido como '''papa-defunto''', '''peba''', '''peludo''', '''tatu-cascudo''', '''tatu-de-mão-amarela''', '''tatu-peludo''', '''tatupeva''' e '''tatupoiú'''<ref>{{Citar web|url=https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/tatupeba|título=Tatupeba|publicado=Michaelis}}</ref><ref name="Auré">{{Citar livro|sobrenome=Ferreira|nome=Alberto Buarque de Holanda|título=Novo Dicionário da Língua Portuguesa|edição=2.ª|local=Rio de Janeiro|editora=Nova Fronteira|ano=1986|página=1653}}</ref> é um tatu da [[América do Sul]] encontrado em grande parte do [[Brasil]], norte da [[Argentina]], [[Paraguai]], [[Uruguai]], [[Bolívia]] e [[Suriname]]. Único membro existente de seu gênero, foi descrito pela primeira vez pelo zoólogo sueco [[Carlos Lineu]] em 1758. Tem normalmente entre 40 e 50 centímetros de comprimento da cabeça e do corpo e pesa 3,2 a 6,5 quilogramas (7,1 a 14,3 libras). A carapaça (concha dura no dorso) é de amarelo pálido a marrom avermelhado, marcada por escamas de igual comprimento e escassamente coberta por pelos amarelados a brancos semelhantes a cerdas. Possui seis ou oito cintas de placas móveis e sua cabeça é cônica e achatada. Os pés dianteiros têm cinco dedos distintos, cada um com garras moderadamente desenvolvidas. Tem cerca de 5 [[subespécie]]s, cada uma com determinadas variações na sua aparência.<ref name=":0">{{citar periódico|ultimo=Redford|primeiro=Kent|data=1985|titulo=Euphractus sexcinctus|url=https://www.researchgate.net/publication/281198938_Euphractus_sexcinctus|jornal=Mammalian Species|volume=252|páginas=1-4|acessodata=28 de dezembro de 2018}}</ref>

Os tatupebas são escavadores eficientes e formam tocas para viver e procurar presas. É alerta e principalmente solitário. Onívoro, se alimenta de insetos, formigas, carniça e material vegetal. Devido à sua visão deficiente, confiam no olfato para detectar presas e predadores. Os nascimentos acontecem ao longo do ano; a gestação dura de 60 a 64 dias, após os quais nasce uma ninhada de um a três. O desmame ocorre em um mês e os juvenis amadurecem por nove meses. Habita [[savana]]s, [[floresta primária|florestas primárias]] e [[floresta secundária|secundárias]], [[cerrado]]s, [[matagal|matagais]] e [[Caducifólia|florestas decíduas]]. A [[União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais]] (IUCN) classifica-o como menos preocupante, e não há grandes ameaças à sua sobrevivência. Apesar disso, aparece na [[lista vermelha da Bahia]], sobretudo devido à caça.<ref>{{Citar web|url=http://www.listavermelhabahia.org.br/categoria-mamiferos.html|titulo=Mamiferos DO ESTADO DA BAHIA - Lista vermelha da Bahia|acessodata=12 de julho de 2018|obra=www.listavermelhabahia.org.br|lingua=en}}</ref>

== Etimologia ==
"Tatupeba" e "peba" são originários do [[Língua tupi|tupi]] ''tatu'pewa,'' que em [[língua portuguesa|português]] significa "tronco gordo e achatado" (''ta'tu + peua'').<ref>{{citar livro|autor=Alexandre P. Leontsinis|título=O tupi, nossa linguagem ecológica|editora=Biblioteca Stassa Leontsinis|local=Rio de Janeiro|ano=1992|páginas=335|id=}}</ref> Já "papa-defunto" é uma referência à crença popular de que a espécie se alimenta de cadáveres, enquanto "tatu-peludo" e "peludo" se referem à pelagem densa da espécie.<ref name="Auré"/> ''Sexcintus'', traduzido do [[latim]], significa "seis cintas", que é uma referência à sua carapaça, que, geralmente, é dividida em seis cintas de placas móveis.<ref name="Auré" /> ''Tatupoiú'' também advém do tupi ''tatupo'yu'' e significa "tatu de patas amarelas".<ref>Houaiss, verbete ''Tatupoiú''</ref><ref>{{Citar web|url=https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/tatupoi%C3%BA/|título=Tatupoiú|publicado=Michaelis|acessodata=17 de julho de 2021}}</ref>

== Taxonomia ==

O tatupeba é o único membro do gênero eufracto (''Euphractus'') e é colocado na família dos [[clamiforídeos]] (''Chlamyphoridae'').<ref name=Gardner /> Foi descrito pela primeira vez pelo zoólogo sueco [[Carlos Lineu]] como ''Dasypus sexcinctus'' em 1758.<ref name=linny>{{citar livro|último =Lineu |primeiro =Carlos |autorlink =Carl Linnaeus |título=Systema Naturae, ''10th ed., Vol. I'' |data=1758 |página=[https://www.biodiversitylibrary.org/item/10277#page/61/mode/1up 51] }}. {{in lang|la}}</ref> Os gêneros quetofracto (''[[Chaetophractus]]''; tatu-peludo) e zédio (''[[Zaedyus pichiy|Zaedyus]]'') às vezes foram incluídos no ''Euphractus'', embora análises cariotípicas,<ref>{{citar periódico|último1 =Jorge|primeiro1 =W.|último2 =Meritt Jr|primeiro2 =D.A.|último3 =Benirschke|primeiro3 =K.|título=Chromosome studies in Edentata|periódico=Cytobios|data=1978|volume=18|número=71–2|páginas=157–72|pmid=679723}}</ref> imunológicas<ref>{{citar periódico|último1 =Roíg|primeiro1 =V.G.|título=Inmunotest y relaciones sistematicas en dasipodidos argentinos|periódico=Cienc. Invest.|data=1964|volume=20|páginas=270–5|língua=es}}</ref> e morfológicas<ref>{{citar livro|último1 =Wetzel|primeiro1 =R.M.|editor-sobrenome1 =Montgomery|editor-nome1 =G.G.|título=The Evolution and Ecology of Armadillos, Sloths, and Vermilinguas|data=1985|publicado=Smithsonian Institution Press|local=Washington D.C., US|isbn=978-0-87474-649-5|páginas=23–48|capítulo=The taxonomy and distribution of armadillos Dasypodidae}}</ref> se oponham a isso. O fóssil de eufracto escavado em [[Buenos Aires]] ([[Argentina]]), [[Lagoa Santa (Minas Gerais)|Lagoa Santa]], em [[Minas Gerais]] ([[Brasil]]), e [[Tarija]] ([[Bolívia]]) remonta ao [[Pleistoceno]].<ref name="redford" />

As cinco subespécies a seguir são reconhecidas:

*''Euphractus sexcinctus boliviae'' <small>[[Oldfield Thomas|Thomas]], 1907</small>: Ocorre no [[Chaco]] (Bolívia).<ref name=":0" />
*''Euphractus sexcinctus flavimanus'' <small>[[Anselme Gaëtan Desmarest|Desmarest]], 1804</small>: Ocorre no Mato Grosso (Brasil), leste do Paraguai, Uruguai e nordeste da Argentina.<ref name=":0" />
*''Euphractus sexcinctus setosus'' <small>[[Maximilian zu Wied-Neuwied|Wied]], 1826</small>: Ocorre no extremo sudeste do Brasil.<ref name=":0" />
*''Euphractus sexcinctus sexcinctus'' <small>Lineu, 1758</small>: Ocorre no sudeste do Brasil.<ref name=":0" />
*''Euphractus sexcinctus tucumanus'' <small>Thomas, 1911</small>: Ocorre nas províncias argentinas de [[Tucumã (província)|Tucumã]] e [[Catamarca (província)|Catamarca]]. (Argentina).<ref name=":0" />

Um estudo morfológico de 2006 da [[árvore filogenética|filogenia]] de tatus mostrou que quetofracto, clamíforo (''[[Chlamyphorus]]''), eufracto e zédio formam um [[clado]] [[monofilia|monofilético]]. O [[cladograma]] abaixo (baseado apenas nas espécies existentes) é baseado neste estudo.

{{clado| style=font-size:100%;line-height:100%;
|1={{clado
   |1=Clamíforo
   |2={{clado
      |1=Zédio
      |2={{clado
         |1=Eufracto
         |2=Quetofracto
         }}
      }}
   }}
}}

No entanto, uma investigação de [[DNA mitocondrial]] concluiu que os clamiforíneos (''Chlamyphorinae''; tatus-fada) são o grupo irmão dos [[tolipeutíneos]] (''Tolypeutinae''; tatus-bola, tatus-canastra), com [[eufractíneos]] (''Euphractinae''; tatus-peludos) tendo divergido antes.<ref>{{citar livro|último1 =Gaudin|primeiro1 =T.J.|último2 =Wible|primeiro2 =J.R.|editor-sobrenome1 =Carrano|editor-nome1 =M.T.|título=Amniote Paleobiology: Perspectives on the Evolution of Mammals, Birds, and Reptiles|data=2006|publicado=University of Chicago Press|local=Chicago, US|isbn=978-0-226-09478-6|páginas=153–98|url={{Google Books|id=4uNMCqSRQ9gC|page=153|plainurl=yes}}|capítulo=The phylogeny of living and extinct armadillos (Mammalia, Xenarthra, Cingulata): a craniodental analysis}}</ref> O tatupeba difere dos demais da subfamília dos eufractíneos, que também contém os tatus-peludos, por ter uma cabeça estreita e seis a sete bandas móveis na carapaça (a casca dura do dorso).<ref name=redford/><ref name=nowak>{{citar livro|último1 =Nowak|primeiro1 =R.M.|título=Walker's Mammals of the World|volume=1|data=1999|publicado=Johns Hopkins University Press|local=Baltimore, US|isbn=978-0-8018-5789-8|página=160|edição=6.ª|url={{Google Books|id=T37sFCl43E8C||plainurl=yes}}}}</ref>

== Descrição ==

[[imagem:Euphractus sexcinctus at Uruguay, Reserva Pan de Azucar (armadillo, tatupeba, peludo) 4.jpg|esquerda|thumb|Focinho e patas dianteiras]]

O tatupeba é o maior dos eufractíneos, que também contém os tatus-peludos; na verdade, é o terceiro maior tatu depois do [[tatu-canastra]] e do [[tatu-de-quinze-quilos]]. Esse tatu tem normalmente entre 40 e 50 centímetros (16 e 20 polegadas) de comprimento da cabeça e do corpo e pesa de 3,2 a 6,5 quilos (7,1 a 14,3 libras). A carapaça é de amarelo claro a marrom avermelhado (embora não seja em um tom escuro de marrom ou preto), marcada por escamas de igual comprimento e escassamente coberta por pelos semelhantes a cerdas amareladas a brancas - ao contrário dos tatus-peludos, que são cobertos por pelos densos. A concha se estreita para 70 a 80 por cento de sua largura original em direção ao topo da cabeça, que é coberta por placas dispostas em um padrão definido. Sua cabeça é cônica com um achatamento na parte superior. Os pés dianteiros têm cinco dedos distintos, cada um com garras moderadamente desenvolvidas, das quais a terceira é a mais longa.<ref name=redford/><ref name=nowak/><ref name="Husson">{{citar livro|último1 =Husson|primeiro1 =A.M.|título=The Mammals of Suriname|data=1978|publicado=Brill|local=Leida|isbn=978-90-04-05819-4|páginas=254–7|url={{Google Books|id=1s8UAAAAIAAJ|page=254|plainurl=yes}}}}</ref><ref>{{Citar web|sobrenome=Silva|nome=Kena Ferrari Moreira da|coautor=Costa, Jociel Ferreira; Anacleto, Teresa Cristina da Silveira; Timo, Thiago Philipe de Camargo e|url=http://www.icmbio.gov.br/portal/faunabrasileira/estado-de-conservacao/7109-mamiferos-euphractus-sexcinctus-tatu-peba|titulo=Mamíferos - Euphractus sexcinctus - tatu peba - Avaliação do Risco de Extinção de EUPHRACTUS SEXCINCTUS LINNAEUS, 1758 no Brasil|acessodata=10 de maio de 2018|publicado=Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), [[Ministério do Meio Ambiente (Brasil)|Ministério do Meio Ambiente]]}}</ref>

Como as demais eufractíneos e o ''[[Chlamyphorus truncatus]]'', o tatupeba tem uma [[bula timpânica]]; as orelhas têm 32 a 47 milímetros (1,3 a 1,9 polegadas) de comprimento. Existem 9 pares de dentes na mandíbula superior e 10 pares na mandíbula inferior; os dentes são grandes e fortes e são auxiliados por músculos fortes para a mastigação. Uma fileira de escamas, cada uma com 13,5–18,4 milímetros (0,53–0,72 polegadas) de largura, se estende ao longo da parte de trás do pescoço. A cauda, com 12 a 24 centímetros (4,7 a 9,4 polegadas) de comprimento, é coberta por duas a quatro faixas de placas na parte inferior. Algumas dessas placas têm orifícios para secreções de glândulas odoríferas, uma característica vista em nenhum outro tatu, exceto alguns grandes tatus peludos.<ref name=redford/><ref name=nowak/> 

== Ecologia e comportamento ==

[[imagem:Tatou Safari de Peaugres 07082017 2.jpg|thumb|esquerda|Parte ventral exposta, ao ficar em pé]]

Diferentes estudos registraram diferentes padrões de atividade para o tatupeba - alguns o consideram [[Diurnalidade|diurno]] (ativo principalmente durante o dia),<ref name=redford/> enquanto outros mostram que é [[Notívago|noturno]] (ativo principalmente à noite).<ref name="bonato">{{citar periódico|último1 =Bonato|primeiro1 =V.|último2 =Martins|primeiro2 =E.G.|último3 =Machado|primeiro3 =G.|último4 =da-Silva|primeiro4 =C.Q.|último5 =dos Reis|primeiro5 =S.F.|título=Ecology of the armadillos ''Cabassous unicinctus'' and ''Euphractus sexcinctus'' (Cingulata: Dasypodidae) in a Brazilian Cerrado|periódico={{ilc|Jornal de Mamalogia||Journal of Mammalogy}}|data=2008|volume=89|número=1|páginas=168–74|doi=10.1644/06-MAMM-A-187.1}}</ref> É um animal alerta; ao contrário de outros tatus, foge ao perceber o perigo e morde se for manuseado.<ref name=redford/> Principalmente solitários, se congregam apenas para se alimentar de carniça.<ref name=nowak/> Um estudo de 1983 no leste do Brasil calculou o tamanho médio da [[área de vida]] em 93,3 [[hectare]]s.<ref name=Carter>{{citar periódico|último1 =Carter|primeiro1 =T.S.|último2 =Encarnacao|primeiro2 =C.D.|título=Characteristics and use of burrows by four species of armadillos in Brazil|periódico={{ilc|Jornal de Mamalogia||Journal of Mammalogy}}|data=1983|volume=64|número=1|páginas=103–8|jstor=1380755|issn=1545-1542|doi=10.2307/1380755}}</ref> Um escavador eficiente, pode cavar tocas em forma de U com uma única abertura, geralmente em áreas secas;<ref name=nowak/> as tocas podem ou não ser abrigos permanentes.<ref name = Loughry>{{citar livro|último1 =Loughry|primeiro1 =W.J.|último2 =McDonough|primeiro2 =C.M.|título=The Nine-banded Armadillo: A Natural History|data=2013|publicado=University of Oklahoma Press|local=Oklahoma, US|isbn=978-0-8061-8921-5|páginas=29–30|url={{Google Books|id=h4UFvagbbogC|page=29|plainurl=yes}}}}</ref><ref>{{citar tese|último1 =Medri|primeiro1 =I.M.|título=Ecologia e história natural do tatu-peba, ''Euphractus sexcinctus'' (Linnaeus, 1758), no Pantanal da Nhecolândia, Mato Grosso do Sul|tipo=PhD thesis |publicado=[[Universidade de Brasília]]|data=2008|url=http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/1219/1/2008_IsisMeriMedri.pdf|títulotrad=Ecology and natural history of the six-banded armadillo ''Euphractus sexcinctus'' (Linnaeus, 1758) in the Pantanal Nhecolândia, Mato Grosso do Sul|língua=pt}}</ref> Essas tocas podem penetrar fundo no solo e ajudar na busca de alimentos.<ref name=nowak/> Um estudo de tocas cavadas pelos tatupebas, [[Tatu-de-rabo-mole-grande|tatus-de-rabo-mole-grande]] e [[Tatu-de-rabo-mole-pequeno|tatus-de-rabo-mole-pequeno]] mostrou que todas as tocas eram semelhantes nas encostas da toca e no solo ao redor, e na direção da entrada; o local preferido para eles e o tempo gasto neles, no entanto, eram diferentes. As tocas podem ser facilmente diferenciadas por suas dimensões; as tocas dos tatupebas tinham uma altura média de 19 centímetros (7,5 polegadas) e 21 centímetros (8,3 polegadas) de largura na abertura, e estreitavam para 10 centímetros (3,9 polegadas) com uma altura de 16 centímetros (6,3 polegadas) a 21 centímetros (8,3 polegadas) na toca.<ref name=Carter /> Geralmente, as tocas tornam-se largas o suficiente para permitir que o tatu se vire à medida que a profundidade aumenta. Ao contrário das toupeiras, que jogam o solo para o lado enquanto cava, o tatupeba cava com as patas dianteiras e joga a terra para trás com as patas traseiras. Tatus defecam fora de suas tocas.<ref name=nowak/>

=== Dieta ===

[[imagem:Kirkintxoa.jpg|thumb|Esqueleto da espécie]]
[[imagem:Euphractus sexcinctus at Uruguay, Reserva Pan de Azucar (armadillo, tatupeba, peludo) (1).jpg|thumb|Detalhe da parte frontal]]

O tatupeba é um [[onívoro]] que se alimenta de [[carniça]] (o que permite a ele transmitir o [[botulismo]]<ref>{{Citar web|url=http://www.pucgoias.edu.br/hidasi/home/animalDetalhes.asp?id_Animal=9|titulo=Tatu-peba|acessodata=12 de setembro de 2018|publicado=Museu virtual de biodiversidade do Cerrado Professor José Hidasi, Pontifícia Universidade Católica de Goiás|arquivourl=http://web.archive.org/web/20180712214947/http://www.pucgoias.edu.br/hidasi/home/animalDetalhes.asp?id_Animal=9|arquivodata=12 de julho de 2018}}</ref>), pequenos [[invertebrado]]s, [[inseto]]s, [[formiga]]s, [[fruta]]s (normalmente de [[bromélia]]s), [[noz]]es e [[tubérculo]]s.<ref name=":0" /><ref name=redford/> Um estudo de 2004 o classificou como "carnívoro-onívoro".<ref>{{citar periódico|último1 =Dalponte|primeiro1 =J.C.|último2 =Tavares-Filho|primeiro2 =J.A.|título=Diet of the yellow armadillo, ''Euphractus sexcinctus'', in South-Central Brazil|periódico=Edentata|data=2004|volume=6|número=1|páginas=37–41|issn=1413-4411|doi=10.1896/1413-4411.6.1.37|url=http://www.bioone.org/doi/pdf/10.1896/1413-4411.6.1.37}}</ref> Em um estudo em uma fazenda brasileira, descobri-se que o material vegetal predominava na dieta.<ref>{{citar periódico|último1 =Schaller|primeiro1 =G.B.|autorlink =George B. Schaller|título=Mammals and their biomass on a Brazilian ranch|periódico=Arquivos de Zoologia|data=1983|volume=31|número=1|páginas=1–36|url=http://www.revistas.usp.br/azmz/article/download/11995/13772|issn=0066-7870|doi=10.11606/issn.2176-7793.v31i1p1-36}}</ref> Indivíduos em cativeiro foram observados atacando ratos grandes.<ref name=redford/> Tendo em vista sua visão deficiente, confiam no olfato para detectar presas e predadores. Para matar a presa, o tatu sobe nela, agarra-a com os dentes e a rasga em pedaços.<ref name=redford/> Os tatupebas podem armazenar gordura subcutânea para se sustentar em momentos de escassez de comida; essa gordura pode aumentar o peso para 8 a 11 quilogramas (18 a 24 libras).<ref>{{citar periódico|último1 =McNab|primeiro1 =B.K.|título=Energetics and the limits to a temperate distribution in armadillos|periódico={{ilc|Jornal de Mamalogia|Journal of Mammalogy}}|data=1980|volume=61|número=4|páginas=606–27|doi=10.2307/1380307|jstor=1380307}}</ref><ref>{{citar livro|último1 =Eisenberg|primeiro1 =J.F.|último2 =Redford|primeiro2 =K.H.|título=The Central Neotropics: Ecuador, Peru, Bolivia, Brazil|data=1999|publicado=University of Chicago Press|local=Chicago, US|isbn=978-0-226-19542-1|páginas=106–7|url={{Google Books|id=p2MDAzCeQQoC|page=106|plainurl=yes}}}}</ref>

=== Reprodução ===

O comportamento reprodutivo foi observado em cativeiro. Os nascimentos acontecem ao longo do ano. Após um período de gestação de 60 a 64 dias, nasce uma ninhada de um a três. Cada recém-nascido pesa 95 a 110 gramas (3,4 a 3,9 onças) e tem uma carapaça sem pelos e macia; pode emitir cliques suaves. A fêmea grávida constrói um ninho antes de dar à luz; se perturbada, a mãe pode reagir agressivamente e mudar sua prole. Os olhos, fechados ao nascer, abrem com 22 a 25 dias. O desmame ocorre em um mês e os juvenis amadurecem em nove meses. Um dos tatus viveu por quase 18 anos.<ref>{{citar periódico|último1 =Gucwinska|primeiro1 =H.|título=Development of six-banded armadillos at Wroclaw Zoo|periódico=International Zoo Yearbook|data=1971|volume=11|número=1|páginas=88–9|doi=10.1111/j.1748-1090.1971.tb01861.x}}</ref>

== Habitat e distribuição ==

O tatupeba habita [[savana]]s, [[floresta primária|florestas primárias]] e [[floresta secundária|secundárias]], [[cerrado]]s, [[matagal|matagais]] e [[Caducifólia|florestas decíduas]]. Pode se adaptar a uma variedade de habitats; pode até ocorrer em terras agrícolas e foi registrado a {{fmtn|1600}} metros ({{fmtn|5200}} pés) acima do nível do mar. Um estudo no sudeste do Brasil estimou a densidade populacional em 0,14 indivíduos por hectare. O mesmo estudo mostrou que o tatupeba frequentemente se desloca e é deslocado pelo [[simpatria|simpátrico]] tatu-de-rabo-mole-pequeno; isso foi considerado útil em sua coexistência.<ref>{{citar periódico|último1 =Bonato|primeiro1 =V.|último2 =Martins|primeiro2 =E.G.|último3 =Machado|primeiro3 =G.|último4 =da-Silva|primeiro4 =C.Q.|último5 =dos Reis|primeiro5 =S.F.|título=Ecology of the armadillos ''Cabassous unicinctus'' and ''Euphractus sexcinctus'' (Cingulata: Dasypodidae) in a Brazilian cerrado|periódico={{ilc|Jornal de Mamalogia||Journal of Mammalogy}}|data=2008|volume=89|número=1|páginas=168–74|doi=10.1644/06-MAMM-A-187.1|issn=1572-9710}}</ref> O tatupeba tem uma ampla distribuição na [[América do Sul]], do [[Brasil]] e sul do [[Suriname]] no nordeste através da [[Bolívia]], [[Paraguai]] e [[Uruguai]] norte e [[Argentina]] no sudeste. Sua presença no [[Peru]] é duvidosa.<ref name=iucn/>

== Ameaças e conservação ==

[[imagem:Euphractus sexcinctus at Uruguay, Reserva Pan de Azucar (armadillo, tatupeba, peludo) (3).jpg|esquerda|thumb|Parte traseira da espécie]]

A IUCN classifica o tatupeba como menos preocupante, devido à sua ampla distribuição, bom grau de tolerância e presumivelmente grande população. Além disso, ocorre em diversas áreas protegidas. Embora não haja grandes ameaças à sua sobrevivência, as populações ao norte do [[rio Amazonas]] podem estar diminuindo devido a poucas manchas de savanas, assentamento humano e expansão industrial. Além disso, esses tatus são supostamente caçados para fins medicinais,<ref>{{citar periódico|último1 =Ferreira|primeiro1 =F.S.|último2 =Fernandes-Ferreira|primeiro2 =H.|último3 =Léo Neto|primeiro3 =N.A.|último4 =Brito|primeiro4 =S.V.|último5 =Alves|primeiro5 =R.R.N.|título=The trade of medicinal animals in Brazil: current status and perspectives|periódico=Biodiversity and Conservation|data=2013|volume=22|número=4|páginas=839–70|doi=10.1007/s10531-013-0475-7}}</ref> embora se acredite que sua carne tenha um sabor desagradável; em algumas áreas de sua distribuição, as pessoas detestam sua carne devido à crença de que o animal se alimenta de "cadáveres humanos em decomposição".<ref name = Loughry /> Um estudo de 2011 comparou os tatupebas e [[tatu-galinha|tatus-galinha]] na [[Paraíba]] (Brasil); a carne de tatu-galinha tinha um gosto melhor para a maioria dos moradores. O consumo de carne de tatupeba não era considerado seguro pelos locais para pessoas com certos problemas de saúde, como lesões e [[hepatite]], um tabu que provavelmente se originou de preocupações com a dieta do tatu.<ref>{{citar periódico|último1 =Barboza|primeiro1 =R.R.D.|último2 =Mourão|primeiro2 =J.S.|último3 =Souto|primeiro3 =W.M.|último4 =Alves|primeiro4 =R.R.|título=Knowledge and strategies of Armadillo (''Dasypus novemcinctus'' L. 1758 and ''Euphractus sexcinctus'' L. 1758) hunters in the "Sertão Paraibano", Paraíba State, NE Brazil|periódico=Bioremediation, Biodiversity and Bioavailability|data=2011|volume=5|número=1|páginas=1–7|url=http://www.globalsciencebooks.info/Online/GSBOnline/images/2011/BBB_5%28SI1%29/BBB_5%28SI1%2953-59o.pdf}}</ref> Os tatupebas costumam invadir plantações para se alimentar de plantas tenras; fazendeiros são conhecidos por usar armadilhas auxiliadas por iscas de milho para esses animais para conter a ameaça.<ref>{{citar livro|último1 =Smith|primeiro1 =L.L.|último2 =Doughty|primeiro2 =R.W.|título=The Amazing Armadillo: Geography of a Folk Critter|data=2012|publicado=University of Texas Press|local=Texas, US|isbn=978-0-292-74945-0|url={{Google Books|id=VruNURXKNHwC|page=PP16|plainurl=yes}}}}</ref>

{{referências|col=2}}

== Ligações externas ==
* {{Citar web|url=http://www.faunacps.cnpm.embrapa.br/mamifero/tatu_pel.html|título=Inventário e caracterização da fauna de vertebrados selvagens de Campinas|publicado=Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)}}

{{Cingulata}}

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