Neutralismo (ecologia)

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O conceito de Neutralismo em Ecologia baseia-se na Teoria Neutra da Biodiversidade e Biogeografia de Stephen Hubbell (2001),[1] sobre estruturação de comunidades biológicas, Hubbell teve como base o trabalho Biogeografia de Ilhas (MacArthur & Wilson 1967),[2] os conceitos sobre abundância relativa das espécies (May 1975)[3] e os trabalhos de Preston (1948, 1962, 1980),[4][5][6] sobre distribuição e abundância. Esta teoria apresentada por Hubell é título de sua monografia intitulada "The unified neutral theory of biodiversity e biogeography.", publicada pela universidade de Princeton, é uma hipótese de que todos os organismos, não importando a espécie, apresentam uma equivalência ecológica dentro da comunidade, eles teriam as mesmas propriedades ecológicas e utilizariam de uma quantidade igual de recursos disponíveis no meio. Seriam competidores potencialmente iguais por tais recursos dentro de uma comunidade, tendo a mesma capacidade de se manterem presentes na comunidade independente de fatores bióticos e abióticos que possam interferir nas interações da dinâmica de uma comunidade. A hipótese também afirma que uma comunidade local é sempre limitada quanto ao seu número de indivíduos, existindo uma saturação fixa de organismos dentro dela independente do tempo.

Pressupostos básicos em que Hubbell desenvolveu a TNB (Teoria Neutra da Biodiversidade)[editar | editar código-fonte]

• Igual capacidade de sucesso reprodutivo, sendo todas as espécies iguais em probabilidade de natalidade e morte dos indivíduos.[7][8]

• Todas as espécies da comunidade utilizariam de uma quantidade igual de recursos disponíveis, existe uma limitação de recursos para cada espécie onde o “somatório-geral” da comunidade seria igual a zero e uma espécie não pode crescer sem que haja diminuição da abundância de outras espécies na comunidade. O total de indivíduos da comunidade nunca altera, sendo sempre constante e a comunidade saturada.[8]

• A Deriva Ecológica, processos estocásticos determinam as variações na abundância das espécies dentro da comunidade e não há espécies dominantes sobrepondo outras na busca por recursos. Com os indivíduos sendo equivalentes entre si, existiria quantidade necessária de recursos disponíveis para cada espécie. A riqueza de espécies locais seria então determinado por um processo de “Random Walk”, isto é, a migração por passeios aleatórios dos indivíduos na comunidade, determinando a capacidade de dispersão das espécies.[8]

Grande parte dos argumentos usados por Hubbell que o ajudaram a levantar deduções para desenvolver a teoria foram baseados na Teoria Neutra da Evolução Molecular de Kimura M.(1983).[9]

A TNB foi bastante inovadora e também um tanto quanto impactante no meio científico, visto que alguns pesquisadores prontamente não concordaram com algumas principais deduções de Hubbell, as principais controvérsias geradas por críticas são:

• Existem diferenças morfológicas (principalmente o tamanho) entre os animais da comunidade, o que faz com que seja diferentes probabilidades de Natalidade, morte, migração e sucesso reprodutivo das espécies presentes. Essas diferenças afetariam também o uso de energia total do sistema entre as espécies, sendo assim não haveria quantidade igual de recursos disponíveis entre elas;.[8]

• A abundância total de espécies pode variar muito dentro da comunidade, levando em conta a diferença entre abundância entre diferentes unidades de área dentro da própria comunidade;.[8]

• Estudos mostram que interações entre espécies são muito importante para ao funcionamento da dinâmica de várias populações, regendo também a estrutura da comunidade.[8]

Apesar de ter causado impacto e até certa polêmica na literatura científica o trabalho Teoria Neutra da Biodiversidade e Biogeografia de Hubbell já foi citado muitas vezes, tornando o seu livro um best seller na literatura dentro da Ecologia e ainda continua trazendo uma novos insights no entendimento da distribuição da biodiversidade mundial.

Referências

  1. Hubbell SP (2001). «The unified neutral theory of biodiversity and biogeography». Princeton University Press 
  2. MacArthur RH, Wilson EO (1967). «The theory of island biogeography». Princeton University Press 
  3. May RM (1975). «Patterns of species abundance and diversity». Ecology and evolution of communities 
  4. Preston FW (1948). «The commonnes and rarity of species». Ecology (29): 254-283 
  5. Preston FW (1962). «The canonical distribution of commonnes and rarity». Ecology (43): 185-215 
  6. Preston FW (1980). «Noncanonical distributions of communities and rarity». Ecology (61): 88-97 
  7. Cassemiro FSA, Padial AA (2008). «Teoria neutra da biodiversidade e biogegrafia: Aspectos teóricos, impactos na literatura e perspectivas». Oecol. Bras. 4 (12): 706-719 
  8. a b c d e f De Marco P (2006). «Um longo caminho até uma teoria unificada para a ecologia». Oecol. Bras. 1 (10): 120-126 
  9. Kimura (1983). «The neutral theory of molecular evolution». Cambridge university press 

Referências bibliográficas[editar | editar código-fonte]

•Hubbell, S.P. (2001). “The unified neutral theory of biodiversity and biogeography”

•MacArthur, R. H & Wilson, E. O (1967). “The theory of island biogeography”. Princeton University Press, Princeton.

•May, R. M. (1975). “Patterns of species abundance and diversity”

•Preston, F. W. (1948). “The commonnes and rarity of species”. Ecology, 29: 254 – 283

•Preston, F. W. (1962). “The canonical distribution of commonnes and rarity”. Ecology, 43: 185 - 215.

•Preston, F. W. (1980). “Noncanonical distributions of commonnes and rarity”. Ecology, 61: 88 - 97.

•Cassemiro F.S.A & Padial A. A. (2008). “Teoria Neutra da Biodiversidade e Biogeografia: Aspectos teóricos, impactos na literatura e perspectivas”. Oecol. Bras., 12(4): 706 – 719

•De Marco, P. (2006). “Um longo caminho até uma teoria unificada para a ecologia”. Oecol. Bras. 10 (1): 120 – 126

•Kimura, M. (1983). “The neutral theory of molecular evolution”. Cambridge University Press, Cambridge.

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