Mostrar código-fonte de Transport Layer Security

{{mais fontes|ciência=sim|data=dezembro de 2010}}
{{short description|Protocolos criptográficos para proteção de dados em trânsito}}
{{ProtocolosIP}}
O '''Transport Layer Security''' ('''TLS'''),{{nota de rodapé |Em [[língua portuguesa|português]]: Segurança da Camada de Transporte.}} assim como o seu antecessor ''Secure Sockets Layer'' ('''SSL'''),{{nota de rodapé |Em [[língua portuguesa|português]]: Protocolo de Camada Segura de Soquetes.}}<ref>{{citar web |ultimo= |primeiro= |url=//tools.ietf.org/html/rfc7568 |título=Deprecating Secure Sockets Layer Version 3.0 |data=Junho de 2015 |acessodata= |publicado= |lingua=en |arquivourl=https://web.archive.org/web/20180328080443/https://tools.ietf.org/html/rfc7568 |arquivodata=28-03-2018 |urlmorta=não |autor4=A. Langley |autor1=R. Barnes |autor2=M. Thomson |autor3=A. Pironti}}</ref> é um [[protocolo de segurança]] projetado para fornecer [[segurança nas comunicações]] sobre uma [[rede de computadores]].<ref name=":02">{{Citar web |ultimo=T. Dierks, E. Rescorla |primeiro= |url=https://tools.ietf.org/html/rfc5246.html |titulo=The Transport Layer Security (TLS) Protocol Version 1.2 |data=Agosto de 2008 |acessodata=2020-11-06 |website=tools.ietf.org |publicado= |lingua=en}}</ref> Várias versões do protocolo encontram amplo uso em aplicativos como [[navegação na web]], [[email]], [[mensagens instantâneas]] e [[voz sobre IP]] (VoIP). Os sites podem usar o TLS para proteger todas as comunicações entre seus servidores e [[Navegador web|navegadores web]].

O protocolo TLS visa principalmente fornecer [[privacidade]] e [[integridade de dados]] entre dois ou mais aplicativos de computador que se comunicam.<ref name=":02" /> Quando protegidos por TLS, conexões entre um cliente (por exemplo, um navegador da Web) e um servidor (por exemplo, wikipedia.org) devem ter uma ou mais das seguintes propriedades:

* A conexão é ''privada'' (ou ''segura'') porque a [[Algoritmo de chave simétrica|criptografia simétrica]] é usada para [[Encriptação|criptografar]] os dados transmitidos. As [[Chave (criptografia)|chaves]] para essa criptografia simétrica são geradas exclusivamente para cada conexão e são baseadas em um [[segredo compartilhado]] que foi negociado no início da [[Sessão (ciência da computação)|sessão]] (veja [[Usuário(a):Vinícius Kury/Transport Layer Security#Handshake TLS|§ Handshake TLS]]). O servidor e o cliente negociam os detalhes de qual algoritmo de criptografia e chaves criptográficas usar antes que o primeiro byte de dados seja transmitido (ver § Algoritmo abaixo). A negociação de um segredo compartilhado é segura (o segredo negociado não está disponível para bisbilhoteiros e não pode ser obtido, mesmo por um invasor que se coloque no meio da conexão) e confiável (nenhum invasor pode modificar as comunicações durante a negociação sem ser detectado).
* A identidade das partes em comunicação pode ser autenticada usando criptografia de chave pública. Essa autenticação pode ser opcional, mas geralmente é necessária para pelo menos uma das partes (geralmente o servidor).
* A conexão é confiável porque cada mensagem transmitida inclui uma verificação de integridade de mensagem usando um código de autenticação de mensagem para evitar perda não detectada ou alteração dos dados durante a transmissão.<ref name=":02" />

Além das propriedades acima, a configuração cuidadosa do TLS pode fornecer propriedades adicionais relacionadas à privacidade, como sigilo de encaminhamento, garantindo que qualquer divulgação futura de chaves de criptografia não possa ser usada para descriptografar as comunicações TLS registradas no passado.<ref>[http://news.netcraft.com/archives/2013/06/25/ssl-intercepted-today-decrypted-tomorrow.html SSL: Intercepted today, decrypted tomorrow] {{webarchive|url=https://web.archive.org/web/20130921053551/http://news.netcraft.com/archives/2013/06/25/ssl-intercepted-today-decrypted-tomorrow.html|date=21-09-2013}}, Netcraft, 25-06-2013.</ref>

O TLS suporta muitos métodos diferentes para trocar chaves, criptografar dados e autenticar a integridade da mensagem (consulte § Algoritmo abaixo). Como resultado, a configuração segura do TLS envolve muitos parâmetros configuráveis e nem todas as opções fornecem todas as propriedades relacionadas à privacidade descritas na lista acima (consulte § Troca de chave (autenticação), § Segurança de codificação e § Tabelas de integridade de dados).

Tentativas foram feitas para subverter aspectos da segurança das comunicações que o TLS procura fornecer, e o protocolo foi revisado várias vezes para lidar com essas ameaças de segurança (ver § Segurança). Os desenvolvedores de navegadores da Web também revisaram seus produtos para se defenderem de potenciais pontos fracos de segurança depois que eles foram descobertos (veja o histórico de suporte a TLS / SSL dos navegadores da Web).<ref name=":02" />

O protocolo TLS compreende duas camadas: o registro TLS e os protocolos de handshake TLS.

O TLS é um padrão proposto pela IETF (Internet Engineering Task Force), definido pela primeira vez em 1999, e a versão atual é o TLS 1.3 definido no RFC 8446 (agosto de 2018). O TLS baseia-se nas especificações SSL anteriores (1994, 1995, 1996) desenvolvidas pela Netscape Communications<ref name="RFC61012">{{citar web |url=//tools.ietf.org/html/rfc6101 |título=The Secure Sockets Layer (SSL) Protocol Version 3.0 |data=agosto de 2011 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20120115032035/http://tools.ietf.org/html/rfc6101 |arquivodata=2012-01-15 |urlmorta=não |autor1=A. Freier |autor2=P. Karlton |autor3=P. Kocher}}</ref> para adicionar o protocolo HTTPS ao navegador da Web Navigator.

== Descrição ==
Aplicações [[Modelo cliente–servidor|cliente-servidor]] fazem uso do [[Protocolo de segurança|protocolo]] TLS  para se comunicar através de uma rede de forma a prevenir a interceptação e adulteração da informação.

Uma vez que aplicações podem se comunicar tanto através de TLS (ou SSL) como sem ele, é necessário que o [[Cliente (computação)|cliente]] sinalize ao [[Servidor (computação)|servidor]] para a configuração de uma conexão TLS.<ref>{{Citar web |ultimo=Lawrence |primeiro=Scott |ultimo2=Khare |primeiro2=Rohit |url=https://tools.ietf.org/html/rfc2817.html |titulo=Upgrading to TLS Within HTTP/1.1 |acessodata=2020-11-06 |website=tools.ietf.org |lingua=en}}</ref> Uma das maneiras de se obter isso é utilizar números de [[Porta (redes de computadores)|porta]] diferentes, por exemplo a porta 443 para [[Hyper Text Transfer Protocol Secure|HTTPS]]. Outro mecanismo é uma requisição específica por parte do cliente ao servidor para uma transição para a conexão TLS; por exemplo, ao fazer uma requisição STARTTLS ao utilizar protocolos de email.

Uma vez que o cliente e o servidor concordaram quanto ao uso do TLS, eles negociam uma conexão de [[Estado (ciência da computação)|estado]] por meio de um procedimento de [[handshake]].<ref>{{Citar web |ultimo=Archiveddocs |url=https://docs.microsoft.com/en-us/previous-versions/windows/it-pro/windows-server-2003/cc785811(v=ws.10) |titulo=SSL/TLS in Detail |acessodata=2020-11-06 |website=docs.microsoft.com |lingua=en-us}}</ref> Os protocolos utilizam um handshake com uma [[Criptografia de chave pública|chave pública]] para estabelecer as configurações de criptografia e uma chave de sessão única compartilhada através da qual toda a comunicação é criptografada utilizando uma [[Algoritmo de chave simétrica|chave simétrica]]. Durante esse handshake, o cliente e o servidor concordam a respeito dos vários parâmetros necessários para estabelecer a segurança da conexão:

* O handshake é iniciado quando o cliente se conecta a um servidor habilitado para TLS requisitando uma conexão segura e apresentando uma lista de algoritmos suportados ([[cifra]]s e [[Função hash criptográfica|funções hash]]).
* A partir dessa lista, o servidor seleciona uma cifra e uma função hash para as quais também tenha suporte e notifica ao cliente a decisão.
* O servidor então geralmente apresenta informações de identificação na forma de um [[certificado digital]]. O certificado contém o nome do servidor, a [[autoridade de certificação]] (CA) que concedeu o certificado, e a chave pública do servidor.
* O cliente confirma a validade do certificado antes de continuar.
* Para gerar as chaves de sessão utilizadas na conexão segura, o cliente:
** criptografa um [[número aleatório]] com a chave pública recebida e envia o resultado ao servidor (o único capaz de descriptografar a mensagem com sua chave privada); ambas as partes então fazem uso do número aleatório para gerar uma chave de sessão única para a criptografia subsequente dos dados durante a sessão, ou
** inicia uma [[Troca de chaves de Diffie–Hellman|troca de chaves de Diffie-Hellman]] para gerar seguramente uma chave de sessão aleatória e única, utilizada para criptografar e descriptografar os dados e que ainda possui a propriedade de ''[[Perfect Foward Secrecy|foward secrecy]]'': caso a chave privada do servidor seja vazada no futuro, ela é incapaz de descriptografar a sessão atual, mesmo que esta tenha sido interceptada e gravada por um terceiro.

Isso conclui o handshake e inicia a conexão segura, que é criptografada e descriptografada com a chave de sessão até o fim da conexão. Se qualquer um dos passos acima falhar, o handshake TLS também falha e a conexão não é criada.

Os protocolos TLS e SSL não se encaixam perfeitamente em nenhuma camada dos modelos [[Modelo OSI|OSI]] ou [[TCP/IP]].<ref name=":1">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=5PJisOKJ0k8C&pg=PA22|título=CCNP Security VPN 642-648 Official Cert Guide: CCNP Sec VPN 642-648 ePub _2|ultimo=Hooper|primeiro=Howard|data=2012-06-22|editora=Cisco Press|lingua=en}}</ref><ref name=":2">{{Citar web |ultimo= |primeiro= |url=https://security.stackexchange.com/questions/93333/what-layer-is-tls |titulo=What layer is TLS? |data= |acessodata=2020-11-06 |website=Information Security Stack Exchange |publicado=}}</ref> O TLS é implementado "sobre um protocolo de comunicação confiável (por exemplo, o TCP)", o que implica que ele está acima da camada de transporte. Ele serve para criptografar as camadas superiores, o que normalmente seria função da camada de apresentação. Contudo, as aplicações geralmente fazem uso do TLS como se fosse uma camada de transporte,<ref name=":1" /><ref name=":2" /> mesmo que essas aplicações devam controlar ativamente o início dos procedimentos de handshake e o gerenciamento dos certificados de autenticação compartilhados.<ref name=":02" />[[Imagem:TLS protocol stack.svg|thumb|360px|Protocolo TLS]]

== Funcionamento ==
O [[servidor]] do [[site]] que está sendo acessado envia uma [[criptografia de chave pública|chave pública]] ao [[Navegador (informática)|browser]], usada por este para enviar uma chave secreta simetrica, criada aleatoriamente. Desta forma, fica estabelecida a troca de dados [[criptografia|criptografados]] entre dois [[computador]]es.Baseia-se no [[Protocolo (ciência da computação)|protocolo]] [[Transmission Control Protocol|TCP]] da suíte [[TCP/IP]] e utiliza-se do conceito introduzido por [[Diffie-Hellman]] nos anos 70 (criptografia de chave pública) e [[Phil Zimmermann]] (criador do conceito [[PGP]]).

== História e desenvolvimento ==
A primeira versão foi desenvolvida pela [[Netscape]] em 1994. O SSL versão 3.0 foi lançado em [[1996]], e serviu posteriormente de base para o desenvolvimento do TLS versão 1.0, um protocolo padronizado da [[Internet Engineering Task Force|IETF]] originalmente definido pelo RFC 2246. Grandes instituições financeiras como [[Visa]], [[MasterCard]], [[American Express]], dentre outras, aprovaram o SSL para [[comércio eletrônico]] [[Segurança da informação|seguro]] na Internet.O SSL opera de forma modular, possui ''design'' extensível e apresenta compatibilidade entre pares com versões diferentes do mesmo.O SSL executa a autenticação das 2 partes envolvidas nas comunicações (cliente e servidor) baseando-se em [[Certificado digital|certificados digitais]].

O TLS passou por várias versões ao longo dos anos, cada uma trazendo melhorias em segurança e desempenho. Aqui está um resumo das principais versões e suas novidades:

* TLS 1.0 (1999): Essa foi a primeira versão do TLS, projetada como uma atualização segura do SSL 3.0. Apesar de aprimorar a segurança, ela ainda tinha algumas vulnerabilidades e foi amplamente usada até ser considerada insegura para contextos modernos.

* TLS 1.1 (2006): Trouxe melhorias na segurança, como a proteção contra ataques de injeção de IV (Initialization Vector), mas ainda apresentava falhas em alguns aspectos, sendo logo substituída em favor de uma versão mais segura.

* TLS 1.2 (2008): Esta versão trouxe melhorias significativas, com suporte para algoritmos de criptografia mais fortes, como SHA-256, e mais flexibilidade nas suítes de criptografia, além de ser resistente a vários tipos de ataques conhecidos na época. Até hoje, é uma das versões mais amplamente utilizadas, embora a adoção do TLS 1.3 esteja crescendo.

* TLS 1.3 (2018): A versão mais recente, o TLS 1.3, removeu algoritmos obsoletos e inseguros, simplificou o processo de handshake (tornando a conexão mais rápida e segura) e aumentou a privacidade dos dados. Além disso, o TLS 1.3 permite menos idas e vindas entre o cliente e o servidor, reduzindo a latência e melhorando a eficiência.

== Segurança ==
Ataques significativos contra TLS/SSL estão listados abaixo.

Em fevereiro de 2015, a IETF emitiu um informativo RFC<ref>{{citar web|título=Summarizing Known Attacks on Transport Layer Security (TLS) and Datagram TLS (DTLS)|url=https://bizgrows.com/find-out-everything-you-can-know-about-an-ssl-certificate/|data=2016-03-04}}</ref> resumindo os vários ataques conhecidos contra TLS/SSL.

A [[Apple]] corrigiu a vulnerabilidade BEAST implementando a divisão 1/n-1 e ativando-a por padrão no OS X Mavericks, lançado em 22 de outubro de 2013.<ref>{{citar web|url=https://community.qualys.com/blogs/securitylabs/2013/10/31/apple-enabled-beast-mitigations-in-os-x-109-mavericks|título=Apple Enabled BEAST Mitigations in OS X 10.9 Mavericks|data=2013-10-31|acessodata=2014-10-08|autor =Ristic, Ivan|arquivourl=https://web.archive.org/web/20141012122536/https://community.qualys.com/blogs/securitylabs/2013/10/31/apple-enabled-beast-mitigations-in-os-x-109-mavericks|arquivodata=2014-10-12}}</ref>

A falha POODLE (Padding Oracle On Downgraded Legacy Encryption) é uma vulnerabilidade descoberta em 2014 que afeta o protocolo [[SSL]] 3.0, mas também impacta o TLS nas versões até o TLS 1.1. Para mitigar o POODLE, a recomendação foi desabilitar o suporte ao SSL 3.0 nos servidores e nos navegadores.<ref>{{citar web|título=SSL 3.0 Protocol Vulnerability and POODLE Attack|url=https://www.cisa.gov/news-events/alerts/2014/10/17/ssl-30-protocol-vulnerability-and-poodle-attack|data=2022-10-25}}</ref>

{{Notas}}

== Ver também ==
* [[PGP]]
* OpenPGP
* [[GnuPG]]
* [[Certificado EV SSL]]
* [[Criptografia]]

== Referências == 
<references />

== Ligações externas ==
* {{Link2 |url=http://tools.ietf.org/html/rfc2246 |título=The TLS Protocol, Version 1.0 |idioma1=en |descrição=RFC 2246 (descrição do protocolo TLS 1.0) |acessadoem=15 de outubro de 2014}}
* [https://tools.ietf.org/html/rfc5246 TLS The Transport Layer Security (TLS) Protocol Version 1.2]([[RFC]])
* [http://www.ietf.org/rfc/rfc4346.txt The Transport Layer Security (TLS) Protocol Version 1.1]([[RFC]])
* [http://wp.netscape.com/eng/ssl3/ Especificação Original] {{Wayback|url=http://wp.netscape.com/eng/ssl3/ |date=20060613025251 }}
* [http://www.openssl.org Biblioteca aberta que implementa SSL]
* [https://www.helviojunior.com.br/it/security/transport-layer-security-tls-e-secure-sockets-layer-ssl/ Transport Layer Security (TLS) e Secure Sockets Layer (SSL)]

[[Categoria:Protocolos da Internet]]