Mostrar código-fonte de Ubuntu (filosofia)

{{Título em itálico}}
{{ver desambiguação|Ubuntu}}
[[Imagem:Experience ubuntu.ogg|thumb|300px|[[Nelson Mandela]] explica o conceito do ''ubuntu'']]
'''''Ubuntu''''' é uma noção existente  nas línguas [[língua zulu|Zulu]] e [[língua xhosa|xhosa]] -  [[línguas bantu|línguas Bantu]] do [[grupo linguístico|grupo]] [[ngúni]],  faladas pelos povos da [[África Subsaariana]].

Na [[África do Sul]], a noção de ''Ubuntu'' ligou-se também à história da [[luta]] contra o ''[[Apartheid]]'' e inspirou [[Nelson Mandela]] na promoção de uma política de reconciliação nacional. Muitos anos antes, quando Mandela criou a liga da juventude da [[ANC]], em 1944, a noção já estava presente na filosofia de John Mbiti<ref>{{citar livro|url=https://www.amazon.com.br/dp/B087QPN37Z/|título=Filosofia Africana: cinco milênios de pensamento|ultimo=Tamosauskas|primeiro=Thiago|ano=2020|página=46}}</ref> e no manifesto do movimento: "Ao contrário do  homem branco, o africano quer o universo como um todo orgânico que tende à harmonia e no qual as partes individuais existem somente como aspectos da  unidade universal".<ref name=nobel_histo/>

==Aspectos éticos==

A palavra ''Ubuntu'', não traduzível diretamente,<ref name="ubuntuísmo">{{citar web |url=http://www.fep.porto.ucp.pt/sites/default/files/files/FEP/CadernosPedagogiaSocial/CPSocial04.pdf |título=<i>Contributos para a Pedagogia Social: Neuroética. Educação vagarosa e ubuntu (Página 6 e a partir da 197, especialmente 209 e 210)</i> |data=2012 |author=Adérito Gomes Barbosa |issn=1646-7280 |publicado=<i>Cadernos de Pedagogia Social do [[Universidade Católica Portuguesa#Centro Regional do Porto|Centro Regional do Porto da Universidade Católica Portuguesa]]</i> |acessodata=10 de março de 2017 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20170311014007/http://www.fep.porto.ucp.pt/sites/default/files/files/FEP/CadernosPedagogiaSocial/CPSocial04.pdf |arquivodata=10 de março de 2017}}</ref> no entanto nessa tentativa seria "humanidade para com os outros". Exprime a consciência da relação entre o indivíduo e a [[comunidade]].<ref name=nyt_sampson>{{en}} SAMPSON, Anthony [http://www.nytimes.com/books/first/s/sampson-mandela.html ''Mandela: The Authorized Biography'']. Country Boy: 1918-1934 (excerto publicado pelo ''[[New York Times]]'')</ref><ref name="ubuntuísmo"/> Segundo o arcebispo anglicano [[Desmond Tutu]], autor de uma [[teologia]] ubuntu "a minha humanidade está inextricavelmente ligada à sua humanidade".<ref>{{citar web|língua=en | titulo = All you need is ubuntu| publicado= [[British Broadcasting Corporation|BBC]]|date=28 de setembro de 2006|url=http://news.bbc.co.uk/1/hi/magazine/5388182.stm}}</ref> Essa noção de [[fraternidade]] implica [[compaixão]] e [[Big Five (psicologia)#Abertura para a Experiência|abertura de espírito]] e se opõe ao [[narcisismo]] e ao [[individualismo]].<ref name=nobel_histo>{{citar web | url=http://nobelprize.org/nobel_prizes/peace/laureates/1993/mandela-article.html | título=Nelson Mandela and the Rainbow of Culture }} Anders Hallengren, Nobelprize.org, site oficial do Prêmio Nobel.</ref>

Nelson Mandela também explica esse ideal (ver vídeo):

{{Quote3|Respeito. Cortesia. Compartilhamento. Comunidade. Generosidade. Confiança. Desprendimento. Uma palavra pode ter muitos significados. Tudo isso é o espírito de ''Ubuntu''. ''Ubuntu'' não significa que as pessoas não devam cuidar de si próprias. A questão é: você vai fazer isso de maneira a desenvolver a sua comunidade, permitindo que ela melhore?}}

Na tradição sul-africana, a reconciliação se exprime através do ''ubuntu'' ou [[humanismo]], que inclui [[valor (ética)|valores]] como a  [[compaixão]] e a comunhão - valores  que orientaram a Comissão Verdade e Reconciliação e serviram como base para a formulação dos objetivos nacionais de reconstrução e reconciliação. J.Y. Mokgoro, juiz da Corte Constitutional da África do Sul mostrou que esse princípio filosófico fundamental marcou de maneira determinante o [[direito constitucional]] do país, desde a [[Constituição da África do Sul|constituição provisória de 1993]] e está presente na lei fundamental n° 34, de 1995, sobre a Promoção da Unidade Nacional e da Reconciliação:<ref>{{citar web |língua=en| titulo=L’idée de réconciliation dans les sociétés multiculturelles du Commonwealth : une question d’actualité ? | publicado=Cairn.info | date=2 de junho de 2004 | url=http://www.cairn.info/revue-etudes-anglaises-2001-4-page-479.htm}}</ref>

"[…] A Constituição estipula que a busca da unidade nacional, o [[bem-estar]] de todos os cidadãos sul-africanos e a paz exigem a reconciliação entre os habitantes da África do Sul e a reconstrução da sociedade."

Segundo o [[Arcebispo]] [[Desmond Tutu]]:

{{Quote3|Uma pessoa com ''Ubuntu'' está aberta e disponível para as outras, apoia as outras, não se sente ameaçada quando  outras pessoas são capazes e boas, com base em uma autoconfiança que vem do conhecimento de que ele ou ela pertence a algo maior que é diminuído quando outras pessoas são humilhadas ou diminuídas, quando são torturadas ou oprimidas.|Arcebispo [[Desmond Tutu]] no livro "''No Future Without Forgiveness''" (em português: "Sem Perdão Não Há Futuro")}}

Portanto o conceito exprime a crença na comunhão que conecta toda a humanidade:<ref name="ubuntuísmo"/> "sou o que sou graças ao que somos todos nós".<ref>Desmond Tutu, Mike Nicol. ''[http://archive.wikiwix.com/cache/?url=http://www.lelivrechretien.com/index.php?page=book%26id=2994&title=Croire%20ubuntu%20inspirations%20et%20paroles%20de%20Desmond%20Tutu ''Croire  - inspirations et paroles de Desmond Tutu'']. Acropole Belfond,  2007.</ref>

== Valores e princípios do Ubuntu ==
No coração do Ubuntu, encontramos valores e princípios que desempenham um papel essencial na construção de laços sociais sólidos e na promoção da coexistência pacífica. Solidariedade é um valor que está enraizado nas comunidades africanas, onde a noção de "eu" é inseparável do "nós". Essa disposição de apoiar uns aos outros e compartilhar recursos é o que sustenta a coesão social e ajuda a superar desafios comunitários. A solidariedade é um lembrete constante de que nossas ações individuais têm impacto coletivo e que, ao estendermos a mão ao próximo, fortalecemos todo o tecido social.

== Aspectos religiosos ==
Louw (1998) sugere que o conceito do Ubuntu define um indivíduo em termos de seus relacionamentos com os outros, e enfatiza a importância como um conceito religioso, assentado na máxima Zulu ''umuntu ngumuntu ngabantu'' (uma pessoa é uma pessoa através de outras pessoas), que aparentemente parece não ter conotação religiosa na sociedade ocidental.<ref>{{en}} Louw, Dirk J. 1998. [http://www.bu.edu/wcp/Papers/Afri/AfriLouw.htm Ubuntu: An African Assessment of the Religious Other]. ''Twentieth World Congress of Philosophy''.</ref> No contexto africano, isso sugere que o indivíduo se caracteriza pela humanidade com seus semelhantes e através da veneração aos seus ancestrais. Assim, aqueles que compartilham do princípio do ''Ubuntu'' no decorrer de suas vidas continuarão em união com os vivos após a sua morte.

==Aspectos políticos==

''Ubuntu'' é visto como um dos princípios fundamentais da nova república da África do Sul e está intimamente ligado à ideia da [[Renascença Africana]]. No [[Zimbabwe]], ''Ubuntu'' tem sido usado como forma de resistência à opressão existente no país. Na esfera [[política]], o conceito do ''Ubuntu'' é utilizado para enfatizar a necessidade da união e do consenso nas tomadas de decisão, assumindo-se uma ética [[humanista]].

== Ver também ==
* [[Non nobis solum|''Non nobis solum'']]
* [[Comunidade de Aprendizagem]]

{{referências}}

== Ligações externas ==
* {{((en))}} [http://epf.ecoport.org/appendix3.html Ubuntu and the Law in South Africa] por Y. Mokgoro 
* Louw, Dirk J. 1998. "[http://www.bu.edu/wcp/Papers/Afri/AfriLouw.htm Ubuntu: An African Assessment of the Religious Other]". ''Vigésimo Congresso Mundial de Filosofia''. (inglês)
* {{((pt))}} [http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2010/06/ubuntu-uma-licao-facil-de-aprender-melhor-ainda-de-viver.html Ubuntu, uma lição fácil de aprender, melhor ainda de viver] - Reportagem do [[Jornal Nacional]] da [[Rede Globo]], sobre o [[Copa do Mundo FIFA de 2010|copa do mundo de 2010]]

{{Pan-africanismo}}

[[Categoria:Humanismo]]
[[Categoria:Ética social]]
[[Categoria:Cultura da África]]
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