Usuário:Dbastro/Tabelas de descompressão

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Breve história das Tabelas de descompresión[editar | editar código-fonte]

A doença da descompresión converteu-se num problema importante na indústria da construção de pontes e na mineração. Os operários sofriam a doença de Bends ou doença da descompresión quando ascendiam rapidamente, após estar a trabalhar muito tempo baixo a pressão do água.

Paul Bert, médico francês no século XIX, recomendou a descompresión lenta como método para prevenir os sintomas da Doença de Caisson.

Em 1906-1908 John Scott Haldane realizou experimentos com animais e chegou à seguinte conclusão:

* Os sintomas começam a parecer quando a diferença com a pressão atmosférica é a metade, isto é, a partir de 2 atm (10 m)

* Estes sintomas consistiam basicamente em problemas com as articulações das extremidades inferiores.

Teoria[editar | editar código-fonte]

O ar que se respira está formado por uma mistura de nitrogênio, oxigénio, dióxido de carbono, e outros componentes em muito pequena quantidade.

Quando se mergulha o corpo começa a absorver nitrogênio, o qual se dissolve nos tecidos seguindo a Lei de Henry (a maior pressão maior é a quantidade de moléculas de gás que se dissolvem no líquido). Ao ascender, esse nitrogênio deve eliminar-se de forma paulatina através da respiração. Para evitar a doença descompresiva deve-se ascender a uma velocidade que não supere os 18 metros por minutos, sendo a velocidade recomendável de ascensão a de 9 metros por minuto; desta forma permite-se que o nitrogênio volte a seu estado gasoso para ser exalado no processo respiratório. A ascensão sem respeitar estes parâmetros provocará a formação de borbulhas nocivas para o organismo.

Concluiu-se, que se a relação de pressões era de 2:1, o gás eliminava-se sem gerar borbulhas nocivas. Haldane, considerou que a absorção e eliminação do nitrogênio era um processo exponencial. O corpo humano considerou-se formado por diferentes tecidos com tempos de saturação/eliminação diferentes.

Desta forma surgiram os modelos matemáticos utilizados para a confecção de tabelas.

Definição de Tempos médios[editar | editar código-fonte]

Tempo médio = é o tempo que demora um tecido em absorver ou eliminar a metade da diferença de pressões parciais.

O ar está composto por: Nitrogênio ao 80% e Oxigénio ao 20%. A pressão parcial do N2 ao nível do mar é 0,8 x 1 atm = 0,8 atm.

A pressão parcial a 30 metros de profundidade (4 atm) é: 4 x 0,8 am = 3,2 atm

A diferença de pressões é: 3,2 atm - 0,8 atm = 2,4 atm

O tempo médio é a quantidade de tempo para chegar a: 0,8 atm + 1/2 (2,4 atm) = 2 atm

Na seguinte tabela observamos a pressão parcial de nitrogênio para um tempo médio de 20 min, desde 1 atm (superfície) a 4 atm (30 m)

Nº tempos médios Duração Total (min) % de Saturação N2 pN2 no tecido (atm)
0 0 0 0,8
1 20 50 2,0
2 40 75 2,6
3 60 87,5 2,9
4 80 93,75 3,05
5 100 96,875 3,125
6 120 98,5 3,164
100 3,20

Considera-se que a 5 atm o tecido está saturado, se tem o 97% do valor final.

Pressão parcial para um tempo medido desde 4 atm à 2 atm.

Nº tempos médios Duração Total (min) % de Saturação N2 pN2 no tecido (atm)
0 0 0 3,2
1 20 50 2,4
2 40 75 2,0
3 60 87,5 1,8

Variação dos Tempos Médios entre tecidos[editar | editar código-fonte]

  • Os tecidos adiposos são lentos em absorver/eliminar o N2.
  • Os tecidos nervosos, como as células cinzas do cérebro, são rápidos na absorção/eliminação de N2.
  • O coração e os pulmões são os tecidos que mais rápidos absorvem e transferem, quase instantaneamente, o N2.

Supersaturação[editar | editar código-fonte]

Enquanto o buceador ascende, os tecidos estão sobresaturados com N2, que se elimina dos tecidos passando pelo sangue. Quando a diferença da pressão parcial de N2 é o duplo, não pode dissolver no sangue, e portanto, forma borbulhas. Se as borbulhas são pequenas (microburbujas), não produzem doença. Se aumentam seu tamanho podem bloquear copos sanguíneos causando dor e dano, ao produzir-se uma trombose num capilar. Os tempos máximos da cada tecido são os tempos expressados em minutos dados por Spencer, denominado Valorizes M, os quais não produzem doença.

Evolução das Tabelas de descompresión[editar | editar código-fonte]

As Tabelas de Haldane foram adoptadas primeiro pela Marinha Britânica.

Em 1915, a Ou.S. Navy ou marinha dos Estados Unidos, adoptou as tabelas de Haldane.

Posteriormente, em 1930, a Ou.S. Navy modificou as tabelas com base nas experiências obtidas com marinhos.

Em 1980 as tabelas se estandarizaron para o mergulho recreacional.

A primeira tabela de mergulho confeccionada por Haldane tinha 5 tecidos médios. Hoje em dia, os computadores de mergulho têm até 12 tecidos.

* Modificações realizadas[editar | editar código-fonte]

Demonstrou-se que uma relação de pressão de descompresión era segura se se utilizava 1,5:1 em lugar de 2:1. Os limites de tempo definiram-se a partir de 10 m. Nenhuma tabela de mergulho é um 100% segura. As tabelas da Ou.S. Navy são desenhadas com verdadeira percentagem de risco. Ademais, a marinha dispõe de câmaras hiperbáricas para tratar qualquer doença descompresiva.

As tabelas da PADI ou a FEDA, são derivação da Ou.S. Navy com margens de segurança maiores. A taxa de respiração e a capacidade corporal vêem-se afectadas por: o stress, temperatura, idade, peso e outros factores, que fazem que as tabelas sejam menos seguras.

Uso e alternativas às Tabelas de descompresión[editar | editar código-fonte]

As tabelas utilizam um perfil quadrado para o planejamento do mergulho. Utilizam-se os seguintes parâmetros: P = Profundidade - TRF = Tempo real no fundo - GP = Grupo de pressão - IS = Intervalo em superfície - TNR = Tempo de nitrogênio residual - TTF = Tempo total no fundo. - LDN = Limite de não descompresión, ou máximo tempo em fundo.

Para buceos simples, aqueles com intervalos em superfície maiores às 6 horas, se pode usar o Limite máximo de Não descompresión.

Actualmente existem alternativas às tabelas de descompresión tradicionais:

* Computadores de mergulho: têm a vantagem de monitorar a imersão a tempo real, pelo que gera um plano de mergulho instantâneo e, por tanto, aumenta o tempo de fundo (na contramão do perfil retangular gerado com as tabelas).

* Tabelas geradas por programas de computador que se ajustam ao perfil da imersão e à mistura de gases utilizada.

* Descompresión no momento (DOTF : D'eco On The Fly), é um método para determinar o perfil de descompresión necessário de uma forma rápida e acertada, sem ajuda de computador ou tabelas. Ensina-se nos cursos avançados de mergulho. Também se lhe conhece como rádio de descompresión porque utiliza um ponto de descompresión obrigado conhecido, e o relaciona com a profundidade específica e o tempo de fundo. A obrigação de descompresión muda em incrementos fixos em relação no ponto eleito, de acordo com as mudanças na profundidade ou tempos de fundo.

Notas[editar | editar código-fonte]

RESOLUÇÃO de 20 de janeiro de 1999, da Direcção Geral da Marinha Mercante, pela que se actualizam determinadas tabelas da Ordem de 14 de outubro de 1997 pela que se aprovam as normas de segurança para o exercício de actividades subacuáticas.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

* Manual do aluno B-1E. Curso de Mergulho. Federação Espanhola de Actividades Subacuáticas (F.E.D.A.S.). Barcelona, Espanha: Gráfiques Pacific, S.A. Consultado o 22 de outubro de 2013.

* Manual do aluno B-2E. Curso de Mergulho. Federação Espanhola de Actividades Subacuáticas (F.E.D.A.S.). Barcelona, Espanha: Gráfiques Pacific, S.A. Consultado o 23 de outubro de 2013.

* Guia de tabelas. Curso de Mergulho. Federação Espanhola de Actividades Subacuáticas (F.E.D.A.S.). Barcelona, Espanha: Gráfiques Pacific, S.A. Consultado o 23 de outubro de 2013.

Webgrafía[editar | editar código-fonte]

* Manual de 1.ª. Estrela. Corresponde ao Curso de 1.ª. Estrela da Confedederación Mundial de Actividade Subacuáticas. Consultado o 22 de outubro de 2013. http://www.scubaonline.com.ar/man_estudio/cmas/cmas_manual_1ra_estrellae_esp.pdf

* Regulamento de mergulho para buzos profissionais. Regulamento de descompresión para a prática de mergulho com ar comprimido. Consultado o 23 de outubro de 2013. http://www.directemar.cl/images/stories/buceo_profesional/pdf/tablas_descompresion/tablas_descompresion.pdf [[Categoria:Mergulho]]