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[[Imagem:Postcard of Villa Mills (ca. 1900).jpg|thumb|direita|upright=1.4|Vista da ''Villa Mills'' por volta de 1900.]]
'''''Villa Mills''''', antiga '''''Villa Mattei al Palatino''''', era uma ''[[villa]]'' localizado no alto do [[monte Palatino]] entre a ''Via di San Bonaventura'' e a ''Via dei Cerchi'', no [[rione]] [[Campitelli (rione)|Campitelli]] de [[Roma]]. Construída sobre a [[Palácio Augustano]] e o [[Palácio Flávio]], foi demolida no início do século XX para permitir que os sítios arqueológicos no local pudessem ser escavados<ref name=IR>{{citar web|url = https://www.info.roma.it/monumenti_dettaglio.asp?ID_schede=1986| título = Villa Mills| língua = italiano| publicado = InfoRoma}}</ref>. 

== História ==
[[Imagem:Palatine (Rome, Italy), Villa Mills on top of the Domus Augustana (2).jpg|thumb|esquerda|upright=.8|Imagem de 1907 destacando a posição da ''villa'' acima das ruínas do [[Palácio de Augusto]].]][[Imagem:Veduta dell'Anfiteatro Flavio o Colosseo dai giardini di Villa Mills sul Palatino.jpg|thumb|esquerda|upright=.8|Foto de uma vista do [[Coliseu]] a partir do jardim da ''Villa Mills'' em 1906-1907.]]
No século XVI, a área onde ficava a ''Villa Mills'' era composta basicamente por jardins e [[vinha]]s, parte dos famosos [[Jardins Farnésios]] criados pelo [[cardeal]] [[Alessandro Farnese (cardeal)|Alessandro Farnese]]<ref>Samuel Ball Platner and Thomas Ashby, A Topographical Dictionary of Ancient Rome (London: Oxford University Press, 1929), p.1.</ref>. Uma pequena casa de campo foi construída no local pela [[família Stati]] bem em cima do antigo Palácio Augustano com uma pequena [[lógia]] decorada com esplêndidos [[afresco]]s de [[Baldassare Peruzzi]] (representando os [[signos do zodíaco]], as [[musas]] e outros temas clássicos) e de alunos da oficina de [[Rafael]]. Depois, a ''villa''  passou pelas mãos das principais famílias de Roma, como os [[Colonna]], os [[Mattei|Mattei di Giove]], os [[Spada]] e os Magnani, além de outros proprietários menos conhecidos<ref name=ARB/>, e já era conhecida como ''Villa Mattei al Palatino'' ou ''Villa Stati Mattei''. Em 1818, a propriedade foi comprada pelo escocês [[Charles Mills]] (m. 1846) e pelo arqueólogo inglês [[William Gell]] (1777-1836)<ref>Alba della Fazia Amoia and Enrico Iruschini, Stendhal’s Rome: Then and Now (Rome: Edizioni di Storia E Letteratura 1997), pp. 67-68.</ref>{{Efn|A mãe de Charles Mills alegava ser descendente do governador Hamilton, das [[Ilhas Leeward]]<ref>H. V. Morton, A Traveller in Rome (New York: Dodd, Mead and Company, 1957), pp.359-362.</ref>.}}. Em 1824, os dois restauraram a pequena lógia renascentista aberta que abrigava os afrescos de Peruzzi<ref>H. V. Morton, A Traveller in Rome ([n.c.], Methuen Publishing Ltd., 2002), [http://www.metmuseum.org/collections/search-the-collections/437274 pp. 419], Collections of the Metropolitan Museum of Art</ref>. Numa data posterior, os [[medalhão (arquitetura)|medalhões]] com uma rosa, um [[cardo]] e um [[trevo (planta)|trevo]] foram colocados nas [[enjunta]]s dos arcos pintados do primeiro andar e os pilares do portão de entrada foram decorados com cardos<ref>Morton, A Traveller in Rome (2002), p. 419.</ref><ref name=SM>{{citar web|url = https://blogs.ucl.ac.uk/eicah/colonel-robert-smith-and-redcliffe-towers-case-study/robert-smith-and-redcliffe-towers-building-projects-in-europe/#_ftn2| título = Robert Smith and Redcliffe Towers Case Study: Building Projects in Europe| publicado = East India Company at Home, 1757-1857| língua = inglês}}</ref>.

Em 1846{{efn|Charles Mills morreu em 1846, portanto a ''villa'' só pode ter sido comprada por Smith entre 1846 e 1856, data na qual a propriedade foi adquirida pelas [[Ordem da Visitação de Santa Maria|irmãs da Visitação]].}}, Robert Smith (1787-1873), um antigo funcionário da [[Companhia Britânica das Índias Orientais|Companhia das Índias Orientais]], adquiriu a ''Villa Mills'' após se casar com uma herdeira francesa, Julia Adelaide Vitton de Claude, e do nascimento do filho do casal, Robert Claude, nascido em [[Veneza]] em 1843<ref>Raymond Head, ‘Indian Fantasy in Devon’, Country Life, May 28. 1981, p. 1524.</ref>. H. V. Morton sugere que foi Mills quem acrescentou [[arquitetura gótica|elementos góticos]] à ''villa'' usando os serviços de um ''"arquiteto inglês da moda"'' para criar ''"[[pináculo]]s, [[ameia]]s, [[caixilho]]s e [[claustro]]s"'' e duas [[pagoda]]s chinesas, pintadas de vermelho, sobre as termas augustanas<ref>Amoia and Iruschini, Stendahl’s Rome, pp. 67-68. Rodolfo Lanciani, New Tales of Old Rome (London: Macmillan & Company Ltd., c.1901). pp. 325-326.</ref>. Porém, dada a falta de evidências a respeito das "alterações" de Mills, é possível defender que teria sido Smith e não ele o responsável<ref>Morton, A Traveller in Rome, p. 420.</ref>. Apesar de algumas evidências sugerindo que a ''villa'' teria sido construída por Mills, como os trevos na decoração, uma referência à sua origem escocesa<ref>Lanciani, New Tales, pp. 325-236.</ref>, o edifício revela muito mais o estilo misto de Smith, com elementos góticos e italianos ligados a outros indianos numa [[rotunda (arquitetura)|rotunda]] central flanqueada por duas torres octogonais com lógias arcadas logo abaixo: com suas ruínas de antigas civilizações abaixo do edifício e uma vista majestosa a partir do alto, o projeto da ''villa'' claramente lembra o de um ''bungalow'' em [[Deli|Delhi]] ([[bangalô]]). Confirmando esta tese é o fato de os que se hospedaram na ''villa'' enquanto Charles Mills estava vivo não terem mencionado o aspecto "excêntrico" do complexo, o que certamente teriam feito se as alterações já estivessem presentes<ref>The Hon. F. Leveson-Gower (ed.), Letters of Harriet Countess Granville 1810-1845, 2, 2 (London and New York: Longmans, Green & Co., 1894), p. 340.</ref>. Nestes relatos, o jardim parece ter sido o ponto mais atrativo da ''villa'' e não a arquitetura do palácio, o que torna ainda mais provável que as novas adições tenham sido obra de Smith e não de Mills<ref name=SM/><ref name=RAL>{{citar web|url = https://www.romeartlover.it/Palatin1.html| publicado = Rome Art Lover| língua = inglês| título = Rome in the Footsteps of an XVIIIth Century Traveller}}</ref>.
[[Imagem:Villa Mills al Palatino, veduta d'insieme dallo stadio palatino.jpg|thumb|direita|upright=1.4|Outra vista ({{ca.}} 1906-1907), do outro lado, com o [[Estádio Palatino]] em primeiro plano e a ''Villa Mills'' ao fundo.]]
Em 1856, a propriedade foi vendida para as [[Ordem da Visitação de Santa Maria|irmãs da Visitação]]<ref>{{citar web|url = https://www.romasparita.eu/foto-roma-sparita/56299/villa-mills-palatino| publicado = Roma Sparita| língua = italiano| título = Villa Mills - Palatino}}</ref>, e ampliada por [[Virginio Vespignani]]. Contudo, construída acima das ruínas dos antigos palácios imperiais no Palatino, a ''villa'' incorporava numa propriedade privada preciosas evidências sobre a origem do [[Império Romano]]. Apesar de já na metade do século XVIII terem sido realizadas escavações no local<ref name=ARB/>, em algum momento a prioridade se tornou a busca e a preservação do conhecimento sobre as eras mais antigas da cidade através de explorações muito mais profundas do que as simples inspeções sumárias realizadas até então. Foi inevitável a decisão de demolir a ''villa'', uma obra dirigida pelo arquiteto [[Alfonso Bartoli]], um dos defensores de que as novas descobertas que seriam feitas mais do que justificariam a destruição do magnífico edifício. As escavações realizadas entre 1926 e 1928 foram, de fato, muito produtivas e, por consequência, a única estrutura sobrevivente do complexo renascentista é a pequena [[lógia]], recortada do antigo palácio, e uma estrutura mais recente, construída já pelas [[Ordem da Visitação de Santa Maria|freiras da Visitação]], que se transformou na sede do [[#Antiquário do Palatino|Antiquário do Palatino]]<ref name=ARB>{{citar periódico |url = http://www.arborsapientiae.com/libro/17661/villa-mills-sul-palatino-e-la-domus-augustana-ar-10.html| título = Villa Mills sul Palatino e la Domus Augustana| jornal = Antichita’ Romane - AR| número = 10| nome1 = Maria Elisa | sobrenome1 = Garcia Barraco| nome2 = Alfonso | sobrenome2 = Bartoli| ano = 2015 | editora = Arbor Sapientiae Editore| local = Roma | isbn = 978-88-97805-33-5| língua = italiano}}</ref>.

Depois da demolição da ''Villa Mills'', puderam iniciar as escavações sistemáticas no local e foram trazidas à luz as residências onde viveram por quatro séculos os primeiros [[imperador romano|imperadores romanos]]: o chamado [[Palácio Augustano]], que era a parte privada do palácio com os apartamentos e banheiros dos "[[augusto (título)|augustos]]", depois ampliada por [[Domiciano]] no século I para se tentar obter um pouco de privacidade no complexo imperial, que se estendia por todo o Palatino. Inicialmente confundida com a [[Casa de Augusto|residência de Augusto]], que fica mais para o oeste, o Palácio Augustano foi projetado pelo arquiteto [[Rabírio]] e era um vasto edifício com dois pisos voltados para o [[Circo Máximo]] e um amplo [[pórtico]] semicircular no centro do qual ficava a entrada<ref name=ARB/>.

Na história de Villa Mills revela-se uma maneira diferente de viver e compreender ruínas antigas, um [[romantismo|gosto romântico]] por antiguidades inseridas em contextos artísticos e em jardins bem cuidados para serem compartilhadas com um pequeno círculo de amigos e visitantes. A certeza de encantar seus convidados e de poder apreciar a paisagem e o conjunto histórico, apreciando a [[ruína]] não por seu valor absoluto, mas por sua capacidade de evocar a memória do mundo antigo. A arte clássica e a arte renascentista até o final do século XIX fascinavam os poucos eleitos que podiam desfrutar de propriedades no topo do Palatino, às vezes preservando-as de estranhos com extremo ciúme (como no caso dos Rancoureil, proprietários da ''villa'' por um tempo, que forçaram [[Piranesi]] a imaginar subterfúgios para poder desenhar as ruínas dos palácios imperiais), mas também abrindo-as para visitas públicas, como fizeram os Brunati, os Gell e os Mills<ref name=ARB/>.

{{Âncora|Casina Farnese}}
== Antiquário do Palatino e a ''Casina Farnese'' ==
{{AP|Museu Palatino}}
[[Imagem:Museo Palatino Roma.jpg|thumb|direita|upright=1.4|Antiquário do Palatino.]]
Depois da demolição da ''Villa Mills'', uma das poucas estruturas preservadas foi a chamada '''''Loggietta Mattei''''' ou '''''Casina Farnese''''', onde estão os afrescos de [[Baldassare Peruzzi]], e o edifício do século XIX onde hoje fica o museu conhecido como [[Antiquário Palatino]]. Ali estão abrigados os materiais relativos aos primeiros assentamos no Palatino, as esculturas recuperadas na colina entre 1870 e hoje e uma série de [[estuque]]s e afrescos que documentam a evolução da decoração artística da época de [[Augusto]] até a [[Antiguidade tardia]]. As "Lajes de Campana" (36-28 a.C.) pertenciam à refinada decoração do [[Templo de Apolo (Roma)|Templo de Apolo]] no Palatino; da [[Casa de Augusto]] são as [[Pintura da Roma Antiga|pinturas de estilo pompeiano]] (segunda metade do século I a.C.), do [[Palácio Tiberiano]] e do [[Palácio Transitório]], as [[intársia]]s em [[mármore]] utilizadas como revestimentos nas paredes<ref name = CT>{{citar web|url = http://cittaturistiche.com/turismo-24-Casa-Romuli-Casa-di-Livia-Domus-Flavia-Domus-Augustana-Stadio-palatino-Antiquarium-del-Palatino.html| título = Casa Romuli, Casa di Livia, Domus Flavia, Domus Augustana, Stadio Palatino, Antiquarium del Palatino| publicado = Città Turistiche| língua = italiano}}</ref>.

== Notas ==
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{{referências}}
{{título em itálico}}{{coor dms|41|53|16.5|N|12|29|09.9|E|display=title}}
[[Categoria:Villas de Roma|Mills]]
[[Categoria:Palácios de Roma|Mills]]
[[Categoria:Edifícios demolidos na Itália]]
[[Categoria:Palatino]]
[[Categoria:Mattei]]
[[Categoria:Roma R. X Campitelli]]