Desassossego

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Desassossego
Brasil
2011 •  cor •  65 min 
Distribuição Vitrine Filmes
Idioma português

Desassossego é um longa-metragem coletivo dirigido por Felipe Bragança e Marina Meliande em 2011. Este filme é construído em torno de um conceito que reúne 10 fragmentos autónomos feitos por cineastas diferentes. As diferentes partes do filme são o resultado da interpretação de cada um dos 14 diretores sobre uma carta de 6 paginas escrita e enviada a eles por Felipe Bragança[1]. Essa carta de desassossego foi escrita em 2007, inspirada por um bilhete encontrado escrito na porta do armário de uma menina de 16 anos no Rio de Janeiro. A carta reúne temas como o amor, a utopia e o apocalipse. O filme tem como objetivo reunir o pensamento cinematográfico de cineastas diferentes que tem que enfrentar as afirmações desta carta.

Desassossego é o último filme da trilogia Coração no Fogo, dirigido por Marina Meliande e Felipe Bragança, incluindo A Fuga da Mulher Gorila e A Alegria.

Desassossego não segue uma continuidade narrativa clássica, mas agrupa diferentes quadros espaço-temporais específicos escolhidos por cada um dos directores. No entanto, os diferentes fragmentos do filme produzem micro narrativas autónomas que uma única montagem reúne para formar um conjunto homogêneo e interdependente. A justaposição das diferentes sequências esta na origem de um novo significado especifico para o filme como um todo.

Os fragmentos foram realizados entre 2008 e 2010 no Rio de Janeiro, no Ceará, em São Paulo e em Minas Gerais. A versão de 55 minutos deste filme foi enviada junto com a carta do desassossego para 2010 pessoas no Brasil e no exterior. De acordo com os autores do filme[2], as repostas poderiam se transformar em um novo filme.

Produção[editar | editar código-fonte]

O filme combina vários formatos de imagem (como Super-8, VHS, HD e mini-DV), bem como diferentes gêneros (como ficção, documentário e animação), então é articulado em torno dessas diferentes texturas. De fato, como evocou Felipe Bragança em entrevista concedida à revista Cine Esquema Novo em 2011[3], Desassossego reflete o encontro desses 14 cineastas em torno de um desejo comum de sonhar filmes impossíveis e ir além das diferenciações entre os tipos de imagens criados por cada artista.

As várias texturas, narrativas e gêneros são encontrados em um trabalho de edição de som e montagem que une e articula essas diferenças. O filme se apresenta como uma tentativa de fazer as várias partes interagirem, respeitando o trabalho de cada um dos cineastas. O objetivo do filme pode ser visto como uma busca para extrair visões diferentes, a fim de criar um discurso único.

O filme foi construído através da ideia de uma carta-filme, o DVD seria acompanhado pela carta original para criar um convite para o público e para outros cineastas oferecerem sua própria interpretação. A presença desta carta é refletida no filme através das palavras de uma atriz assistindo e falando diretamente para a câmera. Esses planos permitem articular e agrupar os diferentes fragmentos, criando assim um senso comum para o filme.

Desassossego não segue as regras clássicas da narração, está ancorado e se desenvolve em torno de uma abordagem experimental. Nesse sentido, cada um dos fragmentos é independente, mas interage entre si para formar um trabalho coletivo. A alternância entre as diferentes sequências não é delimitada precisamente, não há quebras entre os fragmentos e é através do trabalho de pós-produção que um conjunto homogêneo é criado. Os desejos de uma adolescente inspiraram a escrita da carta, elementos que são encontrados de uma maneira única dentro de cada fragmento do filme. Nesse sentido, os temas da infância e adolescência são preponderantes ao longo do filme.

Além da coordenação e da ideia desse filme coletivo, Felipe Bragança também dirigiu um dos fragmentos do filme que acontece na floresta amazônica e que mostra a ligação entre uma menina e um robô, entre o passado e o futuro, e entre a natureza e a modernidade. Esta sequência ficcional alterna entre imagens reais e imagens de animação. A transição entre esses dois regimes de imagem é através de um uso fora de quadro. Isso permite representar a imaginação da infância enquanto experimenta uma nova relação entre imagens inseridas no universo de ficção científica.

Em comparação, o fragmento feito por Karim Aïnouz ocorre nas ruas de Berlim e adota a forma documental. Isso mostra que o mesmo tema pode ser interpretado de maneira bem diferente. Além disso, o filme termina com essas imagens de Berlim sob a neve em rewind. O uso desse efeito traz um lado ficcional para o trabalho documental de Karim Aïnouz[4].

Festivais e Prémios[editar | editar código-fonte]

  • Janela International de Cinema do Recife 2010
  • 40th Rotterdam Film Festival – Bright Future Section (International Premiere)
  • II Semana dos realizadores - Rio de Janeiro
  • Contemplado pelo Edital Rumos Cinema e Video, do Itau Cultural 2009-2011

Referências

Bibliografia[editar | editar código-fonte]