Agaonidae

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Como ler uma infocaixa de taxonomiaAgaonidae

Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Arthropoda
Classe: Insecta
Ordem: Hymenoptera
Superfamília: Chalcidoidea
Família: Agaonidae

Agaonidae é família de pequenas vespas conhecidas como vespas-do-figo[1], que inclui tanto espécies polinizadoras quanto não polinizadoras. Incluem por volta de 1000 espécies viventes, distribuídas dentre quase 80 gêneros pertencentes a quatro subfamílias[2]. No entanto, a taxonomia e relações filogenéticas do grupo têm sido conturbadas, pois a conformação original era considerada parafilética; a tendência atual baseada em dados moleculares [3]tem sido de migrar algumas subfamílias de Agaonidae para Pteromalidae.

Ecologia[editar | editar código-fonte]

Vespas desta família desenvolveram diversas formas de simbiose com árvores figueiras. As espécies polinizadoras associadas com figueiras pertencem às subfamílias Agaoninae, Kradibiinae e Tetrapusiinae. Estas vespas polinizam cerca de 900 espécies de figueiras no mundo, sendo normalmente uma relação mutualística obrigatória e espécie-específica[4]. As espécies não-polinizadoras desenvolveram hábitos parasíticos[5], atacando ou o figo em desenvolvimento ou as vespas polinizadoras a ele associadas. Vespas dos figos são consideradas um interessante caso de evolução, em que o hábito de vida galhador desenvolveu-se em uma forma de mutualismo entre as espécies envolvidas, produzindo os frutos[6].

Estas pequenas vespas desenvolveram simbiose com a inflorescência das figueiras[7], que fica localizada em um receptáculo fechado denominado de sicônio: uma esfera oca recoberta com centenas de pequenas flores. A(s) vespa(s) polinizadora(s) entra(m) pelo pequeno orifício do figo chamado de ostíolo e vão caminhando sobre as flores para pôr seus ovos, polinizando-as. Tipicamente, esta vespa depois morre dentro deste figo[8]. As larvas desenvolvem galhas dentro das flores e, em seguida, consomem as sementes. Depois de metamorfosearem-se em vespas adultas, as novas vespinhas de ambos os sexos copulam dentro do figo e as fêmeas deixam o fruto em busca de um novo figo para ovipositar/polinizar. Os machos precisam abrir buracos nas galhas contendo as fêmeas, para inserir sua genitália telescopada dentro, e assim inseminá-las. Eles também usam suas fortes mandíbulas para combater outros machos[9]. Eles nunca deixam o figo, morrendo em seu interior[10].

Morfologia[editar | editar código-fonte]

Como caracteres principais da família podemos citar[11]: (i) veias marginais das asas anteriores tendendo a um ângulo reto (i.e. quase 90o) com a margem anterior da asa; (ii) pernas medianas com fêmur e tíbia bem menos robustos do que das pernas anteriores e posteriores; (iii) forte dimorfismo sexual, com fêmeas apresentando ovipositor evidentemente retrátil e por vezes muito longo, e machos com asas reduzidas ou ausentes e fortes mandíbulas para combate.

De acordo com registros fósseis, as vespas da família Agaonidae mantiveram-se morfológica e ecologicamente estáveis ao longo do tempo geológico, sendo as formas originais dos períodos Eoceno e Mioceno quase idênticas às espécies viventes[12].

Referências

  1. «Nova fase na relação entre figueiras e vespas é desvendada». AGÊNCIA FAPESP. Consultado em 1 de agosto de 2023 
  2. Cook, James M.; Segar, Simon T. (janeiro de 2010). «Speciation in fig wasps». Ecological Entomology (em inglês): 54–66. doi:10.1111/j.1365-2311.2009.01148.x. Consultado em 1 de agosto de 2023 
  3. Rasplus, Jean-Yves; Kerdelhué, Carole; Le Clainche, Isabelle; Mondor, Guénaëlle (1 de junho de 1998). «Molecular phylogeny of fig wasps Agaonidae are not monophyletic». Comptes Rendus de l'Académie des Sciences - Series III - Sciences de la Vie (em inglês) (6): 517–527. ISSN 0764-4469. doi:10.1016/S0764-4469(98)80784-1. Consultado em 1 de agosto de 2023 
  4. Figueiredo, Rodolfo Antônio de (9 de dezembro de 1991). «Espécie-especificidade das vespas de figo: um estudo com figueiras exóticas». Ciência e Natura: 117–122. ISSN 2179-460X. doi:10.5902/2179460X26306. Consultado em 1 de agosto de 2023 
  5. Elias, Larissa G.; Ó, Vanessa T. do; Farache, Fernado H. A.; Pereira, Rodrigo A. S. (setembro de 2007). «Efeito de vespas não-polinizadoras sobre o mutualismo Ficus - vespas de figos». Iheringia. Série Zoologia: 253–256. ISSN 0073-4721. doi:10.1590/S0073-47212007000300006. Consultado em 1 de agosto de 2023 
  6. Schick, Katherine N.; Dahlsten, Donald L. (1 de janeiro de 2009). Resh, Vincent H.; Cardé, Ring T., eds. «Chapter 106 - Gallmaking and Insects». San Diego: Academic Press (em inglês): 404–406. ISBN 978-0-12-374144-8. doi:10.1016/b978-0-12-374144-8.00115-6. Consultado em 1 de agosto de 2023 
  7. «Agaonidae». figweb.myspecies.info (em inglês). Consultado em 1 de agosto de 2023 
  8. «Figo não é fruta e 'come' vespa; entenda». G1. 3 de junho de 2023. Consultado em 1 de agosto de 2023 
  9. Pereira, R. a. S.; Prado, A. P. (maio de 2006). «Effect of local mate competition on fig wasp sex ratios». Brazilian Journal of Biology (em inglês): 603–610. ISSN 1519-6984. doi:10.1590/S1519-69842006000400004. Consultado em 1 de agosto de 2023 
  10. Fernandes, Francisca Maria; Carvalho, Luís Mendonça de; Nunes, Maria de Fátima (2023). «Simbiose entre figueiras e vespas». Revista de Ciência Elementar (1). ISSN 2183-9697. doi:10.24927/rce2023.008. Consultado em 1 de agosto de 2023 
  11. «Chalcidoidea». www.nhm.ac.uk. Consultado em 1 de agosto de 2023 
  12. PeñAlver, Enrique; Engel, Michael S.; Grimaldi, David A. (2006). «Fig Wasps in Dominican Amber (Hymenoptera: Agaonidae)». American Museum Novitates (em inglês) (1). 1 páginas. ISSN 0003-0082. doi:10.1206/0003-0082(2006)3541[1:FWIDAH]2.0.CO;2. Consultado em 1 de agosto de 2023