Mostrar código-fonte de Agostinho de Hipona

{{Ver desambig|redir1=Agostinho|redir2=Santo Agostinho|o santo homônimo|Agostinho de Cantuária||Agostinho (desambiguação)}}
{{Mais notas|data=junho de 2021}}
{{Info/Santo
 | nome   = Santo Agostinho de Hipona
 | nascimento_data = {{dni|13|11|354|sem idade|lang=br|sem idade}}
 | nascimento_local = [[Tagaste]], [[Numídia]] (moderna [[Souk Ahras]], [[Argélia]])
 | morte_data = {{nowrap|{{morte|28|8|430|13|11|354|lang=br}}}}
 | morte_local = [[Hipona]], [[Numídia]] (moderna [[Annaba]], [[Argélia]])
 | dia_consagrado = [[28 de agosto]] no [[cristianismo ocidental|ocidente]]<br>[[15 de junho]] no [[cristianismo oriental|oriente]]<br>[[4 de novembro]] na [[Igreja Assíria do Oriente]]
 | venerado_em = Toda [[Cristianismo|Cristandade]]
 | imagem = Saint Augustine by Philippe de Champaigne.jpg
 | imagem_tamanho =
 | legenda = Retrato de Santo Agostinho de [[Philippe de Champaigne]], {{séc|XVII}}
 | títulos = [[Bispo]] de [[Hipona]]; [[Doutor da Igreja]] (''Doctor Gratiae'')
 | atribuições = [[criança]]; [[Pombo-comum|pomba]]; [[pena]] (de [[Escrita|escrever]]); [[concha]]; [[Coração humano|coração]] trespassado; segurando um livro com uma pequena igreja; [[báculo|cajado episcopal]]; [[mitra]]
 | patrono = [[teólogo]]s; [[agostiniano]]s; [[Impressão|impressores]]; [[Diocese de Coimbra]], [[Diocese de Leiria-Fátima|Leiria-Fátima]], diversas cidades e dioceses<ref name="KnoYrSaint">{{citar web|url =http://www.catholicapologetics.info/library/saints/index.htm|título =Know Your Patron Saint|publicado =catholicapologetics.info|língua =inglês}}</ref>
 | principal_templo = [[San Pietro in Ciel d'Oro]], [[Pavia]], [[Itália]]
}}
{{Info/Biografia
 |nome   = Agostinho de Hipona
 |imagem = Antonio Rodríguez - Saint Augustine - Google Art Project.jpg
 |imagem_tamanho   = 200px
 |magnum_opus =''[[Confissões]]''
''[[De Civitate Dei|A Cidade de Deus]]''
 |interesses = [[Teologia]], [[Epistemologia]] e [[Filosofia]]
 |ideias_notáveis = [[Predestinação]], [[Pecado original]], Análise da [[Trindade (cristianismo)|Trindade]]
 |influências    = [[Cícero]], [[Plotino]], [[Platão]], [[Aristoteles]], [[Ambrósio]]
 |influenciados  = [[Alvin Plantinga]], [[Tomás de Aquino]], [[João Calvino]], [[Martinho Lutero]]
}}
'''Aurélio Agostinho de Hipona''' ({{lang-la|''Aurelius Augustinus Hipponensis''}};<ref>O ''[[nomen]]'' Aurélio não tem significado nenhum, exceto o de indicar que Agostinho era um [[cidadão romano]] (veja: {{citar periódico|título=What's in a Name? A Survey of Roman Onomastic Practice from c.&nbsp;700&nbsp;B.C. to A.D.&nbsp;700 |último =Salway |primeiro =Benet |periódico=The Journal of Roman Studies |volume=84 |páginas=124–45 |jstor=300873 |issn=0075-4358 |publicado=[[Society for the Promotion of Roman Studies]] |ano=1994 |doi=10.2307/300873}}).</ref> [[Tagaste]], 13 de novembro de 354 – [[Hipona]], 28 de agosto de 430), conhecido universalmente como '''Santo Agostinho''', foi um dos mais importantes [[teólogo]]s e [[filósofo]]s nos primeiros séculos do cristianismo,<ref>{{citar web|último =Mendelson|primeiro =Michael|título=Saint Augustine|url=http://plato.stanford.edu/archives/win2012/entries/augustine/|publicado=The Stanford Encyclopedia of Philosophy|acessodata=21 de dezembro de 2012}}</ref> cujas obras foram muito influentes no desenvolvimento do [[cristianismo ocidental|cristianismo]] e [[filosofia ocidental]]. Foi [[bispo]] de [[Hipona]], uma cidade na [[província romana]] da [[África Proconsular|África]]. Escrevendo na [[patrística|era patrística]], é amplamente considerado como o mais importante dos [[Padres da Igreja]] no ocidente. Suas obras-primas são ''[[De Civitate Dei]]'' ("A Cidade de Deus") e "[[Confissões]]", ambas ainda muito estudadas atualmente.

De acordo com [[Jerônimo]], seu contemporâneo, Agostinho "restabeleceu a antiga [[fé]]".<ref>Jerônimo escreveu para Agostinho em 418: "Você é conhecido por todo o mundo; católicos honram e estimam sua pessoa como aquele que restabeleceu a antiga fé" (''conditor antiquae rursum fidei''). Cf. {{citar web|url=http://www.augustinus.it/latino/lettere/lettera_200_testo.htm|título=Epistola 195|publicado=www.augustinus.it}}; {{citar livro|título=Augustine the Theologian|último=TeSelle|primeiro=Eugene|ano=1970|local=London|página=343|isbn=0-223-97728-4}} March 2002 edition: ISBN 1-57910-918-7.</ref> Em seus primeiros anos, Agostinho foi muito influenciado pelo [[maniqueísmo]] e, logo depois, pelo [[neoplatonismo]] de [[Plotino]].<ref name="Oxford:Platonism">[[#Cruz|Cruz]], cap. Platonismo</ref> Depois de se converter ao cristianismo e aceitar o [[batismo]] (387), desenvolveu uma abordagem original à filosofia e teologia, acomodando uma variedade de métodos e perspectivas de uma maneira até então desconhecida.<ref>{{citar livro|título=Augustine the Theologian|último=TeSelle|primeiro=Eugene|ano=1970|local=London|páginas=347–349|isbn=0-223-97728-4}} March 2002 edition: ISBN 1-57910-918-7.</ref> Acreditando que a [[graça|graça de Cristo]] era indispensável para a liberdade humana, ajudou a formular a doutrina do [[pecado original]] e deu contribuições seminais ao desenvolvimento da [[doutrina da guerra justa]].

Quando o [[Império Romano do Ocidente]] começou a ruir, Agostinho desenvolveu o conceito de "[[Igreja Católica]]" como uma "[[Nova Jerusalém|Cidade de Deus]]" espiritual (na obra homônima) distinta da cidade terrena e material [[Jerusalém|de mesmo nome]].<ref name="CC">{{citar livro|último =Durant |primeiro =Will |título=Caesar and Christ: a History of [[Ancient Rome|Roman]] Civilization and of Christianity from Their Beginnings to A.D. 325 |publicado=MJF Books |local=Nova Iorque |ano=1992 |isbn=1-56731-014-1 |autorlink =Will Durant}}</ref> "A Cidade de Deus" estava também intimamente ligada ao segmento da Igreja que aderiu ao conceito da [[Trindade (cristianismo)|Trindade]] como postulado pelo [[Primeiro Concílio de Niceia|Concílio de Niceia]] e pelo [[Primeiro Concílio de Constantinopla|Concílio de Constantinopla]].<ref>{{citar livro|último =Wilken |primeiro =Robert L. |título=The Spirit of Early Christian Thought |publicado=[[Yale University Press]] |local=New Haven |ano=2003 |isbn=0-300-10598-3 |página=291}}</ref>

Na Igreja Católica e na [[Comunhão Anglicana]], Agostinho é [[veneração|venerado]] como um [[santo]], um proeminente [[Doutor da Igreja]] e o patrono dos [[agostinianos]]. Sua festa é celebrada no dia de sua morte, 28 de agosto. Muitos [[Protestantismo|protestante]]s, especialmente os [[Calvinismo|calvinistas]], consideram Agostinho como um dos "pais teológicos" da [[Reforma Protestante]] por causa de suas doutrinas sobre a [[salvação (cristianismo)|salvação]] e [[Graça|graça divina]]. Na [[Igreja Ortodoxa]], algumas de suas doutrinas não são aceitas, como a da [[cláusula Filioque]],<ref name=AgoEast>{{citar livro| título = Saint Augustine in the Greek Orthodox Tradition| nome = George C.| sobrenome = Papademetriou| url = http://www.goarch.org/ourfaith/ourfaith8153| língua = inglês| acessodata = 7 de Julho de 2014| arquivourl = https://web.archive.org/web/20101105045903/http://goarch.org/ourfaith/ourfaith8153| arquivodata = 5 de Novembro de 2010| urlmorta = yes}}</ref> do [[pecado original]] e do [[monergismo]].<ref name =AgoEast/> Ainda assim, apesar destas controvérsias, é considerado também um santo, sendo comemorado como "Beato Agostinho" no dia 15 de junho.<ref>{{citar periódico |último=Archimandrite [now Archbishop] Chrysostomos |título=Book Review: ''The Place of Blessed Augustine in the Orthodox Church'' |periódico=Orthodox Tradition |volume=II |número=3&4 |páginas=40–43 |url=http://www.orthodoxinfo.com/inquirers/bless_aug.aspx#rose |acessodata=28 de junho de 2007 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20070710012506/http://www.orthodoxinfo.com/inquirers/bless_aug.aspx#rose#rose |arquivodata=10 de Julho de 2007 |urlmorta=yes }}</ref> Ainda assim, numerosos autores ortodoxos advogaram a favor de suas obras e de sua personalidade, como [[Genádio II de Constantinopla]] e [[Seraphim Rose]].

== Biografia ==
=== Infância e educação ===
[[Imagem:15th-century unknown painters - St Augustine Sacrificing to a Manichaean Idol - WGA23575.jpg|thumb|direita|369x369px|Agostinho sacrificando para ídolos maniqueístas. Até se converter ao cristianismo, Agostinho se interessou por diversas filosofias e religiões.<br><small>Atribuído a [[Aert van den Bossche]]. Atualmente na [[Mauritshuis]], em [[Haia]].</small>]]

Agostinho nasceu em 354 no [[município romano|município]] de [[Tagaste]] na [[província romana]] da [[Numídia (província romana)|Numídia]].<ref>[[Paul MacKendrick|MacKendrick, Paul]]  (1980) ''The North African Stones Speak'', Chapel Hill: University of North Carolina Press, p. 326, ISBN 0709903944.</ref><ref>[[Everett Ferguson|Ferguson, Everett]] (1998) ''Encyclopedia of Early Christianity'', Taylor & Francis, p. 776, ISBN 0815333196.</ref> Sua mãe, [[Santa Mônica|Mônica]], era uma cristã devota e seu pai, Patrício, um [[Religião na Roma Antiga|pagão]] convertido ao cristianismo no leito de morte.<ref>Vesey, Mark, trans. (2007) "Confessions Saint Augustine",8 introduction, ISBN 978-1-59308-259-8.</ref> Estudiosos acreditam que entre seus ancestrais estavam [[berberes]], [[latinos]] e [[fenícios]],<ref name="KP">Power, Kim (1999) "Family, Relatives", pp. 353–54 in ''Augustine through the ages: an encyclopedia''. Allan D. Fitzgerald (ed.). Grand Rapids: Wm. B. Eerdmans, ISBN 978-0-8028-3843-8.</ref> mas ele próprio considerava-se um [[púnicos|púnico]].<ref>Mark Ellingsen. ''The Richness of Augustine: His Contextual and Pastoral Theology''. Westminster John Knox Press, 2005. p. 10. ''"Noli istum Poenum monentem vel admonentem terrena intlatus propagine spernere..."''</ref> Seu ''[[nomen]]'', Aurélio, sugere que os ancestrais de seu pai eram [[liberto]]s da [[gente Aurélia]] e que receberam a [[cidadania romana]] depois do [[Édito de Caracala]] (Marco Aurélio Antonino) em 212 e, portanto, a família já era romana do ponto de vista legal por pelo menos um século quando Agostinho nasceu.<ref>Lancel, Serge (2002) ''Saint Augustine'', Hymns Ancient & Modern, p. 5, ISBN 0334028663.</ref> Assume-se que Mônica era berbere por causa do nome,<ref name="KP"/><ref>Michael Brett and Elizabeth Fentress, ''The Berbers'', Wiley-Blackwell, 1997, pp. 71, 293</ref> mas, como a família era formada por [[decurião (administrativa)|honestitores]], uma classe mais elevada de cidadãos chamados de "homens honrados", é muito provável que Agostinho tenha sido educado em [[latim]].<ref name="KP"/> Aos onze anos, ele foi enviado para uma escola em Madauro (atual [[M'Daourouch]]), uma pequena cidade númida a apenas 30 quilômetros ao sul de Tagaste, e ali aprendeu [[literatura latina]] e as [[Religião na Roma Antiga|práticas e crenças pagãs]].<ref>Andrew Knowles and Pachomios Penkett, ''Augustine and his World'' Ch. 2.</ref> Foi ali também, por volta de 369 ou 370, que leu o [[diálogo]] perdido de [[Cícero]], "[[Hortênsio (Cícero)|Hortênsio]]", que o próprio Agostinho credita como responsável por despertar seu interesse em filosofia.<ref name="EA">''Encyclopedia Americana'', v. 2, p. 685. Danbury, CT: Grolier, 1997. ISBN 0-7172-0129-5.</ref>

Aos dezessete, graças à generosidade de um amigo, Romaniano,<ref name=EA/> Agostinho mudou-se para [[Cartago]] para estudar [[retórica]]. Embora tenha sido criado um cristão, passou a seguir ali o [[maniqueísmo]], para desespero de sua mãe.<ref>{{citar web|último = Pope |primeiro = Hugh |obra=Catholic Encyclopedia |título= Saint Monica| url = http://www.newadvent.org/cathen/10482a.htm |acessodata=20 de abril de 2012}}</ref> Como todos os jovens de sua época e classe social, Agostinho adotou um estilo de vida [[hedonismo|hedonista]] por um tempo, associando-se a outros jovens que se vangloriavam de suas aventuras sexuais com mulheres e homens. Os mais velhos estimulavam os mais inexperientes a contar ou inventar histórias sobre aventuras para que fossem aceitos.<ref name="ReferenceA">Agostinho de Hipona, ''Confissões'', 3:3</ref> É deste período uma famosa oração de Agostinho, ''"Senhor, conceda-me [[castidade]] e [[continência]], mas não ainda"''.<ref>Agostinho de Hipona, ''Confissões'', 8:7</ref>

Dois anos depois, Agostinho iniciou um romance com uma jovem cartaginesa, mas, provavelmente para manter-se em condições de realizar o desejo de sua mãe de casar com alguém de sua própria classe social, o casal se manteve em [[concubinato]]<ref name=Uta>{{citar livro|título= Eunuchs for the Kingdom of Heaven: Women, Sexuality and the Catholic Church |último =Ranke-Heineman |primeiro = Uta|publicado= Penguin Books |local= US |ano=1988|isbn=9780385265270}}</ref> por mais de treze anos, período no qual tiveram um filho, [[Adeodato (filho de Agostinho de Hipona)|Adeodato]],<ref>Agostinho de Hipona, ''Confissões'', 4:2</ref> um rapaz considerado extremamente inteligente por seus contemporâneos.<ref name = Adeodatus>{{citar web|último = A'Becket|primeiro = John|obra=Catholic Encyclopedia |título= Adeodatus|url= http://www.newadvent.org/cathen/01141e.htm |acessodata=20 de abril de 2012}}</ref>

=== Professor de retórica ===
Entre 373 e 374, Agostinho ensinou [[gramática]] em Tagaste. No ano seguinte, mudou-se para Cartago para dirigir uma escola de retórica e lá permaneceu pelos nove anos seguintes.<ref name=EA/> Perturbado pelo comportamento indomável de seus estudantes, fundou, em 383, uma escola em [[Roma]], onde acreditava estarem os maiores e mais brilhantes retóricos. Porém, se desapontou com a [[:wikt:apatia|apatia]] com que foi recebido pelas escolas romanas. Para piorar, seus estudantes, quando chegava o momento de pagar pelas aulas, simplesmente fugiam. Seus amigos maniqueístas então o apresentaram ao [[prefeito urbano de Roma|prefeito urbano]], [[Quinto Aurélio Símaco|Símaco]], que tentava conseguir um professor de retórica para servir na corte imperial em [[Mediolano]] ([[Milão]]).<ref name="celife" /> Agostinho conseguiu a posição e viajou para o norte para assumi-la no final de 384. Aos trinta anos de idade, já havia conquistado a mais visível de todas as posições acadêmicas do mundo latino, justamente numa época que tais postos eram portas de entrada para carreiras políticas. Neste período, embora demonstrasse algum fervor pelo maniqueísmo, jamais tornou-se um iniciado (um "eleito"), permanecendo um "ouvidor", o nível mais baixo da hierarquia da seita.<ref name = "celife" />

Ainda em Cartago, já havia começado a se distanciar do maniqueísmo, em parte por causa de um frustrante encontro com o bispo [[Fausto de Milevi]], um importante expoente da teologia maniqueísta.<ref name="celife"/> Em Roma, afastou-se completamente do maniqueísmo e abraçou o [[ceticismo filosófico|ceticismo]] do movimento da [[Nova Academia]]. Em Mediolano, sua mãe retomou a pressão para que ele se reconvertesse ao cristianismo. Os próprios estudos de Agostinho sobre o [[neoplatonismo]] também passaram a atraí-lo, uma direção que foi depois estimulada por seu amigo [[Simpliciano de Milão|Simpliciano]].<ref name= EA/> Mas foi o [[bispo de Milão|bispo de Mediolano]], [[Ambrósio]], quem mais influenciou Agostinho. Como ele, Ambrósio era um mestre na retórica, mas era mais velho e mais experiente.<ref name = "BeDuhn2009">{{citar livro|primeiro = Jason David |último = BeDuhn |título= Augustine's Manichaean dilemma: Conversion and apostasy, 373–388 C.E. | url = http://books.google.com/books?id=mEmZaq1Gg3wC&pg=PA163 |acessodata=17 de junho de 2011 |data=28 de outubro de 2009|publicado=University of Pennsylvania Press|isbn=978-0-8122-4210-2|página= 163}}</ref>

Em Mediolano, Agostinho permitiu que sua mãe lhe arranjasse um casamento e foi por conta disso que ele abandonou sua [[:wikt:concubina|concubina]]. Acredita-se que Agostinho realmente amasse sua parceira de mais de treze anos e o rompimento foi bastante difícil para ele. Confirmando esta tese, há evidências de que Agostinho tenha considerado seu relacionamento como equivalente ao [[matrimônio]], apesar de não ser válido perante a lei.<ref>{{citar periódico|último = Burrus |primeiro =Virginia|ano=2011|título="Fleeing the Uxorious Kingdom": Augustine's Queer Theology of Marriage |periódico=Journal of Early Christian Studies|publicado=Johns Hopkins University Press|volume=19|número=1|páginas= 1–20|doi=10.1353/earl.2011.0002 | issn=1067-6341 }}</ref> Em suas [[Confissões]], ele admitiu que a experiência da separação acabou amortecendo gradualmente sua sensibilidade à dor. Agostinho teve que esperar por mais dois anos até que sua noiva atingisse a idade para casar e logo em seguida tomou uma nova concubina. Ele finalmente terminou o noivado com sua prometida (que tinha onze anos), mas não retomou o relacionamento com nenhuma de suas antigas concubinas.

[[Alípio de Tagaste]] foi o responsável por afastar Agostinho do casamento ao ensinar-lhe que jamais poderia viver no amor a sabedoria se casasse. Muitos anos depois, Agostinho relembrou seus dias em [[Cassicíaco]] ([[Cassago Brianza]]), uma [[vila romana|vila]] nos arredores de Mediolano onde viveu com seus seguidores, e descreveu-os como ''Christianae vitae otium'' – a vida cristã de [[:wikt:ócio|ócio]].<ref name="Ferguson208">Ferguson, Everett (1999) ''Christianity in relation to Jews, Greeks, and Romans'', Taylor & Francis, p. 208, ISBN 0-8153-3069-3.</ref>

=== Conversão e sacerdócio ===
[[Imagem:Château de Versailles, petit appartement de la reine (1er étage), La Conversion de saint Augustin, Charles-Antoine Coypel (1736).jpg|thumb|esquerda|200px|Conversão de Agostinho.<br><small>1756. Por [[Charles-Antoine Coypel]], atualmente no [[Palácio de Versalhes]], na [[França]].</small>]]

No verão de 386, depois de ouvir a história da vida de [[Santo Antão do Deserto]] por Placiano e seus amigos, Agostinho se converteu. Como ele próprio contou depois, a conversão foi incitada por uma voz infantil que ele ouviu pedindo-lhe para "tomar e ler" ({{lang-la|''tolle, lege''}}), o que ele entendeu ser um comando divino para abrir a [[Bíblia]], abri-la e ler a primeira coisa que encontrasse. Agostinho abriu na [[Epístola aos Romanos]] num trecho conhecido como "transformação dos crentes", os capítulos 12 ao 15, no qual [[Paulo de Tarso|Paulo]] delineia como o [[Evangelho]] transforma os crentes e seu comportamento. O trecho exato, segundo ele, foi;<ref name=Conversion/>
{{citação2|{{citar bíblia|Romanos|13|13|14|citação=Andemos honestamente como de dia, não em orgias e bebedices, não em impudicícias e dissoluções, não em contendas e ciúmes; mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo, e não vos preocupeis com a carne para não excitardes as suas cobiças.}}|Agostinho de Hipona|[[Confissões (Santo Agostinho)|Confissões]]<ref name=Conversion>{{citar livro|autor = Augustine of Hippo |título= Confessions |ano= 2008|publicado= Oxford University Press|local= Nova Iorque |páginas=152–53  | outros = Chadwick, Henry transl}}</ref>}}

[[Ambrósio]] batizou Agostinho e seu filho [[Adeodato (filho de Agostinho de Hipona)|Adeodato]] na [[Vigília da Páscoa]] de 387 em Mediolano. Um ano depois, em 388, Agostinho completou sua [[apologética cristã|apologia]] "Sobre a Santidade da Igreja Católica".<ref name="celife"/> No mesmo ano, a família decidiu voltar para a África,<ref name=EA/> mas [[Santa Mônica|Mônica]] morreu em [[Óstia Antiga|Óstia]], perto de Roma, quando se preparava para embarcar.<ref>{{citar web|último =Pope|primeiro =Hugh|obra= Catholic Encyclopedia |título= Saint Monica|url=http://www.newadvent.org/cathen/10482a.htm|acessodata=20 de abril de 2012}}</ref> Quando chegaram, passaram a viver aristocraticamente com os rendimentos auferidos pelas extensivas propriedades da família na região.<ref>[[Possídio]], ''v. Aug.'' 3.1</ref><ref>Lepelley, 2:176-77</ref> Logo depois, Adeotato também faleceu<ref name = Adeodatus/> e Agostinho, entristecido, vendeu todo seu patrimônio e deu o dinheiro aos pobres, mantendo apenas a casa da família, que ele converteu numa fundação [[monasticismo|monástica]] para si e alguns amigos.<ref name=EA/>

Em 391, foi [[ordem (sacramento)|ordenado]] [[sacerdote]] em Hipona e rapidamente tornou-se um pregador muito famoso - há mais de 350 sermões de Agostinho que se acredita serem autênticos - e um ardoroso adversário do maniqueísmo, sua religião da juventude.<ref name="celife">Portalié, Eugène. {{citar web | url=http://www.newadvent.org/cathen/02084a.htm | título= "Life of St. Augustine of Hippo" | publicado=www.newadvent.org }} ''The Catholic Encyclopedia''. Vol. 2. Nova Iorque: Robert Appleton Company (1907). Retrieved 30 September 2011</ref> Em 395, foi nomeado [[bispo coadjutor]] de Hipona e, logo depois, assumiu o [[bispo|trono episcopal]],<ref>Brown, Peter (2000) ''Augustine of Hippo: A Biography'', Berkeley: University of California Press, ISBN 0520227573.</ref> motivo pelo qual é conhecido como "Agostinho de Hipona", uma posição que manteve até sua morte em 430.<ref>Agostinho, ''ep.''126.1</ref> Suas "Confissões" foram escritas entre 397 e 398, ao passo que "A Cidade de Deus" foi escrita para consolar os cristãos logo depois do traumático [[saque de Roma (410)|saque de Roma]] pelos [[visigodos]] em 410.

Neste período, Agostinho trabalhou incansavelmente para converter o povo de Hipona. Apesar de ter deixado o mosteiro, continuou a levar uma vida [[ascetismo|asceta]] na residência episcopal. Para seus companheiros, deixou uma ''[[regra monástica|regula]]'' que fez com que, muito depois, fosse considerado como o "[[padroeiro]] do [[clero regular]]".<ref>{{citar web|url = http://saints.sqpn.com/saint-augustine-of-hippo/| título = Saint Augustine of Hippo| publicado = Saints.sqpn.com| língua = inglês}}</ref>

Grande parte do que sabemos sobre os anos finais de Agostinho foi relatada por seu amigo [[Possídio]], o [[bispo]] de [[Calama (sé titular)|Calama]] (moderna [[Guelma]], na Argélia), em sua obra ''Sancti Augustini Vita''. Possídio admirava Agostinho como uma pessoa intelectualmente poderosa e de retórica arrebatadora que aproveitava todas as oportunidades para defender o cristianismo contra seus detratores. Ele preservou também os traços pessoais de Agostinho em detalhes, revelando um indivíduo que comia pouco, trabalhava muito, desprezava fofocas, evitava as tentações da carne e era muito prudente na administração financeira de sua [[sé episcopal|sé]].<ref>[[#Weiskotten|Weiskotten]]</ref>

=== Morte e veneração ===
Na primavera de 430, os [[vândalos]], uma [[tribos germânicas|tribo germânica]] convertida ao [[arianismo]], invadiram a África romana e cercaram Hipona. Agostinho, porém, já estava irremediavelmente doente. De acordo com Possídio, um dos poucos milagres atribuídos a ele, a cura de um doente, deu-se durante o cerco.<ref>[[#Weiskotten|Weiskotten]], p. 43</ref> Ainda segundo ele, Agostinho passou seus últimos dias em oração e [[penitência]], com [[Livro dos Salmos|salmos]] pendurados nas paredes de seu quarto para que pudesse lê-los. Antes de morrer, ordenou que a biblioteca da igreja de Hipona e todos os seus livros fossem cuidadosamente preservados, e faleceu finalmente em 28 de agosto de 430.<ref>[[#Weiskotten|Weiskotten]], p. 57</ref> Logo em seguida, os vândalos desistiram do cerco, mas retornaram não muito depois e incendiaram a cidade, destruindo tudo menos a [[catedral]] e a biblioteca de Agostinho.<ref>{{citar web|url=http://www.philosophybasics.com/philosophers_augustine.html |título=St Augustine of Hippo |publicado=PhilosophyBasics.com |língua=inglês }}</ref>

Agostinho foi [[canonização|canonizado]] por aclamação popular e foi depois reconhecido como [[Doutor da Igreja]] em 1298 pelo [[papa Bonifácio VIII]].<ref>{{1913CE|Pope Boniface VIII}}</ref>

==== Relíquias ====
[[Imagem:Pavia San Pietro Arca Sant'Agostino.JPG|thumb|300px|Túmulo de Santo Agostinho em  [[San Pietro in Ciel d'Oro]], em [[Pavia]]]]

De acordo com o "Verdadeiro Martirológio" de [[Beda]], o corpo de Agostinho foi depois [[traslação (relíquias)|trasladado]] para [[Cálhari]], [[Sardenha romana|Sardenha]], pelos bispos católicos expulsos do norte da África por [[Hunerico]]. Por volta de 720, seu corpo foi novamente trasladado por Pedro, [[bispo de Pavia]] e tio do [[rei lombardo]] [[Liuprando (rei)|Liuprando]], para a igreja de [[San Pietro in Ciel d'Oro]], em [[Pavia]], para protegê-lo contra os frequentes [[raide]]s dos [[sarracenos]]. Em janeiro de 1327, [[papa João XXII|João XII]] emitiu a [[bula papal]] ''Veneranda Santorum Patrum'' na qual nomeou os [[agostinianos]] como guardiões do túmulo de Agostinho, que foi reformado em 1362 com ricos [[baixo-relevo]]s com cenas de sua vida.

Em outubro de 1695, trabalhadores em San Pietro in Ciel d'Oro descobriram um [[sarcófago]] de mármore com alguns ossos humanos, inclusive parte de um crânio e uma disputa irrompeu entre os [[eremita]]s da [[Ordem de Santo Agostinho]] e os clérigos dos [[Cânones Regulares de Santo Agostinho]] sobre sua autenticidade, estes afirmando que eram autênticos e aqueles, que não. No fim, [[papa Bento XIII|Bento XIII]] {{nwrap|r.|1724|1730}} ordenou ao bispo de Pavia, [[monsenhor]] Pertusati, que decidisse e ele declarou que, na sua opinião, eram verdadeiros.<ref>{{citar web | url=http://www.augnet.org/default.asp?ipageid=2213&iparentid=145 | título=Augustine's tomb, Augnet | publicado=www.augnet.org | acessodata=7 de Julho de 2014 | arquivourl=https://web.archive.org/web/20140222172526/http://www.augnet.org/default.asp?ipageid=2213&iparentid=145 | arquivodata=22 de Fevereiro de 2014 | urlmorta=yes }}</ref>

Os agostinianos foram expulsos de Pavia em 1700 e se refugiaram em [[Milão]] levando com eles as relíquias de Agostinho e seu sarcófago desmontado, abrigando tudo na catedral da cidade. San Pietro ficou arruinada e só foi reformada na década de 1870 depois de uma campanha liderada por [[Agostino Gaetano Riboldi]]. As relíquias de Santo Agostinho e seu sarcófago foram reinstalados ali em 1896, quando a igreja foi reconsagrada.<ref>{{citar periódico|autor =Dale, Shanon |título=A house divided: San Pietro in Ciel d'Oro in Pavia and the politics of Pope John XXII|doi=10.1016/S0304-4181(00)00016-6|ano=2001|periódico=Journal of Medieval History|volume=27|páginas=55}}</ref><ref>Stone, Harold Samuel (2002) ''St. Augustine's Bones: A Microhistory'' (Studies in Print Culture and the History of the Book) Amherst: [[University of Massachusetts Press]], ISBN 1558493883.</ref>

== Pensamento ==
{{Agostinho}}
{{Artigo principal|Augustinologia}}

=== Antropologia cristã ===
Agostinho foi um dos primeiros autores cristãos latinos a professar uma visão clara sobre a [[antropologia cristã|antropologia teológica]]<ref>{{citar periódico|publicado= Stanford |título= Encyclopedia of Philosophy | url = http://plato.stanford.edu/entries/augustine/#PhiAnt |capítulo= Augustine |acessodata=23 de março de 2011}}</ref> ao defender o ser humano como a união perfeita de duas substâncias, o corpo e a alma. Em seu tratado tardio "Sobre os Cuidados com os Mortos"<ref>[[s:Nicene and Post-Nicene Fathers: Series I/Volume III/Moral Treatises of St. Augustin/On Care to Be Had for the Dead/Section 5|Sobre os Cuidados com os Mortos]], seção 5.</ref> (420), por exemplo, defendeu o respeito ao corpo dos mortos afirmando que ele era parte da natureza humana.<ref>Agostinho, ''De cura pro mortuis gerenda'' [[Corpus Scriptorum Ecclesiasticorum Latinorum|CSEL]] 41, 627[13–22]; PL 40, 595: ''Nullo modo ipsa spernenda sunt corpora. (...)Haec enim non ad ornamentum vel adiutorium, quod adhibetur extrinsecus, sed ad ipsam naturam hominis pertinent''.</ref> Uma das [[metáfora]]s preferidas de Agostinho para ilustrar esta unidade é o [[matrimônio]]: ''caro tua, coniunx tua'' ("Seu corpo é sua esposa").<ref>Agostinho, ''Enarrationes in psalmos'', 143, 6.</ref><ref>[[Corpus Christianorum|CCL]] 40, 2077 [46] – 2078 [74]; 46, 234–35.</ref><ref>Agostinho, ''De utilitate ieiunii'', 4,4–5.</ref> Ele acreditava que os dois elementos estavam inicialmente em perfeita harmonia, mas,  depois da [[pecado original|queda da humanidade]], passaram a combater entre si de forma dramática. Afirmava também que os dois elementos são parte de duas categorias bem distintas. Enquanto o corpo é um objeto tri-dimensional composto de [[quatro elementos]], a alma não tem dimensões espaciais<ref>Agostinho, ''De quantitate animae'' 1.2; 5.9.</ref> e é composta por um tipo de substância adequada para governar o corpo e que é parte da razão.<ref>Agostinho, ''De quantitate animae'' 13.12: ''Substantia quaedam rationis particeps, regendo corpori accomodata''.</ref> Agostinho não estava preocupado, como [[Platão]] e [[Descartes]], em explicar em detalhes a [[metafísica]] envolvida nesta união. Bastava para ele admitir que os homens eram formados por duas substâncias metafisicamente distintas, sendo a alma superior ao corpo. Esta última afirmação baseada em sua própria classificação hierárquica para todas as coisas, classificando em ordem de importância as coisas que somente existem, as que existem e vivem e, finalmente, as que existem, vivem e tem inteligência ou dispõem da razão.<ref>Agostinho, ''On the free will'' (''De libero arbitrio'') 2.3.7–6.13.</ref><ref>{{citar livro|primeiro = WE |último = Mann |capítulo= Inner-Life Ethics |título=The Augustinian Tradition |publicado=University of California Press |ano=1999 |páginas=141–42 | isbn=0-520-20999-0 |editor-nome = GB |editor-sobrenome = Matthews}}</ref>

Assim como outros [[Padres da Igreja]], como [[Atenágoras de Atenas|Atenágoras]]<ref>{{citar web|título= A Plea for the Christians |primeiro = Athenagoras |último = the Athenian | url = http://www.newadvent.org/fathers/0205.htm |publicado= New advent}}</ref> por exemplo, Agostinho ''"condenou vigorosamente a prática do [[aborto induzido]]"'' e considerava-o um crime em qualquer estágio da [[gravidez]],<ref name="Fitzgerald, 1">{{citar enciclopédia|publicado= Wm B Eerdmans | isbn = 978-0-8028-3843-8|página= 1|editor-nome = Allan D |editor-sobrenome = Fitzgerald |último = Bauerschmidt |primeiro = John C |título= Abortion|enciclopédia= Augustine Through the Ages: An Encyclopedia|ano= 1999}}</ref> embora ele tenha aceitado a distinção entre [[feto]]s "formados" e "não formados" mencionada na tradução da ''[[Septuaginta]]'' do {{citar bíblia|Êxodo|21|22|23}}, um trecho que, segundo ele, não classificava como assassinato o aborto de um feto "não formado", pois não se podia defender com certeza se ele já teria recebido uma alma.<ref>''De Origine Animae'' 4.4) - {{citar web|título= On the Soul and Its Origin |obra= Fathers | url = http://www.newadvent.org/fathers/15084.htm |publicado= New advent}}</ref>

=== Astrologia ===
Os contemporâneos de Agostinho acreditavam que a [[astrologia]] era uma [[ciência exata]] e genuína; seus praticantes eram considerados como verdadeiros eruditos e chamados ''mathemathici''. A disciplina tinha um importante papel na doutrina [[maniqueísmo|maniqueísta]] e Agostinho se sentiu atraído por este tipo de literatura quando jovem, fascinado principalmente pelos que alegavam poder prever o futuro. Posteriormente, já como [[bispo]], costumava aconselhar seus fieis a evitarem astrólogos que combinassem ciências com [[horóscopo]]s (é frequente que o termo ''mathematici'' nas obras de Agostinho seja traduzido como "matemático"). De acordo com ele, estes não eram verdadeiros estudantes de [[Hiparco]] ou [[Erastótenes]] e sim "vigaristas comuns".<ref>{{citar livro|título= Augustine the Bishop. The Life and Work of the Father of the Church|último = Van Der Meer|primeiro = F |ano= 1961 |local= London – Newy York |página= 60}}</ref><ref>{{citar livro|título=St. Augustine of Hippo. Life and Controversies |último =Bonner |primeiro =G |publicado= The Canterbury Press |local=Norwich |ano=1986 |página=63 | isbn = 0-86078-203-4}}</ref><ref>{{citar livro|título= Saint Augustin et Cicéron, I. Cicéron dans la formation et l'oeuvre de saint Augustin |último = Testard|primeiro = M |ano= 1958|publicado= Études Augustiniennes |local= Paris |páginas= 100–6 |língua= fr}}</ref><ref>Agostinho, ''Confissões'' 5,7,12; 7,6</ref>

=== Criação ===

[[Imagem:Iluminura_de_Santo_Agostinho.jpg|thumb|esquerda|230px|Agostinho de Hipona em detalhe de [[iluminura]] do livro ''Cidade de Deus'' ([[século XV]])]]

Em "Cidade de Deus", Agostinho rejeitou tanto a imortalidade da raça humana proposta pelos [[Religião na Roma Antiga|pagãos]] quanto as ideias sobre "eras" comuns na sua época (como as pregadas por alguns gregos e pelos [[Egito Antigo|egípcios]]) e que diferiam dos escritos sagrados da Igreja.<ref>Agostinho, {{citar web | url=http://www.ccel.org/fathers2/NPNF1-02/npnf1-02-18.htm#P2017_1154484 | título= Of the Falseness of the History Which Allots Many Thousand Years to the World's Past | publicado=www.ccel.org }}, ''Cidade de Deus'', Livro 12: Cap. 10 [419].</ref> Em "A Interpretação Literal do Gênesis", Agostinho defende a posição que tudo no universo foi criado simultaneamente por Deus e não nos sete dias do calendário como requer uma interpretação literal do relato no [[livro do Gênesis|Gênesis]]. Ele argumenta que a estrutura de seis dias para a criação apresentada ali representa um arcabouço lógico e não uma passagem de tempo física - o relato teria, portanto, um significado espiritual e não físico, mas, nem por isso, menos literal. Uma razão para esta interpretação é a passagem em [[Siraque]] 18:1 (conhecido também como [[Eclesiástico]]), ''creavit omni simul'' ("Criou todas as coisas simultaneamente"), que Agostinho assumiu como prova de que os dias citados em Gênesis 1 não devem ser entendidos fisicamente.<ref>{{citar enciclopédia|publicado= Wm B Eerdmans | isbn = 978-0-8028-3843-8 |páginas= 377–78 |editor-nome = Allan D |editor-sobrenome = Fitzgerald |último = Teske|primeiro = Roland J |título= Genesi ad litteram liber imperfectus, De|enciclopédia= Augustine Through the Ages: An Encyclopedia|ano= 1999}}</ref> Agostinho também não acreditava que o [[pecado original]] tenha provocado mudanças estruturais no universo e chegou a sugerir que os corpos de [[Adão e Eva]] já teriam sido criados mortais antes da "queda".<ref>Sobre os Méritos, 1.2; Cidade de Deus, 13:1; ''Enchiridion'', 104</ref> Finalmente, Agostinho reconhece que a interpretação da história da criação é difícil e lembra que devemos estar dispostos a mudar nossas ideias conforme novas informações forem aparecendo.<ref>Young, Davis A. {{citar web | url=http://www.asa3.org/ASA/PSCF/1988/PSCF3-88Young.html | título= "The Contemporary Relevance of Augustine's View of Creation" | publicado=www.asa3.org }}, ''Perspectives on Science and Christian Faith'' '''40.1''':42–45 (3/1988). Retrieved 30 September 2011.</ref>

=== Eclesiologia ===
[[Imagem:El triunfo de la Iglesia, de Rubens.jpg|thumb|300px|"Triunfo da Igreja". Agostinho defendeu o [[amilenialismo]] e acreditava que [[Milenarismo|o milênio]] citado em {{citar bíblia|Apocalipse|20|1|10}} era simbólico e não uma descrição literal. Além disso, defendia que ele já havia começado e era idêntico ao [[dispensação|período da Igreja]] e o reino espiritual de Jesus.<br><small>Por [[Peter Paul Rubens]], atualmente no [[Museu do Prado]], em [[Madrid]].</small>]]
{{Artigo principal|Eclesiologia}}

Agostinho desenvolveu sua doutrina sobre a Igreja principalmente como reação à [[controvérsia donatista]]. Segundo ele, há apenas uma Igreja, mas dentro dela há duas realidades, o aspecto visível (a [[hierarquia católica|hierarquia institucional]], os [[sacramentos católicos|sacramentos]] e os fiéis) e o invisível (as almas dos que estão na Igreja). O primeiro é o corpo institucional estabelecido por Cristo na terra que proclama a salvação e administra os sacramentos enquanto o segundo é o corpo invisível dos eleitos, composto pelos fiéis genuínos de todas as épocas, conhecido apenas por Deus. A Igreja, que é visível e social, é composta por "trigo" e "joio", ou seja, pelos bons e pelos maus (vide a [[parábola do Trigo e do Joio]]), até o fim dos tempos. Este conceito era diretamente contrário à suposição donatista de que apenas os que vivem num [[estado (teologia)|estado de graça]] eram parte da igreja "verdadeira" ou "pura" na terra e que sacerdotes e bispos que não estivessem em estado de graça não têm autoridade ou habilidade para conferir os sacramentos.<ref name="Gonzalez">{{citar livro|autor =Gonzalez, Justo L.|título=A History of Christian Thought: Volume 2 (From Augustine to the eve of the Reformation)|publicado=Abingdon Press|isbn=0687171830|data=1970–1975}}</ref>{{rp|28}} A eclesiologia de Agostinho foi desenvolvida principalmente na "Cidade de Deus". Na obra, ele concebe a Igreja como uma cidade ou um reino celestial governado pelo amor que triunfará no final sobre todos os impérios terrenos que são auto-indulgentes e governados pelo orgulho. Agostinho seguiu [[Cipriano de Cartago|Cipriano]] ao defender que bispos e padres da Igreja são [[sucessão apostólica|sucessores dos Apóstolos]]<ref name="Gonzalez"/> e que sua autoridade é conferida por Deus.

=== Escatologia ===
Agostinho originalmente acreditava no [[premilenialismo]], ou seja, que Cristo iria literalmente fundar um reino de {{formatnum|1000}} anos na terra antes da [[ressurreição dos mortos|ressurreição geral]], mas rejeitou depois a crença afirmando que ela era "carnal". Ele foi o primeiro teólogo a expor uma doutrina sistemática do [[amilenialismo]], embora alguns teólogos e historiadores cristãos acreditem que sua visão era mais próxima dos modernos [[pós-milenialistas]]. A Igreja medieval construiu seu sistema [[escatologia|escatológico]] sobre o amilenialismo de Agostinho, no qual Cristo governa a terra espiritualmente através do triunfo da Igreja.<ref>{{citar livro|autor =Blomberg, Craig L. |título=From Pentecost to Patmos|publicado=Apollos|ano=2006|página=519|isbn=0805432485}}</ref> Durante a [[Reforma Protestante|Reforma]], teólogos como [[João Calvino]] aceitaram a doutrina.

Agostinho ensinou que o destino eterno da alma é determinado na morte<ref name="Oxford:unspecified">[[#Cruz|Cruz]]</ref><ref>Agostinho, ''Enchiridion'', 110</ref> e que o fogo do [[purgatório]] sobre os que estão no [[estado intermediário]] purifica apenas os que morreram em [[comunhão plena|comunhão]] com a Igreja, uma tese que deu origem a diversas outras teologias posteriormente.<ref name="Oxford:unspecified"/>

=== Pontos de vista epistemológicos ===
Preocupações [[epistemologia|epistemológicas]] permearam o desenvolvimento intelectual de Agostinho. Seus primeiros diálogos (''"Contra academicos"'', 386; ''"De Magistro"'',389), ambos escritos logo depois de sua conversão, refletem o uso que ele fazia de argumentos [[ceticismo|céticos]] e demonstram o desenvolvimento de sua doutrina da [[iluminacionismo|iluminação interior]]. Agostinho também propôs o [[problema das outras mentes]] em diversas obras - mais famosamente talvez em "[[Sobre a Trindade]]" (VIII.6.9) - e desenvolveu o que viria a ser uma solução padrão: o argumento a partir da analogia a outras mentes.<ref>{{citar livro|autor =Matthews, Gareth B. |título=Thought's ego in Augustine and Descartes|isbn=0801427754|publicado=Cornell University Press|ano=1992}}</ref> Ao contrário de Platão e outros filósofos anteriores, Agostinho reconheceu a centralidade do [[Problemas filosóficos de testemunho|testemunho]] para o conhecimento humano e argumentou que o que os outros nos contam pode nos trazer novos conhecimentos mesmo se não tivermos razões independentes para acreditar em seus relatos testemunhais.<ref>{{citar periódico|último=King|primeiro=Peter|autor2=Nathan Ballantyne|título=Augustine on gTestimony|periódico=Canadian Journal of Philosophy|ano=2009|volume=39|número=2|doi=10.1353/cjp.0.0045|url=http://www.canadianjournalofphilosophy.com/PDFs/cjp39-2--195-214--Ballantyne-King.pdf|página=195|acessodata=7 de Julho de 2014|arquivourl=https://web.archive.org/web/20110911164130/http://www.canadianjournalofphilosophy.com/PDFs/cjp39-2--195-214--Ballantyne-King.pdf|arquivodata=11 de Setembro de 2011|urlmorta=yes}}</ref>

=== Guerra justa ===
[[Imagem:Peter Paul Rubens - Svatý Augustin.JPG|thumb|esquerda|200px|"Santo Agostinho", uma obra que ilustra uma das mais conhecidas lendas sobre Santo Agostinho: ''"Enquanto passeava pela praia meditando sobre o mistério da Trindade, Agostinho encontrou um garoto que repetidamente jogava água do mar num buraco escavado na areia. Ao perguntar-lhe o que estava fazendo, a criança disse-lhe que pretendia colocar ali toda a água do mar. Quando Agostinho lhe explicou ser impossível realizar seu intento, a criança respondeu: “É muito mais fácil o oceano todo ser transferido para este buraco do que compreender-se o mistério da [[Trindade (cristianismo)|Santíssima Trindade]]”; em seguida, sendo um [[anjo]], desapareceu."''<ref name="HORTA">Luiz Paulo Hosta. {{citar web|url=http://books.google.com/books?id=EkzcF2QvUewC&pg=PA241|título=''A Bíblia: um diário de leitura''|publicado=books.google.com}}. Zahar. p. 241. ISBN 978-85-378-0726-2.</ref><ref>{{citar web|url = http://www.catholicculture.org/culture/library/view.cfm?recnum=8322|publicado = Catholic Culture| título = Called to Live in the Holy Spirit| autor = Arcebispo Charles J. Chaput, [[O.F.M.Cap.]]| língua = inglês}}</ref><br><small>1636-1638. Por [[Peter Paul Rubens]], atualmente na Igreja de Santo Agostinho em [[Praga]], na [[República Checa]].</small>]]

{{Artigo principal|Guerra justa}}
Agostinho afirmou que os cristãos deveriam ser [[pacifistas]] como postura pessoal e filosófica.<ref>{{citar web | url=http://www.christianitytoday.com/ct/2001/septemberweb-only/9-17-55.0.html | título= A Time For War? | publicado=www.christianitytoday.com }} Christianity Today (2001-01-09). Retrieved on 2013-04-28.</ref> Apesar disso, afirmou que passividade perante uma grave injustiça que só pudesse ser detida com violência seria um pecado. A auto-defesa ou a defesa de outros pode ser uma necessidade, especialmente quando comandada por uma autoridade legítima. Apesar de não detalhar as condições necessárias para a guerra, Agostinho cunhou o termo "guerra justa" em sua obra "Cidade de Deus".<ref>{{citar web | url=http://www.crusades-encyclopedia.com/augustineofhippo.html | título=Augustine of Hippo | publicado=www.crusades-encyclopedia.com | acessodata=7 de Julho de 2014 | arquivourl=https://archive.is/20120728203512/http://www.crusades-encyclopedia.com/augustineofhippo.html | arquivodata=28 de Julho de 2012 | urlmorta=yes }}. Crusades-encyclopedia.com. Retrieved on 2013-04-28.</ref> Essencialmente, a busca pela paz deve incluir a opção de lutar para preservá-la no longo prazo.<ref>{{citar web | url=http://www.crusades-encyclopedia.com/augustineofhippo.html | título=St. Augustine of Hippo | publicado=www.crusades-encyclopedia.com | acessodata=7 de Julho de 2014 | arquivourl=https://archive.is/20120728203512/http://www.crusades-encyclopedia.com/augustineofhippo.html | arquivodata=28 de Julho de 2012 | urlmorta=yes }}, Crusades-Encyclopedia</ref> Uma guerra justa não pode ser [[:wikt:preemptivo|preemptiva]]; deve ser defensiva e objetivar a restauração da paz.<ref>{{citar web | url=http://www.jknirp.com/mattox.htm | título=Saint Augustine and the Theory of Just War | publicado=www.jknirp.com | acessodata=2014-07-07 | arquivourl=https://web.archive.org/web/20131103033459/http://www.jknirp.com/mattox.htm | arquivodata=2013-11-03 | urlmorta=yes }}. Jknirp.com (2007-01-23). Retrieved on 2013-04-28.</ref>

[[Tomás de Aquino]], séculos depois, baseou-se na autoridade dos argumentos de Agostinho em sua tentativa de definir as condições nas quais uma guerra poderia ser considerada justa.<ref>{{citar web | url=http://www.catholiceducation.org/articles/politics/pg0029.html | título= The Just War | publicado=www.catholiceducation.org }}. Catholiceducation.org. Retrieved on 2013-04-28.</ref><ref>{{citar livro|título=The Story of Christianity|autor =Gonzalez, Justo L. |ano=1984|publicado=Harper|isbn=006185588X|local=San Francisco}}</ref>

=== Trindade ===
Agostinho tentou e esforçou-se exaustivamente por compreender e desvendar o mistério da [[Santíssima Trindade]] e uma de suas principais obras, "[[Sobre a Trindade]]", é o resultado deste esforço. Após muito tempo de reflexão, esforço e trabalho, chegou à conclusão que nós, devido à nossa mente extremamente limitada, nunca poderíamos compreender e assimilar plenamente a dimensão (infinita) de [[Deus]] somente com as nossas próprias forças e o nosso raciocínio. Concluiu que a compreensão plena e definitiva deste grande enigma só é possível quando, na [[vida eterna]], nos encontrarmos no [[Paraíso (religião)|Paraíso]] com o [[Deus Pai|Pai]], o [[Deus Filho|Filho]] e o [[Espírito Santo]].<ref>{{citar web | url=http://www.newadvent.org/fathers/1301.htm | título=Sobre a Trindade | publicado=www.newadvent.org }}</ref>

=== Mariologia ===
Embora Agostinho não tenha desenvolvido uma [[mariologia]] independente, suas afirmações sobre Maria ultrapassam em número e em quantidade as dos autores anteriores.<ref>O Stegmüller, in Marienkunde, 455</ref> Mesmo antes do [[Primeiro Concílio de Éfeso|Concílio de Éfeso]], ele defendeu a [[virgindade perpétua de Maria|sempre Virgem Maria]] como a "[[Teótoco|Mãe de Deus]]" e por causa de sua [[virgindade religiosa|virgindade]], é cheia de graça.<ref>Agostinho, ''De Sancta Virginitate'', 6,6, 191.</ref> Ele também afirmou que a Virgem Maria ''"concebeu virgem, deu à luz virgem e permaneceu virgem para sempre"''.<ref>Agostinho, ''De Sancta Virginitate'', 18</ref>

=== Conhecimento natural e interpretação bíblica ===
Agostinho defende que o texto bíblico não deve ser interpretado literalmente e sim metaforicamente se ele contradisser o que conhecemos pela ciência ou pela razão (conferida por Deus em sua doutrina). Enquanto cada passagem das [[Escrituras]] tem um sentido literal, isto não quer dizer que o texto escritural é sempre mera história; por vezes as passagens são metáforas.<ref>Agostinho, ''De Genesi ad literam 1:19–20'', Chapt. 19 [408], ''De Genesi ad literam'', 2:9</ref>

=== Pecado original ===
{{Artigo principal|Pecado original}}
Agostinho acreditava que o pecado original de [[Adão e Eva]] foi ou um ato de estupidez (''"insipientia"'') seguido de orgulho e desobediência a Deus ou desde o princípio um ato de orgulho.<ref>Ele explicou a Juliano de ''Eclanum'' que era uma tarefa sutil discernir qual veio primeiro: ''Sed si disputatione subtilissima et elimatissima opus est, ut sciamus utrum primos homines insipientia superbos, an insipientes superbia fecerit''. (''Contra Julianum'', V, 4.18; [[Patrologia Latina|PL]] 44, 795)</ref> O primeiro casal desobedeceu a Deus, que os havia comandado que não comessem da [[Árvore do conhecimento do bem e do mal]] ({{citar bíblia|Gênesis|2|17}}),<ref>Agostinho, ''Sobre o Significado Literal do Gênesis'' (''De Genesi ad litteram''), VIII, 6:12, vol. 1, p. 192-3 and 12:28, vol. 2, p. 219-20, trans. John Hammond Taylor SJ;[[Bibliothèque Augustinniene|BA]] 49,28 and 50–52; [[Patrologia Latina|PL]] 34, 377; cf. idem, ''De Trinitate'', XII, 12.17; [[Corpus Christianorum|CCL]] 50, 371–372 [v. 26–31;1–36];  ''De natura boni'' 34–35; CSEL 25, 872; PL 42, 551–572</ref> o símbolo da ordem da criação.<ref>Agostinho, ''Sobre o Significado Literal do Gênesis'' (''De Genesi ad litteram''), VIII, 4.8; BA 49, 20</ref> Segundo ele, o egoísmo fê-los comer o fruto da árvore, levando-os assim ao fracasso em reconhecer e respeitar o mundo como fora criado por Deus, com sua hierarquia de seres e valores.{{Ref label2|a}} Contudo, eles não teriam sucumbido ao orgulho e falta de sabedoria se [[Satã]] não tivesse semeado em seus sentidos ''"a raiz do mal"'' (''"radix Mali"'').<ref>Agostinho, ''Nisi radicem mali humanus tunc reciperet sensus''  ("Contra Julianum", I, 9.42; PL 44, 670)</ref> Agostinho acredita que, neste momento, a natureza humana foi ferida pela [[concupiscência]] (ou [[libido]]), o que lhes afetou a inteligência e a vontade além das afeições e desejos, inclusive o [[desejo sexual|sexual]].{{ref label2|b}} Em termos [[metafísico]]s, concupiscência não é algo, mas uma má qualidade, a ausência do bem, ou uma ferida.{{ref label2|c}}

[[Imagem:Expulsion del paraíso.jpg|thumb|300px|[[Afresco]] da "[[Queda da humanidade]] e a expulsão do paraíso", um dos temas mais importantes tratados por Agostinho em sua teoria sobre o [[pecado original]].<br><small>{{séc|XV}}. Por [[Michelangelo]] no teto da [[Capela Sistina]], no [[Vaticano]].</small>]]
[[Imagem:The Fall of Man-1616-Hendrik Goltzius.jpg|thumb|300px|"A Queda da Humanidade". Segundo Agostinho, a natureza humana foi ferida pela [[concupiscência]], um vício que domina o ser e provoca a desordem moral em homens e mulheres.<br><small>1616. Por [[Hendrik Goltzius]], atualmente na [[Galeria Nacional de Arte]], em [[Washington, DC|Washington, D.C]].</small>]]

A compreensão de Agostinho sobre as consequências do pecado original e da necessidade da [[redenção|graça redentora]] se desenvolveu principalmente durante a controvérsia contra [[Pelágio da Bretanha|Pelágio]] e seus discípulos [[Celéstio]] e [[Juliano de Eclano]],<ref name="Gonzalez"/> inspirados por [[Rufino da Síria]], que era, por sua vez, discípulo de [[Teodoro de Mopsuéstia]].<ref>[[Marius Mercator]] ''Lib. subnot.in verb. Iul. Praef.'',2,3; PL 48,111 /v.5-13/; {{citar livro|último = Bonner |primeiro = Gerald |título= Rufinus of Syria and African Pelagianism |páginas= 35(X) }} in: {{citar livro|autor = Idem |título= God's Decree and Man's Destiny |local= London |ano= 1987 |páginas= 31–47 (X) |isbn= 0-86078-203-4 |publicado=  Variorum Reprints}}</ref> Eles se recusavam a concordar que a libido teria ferido a mente e a vontade insistindo que a natureza humana recebeu o poder de agir, falar e pensar quando Deus a criou; ela não poderia perder sua capacidade moral de fazer o bem, mas as pessoas são livres para agir ou não de maneira justa. Em sua defesa, Pelágio lançou mão do exemplo dos olhos: eles tem a capacidade de enxergar, mas a pessoa pode fazer disto bom ou mau uso.<ref>Agostinho, ''[http://www.augustinus.it/latino/grazia_cristo/grazia_cristo_1_libro.htm De gratia Christi et de peccato originali]'', I, 15.16; CSEL 42, 138 [v.24–29]; Ibid., I,4.5; CSEL 42, 128 [v.15–23]. Ver {{citar livro|título=St. Augustine of Hippo. Life and Controversies |último =Bonner |primeiro =G. |publicado=The Canterbury Press |local=Norwich |ano=1986 |páginas=355–356 |isbn=0-86078-203-4}}</ref> Como [[Joviniano]], os pelagianos insistiam que as afeições e desejos humanos também não teriam sido afetados pela [[queda da humanidade|queda]]. A imoralidade - como a [[:wikt:fornicação|fornicação]] - é unicamente uma questão de vontade, ou seja, o ato de uma pessoa que não usa seus desejos naturais de forma apropriada. Como argumento, Agostinho lembrou que da aparente desobediência da carne frente ao espírito e explicou que este era uma das consequências do pecado original, a punição pela desobediência de Adão e Eva.<ref>Agostinho, ''"Contra as Duas Cartas dos Pelagianos"'' 1.31–32</ref>

Agostinho foi [[maniqueísta]] por cerca de nove anos,<ref>Brown, Peter. Augustine of Hippo. Berkeley: [[University of California Press]], 1967. ISBN 0-520-00186-9, 35</ref> uma doutrina que ensinava que o pecado original era o "conhecimento carnal".<ref>{{citar web | url=http://web.archive.org/web/20051029144459/http://www.religiousstudies.uncc.edu/jcreeves/manichaean_version_of_genesis_2-4.htm | título= The Manichaean Version of Genesis 2–4 | publicado=web.archive.org }}. Traduzido do texto árabe de Ibn al-Nadīm, Fihrist, na versão de G. Flügel em ''Mani: Seine Lehre und seine Schriften'' (Leipzig, 1862; reprinted, Osnabrück: Biblio Verlag, 1969) 58.11–61.13.</ref>

Porém, a luta de Agostinho para compreender a [[problema do mal|origem do mal]] no mundo começou muito antes disso, quando ele tinha apenas dezenove anos.<ref>Agostinho, ''De libero arbitrio'' 1,9,1.</ref> Por ''"malum"'' ("mal"), ele entendia toda concupiscência, que interpretava como um vício que domina o ser humano e provoca a desordem moral em homens e mulheres. A. Trapè insiste que sua doutrina sobre concupiscência não pode ser creditada à experiência pessoal de Agostinho, como defendem alguns acadêmicos. Seu casamento, mesmo sem a cerimônia cristã típica, foi exemplar, normal e feliz.<ref>{{citar livro|título= S. Agostino: Introduzione alla Dottrina della Grazia |último = Trapè |primeiro = A. | volume = I – Natura e Grazia |páginas= 113–114 }}</ref> Como demonstrou J. Brachtendorf, Agostinho utilizou conceitos [[estoicismo|estoicos]] [[Cícero|ciceronianos]] de paixão para interpretar a doutrina [[Paulo de Tarso|paulina]] de pecado universal e de redenção.<ref>{{citar periódico|autor = Brachtendorf, J. |ano=1997 |título= Cicero and Augustine on the Passions|página= 307 |id= {{hdl|2042/23075}} }}</ref>

O ponto de vista de que não apenas a [[alma (espírito)|alma]] humana, mas também seus sentidos foram influenciados pela queda de Adão e Eva era amplamente aceito na época de Agostinho entre os [[Padres da Igreja]].<ref>Veja {{citar livro|título=Enkrateia e Antropologia. Le motivazioni protologiche della continenza e della verginità nel christianesimo del primi secoli e nello gnosticismo |último =Sfameni Gasparro |primeiro =G. |ano=2001 |series= Studia Ephemeridis «Augustinianum» 20|local=Rome |páginas=250–251}}; {{citar periódico|último =Somers |primeiro = H.|título=Image de Dieu. Les sources de l'exégèse augustinienne  |periódico=Revue des Études Augustiniennes |volume=7 |número= 1961 |página=115 |issn=0035-2012 |id={{hdl|2042/712}}}}. Cf. [[João Crisóstomo]], ''Περι παρθενίας'' (''De Sancta Virginitate''), XIV, 6; SCh 125, 142–145; [[Gregório de Níssa]], ''{{citar web | url=http://www.newadvent.org/fathers/130105.htm | título= On the Making of Man | publicado=www.newadvent.org }}'', 17; SCh 6, 164–165 e ''{{citar web | url=http://www.newadvent.org/fathers/2907.htm | título= On Virginity | publicado=www.newadvent.org }}'', 12.2; SCh 119, 402 [17–20]. Cf. Agostinho, ''{{citar web | url=http://www.newadvent.org/fathers/1309.htm | título= Sobre o Bem do Matrimônio | publicado=www.newadvent.org }}'', 2.2; PL 40, 374.</ref> É claro que as razões para Agostinho se distanciar dos afazeres da carne era diferente das de [[Plotino]], um [[neoplatonismo|neoplatônico]]{{ref label2|d}} que ensinava que apenas através do desprezo pelos desejos carnais que se poderia alcançar o estado final da humanidade.<ref>Gerson, Lloyd P. Plotinus. Nova Iorque, NY: Routledge, 1994. 203</ref> Agostinho ensinava a redenção, ou seja, a transformação e a purificação, do corpo na ressurreição.<ref>Agostinho, ''"Enarrationes in psalmos"'', 143:6; [[Corpus Christianorum|CCL]] 40, 2077 [46] – 2078 [74]; ''Sobre o Sentido Literal do Gênesis'' (''De Genesi ad Litteram''), 9:6:11, trans. John Hammond Taylor SJ, vol. 2, p. 76-77; PL 34, 397.</ref>

Alguns autores interpretam a doutrina de Agostinho como sendo dirigida contra a [[sexualidade]] humana e atribuem sua insistência em continência e devoção a Deus como originando na necessidade de Agostinho de rejeitar sua própria natureza altamente sensual, descrita por ele mesmo em suas "Confissões". Mas, à luz de suas obras, esta tese tem sido refutada.<ref>Um comentário de Gerald Bonner explica um pouco o motivo de tantos autores se apegarem a esta versão dos fatos: ''"É claro que é sempre mais fácil opor e denunciar que entender"''. Veja {{citar livro|título=St. Augustine of Hippo. Life and Controversies |último =Bonner |primeiro =G. |publicado=The Canterbury Press |local=Norwich |ano=1986 |página=312 |isbn=0-86078-203-4}}</ref> A doutrina de Agostinho era que a sexualidade humana havia sido ferida juntamente com o resto da natureza humana e requeria a [[redenção]] de Cristo. Esta cura é um processo que se realiza nos atos conjugais. A virtude da continência é conquistada pela graça do sacramento do casamento cristão, que torna-se, assim, um ''"remedium concupiscentiae"''.<ref>Agostinho, ''De continentia'', 12.27; PL 40, 368; Ibid., 13.28; PL 40, 369; ''Contra Julianum'', III, 15.29, PL 44, 717; Ibid., III, 21.42, PL 44, 724.</ref><ref>{{citar periódico|autor =|título=A Postscript to the Remedium Concupiscentiae|periódico=The Thomist|volume= 70 |ano=2006|páginas= 481–536 |url=http://www.cormacburke.or.ke/node/932}}</ref> A redenção da sexualidade humana só será, porém, completamente realizada com a ressurreição do corpo.<ref>''[http://www.newadvent.org/fathers/1501.htm Méritos e Remissão dos Pecados, e Batismo Infantil]'' (''De peccatorum meritis et remissione et de baptismo parvulorum''), I, 6.6; PL 44, 112–113; cf. ''On the Literal Meaning of Genesis'' (De Genesi ad litteram'') 9:6:11, trans. John Hammond Taylor SJ, vol. 2, pp. 76–77; PL 34, 397.</ref>

Segundo Agostinho, o pecado de Adão é herdado por todos os seres humanos. Já em seus escritos pré-pelagianos, ele ensinava que o pecado original é transmitido pela concupiscência,<ref>Agostinho, ''Imperfectum Opus contra Iulianum'', II, 218</ref> que ele considerava como sendo a paixão tanto do corpo quanto da alma,{{ref label2|f}} o que resultava que, para ele, a humanidade era uma ''"massa damnata"'' ("massa condenada") que destrói a [[livre arbítrio|liberdade da vontade]]. Teólogos reformadores como Lutero e Calvino, também afirmavam que o pecado original destruía completamente a liberdade (veja [[depravação total]]).<ref name="Oxford:Original"/>

A formulação da doutrina do pecado original de Agostinho foi confirmada pelos [[papa]]s [[Papa Inocêncio I|Inocêncio I]] {{nwrap|r.|401|417}} e [[Papa Zósimo|Zósimo]] {{nwrap|r.|417|418}} e pela Igreja em diversos concílios:
* [[Concílio de Cartago (418)|Concílio de Cartago]] em 418
* [[Primeiro Concílio de Éfeso|Concílio de Éfeso]] em 431
* [[Concílios de Orange|Concílio de Orange]] em 529
* [[Concílio de Trento]] em 1546

[[Anselmo de Cantuária]] estabeleceu em seu opúsculo ''"[[Cur Deus Homo]]"'' (''Por que Deus [tornou-se] homem?'') a definição que foi depois seguida por todos os demais acadêmicos, a de que o pecado original é ''"a falta de retidão comum a todos os homens"'', interpretando assim a concupiscência como algo mais do que o desejo sexual segundo a definição de alguns discípulos de Agostinho,<ref>{{citar livro|título=The Making of the Middle Ages |último =Southern |primeiro =R.W. |ano=1953 |local=London |páginas=234–7}}</ref><ref>{{citar livro|título=St. Augustine of Hippo. Life and Controversies |último =Bonner |primeiro =G. |publicado=The Canterbury Press |local=Norwich |ano=1986 |página=371 |isbn=0-86078-203-4}}</ref> inclusive [[Martinho Lutero|Lutero]] e Calvino, uma doutrina que foi condenada em 1567 pelo [[papa Pio V]].<ref name="Oxford:Original"/>

=== Predestinação ===
Alguns exegetas argumentam que Agostinho ensinava que algumas pessoas estavam [[predestinação|predestinadas]] por Deus a serem salvas por um decreto eterno e soberano que [[eleição incondicional|não se baseia na vontade e nem nos méritos do homem]]. Esta graça salvadora que Deus concede é [[graça irresistível|irresistível]] e infalivelmente resulta na conversão. Deus também concede àqueles que salva o dom da [[perseverança dos santos|perseverança]] para que nenhum dos escolhidos de Deus possa se afastar ou cair em tentação.<ref name="Gonzalez"/>{{rp|44}} <ref>{{citar livro|último =Hägglund|primeiro =Bengt|título=Teologins historia|língua=de|título-trad=History of Theology |outros=Translated by Gene J. Lund|edição=4th rev.|ano=2007|publicado=Concordia Publishing House|local=St. Louis, MO|anooriginal=1968|páginas=139–140|autorlink =Bengt Hägglund|isbn=978-0758613486}}</ref> Este aspecto de sua obra foi enfatizado pelo [[jansenismo]] e pelo [[calvinismo]].

Já a [[Igreja Católica]] considera que a doutrina de Agostinho é consistente com a do [[livre arbítrio]]<ref name="ceteach"/> e afirma que ele disse muitas vezes que qualquer um pode ser salvo se quiser.<ref name="ceteach"/> Apesar de Deus saber quem será salvo e quem não será, sem possibilidade de alguém que estava destinado a se perder ser salvo, este conhecimento representa o conhecimento perfeito de Deus sobre como os homens irão escolher livremente seus destinos.<ref name="ceteach">Portalié, Eugène. {{citar web | url=http://www.newadvent.org/cathen/02091a.htm | título= "Teaching of St. Augustine of Hippo" | publicado=www.newadvent.org }} ''The Catholic Encyclopedia''. Vol. 2. Nova Iorque: Robert Appleton Company (1907). Retrieved 30 September 2011</ref>

=== Teologia sacramental ===
{{multiple image
| direction = vertical
| align = left
| width = 200
| header = Doutor Agostinho
| footer = <small>Entre 1464 e 1465. [[Afresco]]s de [[Benozzo Gozzoli]] na Capela de Santo Agostinho em [[San Gimignano]], na [[Itália]].</small>
| image1 = Benozzo Gozzoli - St Augustine Teaching in Rome (detail) - WGA10291.jpg
| alt1 = 
| caption1 = Detalhe de "Agostinho ensinando em Roma".
| image2 = Benozzo Gozzoli - St Augustine at the University of Carthage (scene 2, north wall) - WGA10287.jpg
| alt2 = 
| caption2 = "Agostinho na Universidade de [[Cartago]]".
}}
Também como reação aos [[donatistas]], Agostinho desenvolveu uma distinção entre "regularidade" e "validade" dos [[sacramentos católicos|sacramentos]]. São considerados regulares os que são realizados pelo clero da [[Igreja Católica]] e os realizados pelos [[cisma|cismáticos]] são considerados irregulares. Já a validade dos sacramentos não depende da santidade dos padres que os realizam (''"[[ex opere operato]]"''); portanto, sacramentos irregulares são aceitos como válidos desde que tenham sido feitos em nome de Cristo e da forma prescrita pela Igreja. Neste tema, Agostinho se afasta do entendimento de [[Cipriano de Cartago|Cipriano]], que ensinava que os convertidos de movimentos cismáticos precisavam ser [[batismo|rebatizados]].<ref name="Gonzalez"/> Porém, Agostinho reforçou que os sacramentos administrados fora da Igreja Católica, apesar de verdadeiros, não serviam para nada. Também afirmou que o batismo, apesar de não conferir graça alguma quando feito fora da Igreja, concede ao batizado essa graça tão logo ele seja recebido na Igreja Católica.

Agostinho defendia o entendimento do [[cristianismo primitivo]] sobre a [[presença real]] de Cristo na [[Eucaristia]] afirmando que quando [[Jesus]] disse ''"Este é o meu corpo"'' era uma referência ao pão que ele tinha nas mãos<ref>Agostinho, ''Explicações sobre os Salmos'' 33:1:10 [405]</ref><ref>Agostinho, ''Sermões'' 227 [411]</ref> e que os cristãos devem acreditar que o pão e o vinho são de fato o [[Corpo de Cristo|corpo]] e o [[Sangue de Jesus|sangue]] de Cristo, a despeito do que veem seus olhos.<ref>Agostinho, ''Sermões'' 272</ref>

Contra os [[pelagianos]], Agostinho sublinhou fortemente a importância do [[batismo infantil]]. Sobre o tema da necessidade absoluta do batismo para a [[salvação]], ele foi refinando suas crenças durante a vida, o que provocou uma certa confusão entre os teólogos posteriores sobre qual seria sua posição. Ele disse em de seus sermões que apenas os batizados seriam salvos,<ref>Agostinho, ''Um Sermão aos Catecúmenos no Credo'', parágrafo 16</ref> uma crença compartilhada por muitos dos primeiros cristãos. Porém, uma passagem de sua "Cidade de Deus" sobre o [[Apocalipse]] pode indicar que Agostinho de fato acreditava numa exceção para crianças pequenas nascidas de pais cristãos.<ref>Agostinho, ''Cidade de Deus'', Livro 20, Capítulo 8</ref>

=== Afirmações sobre os judeus ===
Contra certos movimentos cristãos, alguns dos quais rejeitavam as [[Antigo Testamento|Escrituras hebraicas]], Agostinho afirmou que Deus havia escolhido os [[judeus]] como um povo especial<ref>[[Diarmaid MacCulloch]]. ''[[The Reformation: A History]]'' (Penguin Group, 2005) p 8.</ref> e considerava que a [[Diáspora|dispersão do povo judeu]] pelo [[Império Romano]] como a realização de uma profecia.<ref>Agostinho, ''Cidade de Deus'', livro 18, capítulo 46.</ref> Ele rejeitava atitudes homicidas contra eles citando parte da mesma profecia: {{citar bíblia|Salmos|59|11|citação=Não os mates, para que o meu povo não se esqueça; Dispersa-os pelo teu poder, e derruba-os, Jeová, escudo nosso.}}. Finalmente, Agostinho acreditava que os judeus se converteriam ao [[cristianismo]] no "fim dos tempos" e defendia que Deus havia permitido que eles sobrevivessem como um aviso aos cristãos e como testemunhas de que o [[Antigo Testamento]] não fora forjado pela Igreja. Sendo assim, argumentava, os governantes deveriam permitir que eles residissem em terras cristãs.<ref>Edwards, J. (1999) ''The Spanish Inquisition'', Stroud, pp. 33–35, ISBN 0752417703.</ref>

=== Sexualidade ===
Para Agostinho, o mal da imoralidade sexual não decorria do ato sexual em si, mas das emoções que tipicamente o acompanham. Em "Sobre a Doutrina Cristã", contrasta o amor, que é a realização por conta de Deus, e o desejo, que não tem a ver com Ele.<ref>Agostinho, ''Sobre a Doutrina Cristã'', 3.37</ref> Para Agostinho, o amor apropriado ocorre quando se nega o prazer egoísta e se subjuga o desejo corporal em homenagem a Deus. Agostinho escreveu que as [[virgindade religiosa|virgens piedosas]] que foram estupradas durante o [[Saque de Roma (410)|saque de Roma]] eram inocentes porque não tiveram a intenção de pecar.<ref>[[Bertrand Russell|Russell, Bertrand]]. (1945) ''A History of Western Philosophy'', Simon & Schuster. p. 356.</ref><ref>Augustine of Hippo, ''City of God'', Book I, Ch. 16, 18.</ref>

Porém, a visão de Agostinho sobre os sentimentos de origem sexual como pecaminosos afetou sua visão sobre as mulheres. Considerava, por exemplo, que a [[ereção]] masculina era um pecado, apesar de involuntária.<ref>Agostinho, ''Cidade de Deus'', 14.17</ref> A solução encontrada por ele foi colocar o controle sobre ela nas mulheres e na sua habilidade de influenciar os homens.<ref name="Reuther, R.R. 2007 pp. 47-68">Reuther, R.R. (2007). "Augustine: sexuality gender and women", pp. 47–68 in J.C. Stark (Ed.), ''Feminist interpretations of Augustine'',  University Park, PA: The Pennsylvania State University Press, ISBN 027103257X.</ref>

Agostinho acreditava que a serpente havia se aproximado de Eva porque ela seria menos racional e lhe faltaria o autocontrole dos homens, ao passo que a escolha de Adão de comer o fruto proibido seria um ato de gentileza para que Eva não ficasse sozinha.<ref name="Reuther, R.R. 2007 pp. 47-68"/> Além disso, Agostinho acreditava que o pecado havia entrado no mundo porque o homem (o "espírito") não havia controlado a mulher (a "carne").<ref>Edwards, B. (2011) ''Let My People Go: A Call to End the Oppression of Women in the Church'', Charleston, SC: Createspace, ISBN 1466401117.</ref> Porém, nem todas as crenças de Agostinho sobre as mulheres são negativas. Em seus "Tratados sobre o Evangelho de João", ao comentar sobre a [[Samaritana no poço|a samaritana]] de {{citar bíblia|João|1|42}}, utiliza-a como uma metáfora para a Igreja.

De acordo com Raming, a autoridade do [[Decreto de Graciano]], uma coleção de [[direito canônico|leis canônicas]] católicas romanas que proíbe as mulheres de liderar, ensinar ou dar testemunho, repousa unicamente sobre as crenças dos primeiros [[Padres da Igreja]], e Agostinho, bispo de Hipona, é um dos mais importantes deles.<ref>Raming, I. (2004). A history of women and ordination volume two: The priestly office of women – God’s gift to a renewed church. (B. Cooke & G. Macy, Trans.). Lanham, MD: Scarecrow Press Inc. pp. 29–30, ISBN 0810848503.</ref> As leis e tradições fundamentadas nas crenças de Agostinho sobre a sexualidade e as mulheres continuam a exercer considerável influência nas posições doutrinárias da [[Igreja Católica]] sobre o papel das mulheres.<ref>Edwards, B. (2011). "Let My People Go: A Call to End the Oppression of Women in the Church." Charleston, SC: Createspace, ISBN 1466401117.</ref>

Todavia, a autoridade moral de Agostinho é posta em causa por algumas fontes, de que é exemplo o seguinte excerto: <blockquote>''De referir que Agostinho só escreveu as suas críticas à história e a determinadas práticas sexuais quando já era homem de meia idade e tinha renunciado, ele próprio, a essas práticas, depois de anos a fio de 'experiências' com prostitutas, de contactos no âmbito da homossexualidade e de um modo de vida que passou a negar a outros em nome de Deus.'' [''The middle-aged Augustine, incidentally, wrote his assault on sexual practises (and history) after he was finished with it himself, after years of ‘experimenting’ with prostitutes, dabbling in homosexuality, and living it up in a way that he would deny others in the name of God.'']<ref>{{Citar web|ultimo=Bryant|primeiro=Christopher|url=http://www.polarimagazine.com/features/queer-history-outlawing-homosexuality/|titulo=A Queer History {{!}} Outlawing of Homosexuality {{!}} Part 3 {{!}} polarimagazine.com|data=2012-08-27|acessodata=2024-01-22|lingua=en-GB}}</ref></blockquote>

== Filosofia de ensino ==
Agostinho é considerado uma figura muito influente na história da [[educação]] e uma de suas primeiras obras, ''De Magistro'' ("Do Professor"), contém muitos de seus pensamentos sobre o tema. Durante sua vida, suas ideias foram mudando conforme foi encontrando novas direções ou formas melhores de expressa-las. Finalmente, já nos  seus anos finais, escreveu as "Retratações" (ou "Reconsiderações"), revisitando suas obras mais antigas e melhorando alguns textos. A partir dela, fica claro que Agostinho acreditava que a educação era uma busca incansável por compreensão, significado e verdade que sempre deixa aberto o espaço para a dúvida, o desenvolvimento e a mudança.<ref name=mccloskey/>

Gary N. McCloskey identificou quatro ''"encontros de aprendizado"'' ("aulas") na abordagem agostiniana à educação: as experiências transformadoras; a jornada em busca da compreensão, significado e verdade; o aprendizado com os outros em comunidade; e a criação dos hábitos de aprendizado. Segundo ele, Agostinho acreditava ainda que o diálogo, a [[dialética]] e a discussão eram as melhores formas de aprender e que este método deveria servir de modelo para as aulas.<ref name=mccloskey>McCloskey, Gary N. (April 2008) {{citar web | url=http://www.merrimack.edu/academics/augustinian_pedagogy/documents/encountering_0408.pdf | título= Encounters of Learning: Saint Augustine on Education | publicado=www.merrimack.edu }}, Saint Augustine Institute for Learning and Teaching, Merrimack College.</ref>

Agostinho também introduziu a tese das três diferentes categorias de estudantes às quais os professores deveriam adaptar seus estilos de ensino: a dos que foram bem-educados por professores de renome; a dos que não foram educados; e a dos que tiveram uma educação pobre, mas acreditam terem sido bem-educados. Com os primeiros, o professor deve tomar cuidado para não repetir o que já aprenderam e deve desafiar cada estudante com matérias que ainda não domina completamente. Com o estudante que não recebeu educação, o professor deve ser paciente e estar disposto a repetir os temas até que ele os compreenda e deve ser simpático também. Porém, o mais difícil é aquele que recebeu uma educação inferior e acredita ser alguém que ainda não é. Para estes, Agostinho reforçou a importância de mostrar a diferença entre ''"ter as palavras e ter a compreensão"'' e de ajudá-los a permanecerem humildes em seus processos de aprendizado.{{Carece de fontes|arte=sim|biografia=sim|data=abril de 2017}}

Agostinho introduziu a ideia de professores respondendo positivamente às questões que possam receber de seus estudantes, mesmo quando forem interrompidos. Agostinho também criou o estilo "contido" de ensino, que assegurava a compreensão completa de um conceito pelos estudantes através de táticas simples: não bombardeá-los com matéria em excesso; foco em um tópico por vez; ajudar na compreensão do tema ao invés de avançar a matéria rapidamente; antecipação de questionamentos; e, finalmente, ajudar na resolução de dificuldades e na busca pela solução dos problemas.{{Carece de fontes|arte=sim|biografia=sim|data=abril de 2017}}

Outro exemplo de uma grande contribuição de Agostinho para a educação foi seu estudo sobre os estilos de ensino. Segundo ele, existem dois estilos básicos: o "estilo misto", que utiliza linguagem complexa, por vezes "exibida", para ajudar os estudantes a enxergarem a arte e a beleza que está por trás do tema estudado, e o "estilo grandioso", que não é tão elegante quanto o misto, mas é apaixonado e sincero, e tem com objetivo inflamar uma paixão similar a do professor no coração dos estudantes.{{Carece de fontes|arte=sim|biografia=sim|data=abril de 2017}}

== Obras ==
[[Imagem:Cité de Dieu.jpg|thumb|300px|[[Manuscrito]] da ''[[De Civitate Dei|Cidade de Deus]]'', a obra mais famosa de Agostinho.<br><small>Início do {{séc|XV}}, atualmente na Biblioteca Nacional da Holanda.</small>]]
{{Artigo principal|Lista de Obras de Santo Agostinho}}

Agostinho foi um dos mais prolíficos autores latinos em termos de obras sobreviventes e a lista de seus trabalhos tem mais de cem títulos diferentes.<ref>Wright, F.A. and Sinclair, T.A. (1931) ''A History of Later Latin Literature'', Dawsons of Pall Mall, London, pp. 56 ff.</ref> Entre eles estão obras [[apologética cristã|apologéticas]] contra as [[heresia]]s dos [[Arianismo|arianos]], [[donatistas]], [[maniqueístas]] e [[pelagianos]]; textos sobre a doutrina cristã, principalmente ''"[[De Doctrina Christiana]]"'' ("Sobre a Doutrina Cristã"); obras [[exegese|exegéticas]] como comentários sobre o [[Livro do Gênesis|Gênesis]], os [[Livro dos Salmos|Salmos]] e a carta de [[Paulo de Tarso|Paulo]] aos [[Epístola aos Romanos|Romanos]]; diversos sermões e cartas; e uma ''"Retractationes"'', uma revisão de suas primeiras obras escrita no final de sua vida. Além destas, Agostinho é também bastante conhecido por suas "[[Confissões (Santo Agostinho)|Confissões]]", que é um relato pessoal de seus primeiros anos, e pela "[[Cidade de Deus (Santo Agostinho)|Cidade de Deus]]" (''De Civitate Dei''; em 22 livros), que ele escreveu para restaurar a confiança aos seus companheiros cristãos abalados pelo [[saque de Roma (410)|saque de Roma]] pelos [[visigodos]] em 410. Sua "[[Sobre a Trindade]]", na qual ele desenvolve a tese conhecida como "analogia psicológica" da [[Santíssima Trindade|Trindade]], é uma de suas obras primas e possivelmente uma das maiores obras teológicas de todos os tempos. Finalmente, Agostinho escreveu ainda "Sobre a Livre Escolha da Vontade" (''"[[De libero arbitrio (Santo Agostinho)|De libero arbitrio]]"''), que trata do motivo pelo qual Deus dá aos homens o [[livre arbítrio]] que depois pode ser usado para realizar o mal.

== Influência ==
Tanto em sua argumentação filosófica quanto na teológica, Agostinho foi fortemente influenciado pelo [[estoicismo]], [[platonismo]] e [[neoplatonismo]], particularmente pela obra de [[Plotino]], o autor das "[[Enéadas]]", provavelmente por intermédio de [[Porfírio (filósofo)|Porfírio]] e [[Caio Mário Vitorino|Vitorino]] (como defendeu [[Pierre Hadot]]). Embora ele tenha depois abandonado o neoplatonismo, algumas ideias ainda transparecem em suas primeiras obras.<ref>[[Bertrand Russell]] ''History of western Philosophy'' livro II capítulo IV</ref> Sua obra primal e influente sobre o [[livre arbítrio]], um tema central da [[ética]], tornar-se-ia o foco de filósofos posteriores como [[Arthur Schopenhauer|Schopenhauer]], [[Søren Kierkegaard|Kierkegaard]] e [[Friedrich Nietzsche|Nietzsche]]. Agostinho foi influenciado também por [[Virgílio]] (conhecido por suas obras sobre a linguagem), [[Cícero]] (conhecido por suas obras sobre a argumentação) e [[Aristóteles]] (principalmente a "[[Retórica (Aristóteles)|Retórica]]" e a "[[Poética (Aristóteles)|Poética]]").

[[Tomás de Aquino]] foi fortemente influenciado por Agostinho. No tema do [[pecado original]], Aquino propôs uma visão mais otimista do homem que a de Agostinho ao preservar os poderes da razão, vontade e das paixões do homem caído mesmo depois da queda.<ref name="Oxford:Original">[[#Cruz|Cruz]], Ch. "Original Sin"</ref> A doutrina de Agostinho sobre a [[graça eficaz]] encontrou uma eloquente expressão na obra de [[Bernardo de Claraval]].

O filósofo [[Bertrand Russell]] se impressionou com a meditação sobre a natureza do tempo de Agostinho nas "Confissões" e comparou-a favoravelmente à de [[Immanuel Kant|Kant]], que afirmava que o tempo é subjetivo.<ref>[[História da Filosofia Ocidental (Russell)|História da Filosofia Ocidental]], 1946, reprinted Unwin Paperbacks 1979, pp. 352–353.</ref> Teólogos católicos geralmente subscrevem a crença de Agostinho de que Deus existe "fora do tempo" num "eterno presente"; que o tempo só existe dentro do universo criado por que apenas no espaço é possível discernir o tempo, através do movimento e das mudanças. Estas meditações estão intimamente ligadas às suas considerações sobre a habilidade humana da [[memória]]. [[Frances Yates]], em seu estudo "[[A Arte da Memória]]", de 1966, defende que uma curta passagem de "Confissões" (10.8.12), na qual Agostinho escreve sobre a subida de um lance de escadas e a entrada nos vastos campos da memória<ref>{{citar web | url=http://www.stoa.org/hippo/text10.html#TB10C8S12 | título= Confissões capítulo X: comentário sobre 10.8.12 | publicado=www.stoa.org }} ''(em latim)''</ref> claramente indica que os [[Roma Antiga|antigos romanos]] estavam cientes de como utilizar metáforas espaciais e arquiteturais explícitas como uma técnica [[mnemônico|mnemônica]] para organizar grandes quantidades de informação.

O método filosófico de Agostinho, demonstrado especialmente em suas "Confissões", exerceu uma contínua influência sobre a filosofia europeia continental por todo o {{séc|XX}}. Sua abordagem descritiva sobre a intencionalidade, memória e linguagem conforme estes [[fenômeno (filosofia)|fenômenos]] são experimentados no tempo e na consciência anteciparam e inspiraram ideias na moderna [[fenomenologia (filosofia)|fenomenologia]] e [[hermenêutica]].<ref>{{citar livro|último =de Paulo|primeiro =Craig J. N.|título=The Influence of Augustine on Heidegger: The Emergence of an Augustinian Phenomenology|ano=2006|publicado=The Edwin Mellen Press|isbn=0773456899}}</ref> [[Edmund Husserl]] escreveu: <blockquote>''"A análise da consciência do tempo é uma antiga ''crux'' [desafio] da psicologia descritiva e da teoria do conhecimento. O primeiro pensador a ser profundamente sensível às imensas dificuldades neste campo foi Agostinho, que trabalhou quase a ponto de se desesperar sobre este problema"''.<ref>Husserl, Edmund (1964) ''Phenomenology of Internal Time-Consciousness.'' Tr. James S. Churchill. Bloomington: Indiana UP, p. 21.</ref></blockquote>[[Martin Heidegger]] faz referência à filosofia descritiva de Agostinho em diversos pontos de sua obra mais influente, "[[Ser e Tempo]]".{{ref label2|e}} [[Hannah Arendt]] começou sua carreira filosófica com uma dissertação sobre o conceito de amor de Agostinho, ''"Der Liebesbegriff bei Augustin"'' (1929): <blockquote>''A jovem Arendt tentou mostrar que a base filosófica para a ''"vita socialis"'' em Agostinho pode ser entendida como sendo o amor entre vizinhos com base em sua compreensão da origem comum da humanidade"''.<ref>{{citar periódico|autor =Chiba, Shin|título= Hannah Arendt on Love and the Political: Love, Friendship, and Citizenship|periódico=The Review of Politics|volume= 57|número= 3 |ano=1995|páginas= 505–535 (507)|jstor=1408599|doi=10.1017/S0034670500019720}}</ref> </blockquote>Jean Bethke Elshtain em ''"Augustine and the Limits of Politics"'' ("Agostinho e os Limites da Política") encontrou relações entre Agostinho e Arendt em seus respectivos conceitos sobre o mal: <blockquote>''"Agostinho não via o mal como glamorosamente demônico, mas, ao invés disso, como uma ausência do bem, algo que paradoxalmente é, na realidade, nada. Arendt... vislumbrou o mal extremo que produziu o [[Holocausto]] como meramente banal [em ''"Eichmann em Jerusalém"'']"''.<ref>{{citar periódico|autor =Tinder, Glenn|periódico=The American Political Science Review|volume= 91|número= 2|ano=1997|título=Augustine and the Limits of Politics, by Jean Bethke Elshtain|páginas= 432–433|url=http://www.unz.org/Pub/AmPoliticalScienceRev-1997jun-00432|doi=10.2307/2952372|último2 =Elshtain|primeiro2 =Jean Bethke}}</ref> </blockquote>[[Ludwig Wittgenstein]] citou Agostinho extensivamente em suas "[[Investigações Filosóficas]]" por sua abordagem a linguagem, tanto de forma positiva quanto como contraponto para suas próprias ideias, incluindo uma longa passagem de abertura das "[[Confissões (Agostinho)|Confissões]]". Em seu livro autobiográfico, ''"Milestones"'', o [[papa Bento XVI]] afirmou que Agostinho foi uma de suas mais importantes influências.

De acordo com [[Leo Ruickbie]], os argumentos de Agostinho contra a [[Mágica (paranormalidade)|Mágica]], que a diferenciavam dos [[milagre]]s, foram cruciais para a luta do [[cristianismo primitivo]] contra o [[Religião da Roma Antiga|paganismo]] e transformaram-se na tese central na denúncia posterior contra bruxas e a bruxaria. De acordo com o professor Deepak Lal, a visão de Agostinho sobre a "cidade celeste" influenciou projetos e tradições seculares do [[iluminismo]], [[marxismo]], [[freudianismo]] e o [[eco-fundamentalismo]].<ref name="Deepak Lal">Lal, D. (March 2002) {{citar web | url=http://www.econ.ucla.edu/workingpapers/wp812.pdf | título= Morality and Capitalism: Learning from the Past | publicado=www.econ.ucla.edu }}. Working Paper Number 812, Department of Economics, University of California, Los Angeles.</ref>

== Cultura popular ==
Agostinho foi interpretado por [[Dary Berkani]] no filme para televisão de 1972 ''"Augustine of Hippo"''. Ele foi interpretado também por [[Franco Nero]] na mini-série de 2010 ''"[[Augustine: The Decline of the Roman Empire]]"'' e no filme de 2012 ''"[[Restless Heart: The Confessions of Saint Augustine]]"''<ref>{{citar web | url=http://www.restlessheartfilm.com/ | título= Restless Heart | publicado=www.restlessheartfilm.com }}. Restlessheartfilm.com. Retrieved on 2013-04-28.</ref> The modern day name links to the Agostinelli Family.<ref>{{citar web | url=http://www.4crests.com/agostinelli-coat-of-arms.html | título= AGOSTINELLI Family Crest / AGOSTINELLI Coat of Arms | publicado=www.4crests.com }}. 4crests.com (2013-04-19). Retrieved on 2013-04-28.</ref>

[[Bob Dylan]] gravou uma música chamada ''"[[I Dreamed I Saw St. Augustine]]"'' em seu álbum ''"[[John Wesley Harding (álbum)|John Wesley Harding]]"''. O artista pop [[Sting (músico)|Sting]] homenageou de certa forma as lutas de Agostinho contra o desejo na música ''"Saint Augustine in Hell"'' ("Santo Agostinho no Inferno") que aparece no álbum de 1993 do cantor, ''"[[Ten Summoner's Tales]]"''.

== Ver também ==
{{Div col|3}}
* [[Teodiceia agostiniana]]
* [[Agostinianos]]
* [[Regra de Santo Agostinho]]
* [[Eclesiologia]]
* [[Livre arbítrio]]
* [[Guerra justa]]
* [[Ordem de Santo Agostinho]]
* [[Filosofia da história]]
* [[Filosofia da religião]]
* [[Predestinação]]
* [[Problema do mal]]
* [[Escolasticismo]]
* [[San Pietro in Ciel d'Oro]]
{{-fim}}

== Notas ==
{{InícioRef|2}}
{{Note label2|a|Agostinho explicou assim: ''"Por que, portanto, está ordenado na mente que ela deve conhecer a si própria? Suponho que para que possa considerar-se e viver de acordo com sua natureza; ou seja, buscar ser regulada de acordo com sua própria natureza, ''[[viz.]]'', sob Ele a quem ela deve se sujeitar, sobre as coisas a que ela deve ser preferida; sob Ele por quem ela deve ser governada, sobre as coisas que ela deve governar. Pois ela realiza muitas coisas através de feroz desejo como se se esquecesse de si própria. Pois ela vê algumas coisas como intrinsecamente excelente na natureza mais excelente que é Deus: e quando deveria permanecer firme para que possa desfrutá-las, se volta contra Ele desejando se apoderar destas coisas para si; e não para ser como Ele por Sua graça, mas para ser o que Ele é por si só, e ela começa a se mover e escorregar gradualmente para cada vez menos e menos quando acredita ser mais e mais"''.<ref>"{{citar web | url=http://www.newadvent.org/fathers/130105.htm | título= Sobre a Trindade | publicado=www.newadvent.org }}" (''De Trinitate''), 5:7; [[Corpus Christianorum|CCL]] 50, 320 [1–12])</ref>}}

{{Note label2|b|Em uma das obras tardias de Agostinho, ''"Retractationes"'', ele fez uma importante distinção na forma como entendia a diferença entre a libido moral e espiritual e o desejo sexual: ''"Libido não é uso bom e justo da libido"'' (''"libido non est bonus et rectus usus libidinis"'').<ref>Cf. ''De bono coniugali'', 16.18; PL 40, 385; ''De nuptiis et concupiscentia'', II, 21.36; PL 44, 443; ''Contra Iulianum'', III, 7.16; PL 44, 710; ibid., V, 16.60; PL 44, 817. Ver também {{citar livro|título= Le mariage chrétien dans l'oeuvre de Saint Augustin. Une théologie baptismale de la vie conjugale |autor = Idem |ano= 1983 |publicado= Études Augustiniennes |local=Paris |página=97}}</ref>}}

{{note label2|c|''Non substantialiter manere concupiscentiam, sicut corpus aliquod aut spiritum; sed esse affectionem quamdam malae qualitatis, sicut est languor''.<ref>''De nuptiis et concupiscentia'', I, 25. 28; PL 44, 430; cf. ''Contra Julianum'', VI, 18.53; PL 44, 854; ibid. VI, 19.58; PL 44, 857; ibid., II, 10.33; PL 44, 697; ''Contra Secundinum Manichaeum'', 15; PL 42, 590.</ref>}}

{{Note label2|d|Apesar de Agostinho ter elogiado [[Plotino]] em suas "Confissões", 8.2., é amplamente reconhecido que a sua atitude para com a filosofia pagã era muito similar a de um apóstolo cristão, como atesta T.E. Clarke SJ: ''Em relação ao [[neoplatonismo]], houve por toda a sua vida uma atitude decisivamente ambivalente; pode-se esperar tanto concordância quanto ríspida discordância, derivação, mas também repudiação. No tema que nos concerne aqui, a concordância com o neoplatonismo (e com a tradição platônica em geral) está centrada em duas noções relacionadas: imutabilidade como uma característica primária da divindade e a similaridade com a divindade como vocação primária da alma. A discordância era principalmente, como já dissemos, relacionadas a dois dogmas cristãos centrais: a [[Encarnação]] do [[Deus Filho|Filho de Deus]] e ressurreição da carne"''.<ref>{{citar periódico|último = Clarke, [[SJ]] |primeiro = T. E. |título=St. Augustine and Cosmic Redemption |periódico= Theological Studies |volume=19 |número= 1958 |página= 151}}  Cf. É. Schmitt's chapter 2: ''L'idéologie hellénique et la conception augustinienne de réalités charnelles'' in: {{citar livro|título= Le mariage chrétien dans l'oeuvre de Saint Augustin. Une théologie baptismale de la vie conjugale |autor = Idem |ano= 1983 |publicado= Études Augustiniennes|local=Paris |páginas=108–123}} {{citar livro|título= The Young Augustine: The Growth of St. Augustine's Mind up to His Conversion |último =O'Meara |primeiro =J.J. |ano= 1954 |local=London |páginas=143–151 and 195f}} {{citar livro|título= Le "platonisme" des Pères |último = Madec |primeiro =G. |página= 42}} in  {{citar livro|título=Petites Études Augustiniennes |autor = Idem |ano= 1994|series=«Antiquité» 142|local=Paris |páginas= 27–50|publicado= Collection d'Études Augustiniennes}} Thomas Aq. STh I q84 a5; Agostinho, ''{{citar web | url=http://www.newadvent.org/fathers/120108.htm | título= Cidade de Deus | publicado=www.newadvent.org }}'' (''De Civitate Dei''), VIII, 5; CCL 47, 221 [3–4].</ref>}}

{{Note label2|e|Por exemplo, as articulações de [[Martin Heidegger]] sobre como "ser-no-mundo" estão descritas em suas ideias sobre "ver": ''"A incrível prioridade do 'ver' foi percebida particularmente por Agostinho em sua interpretação da 'concupiscentia'"''. Depois, Heidegger cita as "[[Confissões (Santo Agostinho)|Confissões]]": ''"A visão pertence de forma apropriada aos olhos. Mas usamos esta palavra - 'ver' - no lugar de outros sentidos quando nos devotamos à [[:wikt:cognição|cognição]]... Não dizemos apenas 'Veja como brilha', ... mas chegamos a dizer 'Veja o som que faz'"''.<ref>''[[Ser e Tempo]]'', Trs. Macquarrie & Robinson. Nova Iorque: Harpers, 1964, p. 171.)</ref>}}

{{note label2|f|Em 393 ou 394, Agostinho comentou: ''"Além disso, se a descrença é fornicação, a idolatria é descrença e a cobiça é idolatria, então não se deve duvidar que a cobiça é também fornicação. Quem, então, neste caso poderá separar de forma justa qualquer desejo ilegal da categoria da fornicação se a cobiça é fornicação? E disto podemos perceber que, por causa de desejos ilegais, não apenas os desejos pelos quais alguém é culpado de atos imundos com a esposa ou marido de outros, mas quaisquer desejos desejos que sejam que causem a alma a fazer mau uso do corpo para se distanciar da lei de Deus e para ser ruinosamente e basicamente corrompido, um homem poderá, sem crime, desprezar sua esposa e uma esposa, seu marido, pois o Senhor fez da causa da fornicação uma exceção; esta, de acordo com as considerações acima, somos compelidos a entender como sendo geral e universal"''.<ref>{{citation | url = http://www.newadvent.org/fathers/16011.htm| títulotrad = Sobre o Sermão da Montanha |título=De sermone Domini in monte |capítulo = 1:16:46 |publicado=Corpus Christianorum |páginas=35, 52}}</ref>}}
{{-fim}}

{{Referências}}

== Bibliografia ==
=== Fontes primárias ===
{{InícioRef|2}}
* Agostinho. ''A Cidade de Deus Volume II''. Trad. de J. Dias Pereira. Lisboa: Fundação Calouste Goulbekian, 2000.
* Agostinho. ''A Trindade''. Trad. de Frei Agustinho Belmonte, O.A.R. São Paulo: Paulus, 1994.
* Agostinho. ''Confissões''. Trad. J. Oliveira Santos e A. Ambrósio de Pina; “Vida e obra” por José Américo Motta Pessanha. São Paulo: Nova Cultural, 1999. (Coleção Os pensadores).
* Agostinho. ''La inmortalidad del alma''. Lope Cilleruelo. Madrid: Biblioteca de Autores Cristianos, 1988. (Obras completas de San Agustin XXXIX).
* Agostinho. ''Sobre a potencialidade da alma'' (De quantitate animae). Trad. de Aloysio Jansen de Faria. Petrópolis: Vozes, 2005.
{{-fim}}

=== Fontes secundárias ===
{{InícioRef|2}}
* DILMAN, Ilham. ''Free will'': an historical and philosophical introduction. Florence, KY, USA: Routledge, 1999.
* GILSON, Etienne. ''Introdução ao estudo de Santo Agostinho''. Trad. de Cristiane Negreiros Abbud Ayoub. São Paulo: Paulus, 2006.
* OS PENSADORES, “São Tomás de Aquino” São Paulo: Abril Cultural 1980.
* OS PENSADORES, “Santo Agostinho” São Paulo: Abril Cultural 1980.
* PESANHA, José de Américo Motta. “Santo Agostinho (354-430) Vida e Obra” p.&nbsp;VI – XXIV in “Os Pensadores, Santo Agostinho” São Paulo: Abril Cultural 1980.
* ROSA, Maria da Glória de. “A História da Educação através dos textos”. São Paulo: CULTRIX, 2002
* {{citar livro|editor-sobrenome1 =Cross |editor-nome1 =Frank L. |editor-sobrenome2 =Livingstone |editor-nome2 =Elizabeth |título=The Oxford Dictionary of the Christian Church |publicado=[[Oxford University Press]] |local=Oxford |ano=2005 |isbn=0-19-280290-9|ref=Cross}}
* {{citar livro|autor =Weiskotten, Herbert T. |título=The Life of Saint Augustine: A Translation of the Sancti Augustini Vita by Possidius, Bishop of Calama |publicado= Evolution Publishing |local= Merchantville, NJ |ano=2008 | isbn = 1-889758-90-6|ref=Weiskotten}}
* {{citar livro|título=Ancient Christian Writers: The Works of the Fathers in Translation|ano=1978|publicado=Newman Press|local=Nova Iorque}}
* {{citar livro|título=The Essential Augustine|ano=1974|publicado=Hackett|local=Indianapolis|edição=2nd|editor=Vernon Joseph Bourke}}
* {{citar livro|título= Augustine and the Trinity |autorlink = Lewis Ayres |autor = Ayres, Lewis |publicado= Cambridge University Press |local= Cambridge |ano= 2010 | isbn = 978-0-521-83886-3 }}
* {{citar livro|último =Bourke|primeiro =Vernon Joseph|título=Augustine's Quest of Wisdom|ano=1945|publicado=Bruce|local=Milwaukee}}
* {{citar livro|último =Bourke|primeiro =Vernon Joseph|título=Wisdom From St. Augustine|ano=1984|publicado=Center for Thomistic Studies|local=Houston}}
* {{citar periódico|autor = Brachtendorf J |número=1997 |título= Cicero and Augustine on the Passions|periódico= Revue des Études Augustiniennes |volume= 43|páginas= 289–308 |id= {{hdl|2042/23075}} }}
* {{citar livro|título= Augustine of Hippo |autorlink = Peter Brown|autor = Brown, Peter |publicado= University of California Press |local= Berkeley |ano= 1967 | isbn = 0-520-00186-9 }}
* {{citar periódico|último =Burke |primeiro =Cormac |título=St. Augustine and Conjugal Sexuality |periódico=Communio |ano=1990 | volume=IV |número=17 | url=http://www.cormacburke.or.ke/node/355 |páginas=545–565}}
* {{citar livro|último = Burnaby |primeiro = John |título= Amor Dei: A Study of the Religion of St. Augustine |ano=1938|publicado= The Canterbury Press Norwich | isbn = 1-85311-022-1 }}
* {{citar livro|último =Clark|primeiro =Mary T.|autorlink =Mary T. Clark|título=Augustine|ano=1994|publicado=Geoffrey Chapman|isbn=978-0-225-66681-6}}
* {{citar livro|último =Deane|primeiro =Herbert A.|título=The Political and Social Ideas of St. Augustine|ano=1963|publicado=Columbia University Press|local=Nova Iorque}}
* {{citar livro|último =de Paulo|primeiro =Craig J. N.|título=Augustinian Just War Theory and the Wars in Afghanistan and Iraq: Confessions, Contentions and the Lust for Power|ano=2011|publicado=Peter Lang|isbn=978-1-4331-1232-4}}
* {{citar periódico|último =Doull |primeiro =James A. |autorlink =James Doull |título=Augustinian Trinitarianism and Existential Theology |periódico=[[Dionysius (journal)|Dionysius]] |ano=1979 | volume=III |páginas=111–159}}
* {{citar periódico|último =Doull |primeiro =James A. |autorlink =James Doull |título=What is Augustinian "Sapientia"?|periódico=[[Dionysius (journal)|Dionysius]] |ano=1988 | volume=XII |páginas=61–67}}
* {{citar livro|autor =Fitzgerald, Allan D., O.S.A., General Editor |título=Augustine through the Ages: An Encyclopedia |publicado= William B. Eerdmans Publishing Co. |local= Grand Rapids |ano=1999 | isbn = 0-8028-3843-X}}
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* Green, Bradley G. {{citar web | url=http://www.jamesclarke.co/product_info.php/products_id/1675?osCsid=1673ba77f80a4a6cf663eb311d2556b6 | título= ''Colin Gunton and the Failure of Augustine: The Theology of [[Colin Gunton]] in the Light of Augustine'' | publicado=www.jamesclarke.co }}, James Clarke and Co. (2012), ISBN 9780227680056
* {{citar livro|último =Hollingworth|primeiro =Miles|título=Saint Augustine of Hippo: an Intellectual Biography|ano=2009|publicado=Bloomsbury}} * Received a [[Jerwood Award]].
* {{citar livro|último =Lawless|primeiro =George P.|título=Augustine of Hippo and His Monastic Rule|ano=1987|publicado=Clarendon Press|local=Oxford}}
* {{citar livro|editor-sobrenome1 =LeMoine|editor-nome1 =Fannie|editor-nome2 =Christopher|editor-sobrenome2 =Kleinhenz|series=Garland Medieval Casebooks|volume=9|título=Saint Augustine the Bishop: A Book of Essays|local=Nova Iorque|publicado=Garland|ano=1994}}
* {{citar livro|último =Lubin|primeiro =Augustino|título=Orbis Augustinianus sive conventuum ordinis eremitarum Sancti Augustini – chorographica et topographica descriptio|local=Paris|ano=1659|url=http://web.archive.org/web/20050321185503/http://www.cassiciaco.it/ita/001ago/Agostiniani/lubin_conventi/lubin_600.htm}}
* {{citar livro|último = Mackey |primeiro = Louis|autorlink =Louis H Mackey |título= Faith Order Understanding: Natural Theology in the Augustinian Tradition |publicado= PIMS |local= Totonto |ano= 2011 | isbn = 978-0-88844-421-9 }}
* {{citar livro|título=Augustine: A Collection of Critical Essays|ano=1972|publicado=Anchor|local=Garden City, NY|editor=Markus, R. A.}}
* {{citar livro|título= Augustine |autor = Matthews, Gareth B. |publicado= Blackwell |ano= 2005 | isbn = 0-631-23348-2}}
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* {{citar livro|editor-sobrenome = Wiener |editor-nome = Philip |título= Dictionary of the History of Ideas |publicado= Scribner |local= Nova Iorque |ano= 1973 | isbn = 0-684-13293-1|volume=3 |capítulo= Platonism in the Renaissance |capítulourl=http://xtf.lib.virginia.edu/xtf/view?docId=DicHist/uvaBook/tei/DicHist3.xml;chunk.id=dv3-64 |último = Nelson |primeiro = John Charles |páginas= 510–15 (vol. 3) |citação=''(...) Saint Augustine asserted that Neo-Platonism possessed all spiritual truths except that of the Incarnation. (...) ''  }}
* {{citar livro|último =O'Daly|primeiro =Gerard|título=Augustine's Philosophy of the Mind|ano=1987|publicado=University of California Press|local=Berkeley}}
* {{citar livro|último = O'Donnell |primeiro = James |autorlink =James J. O'Donnell |título= Augustine: A New Biography |publicado= ECCO |local= Nova Iorque |ano= 2005 | isbn = 0-06-053537-7 }}
* {{citar livro|último =Pagels|primeiro =Elaine|autorlink =Elaine Pagels|título=Adam, Eve, and the Serpent: Sex and Politics in Early Christianity|publicado=Vintage Books|ano=1989|isbn=0-679-72232-7}}
* {{Citation |último =Park |primeiro =Jae-Eun | url =http://www.academia.edu/4811679/_Lacking_Love_or_Conveying_Love_The_Fundamental_Roots_of_the_Donatists_and_Augustines_Nuanced_Treatment_of_Them_The_Reformed_Theological_Review_72_2_Aug_2013_103-121/ |título= Lacking Love or Conveying Love?  The Fundamental Roots of the Donatists and Augustine’s Nuanced Treatment of Them |periódico= The Reformed Theological Review | volume = 72 |número= 2 |ano=2013 |páginas= 103–21}}.
* {{citar livro|autor =Plumer, Eric Antone, |título=Augustine's Commentary on Galatians |publicado=Oxford University Press |ano=2003 |  isbn = 0-19-924439-1}}
* {{citar livro|título= Saint Augustine the Algerian |autor = Pollman, Karla |publicado= Edition Ruprecht |local= Göttingen |ano= 2007|isbn=3-89744-209-4 }}
* {{citar livro|último =Pottier|primeiro =René|título=Saint Augustin le Berbère |publicado=Fernand Lanore|ano=2006|isbn=2-85157-282-2|língua=fr}}
* ''Règle de St. Augustin pour les religieuses de son ordre; et Constitutions de la Congrégation des Religieuses du Verbe-Incarné et du Saint-Sacrament'' (Lyon: Chez Pierre Guillimin, 1662), pp.&nbsp;28–29. Cf. later edition published at Lyon (Chez Briday, Libraire,1962), pp.&nbsp;22–24. English edition, (Nova Iorque: Schwartz, Kirwin, and Fauss, 1893), pp.&nbsp;33–35.
* {{citar livro|último =Starnes|primeiro =Colin|autorlink =Colin Starnes|título=Augustine's Conversion: A Guide to the Arguments of Confessions I-IX|ano=1990|publicado=Wilfred Laurier University Press|local=Waterloo, Ontario}}
* {{citar livro|último = Tanquerey |primeiro = Adolphe|autorlink =Adolphe Tanquerey |título= The Spiritual Life: A Treatise on [[Ascetical theology|Ascetical]] and Mystical Theology |publicado= Tan Books & Publishers |local=  Rockford, IL |ano= 2001 | isbn = 0-89555-659-6|páginas=37)}}
* {{citar livro|título= S. Agostino: Introduzione alla Dottrina della Grazia |último = Trapè |primeiro = A. |local= Rome|publicado=  Città Nuova |ano=1990 | series = Collana di Studi Agostiniani 4 | volume = I – Natura e Grazia |página= 422 | isbn= 88-311-3402-7}}
* {{citar livro|último = von Heyking |primeiro = John |título= Augustine and Politics as Longing in the World |publicado= University of Missouri Press |local= Columbia |ano= 2001 | isbn = 0-8262-1349-9 }}
* {{citar periódico|último =Woo |primeiro =B. Hoon |título=Augustine’s Hermeneutics and Homiletics in ''De doctrina christiana'' |periódico= Journal of Christian Philosophy |ano=2013 | volume=17 | url=https://www.academia.edu/5228314/_Augustines_Hermeneutics_and_Homiletics_in_De_doctrina_christianae_Humiliation_Love_Sign_and_Discipline_Journal_of_Christian_Philosophy_17_2013_97-117 |páginas=97–117}}
* {{citar livro|último = Zumkeller O.S.A.|primeiro = Adolar |título= Augustine's Ideal of the Religious Life |publicado= Fordham University Press |local= Nova Iorque |ano= 1986 | isbn = 0-8232-1105-3 }}
* {{citar livro|último = Zumkeller O.S.A. |primeiro = Adolar |título= Augustine's Rule |publicado= Augustinian Press |local= Villanova |ano= 1987 | isbn = 0-941491-06-4 }}
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== Ligações externas ==
{{Wikiquote|Aurélio Agostinho}}
{{Commonscat|Augustinus}}
{{InícioRef|2}}
*{{citar web|url = http://www.obrascatolicas.com/livros/Patrologia/Santo_Agostinho_-_O_Livre-Arbitrio.pdf| título = Santo Agostinho O Livre Arbitrio| publicado = obrascatolicas.com}}
*{{citar web|url = http://www.obrascatolicas.com/livros/Patrologia/Santo_Agostinho_-_O_cuidado_devido_aos_mortos.doc| título = Santo Agostinho O cuidado devido aos mortos| publicado = obrascatolicas.com}}
*{{citar web|url = http://www.iep.utm.edu/augustin/| título = Verbete sobre Agostinho| publicado = [[Internet Encyclopedia of Philosophy]]| língua = inglês}}
* {{IEP|aug-poso|Augustine’s Political and Social Philosophy}}
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* {{citar web| url = http://www.catholicrevelations.com/category/saints/the-life-biography-of-st-augustine-of-hippo-saint-bishop-confessor-doctor-of-the-catholic-church.html| título = The Life and Writings of St. Augustine of Hippo: Bishop & Doctor of the Christian Church| publicado = Catholic Revelations| língua = inglês| acessodata = 2014-07-07| arquivourl = https://web.archive.org/web/20140814235413/http://www.catholicrevelations.com/category/saints/the-life-biography-of-st-augustine-of-hippo-saint-bishop-confessor-doctor-of-the-catholic-church.html| arquivodata = 2014-08-14| urlmorta = sim}}
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* {{citar livro|autor = Agostinho  |título= The Happy Life; Answer to Sceptics; Divine Providence and the Problem of Evil; Soliloquies  |url= http://books.google.ru/books?id=u4EJZWrmqgkC&printsec=frontcover#v=onepage&q&f=false  |publicado= [[Catholic University of America Press|CUA Press]]  |local= USA  |ano= 2008  |isbn= 978-0-8132-1551-8|língua= inglês}}
{{-fim}}
* ''{{citar web | url=http://www.culturateca.com.br/que-e-o-tempo/ | título= Que é o Tempo? | publicado=www.culturateca.com.br }} e {{citar web | url=http://www.culturateca.com.br/tempo-longo-tempo-breve/ | título= Tempo Breve, Tempo Longo | publicado=www.culturateca.com.br }}.'' Excertos da obra autobiográfica: “Confissões“, com explicações análogas e em vídeo proferidas por [[William Lane Craig]].
* {{citar web | url=http://www.bibliotronicaportuguesa.pt/wp-content/uploads/2015/03/Suspiros_Sto_Agostinho_Catarina_Horta_Ana_Oliveira3.pdf | título=Suspiros de Santo Agostinho | publicado=www.bibliotronicaportuguesa.pt | acessodata=2016-03-12 | arquivourl=https://web.archive.org/web/20160313032049/http://www.bibliotronicaportuguesa.pt/wp-content/uploads/2015/03/Suspiros_Sto_Agostinho_Catarina_Horta_Ana_Oliveira3.pdf | arquivodata=2016-03-13 | urlmorta=sim }}
* [https://permalinkbnd.bnportugal.gov.pt/records/?refine&#x5B;Creator&#x5D;&#x5B;&#x5D;=Agostinho%2C+Santo%2C+354-430 Obras de Santo Agostinho na Biblioteca Nacional Digital]

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