Mostrar código-fonte de Amade ibne Hambal

{{Info/Biografia/Lua
 |legenda= Um esboço imaginário representando Amade ibne Hambal
}}
'''Amade ibne Maomé ibne Hambal Abu Abedalá Axaibani''' ({{langx|ar|أَحْمَد بْن حَنْبَل الذهلي||''Aḥmad ibn Ḥanbal al-Dhuhlī''}}; [[Bagdá]], dezembro de 780 — Bagdá, 2 de agosto de 855) foi um [[Alfaqui|jurisconsulto]] [[muçulmano]], [[Madhhab|teólogo]], [[ascese]], [[hádice]] tradicionalista e fundador da [[Hambalismo|escola hambalita]] de jurisprudência sunita — uma das quatro principais escolas jurídicas ortodoxas do [[Sunismo|Islã sunita]].<ref name="H. Laoust pp. 272-7"/> O estudioso mais influente e ativo durante sua vida,<ref name="H. Laoust pp. 272-7">H. Laoust, "Ahmad b. Hanbal," in ''Encyclopedia of Islam'', Vol. I, pp. 272-7</ref> Ibne Hambal passou a se tornar “uma das figuras intelectuais mais veneradas” da [[História do Islão|história islâmica]],<ref>Mohammed M. I. Ghaly, "Writings on Disability in Islam: The 16th Century Polemic on Ibn Fahd's "al-Nukat al-Ziraf"," ''The Arab Studies Journal'', Vol. 13/14, N.º 2/1 (outono 2005/primavera 2006), p. 26, nota 98</ref> que teve uma “profunda influência afetando quase todas as áreas” da perspectiva tradicionalista no Islã sunita.<ref name="ReferenceA">Holtzman, Livnat, “Aḥmad b. Ḥanbal”, in: Encyclopaedia of Islam, THREE, Edited by: Kate Fleet, Gudrun Krämer, Denis Matringe, John Nawas, Everett Rowson.</ref> Um dos principais proponentes clássicos de confiar em fontes escriturais como base para a lei islâmica sunita e modo de vida, ibne Hambal compilou uma das mais importantes coleções de hádice sunitas, o ''Musnad'',<ref>1st ed., Cairo 1311; new edition by Aḥmad S̲h̲ākir in publ. since 1368/1948</ref> que continuou a exercer influência considerável no campo de estudos de hádice até o momento.<ref name="H. Laoust pp. 272-7"/> 

Tendo estudado ''[[fiqh]]'' e [[hádice]] com muitos professores durante sua juventude,<ref>''Manāḳib'', pp. 33-6; ''Tard̲j̲ama'', pp. 13-24</ref> ibne Hambal ficou famoso em sua vida posterior pelo papel crucial que desempenhou na ''[[Mihna]]'', a inquisição instituída pelo califa abássida [[Almamune]] no final de seu reinado, na qual o governante deu apoio oficial do Estado ao [[dogma]] muʿtazilita de que o [[Alcorão]] foi criado, uma visão que contradizia a doutrina ortodoxa de que o Alcorão é a [[Eternidade|eterna]] e incriada Palavra de Deus.<ref name="H. Laoust pp. 272-7"/> Vivendo na pobreza ao longo de sua vida trabalhando como padeiro e sofrendo perseguições físicas sob os califas por sua adesão inabalável à doutrina tradicional, a coragem de ibne Hambal neste evento particular apenas reforçou sua “reputação retumbante”<ref name="H. Laoust pp. 272-7"/> nos anais da história sunita.

Ao longo da história islâmica sunita, ibne Hambal foi venerado como uma figura exemplar em todas as escolas tradicionais de pensamento sunita,<ref name="H. Laoust pp. 272-7"/> tanto pelos [[ulemá]]s exotéricos quanto pelos [[Sufismo|místicos]], com os últimos frequentemente designando-o como um santo em suas hagiografias.<ref name="Christopher Melchert 2001 p. 356">Christopher Melchert, The Ḥanābila and the Early Sufis, Arabica, T. 48, Fasc. 3 (Brill, 2001), p. 356</ref> O mestre de [[hádice]] do {{séc|XIV}}, Aldaabi, referiu-se a ibne Hambal como “o verdadeiro [[Xeque (título)|Xeque]] do Islã e líder dos muçulmanos em seu tempo, o mestre de hádice e prova da religião”.<ref name="Gibril F. Haddad 2007 p. 301">Gibril F. Haddad, ''The Four Imams and Their Schools'' (Londres: Muslim Academic Trust, 2007), p. 301</ref>

Na era moderna, o nome ibne Hambal tornou-se controverso em certos setores do mundo islâmico, porque o movimento de reforma hambalita conhecido como [[uaabismo]] o citou como uma influência principal com o reformador hambalita do {{séc|XIII}}, [[ibne Taimia]]. No entanto, alguns estudiosos argumentam que as próprias crenças de ibne Hambal, na verdade, não desempenharam “nenhum papel real no estabelecimento das doutrinas centrais do uaabismo”,<ref name="Michael Cook 1992 p. 198">Michael Cook, “On the Origins of Wahhābism,” Journal of the Royal Asiatic Society, Third Series, Vol. 2, No. 2 (Jul., 1992), p. 198</ref> por haver evidências, segundo os mesmos autores, de que “as autoridades hambalitas mais antigas tinham preocupações doutrinárias muito diferentes daquelas dos uaabistas”,<ref name="Michael Cook 1992 p. 198"/> rica como a literatura medieval hambalita é em referências a santos, visitação de sepulturas, milagres e relíquias.<ref>Christopher Melchert, The Ḥanābila and the Early Sufis, Arabica, T. 48, Fasc. 3 (Brill, 2001); cf. ibne Aljauzi, ''Manāqib al-imām Aḥmad, ed. ʿĀdil Nuwayhiḍ'', Beirut 1393/1973</ref> A este respeito, os estudiosos citaram o próprio apoio de ibne Hambal para o uso de relíquias como simplesmente um dos vários pontos importantes sobre os quais as opiniões do teólogo divergiram daquelas do uaabismo.<ref name="Gibril F. Haddad 2007 p. 390">Gibril F. Haddad, ''The Four Imams and Their Schools'' (Londres: Muslim Academic Trust, 2007), p. 390</ref> Outros estudiosos sustentam que Amade ibne Hambal foi “o progenitor distante do uaabismo” que também inspirou imensamente o movimento de reforma conservadora do [[Salafismo]].<ref>{{citar livro|último =Bearman, Bianquis, Bosworth, van Donzel, Heinrichs|primeiro =P. , Th. , C.E. , E. , W.P.|url=https://referenceworks.brillonline.com/entries/encyclopaedia-of-islam-2/ahmad-b-hanbal-COM_0027|título=Encyclopaedia of Islam, Second Edition|publicado=Brill|isbn=9789004161214|editor-sobrenome =Laoust|editor-nome =Henri|capítulo=Aḥmad b. Ḥanbal|ano=1960|citação="Founder of one of the four major Sunnī schools, the Ḥanbalī, he was, through his disciple Ibn Taymiyya [q.v.], the distant progenitor of Wahhābism, and has inspired also in a certain degree the conservative reform movement of the Salafiyya."|acessodata=2021-11-05|arquivodata=2021-11-05|arquivourl=https://web.archive.org/web/20211105150206/https://referenceworks.brillonline.com/entries/encyclopaedia-of-islam-2/ahmad-b-hanbal-COM_0027}}</ref>

== Biografia ==
=== Juventude e família ===
[[Imagem:Ibnhanbal.jpg|thumb|Manuscrito dos escritos jurídicos de ibne Hambal, produzido em outubro de 879]]
A família de Amade ibne Hambal era originalmente de [[Baçorá]], no [[Iraque]], e pertencia à tribo [[Árabes|árabe]] Banu Dul.<ref>{{citar enciclopédia|edição= New|publicado= Brill Academic Publishers| isbn = 90-04-08114-3| volume = 1|página= 272| editor = H. A. R. Gibb |display-editors=et al.|título= Aḥmad B. Ḥanbal|enciclopédia= Encyclopaedia of Islam| series = A-B|ano= 1986|citação=Aḥmad B. Ḥanbal was an Arab, belonging to the Banū Shaybān, of Rabī’a,...}}</ref> Seu pai era um oficial do [[Califado Abássida|exército abássida]] em [[Coração (região histórica)|Coração]] e mais tarde se estabeleceu com sua família em [[Bagdá]], onde Amade nasceu em 780 EC.<ref name="jackson">Roy Jackson, "Fifty key figures in Islam", Taylor & Francis, 2006. p 44: "Abu Abdallah Ahmad ibn Muhammad ibne Hambal ibn Hilal al-Shaybani was born in Baghdad in Iraq in 780"</ref>

Ibne Hambal teve duas esposas e vários filhos, incluindo um filho mais velho, que mais tarde se tornou juiz em [[Isfahan]].<ref name="Foundation">Foundations of the Sunnah, by Ahmad ibne Hambal, pg 51-173</ref>

=== Educação e escritos ===
Amade estudou extensivamente em Bagdá e depois viajou para continuar seus estudos. Começou a aprender jurisprudência (''[[Fiqh]]'') com o célebre juiz Hanafi, Abu Iúçufe, o renomado aluno e companheiro do [[imame]] [[Abu Hanifa]]. Após terminar seus estudos com Abu Iúçufe, ibne Hambal começou a viajar pelo [[Iraque]], [[Síria]] e [[Arábia]] para coletar [[hádice]]s ou tradições do Profeta Maomé. Ibne Aljauzi afirma que o imame Amade tinha 414 mestres de hádice de quem ele narrava. Com esse conhecimento, ele se tornou uma autoridade líder em hádice, deixando uma imensa enciclopédia de hádice, Musnade Amade ibne Hambal. Depois de vários anos de viagem, ele voltou a Bagdá para estudar a lei islâmica com [[Axafii]].

Amade tornou-se um ''[[mufti]]'' em sua velhice e fundou a ''[[madhab]]'' [[Hambalismo|hambalita]], ou escola da lei islâmica, que agora é mais dominante na [[Arábia Saudita]], [[Catar]] e [[Emirados Árabes Unidos]]. Ao contrário das outras três escolas de jurisprudência islâmica ([[Hanafismo|Hanafi]], [[Maliquismo|Maliqui]] e [[Xafeísmo|Xafi]]), a ''madhab'' hambalita permaneceu amplamente tradicionalista ou ''Atari'' na teologia.<ref name="Halverson-34">{{citar livro|último =Halverson|primeiro =Jeffry R.|título=Theology and Creed in Sunni Islam: The Muslim Brotherhood, Ash'arism, and Political Sunnism|data=2010|publicado=Palgrave Macmillan|página=34|isbn=9780230106581|url=https://books.google.com/books?id=IYzGAAAAQBAJ&q=osama&pg=PA80|citação="The Hanbalite madhhab, in contrast, largely maintained the traditionalist of Athari position."|acessodata=2020-10-15|arquivodata=2021-06-02|arquivourl=https://web.archive.org/web/20210602235044/https://books.google.com/books?id=IYzGAAAAQBAJ&q=osama&pg=PA80}}</ref>

Além de seus empreendimentos acadêmicos, ibne Hambal foi um soldado nas fronteiras islâmicas ([[Arrábita]]) e fez o [[Haje]] cinco vezes em sua vida, duas vezes a pé.<ref name="islam">{{Citar web |url=https://web.archive.org/web/20070516185823/http://www.islamicawakening.com/viewarticle.php?articleID=1193 |titulo=IslamicAwakening.Com: Imam Ahmad ibne Hambal: Life & Madhab |data=2007-05-16 |acessodata=2023-05-18 |website=web.archive.org}}</ref>

=== Morte ===
Ibne Hambal morreu na sexta-feira, 12 Rabi-ul-awwal, 241 AH/ 2 de agosto de 855 com a idade de 74–75 em Bagdá, Iraque. Os historiadores relatam que seu funeral foi assistido por 800 mil homens e 60 mil mulheres e que 20 mil cristãos e judeus se converteram ao Islã naquele dia.<ref name="Ludwig 2009">{{citation |último =Adamec |primeiro =Ludwig W. |ano=2009 |título=Historical Dictionary of Islam |páginas=136–137 |publicado=Scarecrow Press |isbn=978-0-8108-6161-9}}</ref> Seu ''qabr'' (túmulo) está localizado nas instalações do Santuário imame Amade ibne Hambal<ref name="DargahInfo – Details">{{citation |publicado=Dargahinfo.com |título=Imam Ahmed bin Hanbal Shrine: Dargah Of: Imam Abu Abdullah Ahmed bin Mohammed bin Hanbal (Rahimahu Allahu Ta'ala) |url=http://dargahinfo.com/DargahDetails.aspx?DargahID=184 |acessodata=2020-07-13 |arquivodata=2020-07-16 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20200716094449/http://dargahinfo.com/DargahDetails.aspx?DargahID=184}}</ref><ref name="DargahInfo – History">{{citation |publicado=Dargahinfo.com |título=Imam Ahmed bin Hanbal Shrine: Imam Abu Abdullah Ahmed bin Mohammed bin Hanbal (Rahimahu Allahu Ta'ala) |url=http://dargahinfo.com/Dargah_History.aspx?HID=184 |acessodata=2020-07-13 |arquivodata=2020-07-13 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20200713155142/http://dargahinfo.com/Dargah_History.aspx?HID=184 }}</ref> no distrito de al-Rusafa.<ref name="AlMada">{{citar web|publicado=Al-Mada Supplements |título=من مراقد بغداد واضرحتها - ملاحق جريدة المدى اليومية<!-- عنوان مولد بالبوت --> |língua=ar |url=http://almadasupplements.com/news.php?action=view&id=6165#sthash.g3Bv9ZNk.dpbs |arquivourl=https://web.archive.org/web/20180903151217/http://almadasupplements.com/news.php?action=view&id=6165 |data=2012-12-02 |arquivodata=2018-09-20}}</ref><ref name="SED – دليل الجوامع">{{citation |publicado=Sunni Endowment Office |título=دليل الجوامع والمساجد التراثية والأثرية |língua=ar |página=69}}</ref><ref name="SED – الدليل السياحي">{{citation |publicado=Sunni Endowment Office, Department of General Sunni Shrines |título=الدليل السياحي للأضرحة والمراقد في العراق |língua=ar |página=13}}</ref>

== A mihna ==
{{Artigo principal|Mihna}}
Ibne Hambal era conhecido por ser chamado perante a [[Inquisição]] ou [[Mihna]] do [[califa abássida]] [[Almamune]]. Almamune queria afirmar a autoridade religiosa do califa, pressionando os estudiosos a adotarem a visão de mu'tazila de que o [[Alcorão]] foi criado e não descriado. Segundo a tradição sunita, ibne Hambal estava entre os estudiosos que resistiram à interferência do califa e à doutrina mu'tazili de um Alcorão criado. A posição de ibne Hambal contra a inquisição pelo Mu'tazila (que era a autoridade governante na época) levou a [[Hambalismo|escola hambalita]] a se estabelecer firmemente não apenas como uma escola de ''[[fiqh]]'' (jurisprudência legal), mas também de [[teologia]].<ref>{{citar livro|último1 =Williams|primeiro1 =W. Wesley|url=https://books.google.com/books?id=1iE34g6UalMC&q=hanbalism|título=Tajalli Wa-Ru'ya: A Study of Anthropomorphic Theophany and Visio Dei in the Hebrew Bible, the Qur'an and early Sunni Islam|data=2008|isbn=978-0549816881|página=229}}</ref>

Devido à sua recusa em aceitar a autoridade mutazilita, ibne Hambal foi preso em Bagdá durante o reinado de Almamune. Em um incidente durante o governo do sucessor de Almamune, [[Almotácime]], ibne Hambal foi açoitado até a inconsciência. No entanto, isso causou revolta em Bagdá e Almotácime foi forçado a libertar ibne Hambal.<ref name="islam"/> Após a morte de Almotácime, [[Aluatique]] tornou-se califa e continuou as políticas de seu antecessor de aplicação mu'tazilita e, nessa busca, baniu ibne Hambal de Bagdá. Foi somente após a morte de Aluatique e a ascensão de seu irmão [[Mutavaquil]], que era muito mais amigável com as crenças sunitas mais tradicionais, que ibne Hambal foi recebido de volta em Bagdá.

== Visões e pensamentos ==
A principal doutrina de ibne Hambal é o que mais tarde foi conhecido como “pensamento tradicionalista”, que enfatizava a aceitação apenas do [[Alcorão]] e do [[hádice]] como fundamentos da crença ortodoxa.<ref name="ReferenceA"/> Ele, no entanto, acreditava que apenas alguns poucos estavam devidamente autorizados a interpretar os textos sagrados.<ref name="ReferenceA"/>

=== Teologia ===
==== Deus ====
Ibne Hambal entendeu que a definição perfeita de [[Deus]] é aquela dada no [[Alcorão]], de onde ele sustentou que a crença adequada em Deus consistia em acreditar na descrição que Deus havia dado de Si na escritura islâmica.<ref name="H. Laoust pp. 272-7"/> Para começar, ibne Hambal afirmou que Deus era Único e Absoluto e absolutamente incomparável a qualquer coisa no mundo de Suas criaturas.<ref name="H. Laoust pp. 272-7"/> Quanto aos vários [[Deus no Islã|atributos divinos]], ibne Hambal acreditava que todos os atributos regulares de Deus, como audição, visão, fala, onipotência, vontade, sabedoria, a visão dos crentes no dia da ressurreição, etc., deveriam ser literalmente afirmados como “realidades” (''ḥaqq''). Quanto aos atributos chamados “ambíguos” (''mutas̲h̲ābih''), como aqueles que falavam da mão, rosto, trono e onipresença de Deus, [[Visão (espiritualidade)|visão]] dos crentes no [[Juízo Final|dia da ressurreição]], etc., eles deveriam ser entendidos da mesma maneira.<ref name="H. Laoust pp. 272-7" /> Ibne Hambal tratou esses versos nas escrituras com descrições aparentemente antropomórficas como versos ''muhkamat'' (claros); admitindo apenas um significado literal.<ref>{{citar periódico|último =Williams|primeiro =Wesley|data=agosto de 2002|título=Aspects of the Creed of Imam Ahmad ibne Hambal: A Study of Anthropomorphism in Early Islamic Discourse|url=http://www.jstor.org/stable/3879671|periódico=International Journal of Middle East Studies|publicado=Cambridge University Press|volume=34|número=3|páginas=441–463|doi=10.1017/S0020743802003021|jstor=3879671|s2cid=162455371|citação="He chose to treat the anthropomorphic descriptions of God found in the scriptures as muhkamat, admitting to only a literal meaning,.."|via=JSTOR|acessodata=2021-11-05|arquivodata=2021-11-07|arquivourl=https://web.archive.org/web/20211107172824/https://www.jstor.org/stable/3879671}}</ref>

Além disso, ibne Hambal “rejeitou a teologia negativa (''taʿṭīl'') do jamismo e sua particular exegese alegorizante (''taʾwīl'') do Alcorão e da tradição, e não menos enfaticamente criticou o [[antropomorfismo]] (''tas̲h̲bīh'') do ''Mus̲h̲abbiha'', entre os quais ele incluiu, no escopo de suas polêmicas, os jamitas como antropomorfistas inconscientes.”<ref name="H. Laoust pp. 272-7" /> Ibne Hambal também foi um crítico da especulação aberta e desnecessária em questões de [[teologia]]; ele acreditava que era justo adorar a Deus sem o 'modo' do teologúmeno (''bilā kayf''),<ref name="H. Laoust pp. 272-7" /> e sentiu que era sábio deixar para Deus a compreensão de Seu próprio mistério.<ref name="H. Laoust pp. 272-7" /> Assim, ibne Hambal se tornou um forte proponente da fórmula ''bi-lā kayfa''. Este princípio mediador permitiu que os tradicionalistas negassem ''ta'wil'' (interpretações figurativas) dos textos aparentemente antropomórficos, ao mesmo tempo, em que afirmavam a doutrina da “divindade incorpórea e transcendente”. Embora defendesse significados literalistas do Alcorão e declarações proféticas sobre Deus, ibne Hambal não era um [[Fideísmo|fideísta]] e estava disposto a se envolver em exercícios hermenêuticos. A ascensão do imame Amade ibne Hambal e do ''Ashab al-Hadith'', cuja causa ele defendia, durante a ''[[Mihna]]'', marcaria o palco para o fortalecimento e a centralização das ideias corpóreas na ortodoxia sunita.<ref>{{citar periódico|último =Williams|primeiro =Wesley|data=agosto de 2002|título=Aspects of the Creed of Imam Ahmad ibne Hambal: A Study of Anthropomorphism in Early Islamic Discourse|url=http://www.jstor.org/stable/3879671|periódico=International Journal of Middle East Studies|publicado=Cambridge University Press|volume=34|número=3|páginas=441–463|doi=10.1017/S0020743802003021|jstor=3879671|s2cid=162455371|citação=“Os estudiosos são quase unânimes em atribuir a ibne Hambal o uso da antiga fórmula ''balkafa''. Goldziher, Wensinck, Halkin, Laoust, Makdisi, Abrahamov e Watt encontram no imã um defensor desse princípio mediador (''balkafa''), que supostamente permitia que os tradicionalistas negassem a ''ta'wil'' mu'tazilita ou a interpretação figurativa dos antropomorfismos do Alcorão, ao mesmo tempo em que afirmavam a doutrina da “divindade incorpórea e transcendente”. ... embora defendesse a aceitação do significado literal das declarações proféticas e do Alcorão sobre Deus, ele não era fideísta. O imã estava bastante disposto a se envolver em exercícios hermenêuticos. A ascensão do imã Amade ibne Hambal durante a ''Mihna'' resultou no fortalecimento e na centralização das ideias corporealistas dentro do movimento sunita. Quando suas ideias se tornaram o critério da ortodoxia tradicionalista...”|via=JSTOR|acessodata=2021-11-05|arquivodata=2021-11-07|arquivourl=https://web.archive.org/web/20211107172824/https://www.jstor.org/stable/3879671}}</ref>

Ibne Hambal também reconheceu a “Forma Divina (''Al-Şūrah'')” como um verdadeiro atributo de Deus. Ele discordou daqueles teólogos especulativos que interpretavam a Forma Divina como algo que representa pseudodivindades como o sol, a lua, as estrelas, etc. Para ibne Hambal, negar que Deus realmente tem uma Forma é ''[[Cafir|kufr]]'' (descrença). Ele também acreditava que Deus criou Adão “de acordo com Sua forma”.<ref>{{citar periódico|último =Williams|primeiro =Wesley|data=agosto de 2002|título=Aspects of the Creed of Imam Ahmad ibne Hambal: A Study of Anthropomorphism in Early Islamic Discourse|url=http://www.jstor.org/stable/3879671|periódico=International Journal of Middle East Studies|publicado=Cambridge University Press|volume=34|número=3|páginas=441–463|doi=10.1017/S0020743802003021|jstor=3879671|s2cid=162455371|citação=Os teólogos especulativos (''mutakalliman'') do rebanho sunita, achando esse teomorfismo questionável, mas não querendo impugnar a autenticidade do relato, preferiram interpretar a “forma” como pertencente a algo diferente de Deus, como as pseudodivindades (''macbadat''), ou seja, o sol, a lua e as estrelas. Ibne Hambal discordou... É provável que ibne Hambal tenha reconhecido essa sura como um verdadeiro atributo de Deus. Ele afirma em seu Aqida V: “Deus criou Adão com Sua mão e em Sua imagem/forma”.|via=JSTOR|acessodata=2021-11-05|arquivodata=2021-11-07|arquivourl=https://web.archive.org/web/20211107172824/https://www.jstor.org/stable/3879671}}</ref> Censurando aqueles que alegaram que isso se referia à forma de [[Adão e Eva|Adão]], ibne Hambal afirmou: <blockquote>“Aquele que diz que Alá criou Adão consoante a forma de Adão é um ''jahmi'' (incrédulo). Qual era a forma de Adão antes de Ele criá-lo?”<ref>{{citar periódico|último =Williams|primeiro =Wesley|data=agosto de 2002|título=Aspects of the Creed of Imam Ahmad ibne Hambal: A Study of Anthropomorphism in Early Islamic Discourse|url=http://www.jstor.org/stable/3879671|periódico=International Journal of Middle East Studies|publicado=Cambridge University Press|volume=34|número=3|páginas=443|doi=10.1017/S0020743802003021|jstor=3879671|s2cid=162455371|via=JSTOR|acessodata=2021-11-05|arquivodata=2021-11-07|arquivourl=https://web.archive.org/web/20211107172824/https://www.jstor.org/stable/3879671}}</ref></blockquote>

==== O Alcorão ====
Uma das contribuições mais famosas de ibne Hambal ao pensamento [[Sunismo|sunita]] foi o papel considerável que ele desempenhou no fortalecimento da [[doutrina]] [[Ortodoxia|ortodoxa]] de que o Alcorão é a “Palavra incriada de Deus” (''kalām Allāh g̲h̲ayr mak̲h̲lūḳ'').<ref name="H. Laoust pp. 272-7"/> Por “Alcorão”, ibne Hambal entendia “não apenas uma ideia abstrata, mas o Alcorão com suas letras, palavras, expressões e ideias − o Alcorão em toda a sua realidade viva, cuja natureza em ''si''”, segundo ibne Hambal, escapava à compreensão humana.<ref name="H. Laoust pp. 272-7"/>

==== ''Taqlid'' ====
Amade ibne Hambal favoreceu a ''[[Ijtihad]]'' e rejeitou a ''Taqlid''; a prática da adesão cega às ''[[madhab]]s'' (escolas legais).<ref>{{citar livro|último =Ismail|primeiro =Raihan|título=Rethinking Salafism: The Transnational Networks of Salafi ʿUlama in Egypt, Kuwait, and Saudi Arabia|publicado=Oxford University Press|ano=2021|isbn=9780190948955|local=Nova Iorque|página=15|capítulo=Chapter 1: Salafism|citação=" ibne Hambal articulated ijtihad in rejection of taqlid.."}}</ref> A firme condenação da ''Taqlid'' por Amade ibne Hambal é relatada no tratado do hambalita [[cádi]] Abederramão ibne Haçane (1196–1285 A.H / 1782–1868  E.C.) ''Fath al-Majeed''. Comparando ''Taqlid'' com ''Shirk'' (politeísmo), ibne Hambal afirma: <blockquote>“Estou espantado com aquelas pessoas que sabem que um ''Sanad'' (ou seja, Cadeia de Transmissão) é autêntico e ainda assim, apesar disso, eles seguem a opinião de Sufyan, pois Alá (Glorificado seja Ele), diz: {E deixe aqueles que se opõem ao mandamento do Mensageiro (ou seja, sua Sunnah − formas legais, ordens, atos de adoração, declarações) (entre as seitas) cuidado, para que alguma ''[[Fitna]]'' (descrença, provações, aflições, terremotos, assassinatos, dominado por um tirano) deva acontecer a eles ou um doloroso tormento seja infligido a eles}. ([[An-Noor]]: 63) Você sabe o que é ''Fitna''? Que Fitna é ''Shirk'' (politeísmo). Talvez a rejeição de algumas de suas palavras faria com que alguém duvidasse e se desviasse em seu coração e assim ser destruído.”<ref>{{citar livro|último =Ibn Hasan Aal-Sheikh|primeiro ='Abdur-Rahman|título=Fath al-Majeed: Sharh Kitab al-Tawhid|publicado=Dar al Manarah|ano=2002|isbn=977-6005-18-7|local=El Mansoura, Egypt|página=366|translator-last=Al-Halawani|translator-first='Ali As-Sayed|títulotrad=Divine Triumph: Explanatory Notes on the Book of Tawheed|capítulo=38: Taking Scholars or Rulers as Partners Besides Allah}}</ref></blockquote>

==== Intercessão ====
É narrado por Abu Becre Almaruazi em seu ''Mansak'' que ibne Hambal preferia que se fizesse ''tawassul'' ou “intercessão” por meio do Profeta em toda súplica, com o texto: “Ó, Deus! Estou me voltando para Ti com Teu Profeta, o Profeta da Misericórdia. Ó, Maomé! Estou me dirigindo contigo ao meu Senhor para que minha necessidade seja atendida.”<ref>Gibril F. Haddad, ''The Four Imams and Their Schools'' (Londres: Muslim Academic Trust, 2007), p. 389 [trans slightly revised].</ref> Esse relato é repetido em muitas obras hambalis posteriores, no contexto da súplica pessoal como uma questão de jurisprudência.<ref>Gibril F. Haddad, ''The Four Imams and Their Schools'' (Londres: Muslim Academic Trust, 2007), p. 389.</ref> Ibn Qudamah, por exemplo, recomenda-a para a obtenção da necessidade em sua ''Wasiyya''.<ref>Ibn Quduma, ''Wasiyya al-Muwaffaq Ibn Quduma al-Maqdisi'', p. 93; see Gibril F. Haddad, ''The Four Imams and Their Schools'' (Londres: Muslim Academic Trust, 2007), p. 389</ref> Da mesma forma, [[ibne Taimia]] cita a [[fátua]] hambalita sobre a conveniência da intercessão do Profeta em toda súplica pessoal em seu ''Qāida fil-Tawassul wal-Wasiīla'', onde ele a atribui ao “imame Amade e a um grupo de ancestrais piedosos” da ''Mansak'' de Almaruazi como sua fonte.<ref>See Gibril F. Haddad, ''The Four Imams and Their Schools'' (Londres: Muslim Academic Trust, 2007), p. 389.</ref>

==== Misticismo ====
Como existem fontes históricas que indicam claramente “elementos místicos em sua piedade pessoal”<ref>Holtzman, Livnat, “Aḥmad b. Ḥanbal”, in: Encyclopaedia of Islam, THREE, Edited by: Kate Fleet, Gudrun Krämer, Denis Matringe, John Nawas, Everett Rowson; cf. ibne Aljauzi, ''Manāqib al-imām Aḥmad, ed. ʿĀdil Nuwayhiḍ'', Beirute 1393/1973 and Christopher Melchert, The Ḥanābila and the Early Sufis, Arabica, T. 48, Fasc. 3 (Brill, 2001), pp. 355-56</ref> e evidências documentadas de suas interações amáveis com vários dos primeiros santos sufis, incluindo [[Marufe de Carca]],<ref>H. Laoust, "Ahmad b. Hanbal," in ''Encyclopedia of Islam'', Vol. I, pp. 272-7; Christopher Melchert, The Ḥanābila and the Early Sufis, Arabica, T. 48, Fasc. 3 (Brill, 2001), p. 356</ref> reconhece-se que o relacionamento de ibne Hambal com muitos dos sufis era de respeito e admiração mútuos. Qadi Abu Ya'la relata em seu ''Tabaqat'': “[ibne Hambal] costumava respeitar muito os Sūfīs e demonstrar-lhes bondade e generosidade. Perguntaram-lhe sobre eles e lhe disseram que se sentavam constantemente nas mesquitas, ao que ele respondeu: 'O conhecimento os fez sentar'”.<ref>Gibril F. Haddad, ''The Four Imams and Their Schools'' (Londres: Muslim Academic Trust, 2007), p. 387; see ; ver ibne Abi Iala, ''Tabaqāt al-Hanābila'', II.279</ref> Além disso, é no ''Musnad'' de ibne Hambal que encontramos a maioria dos relatos de [[hádice]] sobre o ''abdal'', quarenta santos principais “cujo número [conforme a doutrina mística islâmica] permaneceria constante, um sempre sendo substituído por outro em sua morte” e cujo papel fundamental na concepção sufi tradicional da hierarquia celestial seria detalhado por místicos posteriores como Hujuiri e [[ibn Arabi]].<ref name="Christopher Melchert 2001 p. 356"/> Foi relatado que ibne Hambal identificou explicitamente [[Marufe de Carca]] como um dos ''abdal'', dizendo: “Ele é um dos santos substitutos, e sua súplica é atendida.”<ref name="Gibril F. Haddad 2007 p. 387">Gibril F. Haddad, ''The Four Imams and Their Schools'' (Londres: Muslim Academic Trust, 2007), p. 387</ref> Sobre o mesmo sufi, ibne Hambal perguntou mais tarde retoricamente: “O conhecimento religioso é algo mais do que o que Marufe alcançou?”<ref name="Christopher Melchert 2001 p. 356"/> Além disso, há relatos de ibne Hambal exaltando o antigo santo asceta Bixer, o Descalço, e sua irmã como dois excepcionais devotos de Deus,<ref>John Renard, ''Friends of God: Islamic Images of Piety, Commitment, and Servanthood'' (Berkeley: University of California Press, 2008), p. 158</ref> e de seu envio de pessoas com perguntas místicas a Bixer para orientação.<ref>Hujuiri, ''Kashf al-Majhub'', trans. R. A. Nicholson (Leida: Brill, 1911), p. 117</ref> Também está registrado que ibne Hambal disse, com relação aos primeiros sufis, “Não conheço nenhuma pessoa melhor do que eles.”<ref>''al-Ghiza al-Albab'', I, p. 120</ref> Além disso, há relatos de que o filho de ibne Hambal, Sale, foi exortado por seu pai a estudar com os sufis. De acordo com uma tradição, Sale disse: “Meu pai me chamava sempre que um abnegado ou asceta (''zāhid aw mutaqashshif'') o visitava para que eu pudesse observá-lo. Ele adoraria que eu me tornasse assim.”<ref name="Gibril F. Haddad 2007 p. 387"/>

Quanto à recepção de ibne Hambal pelos sufis, é evidente que ele foi “tido em alta conta” por todos os principais sufis dos períodos clássico e medieval,<ref name="Jawziyya, 2000 p. 153">ibne Caim Aljauzia, ''Al-Wabil al-Sayyib min al-Kalim al-Tayyib'', trans. Michael Abdurrahman Fitzgerald and Moulay Youssef Slitine as ''The Invocation of God'' (Londres: Islamic Texts Society, 2000), p. 153 (note by Timothy Winter)</ref> e os cronistas sufis posteriores frequentemente designaram o jurista como um santo em suas hagiografias, elogiando-o tanto por seu trabalho jurídico quanto por sua apreciação da doutrina sufi.<ref name="Jawziyya, 2000 p. 153"/> Hujuiri, por exemplo, escreveu sobre ele: “Ele se distinguia por sua devoção e piedade… Sufis de todas as ordens o consideram abençoado. Ele se associou a grandes [[Xeque (título)|xeques]], como [[Dulnune do Egito]], Bixer Alhafi, Sari Açacati, [[Marufe de Carca]] e outros. Seus milagres eram manifestos e sua inteligência era sólida… Ele acreditava firmemente nos princípios da religião e seu credo foi aprovado por todos os [teólogos].”<ref>Hujuiri, ''Kashf al-Majhub'', trans. R. A. Nicholson (Leida: Brill, 1911), pp. 117-118</ref> Tanto os hagiógrafos sufis hambalita quanto os não hambalita, como Hujuiri e [[ibne Aljauzi]], respectivamente, também fizeram alusão aos dons de ibne Hambal como [[Taumaturgia|milagreiro]]<ref>ibne Aljauzi, ''The Life of ibne Hambal'', XXIV.2, trans. Michael Cooperson (Nova Iorque: New York University Press, 2016), p. 89; Hujuiri, ''Kashf al-Majhub'', trans. R. A. Nicholson (Leida: Brill, 1911), pp. 117-118; ibne Caim Aljauzia, ''Al-Wabil al-Sayyib min al-Kalim al-Tayyib'', trans. Michael Abdurrahman Fitzgerald and Moulay Youssef Slitine as ''The Invocation of God'' (Londres: Islamic Texts Society, 2000), p. 153 (note by Timothy Winter)</ref> e à bênção de seu túmulo.<ref>ibne Aljauzi, ''Manāqib al-imām Aḥmad, ed. ʿĀdil Nuwayhiḍ'', Beirute 1393/1973</ref> Por exemplo, o próprio corpo de ibne Hambal era tradicionalmente tido como abençoado com o milagre da [[Corpo incorrupto|incorruptibilidade]], com ibne Aljauzi relatando: “Quando o descendente do Profeta Abu Jafar ibne Abi Muça foi enterrado ao lado dele, o túmulo de Amade ibne Hambal foi exposto. Seu cadáver não havia apodrecido e a mortalha ainda estava inteira e intacta.”<ref>ibne Aljauzi, ''The Life of ibne Hambal'', XCV.7, trans. Michael Cooperson (Nova Iorque: New York University Press, 2016), p. 298</ref>

Embora haja uma percepção de que ibne Hambal ou sua escola eram de alguma forma adversos ao [[Sufismo]], estudiosos como Éric Geoffroy afirmaram que esta opinião é mais parcial do que objetiva, pois não há nenhuma prova de que a escola hambalita “[atacou] o Sufismo em si qualquer mais do que qualquer outra escola,”<ref name="Eric Geoffrey 2010 p. 121">Eric Geoffrey, ''Introduction to Sufism: The Inner Path of Islam'' (Bloomington: World Wisdom, 2010), p. 121</ref> e é evidente que “durante os primeiros séculos alguns grandes sufis [como ibne Ata Alá, [[Almançor Alhalaje]] e Abedalá Ançari]... seguiram a escola de Direito Hambalita.”<ref name="Eric Geoffrey 2010 p. 121"/> No {{séc|XII}}, a relação entre hambalismo e sufismo era tão estreita que um dos mais proeminentes juristas hambalita, [[Abdalcáder Guilani]], também era simultaneamente o sufi mais famoso de sua época, e a ''[[Tariqa]]'' que ele fundou, a Cadíria, continuou a ser uma das ordens sufi mais difundidas até os dias atuais.<ref name="Eric Geoffrey 2010 p. 121"/> Mesmo autores hambalita posteriores que eram famosos por criticar alguns dos “desvios” de certas ordens sufis, heterodoxas de sua época, como ibne Cudama, [[ibne Aljauzi]] e ibne Caim Aljauzia, todos pertenciam à própria ordem de Abdalcáder Guilani, e nunca condenou o sufismo abertamente.<ref name="Eric Geoffrey 2010 p. 121"/>

==== Relíquias ====
Como foi observado por estudiosos, é evidente que ibne Hambal “acreditava no poder das relíquias”<ref name="Christopher Melchert 2001 p. 356"/> e apoiava a busca de [[Baraca|bênçãos]] por meio delas na veneração religiosa. De fato, vários relatos da vida de ibne Hambal relatam que ele frequentemente carregava “uma bolsa ... em sua manga contendo ... cabelos do Profeta”.<ref name="Christopher Melchert 2001 p. 356"/> Além disso, [[ibne Aljauzi]] relata uma tradição narrada pelo filho de ibne Hambal, Abedalá ibne Amade ibne Hambal, que relembrou a devoção de seu pai para com as relíquias assim: “Vi meu pai pegar um dos cabelos do Profeta, colocá-lo sobre sua boca e beijá-lo. Posso tê-lo visto, colocá-lo sobre seus olhos, mergulhá-lo em água e beber a água para curá-lo.”<ref name="Jawzī, 2016 p. 89">ibne Aljauzi, ''The Life of Ibn Hanbal'', XXIV.2, trans. Michael Cooperson (Nova Iorque: New York University Press, 2016), p. 89</ref> Da mesma forma, ibne Hambal também bebeu da tigela do Profeta (tecnicamente uma relíquia de “segunda classe”) para buscar bênçãos dela,<ref name="Jawzī, 2016 p. 89"/> e considerou tocar e beijar o [[mimbar]] sagrado do Profeta para bênçãos um ato permissível e piedoso.<ref>Imam Ahmad, ''Al-'Ilal wa Ma'rifat Ar-Rijal'', II, p. 492</ref> Ibne Hambal mais tarde ordenou que ele fosse enterrado com os cabelos do Profeta que ele possuía, “um em cada olho e um terço em sua língua”.<ref name="Christopher Melchert 2001 p. 356"/>

O estudioso sufi Gibril Haddad relata de Aldaabi que ibne Hambal “costumava buscar bênçãos das relíquias do Profeta.”<ref name="Gibril F. Haddad 2007 p. 390"/> Citando o relato acima mencionado sobre a devoção de ibne Hambal ao cabelo do Profeta, Aldaabi passa a criticar firmemente quem quer que encontre falhas nas práticas de ''tabarruk'' ou de buscar bênçãos de relíquias sagradas, dizendo: “Onde está agora o crítico do imame Amade? Também está autenticamente estabelecido que Abedalá [filho de ibne Hambal] perguntou a seu pai sobre aqueles que tocam a maçaneta do púlpito do Profeta e tocam a parede do quarto do Profeta, e ele disse: 'Não vejo nenhum mal nisso'. Que Deus proteja a nós e a vocês da opinião dos dissidentes e das inovações!”.<ref>Al-Dhahabī, ''Siyar'', IX.457; cited in Gibril F. Haddad, ''The Four Imams and Their Schools'' (Londres: Muslim Academic Trust, 2007), p. 390</ref>

Quando perguntado por seu filho Abedalá sobre a legitimidade de tocar e beijar o [[Mesquita do Profeta|túmulo do Profeta]] em [[Medina]], ibne Hambal teria aprovado esses dois atos como permitidos conforme a lei sagrada.<ref>ibne Hambal, ''Al-'Ilal wa Ma'rifat Ar-Rijal'', II, p. 492</ref><ref>{{citar livro|url=https://books.google.com/books?id=AfReDwAAQBAJ |título=Logical Analysis Of Wahhabi Beliefs |primeiro =Najm Al-Din |último =Tabassi|translator-first=Zahra Musavi |translator-last=Khalkhali |data=2009 |publicado=Rafed Books |acessodata=2022-04-13 |arquivodata=2022-07-08 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20220708135849/https://books.google.com/books?id=AfReDwAAQBAJ}}</ref>

=== Jurisprudência ===
Segundo o estudioso hambalita Najemadim Atufi (morto em 716 A.H/1316 EC), Amade ibne Hambal não formulou uma teoria jurídica; já que “toda a sua preocupação era com o [[hádice]] e sua coleção”. Mais de um século após a morte de Amade, o legalismo hambalita emergiria como uma escola distinta; devido aos esforços de juristas como Abu Becre Alatrã (morto em 261 A.H/874 d.C.), Harbe Alquirmani (morto em 280 A.H/893 d.C.), Abedalá ibne Amade (morto em 290 A.H/903 d.C.), Abu Becre Alcalal (morto em 311 A.H/ 923 d.C.), etc., que compilou os vários veredictos legais de Amade.<ref>{{citar livro|último =B. Hallaq |primeiro =Wael |título=The Origins and Evolution of Islamic Law |publicado=Cambridge University Press |ano=2005 |isbn=978-0-521-80332-8 |local=Cambridge, UK |páginas=159–160 |capítulo=7: The formation of legal schools}}</ref>

==== Raciocínio independente dos muftis ====
Ibne Hambal também tinha um critério estrito para o ''[[ijtihad]]'' ou raciocínio independente em questões legais por [[mufti]]s e [[ulemá]]s.<ref name="Gibril F. Haddad 2007 p. 306">Gibril F. Haddad, ''The Four Imams and Their Schools'' (Londres: Muslim Academic Trust, 2007), p. 306</ref> Uma história narra que ibne Hambal foi questionado por Zacaria ibne Iáia Adarir sobre “quantos hádices memorizados são suficientes para alguém ser um [[mufti]] [significando um jurista ''mujtahid'' ou alguém capaz de emitir [[fatwa]]s fundamentadas independentemente]”.<ref name="Gibril F. Haddad 2007 p. 306"/> Conforme a narrativa, Zacaria perguntou: “Cem mil são suficientes?” ao que ibne Hambal respondeu negativamente, com Zacaria perguntando se eram duzentos mil, ao que recebeu a mesma resposta do jurista. Assim, Zacaria continuou aumentando o número até que, em quinhentos mil, ibne Hambal disse: “Espero que isso seja suficiente.”<ref name="Gibril F. Haddad 2007 p. 306"/> Como resultado, foi argumentado que ibne Hambal desaprovava o raciocínio independente daqueles muftis que não eram mestres absolutos em lei e jurisprudência.<ref name="Gibril F. Haddad 2007 p. 306"/>

==== Abusar do hádice ====
Ibne Hambal narrou de Maomé ibne Iáia Alcatã que este último disse: “Se alguém seguisse cada ''rukhṣa'' [dispensação] que está no hádice, ele se tornaria um transgressor (''fāsiq'')”.<ref>Ahmad ibne Hambal, ''Al-'Ilal wa-Ma'rifat al-Rijāl'', ed. Wasi Allah ibn Muhammad Abbas (Beirut: Mu'assasat al-Risāla, 1983), I:219; cited in Gibril F. Haddad, ''The Four Imams and Their Schools'' (Londres: Muslim Academic Trust, 2007), p. 306</ref> Acredita-se que ele citou isso devido ao grande número de tradições forjadas do Profeta.<ref name="Gibril F. Haddad 2007 p. 306"/>

==== Interpretação privada ====
Ibne Hambal parece ter sido um oponente formidável da “interpretação privada” e, na verdade, sustentava que apenas os estudiosos religiosos eram qualificados para interpretar adequadamente os textos sagrados.<ref name="ReferenceA"/> Um dos credos atribuídos a ibne Hambal começa com: “Louvado seja Deus, que em todas as eras e intervalos entre os [[profeta]]s (''fatra'') elevou homens eruditos possuindo excelentes qualidades, que invocam aquele que se desvia (para retornar) ao caminho certo.”<ref name="ReferenceA"/> Foi apontado que este credo particular “se opõe explicitamente ao uso de julgamento pessoal (''raʾy'') … [como base] da [[jurisprudência]].”<ref name="ReferenceA"/>

=== Ética ===
==== Diferenças de opinião ====
Ibne Hambal foi elogiado tanto em sua própria vida quanto posteriormente por sua “aceitação serena das divergências jurídicas entre as várias escolas da lei islâmica”.<ref>Gibril F. Haddad, ''The Four Imams and Their Schools'' (Londres: Muslim Academic Trust, 2007), p. 313</ref> Segundo estudiosos notáveis posteriores da escola hambalita como ibne Aqil e [[ibne Taimia]], ibne Hambal “considerava toda ''[[madhhab]]'' correta e abominava que um jurista insistisse que as pessoas seguissem a dele mesmo que ela os considerasse errados e mesmo que a verdade seja uma em qualquer assunto.”<ref>Gibril F. Haddad, ''The Four Imams and Their Schools'' (Londres: Muslim Academic Trust, 2007), p. 306; see Ibn Taymiyyah, ''Majmū' al-Fatāwā, 20:365</ref> Assim, quando o aluno de ibne Hambal, Ixaque ibne Balul Alambari, “compilou um livro sobre diferenças jurídicas (...) que ele chamou de ''O Núcleo da Divergência'' (''Lubāb al-Ikhtilāf'')”, ibne Hambal o aconselhou a nomear a obra como ''O Livro da Liberdade de Expressão'' (''Kitāb al-Sa'a'').<ref>Gibril F. Haddad, ''The Four Imams and Their Schools'' (Londres: Muslim Academic Trust, 2007), p. 313; see Ibn Abī Ya'lā, ''Tabaqāt al-Hanābila'', I.111, etc.</ref>

== Obras ==
Os seguintes livros são encontrados no ''al-Fihrist'' de ibne Anadim:
* ''Usool as-Sunnah'': “Fundamentos da Tradição Profética (na Crença)”
* ''as-Sunnah'': “A Tradição do Profeta (na Crença)”
* ''Kitab al-`Ilal wa Ma‘rifat al-Rijal'': “O Livro das Narrações Contendo Falhas Ocultas e do Conhecimento dos Homens (de Hádice)” Riade: Al-Maktabah al-Islamiyyah
* ''Kitab al-Manasik'': “O Livro dos Ritos do Haje”
* ''Kitab al-Zuhd'': “O Livro da Abstinência” ed. Muhammad Zaghlul, Beirute: Dar al-Kitab al-'Arabi, 1994
* ''Kitab al-Iman'': “O Livro da Fé”
* ''Kitab al-Masa'il'': “Questões em Fiqh”
* ''Kitab al-Ashribah'': “O Livro das Bebidas”
* ''Kitab al-Fada'il Sahaba'': “Virtudes dos Companheiros”
* ''Kitab Tha'ah al-Rasul'' : “O Livro de Obediência ao Mensageiro”
* ''Kitab Mansukh'': “O Livro da Abrogação”
* ''Kitab al-Fara'id'': “O Livro dos Deveres Obrigatórios”
* ''Kitab al-Radd `ala al-Zanadiqa wa'l-Jahmiyya'': “Refutações dos hereges e dos jamitas” (Cairo: 1973)
* ''Tafsir'': “Exegese”
* ''Musnade Amade ibne Hambal''

== Visões históricas ==
Ibne Hambal foi amplamente elogiado por seu trabalho no campo da tradição profética ([[hádice]]), jurisprudência e sua defesa da teologia sunita ortodoxa. [[Abdalcáder Guilani]] afirmou que um muçulmano não poderia ser verdadeiramente um santo de [[Deus no Islã|Alá]], exceto se estivesse conforme o credo de ibne Hambal; apesar dos elogios de seus contemporâneos também, Iáia ibne Maim observou que ibne Hambal nunca se gabou de suas realizações.<ref name="Foundation" />

=== Jurisprudência ===
Existem algumas supostas opiniões de que suas opiniões jurídicas nem sempre foram aceitas. O [[Exegese|exegeta]] do Alcorão [[Atabari]], que certa vez visou estudar com ibne Hambal, afirmou mais tarde que não considerava ibne Hambal um jurista e não deu peso a suas opiniões no campo, descrevendo-o como um especialista em apenas tradição profética.<ref>Yaqut al-Hamawi, ''Irshad'', vol. 18, p. 57–58.</ref> No entanto, isso deve ser visto no contexto de seu tempo, pois a escola de ibne Hambal ainda estava em sua infância e não era seguida por tantas pessoas ainda em comparação com as outras escolas e os alunos tinham conflito com a escola de Atabari.<ref>{{citar livro|último =Abu Zayd|primeiro =Bakr|título=Al-Madkhal Al-Mufassal|páginas=1/366}}</ref> Considere como o ''Masa'il'' do imame Amade, ou seja, a primeira compilação escrita das perguntas e respostas de ibne Hambal, foi escrita por Abu Becre Alcalal, que viveu na mesma época que Atabari, e a primeira compilação escrita do ''fiqh'' de ibne Hambal foi Alquiraqui, que também viveu na mesma época. O ensino mais sistemático da jurisprudência de ibne Hambal em estabelecimentos de ensino só ocorreu depois desse ponto.<ref>{{citar livro|último =Al-Ulayyan|primeiro =Mustafa Hamdu|título=Al-Sadah Al-Hanabilah wa Ikhtilafatuhum Ma'a Al-Salafiyah Al-Mu'ashirah fi al-'Aqidah wa al-Fiqh wa al-Tasawwuf|publicado=Dar al-Nur al-Mubin Li al-Nashr wa al-Tawzi|ano=2017|local=Amã, Jordânia|páginas=108–109}}</ref>

Da mesma forma, alguns consideram como o estudioso [[Alandalus|andalusino]] ibne Abde Albar não incluiu ibne Hambal ou suas opiniões em seu livro ''Os excelentes Méritos escolhidos a dedo dos três Grandes Imãs Jurisprudentes'' sobre os principais representantes da jurisprudência sunita.<ref>Camilla Adang, ''This Day I have Perfected Your Religion For You: A Zahiri Conception of Religious Authority, pg. 20. Taken from ''Speaking for Islam: Religious Authorities in Muslim Societies''. Ed. Gudrun Krämer and Sabine Schmidtke. Leida: Brill Publishers, 2006.''</ref> No entanto, ibne Abde Albar realmente elogiou a jurisprudência de ibne Hambal dizendo: “Ele é muito poderoso no ''fiqh'' do ''madhab'' do ''ahl al-hadith'' e ele é o imame do 'ulama de ahl al-hadith.”<ref>{{citar livro|último =ibne Abde Albar|título=Al-Intiqa|páginas=107}}</ref>

Seja como for, a grande maioria dos outros estudiosos reconhece as proezas de ibne Hambal como um jurista mestre digno de alguém cuja metodologia se tornou a base de sua própria escola de jurisprudência. Imame Axafi disse, entre muitos outros elogios, “Amade é um imame em oito campos: ele é um imame em hádice, jurisprudência, ''Al-Qur'an'', ''Al-Lughah'', ''Al-Sunnah'', ''Al-Zuhd'', ''Al-Warak'', e ''Al-Faqr''”.<ref name=":0">{{citar livro|último =Ibn Abī Yaʻlá|primeiro =Abū al-Ḥusayn Muḥammad ibn Muḥammad|título=Tabaqat al-Hanabilah|publicado=Dar al-Ma'rifah|local=Beirute, Líbano|páginas=1/14}}</ref> Al-Dhahabi, um dos maiores biógrafos islâmicos, observa em sua obra-prima ''Siyar A'lam Nubala'' que o estatuto de ibne Hambal na jurisprudência é semelhante a Alaite ibne Sade, Maleque ibne Anas, Axafi e Abu Iúçufe.<ref>{{citar livro|último =al-Dhahabī|primeiro =Shams ad-Dīn Abū ʿAbdillāh Muḥammad ibn Aḥmad ibn ʿUthmān|título=Siyar a'lam al-nubala|páginas=21/379|língua=ar}}</ref> Muhammad Abu Zahra, um estudioso hanafi contemporâneo, escreveu um livro intitulado ''ibne Hambal: Hayatuhu wa `Asruhu Ara'uhu wa Fiqhuh'', e lá ele mencionou os fortes elogios de vários outros estudiosos clássicos a ibne Hambal e sua escola de jurisprudência.

=== hádice ===
É relatado que ibne Hambal alcançou o título de ''al Hafidh'' de [[hádice]] segundo a classificação de Jamaladim Almizi, já que a concessão do título foi aprovada por [[ibne Hajar de Ascalão]] que ibne Hambal memorizou pelo menos 750 mil hádices durante sua vida, mais do que [[Albucari]] e [[Muslim ibne Alhajaje]] que memorizaram 300 mil hádices cada um, e Abu Daúde Assijistani que memorizou 500 mil hádices.<ref name="Ensiklopedia Imam Syafi'i">{{citar livro|último1 =Nahrawi Abdus Salam Al-Indunisi |primeiro1 =Ahmad |tipo=Dr. |editor-sobrenome1 =Ahmad Nahrawi |editor-nome1 =Amirah |título=Ensiklopedia Imam Syafi'i |data=2008 |translator1=Usman Sya'roni |publicado=Jakarta Islamic Centre |local=Coja, Jacarta do Norte, Indonésia|isbn=9789791142199 |página=697 |url=https://books.google.com/books?id=CUx3N_ZK7jUC |acessodata=17 de dezembro de 2021 |língua=indonésio|arquivodata=8 de julho de 2022 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20220708135829/https://www.google.co.id/books/edition/Ensiklopedia_Imam_Syafi_i/CUx3N_ZK7jUC?hl=en&gbpv=0}}</ref> Abu Zur'ah menciona que ibne Hambal memorizou 1 milhão hádices, 700 mil deles relacionados à jurisprudência.<ref name=":0" />

Embora conforme a classificação de Marfu' hádice de ibne Abas, registrada por Atabarani, ibne Hambal alcançou o posto de miramolim alhádice, um posto que só foi alcançado por poucos estudiosos de hádice na história, como Maleque ibne Anas, Iáia ibne Maim, Hamade ibne Salama, ibne Almubaraque e Açuiuti.<ref name="Ensiklopedia Imam Syafi'i" /> O ''Musnad'' de ibne Hambal não é, no entanto, classificado entre os ''Kutub al-Sitta'', as seis grandes coleções de hádice.

{{Referências}}

== Bibliografia ==
{{Commonscat|getwikidata}}

=== Primária ===
{{refbegin}}
* Al-Ājurrī, ''Kitāb al-Sharīʿa'', Beirute 2000<ref>Entire bibliography is taken from Holtzman, Livnat, “Aḥmad b. Ḥanbal”, in: Encyclopaedia of Islam, THREE, Edited by: Kate Fleet, Gudrun Krämer, Denis Matringe, John Nawas, Everett Rowson</ref>
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