Artur Pastor

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Artur Pastor
Nascimento 1 de maio de 1922
Alter do Chão
Morte 17 de setembro de 1999 (77 anos)
Nacionalidade Portugal Português
Ocupação fotógrafo

Artur Pastor foi um fotógrafo português (n. 1 de Maio de 1922, em Alter do Chão, f. 1999). Em 1942, fruto da necessidade de documentar a tese de final do curso de regente agrícola, descobre o fascínio da fotografia que o há-de acompanhar até ao seu último sopro de vida a 17 de Setembro de 1999.

Biografia

Após ter terminado o curso, entrega-se de alma e coração à conquista da fotografia. Em Évora, onde vive na altura, envolve-se em inúmeros projectos. A primeira exposição, Motivos do Sul, teve lugar em Faro, no ano de 1946, onde apresentou trezentos trabalhos, o que demonstra a pujança com que se lançou no mundo da fotografia. Seguem-se outras exposições em Évora e Setúbal. Paralelamente começa a apresentar trabalhos seus em publicações ilustradas, postais, selos e cartazes. Durante este período inicial da sua vida artística colabora em diversos jornais do Sul do País com artigos de opinião e de cariz literário.

No início dos anos cinquenta vai trabalhar para os serviços do Ministério da Agricultura em Montalegre. Naquela época tenta formar, em Braga, uma associação fotográfica. Em 1953 vem viver para Lisboa. Nesta cidade passa a fazer parte do Foto Clube 6x6.

Pertenceu aos quadros do Estado durante cerca de trinta anos como Engenheiro Técnico Agrário. Ao longo destes anos, foi responsável pela obtenção e organização das mais de 10 000 fotos que compõem a Fototeca da Direcção Geral dos Serviços Agrícolas. Paralelamente, colaborou com outros organismos ligados à agricultura como as Juntas Nacionais do Azeite, do Vinho, das Frutas e a Federação Nacional dos Produtores de Trigo, entre outros.

Com uma visão única do mundo agrícola deixou para as gerações posteriores um legado fotográfico de grande valor documental e artístico. Pelo serviço prestado enquanto fotógrafo do Ministério da Agricultura, foi-lhe atribuído o grau de Oficial da Ordem de Mérito Agrícola e Industrial (Classe do Mérito Agrícola). Registou milhares de fotografias por solicitação dos mais diversos organismos oficiais e grandes empresas, sobretudo no campo da agricultura e turismo. Colaborou, com centenas de fotografias, em exposições oficiais e feiras, no país e no estrangeiro. Participou em Salões Nacionais e Internacionais de Fotografia. Nos Salões Nacionais, obteve, com regularidade, os primeiros prémios. Individualmente, realizou 13 exposições fotográficas, com destaque para a que teve lugar no Palácio Foz, em 1970, com 360 trabalhos e no Palácio Galveias, em 1986, com 136 fotografias. Publicou dois álbuns de grande formato: "Nazaré" e "Algarve", sendo da sua autoria os textos, as fotos e a paginação. Ilustrou totalmente, com motivos originais da Nazaré, o álbum de fotografia oferecido à Rainha Isabel II, aquando da sua visita a Portugal. Escreveu e ilustrou a separata "A Fotografia e a Agricultura" e forneceu fotografias para o folheto "Alcobaça". Ilustrou os livros “ Évora”, com textos de Túlio Espanca, "As Mulheres do Meu País" de Maria Lamas e "A Região a Oeste da Serra dos Candeeiros". Em Portugal, colaborou nas publicações "Panorama", "MundoIlustrado", "Agricultura", "Fotografia", "Revista Shell", entre outras, incluindo boletins informativos, almanaques do Alentejo e do Algarve, livros como "Guia de Braga", "Portugal", "Lisboa", "Romantic Portugal", etc., e ainda desdobráveis de turismo, capas de livros e de discos, selos, inúmeros folhetos, agendas, boletins regionais, calendários e cartazes. Forneceu fotografias para o "National Geographic Magazine" e "Photography Year Book". Foi o autor português que, a convite do editor, escreveu o artigo sobre Portugal, com inclusão apenas de fotos suas, na "The Focal Encyclopedia of Photography". Várias revistas e jornais estrangeiros dedicaram artigos relativos ao seu trabalho, tais como a "Art Photography", americana, o jornal "Times" de Londres, ou incluíram diversas fotos, como as revistas "Photography", inglesa, a "Revue Française", as alemãs "Merian" e "Architektur & Wohnen", a "Revue Fatis", o "Photo Guide Magazine", entre outras.

Em 2001, o seu espólio foi adquirido, quase na sua totalidade, pelo Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa. Os arquivos fotográficos de Artur Pastor contêm largos milhares de fotografias, centenas das quais com irrecuperável valor histórico, imagens de um país perdido ou alterado, a preto e branco, diapositivos a cores, e em negativos a cores. Para além da cobertura de todas as regiões continentais e insulares do país, constam colecções de várias províncias de Espanha e Itália e das cidades de Paris e Londres. Deixou preparada a exposição" Uma Visão Histórica e Etnográfica do País ", com fotografias de Portugal a preto e branco e a cores, e outras, nomeadamente sobre Lisboa, Porto, Braga, Évora e Sintra.

Fazem parte do seu legado maquetas de livros sobre Portugal e sobre algumas regiões e cidades do nosso país, com fotografia e texto da sua autoria. Considerado O Domador da Rolleiflex, utilizou, ao longo da sua vida, diversas máquinas fotográficas desde a lendária Rolleiflex de película 6x6 até à moderna Nikon de formato de 35mm. Os dias da vida de Artur Pastor foram sempre passados no mundo da fotografia. Quando não saía para as inúmeras incursões fotográficas pelos mais diversos cantos do país, distribuía os seus tempos entre as visitas aos laboratórios para acompanhar de perto os trabalhos, o retoque das provas ou a organização meticulosa e exaustiva do arquivo. Negativos e provas, organizados por temas e datas, foram, ao longo dos anos, invadindo todos os espaços da habitação. Artur Pastor foi um marco importante no panorama artístico português tendo sido carinhosa e justamente apelidado, entre os seus pares, como O Poeta da Fotografia.