Biohacking
Biohacking é a prática de misturar biologia com ética hacker.[1] Atualmente, essa área ainda está muito restrita ao DIY (Do It Yourself - faça você mesmo), sendo que aplicações comerciais ainda estão por vir. Biohacking abrange um grande espectro de práticas e movimentos, desde especialistas que projetam e instalam aprimoramentos corporais DIY, como implantes magnéticos, até biólogos que conduzem sequenciamento genético em suas casas.[2][3][4][5] Biohacking está emergindo em um tendência crescente de desenvolvimento científico e tecnológico não-institucional.[1][6][7] Muitos ativistas do biohacking, ou biohackers, identificam-se com o movimento biopunk, como o transumanismo e o tecnoprogressivismo.[2][8][9]
Biohacking também pode ser referir à gestão da biologia de algum indivíduo através da combinação de técnicas eletrônicas, médicas e nutricionais. Elas podem incluir o uso de nootrópicos e/ou dispositivos cibernéticos para registro de dados biométricos.[5][10]
Ideologia[editar | editar código-fonte]
Biohackers, em sua maioria, se identificam com as ideologias biopunk e transhumanista.[1][11][12] Transhumanismo é a crença de que é possível, e também desejável, alterar fundamentalmente a condição humana através do uso de tecnologias e fazer um ser humano superior, designado por pós-humano.[13][14][15]
Biopunk é um movimento cultural e intelectual tecno-progressivista que defende o acesso aberto à informação genética e expõe o potencial libertador do desenvolvimento tecnológico realmente democrático.[16][17] Assim como outros movimentos punk, o Biopunk encoraja a ética DIY.[11][18] "Grinders" aderem a um esforço de anarquismo do biopunk, que enfatiza a ciência não hierárquica e o DIY.[12]
Os ciborgues (organismos cibernéticos) e a teoria ciborgue influenciam, fortemente, o tecnoprogressivismo e também o movimento biohacking.[19] Alguns biohackers, como os Grinders e o professor britânico de cibernética Kevin Warwick, desenvolvem e implantam ativamente tecnologias que são integradas diretamente ao organismo.[2] Entre os exemplos, podemos citar os implantes magnético de ponta do dedo ou Warwick’s “Project Cyborg”.[2][20][21] A teoria ciborgue foi introduzida em 1985 com a publicação do influente "Manifesto Ciborgue", de Donna Haraway, mas pode ser rastreada até o artigo "Cyborgs and Space", de Manfred Clynes e Nathan Klines.[22] Esse corpo de teorias critica as rígidas fronteiras ontológicas e tenta tornar não natural dicotomias artificiais.[19][23]
Pessoas Notáveis[editar | editar código-fonte]
- Kevin Warwick é um cientista Britânico e professor de cibernética que foi instrumental em avançar e popularizar tecnologia ciborgue e biohacking atráves de seus experimentos em si mesmo.[24][25]
- Steve Mann é um professor de engenharia da computação e elétrica que tem dedicado sua carreia para inventar, implementar, e pesquisar tecnologias ciborgue, em particular, tecnologias de computação wearable.
- Amal Graafstra é conhecido por implantar um chip RFID em 2005 e desenvolver chips humano-amigavéis incluindo o primeiro chip NFC implantável.[26] Em 2013, ele fundou uma companhia startup de biotecnologia Dangerous Things.[27] Ele é também autor do RFID Toys[28] e porta-voz de tópicos em biohacking, incluindo um TEDx talk. Ele também construiu uma smartgun que e ativada por seus implantes. Ele também criou um processador criptogáfico chamado VivoKey[29] para identificação pessoal e aplicações de criptografia.
- João Vitor Nassaralla é um médico brasileiro e embaixador do movimento Biohacker no Brasil. [30]
- Tiago Pereiras é o pioneiro do movimento Biohacker no Brasil https://www.terra.com.br/noticias/dino/biohacking-tendencia-popular-no-vale-do-silicio-chega-ao-brasil-buscando-maxima-performance-fisica-e-mental,c0051a20188234f2cd71dfa483e53240m73xysba.html
Projetos atuais[editar | editar código-fonte]
Um projeto popular é o The Glowing Plant Project, cujo objetivo é cultivar a planta arabidopsis com um gene bioluminescente que ocorre naturalmente em vaga-lumes. O gene será inserido na planta através de agrobactérias.[31]
Referências
- ↑ a b c Greg Boustead (11 de dezembro de 2008). «O biohacker hobbista». Seed Magazine. Consultado em 11 de julho de 2010 (em inglês)
- ↑ a b c d Popper, Ben. «América Cyborg: dentro do estranho novo mundo world dos porões de biohackers». Verge Magazine. Consultado em 30 de novembro de 2012 (em inglês)
- ↑ Erin Biba (19 de agosto de 2011). «Genoma em casa: Biohackers constroem seus próprios laboratórios». Wired Magazine. Consultado em 30 de novembro de 2012 (em inglês)
- ↑ «Modificações corporais e Bio-Hacking». collaborate.biohack.me. 21 de maio de 2012. Consultado em 30 de novembro de 2012 (em inglês)
- ↑ a b Glen Martin (28 de junho de 2012). «'Biohackers' extraem dados de seus próprios corpos». SF Gate. Consultado em 30 de novembro de 2012 (em inglês)
- ↑ Phil McKenna (7 de janeiro de 2009). «Ascensão dos hackers de genoma de garagem». New Scientist. Consultado em 11 de julho de 2010 (em inglês)
- ↑ Patti Schiendelman (1 de janeiro de 2009). «DIYBio para biohackers». Make: Online. Consultado em 11 de julho de 2010 (em inglês)
- ↑ «Quem nós somos». collaborate.biohack.me. 28 de agosto de 2012. Consultado em 30 de novembro de 2012 (em inglês)
- ↑ «Códigos DIYBio». DIYBio. 2011. Consultado em 30 de novembro de 2012 (em inglês)
- ↑ Eric (2013). «Tutorial para rastrear aprimoramentos mentais com nootrópicos». www.purenootropics.net. Consultado em 10 de dezembro de 2013 (em inglês)
- ↑ a b Meredith L. Patterson (30 de janeiro de 2010). «Um Manifesto Biopunk». “Outlaw Biology? Public Participation in the Age of Big Bio.”. Consultado em 30 de novembro de 2012 (em inglês)
- ↑ a b «FAQ (Frequently Asked Questions - Perguntas Frequentes)». collaborate.biohack.me. 13 de novembro de 2012. Consultado em 30 de novembro de 2012 em (inglês)
- ↑ Bostrom, Nick (2005). «A história of pensamento transhumanista» (PDF). Journal of Evolution and Technology. Consultado em 30 de novembro de 2012 (em inglês)
- ↑ Hayles, Katherine (1999). Como nos tornamos pós-humanos: corpos virtuais na cibernética, informática e literatura. Chicago: University of Chicago Press. ISBN 978-0-226-32139-4 (em inglês)
- ↑ Katherine Hayles (11 de setembro de 2011). «H-: Luta com transhumanismo». MetaNexus. Consultado em 30 de novembro de 2012 (em inglês)
- ↑ Newitz, Annalee (2001). «Biopunk». Consultado em 26 de janeiro de 2007. Cópia arquivada em 20 de dezembro de 2002 (em inglês)
- ↑ Newitz, Annalee (2002). «Liberação do genoma». Consultado em 26 de janeiro de 2007 (em inglês)
- ↑ «Oxford Journal of Design History Webpage». Consultado em 24 de setembro de 2007.
Ainda, ele permanece dentro da subcultura da música punk onde as fanzines A4 feitas e fotocopiadas em casa, dos fins da década de 1970, fomentou o "faça você mesmo" (DIY), produção de técnicas de cortar e colar letras de forma, imagens fotocopiadas e coladas, textos escritos à mão, para criar uma estética de design gráfico reconhecível.
(em inglês) - ↑ a b Gray, Chris Hables (1995). O manual Cyborg. New York: Routledge. ISBN 978-0415908498 (em inglês)
- ↑ Procurar no youtube por TEDxWarwick - Kevin Warwick - Implants & Technology (em inglês)
- ↑ «Projetos». Grindhouse Wetware. Consultado em 30 de novembro de 2012 (em inglês)
- ↑ Clynes, Manfred; Klines (setembro de 1960). «Nathan». Astronautics em inglês
- ↑ Wikipedia contributors. «Teoria Ciborgue». Wikipedia, The Free Encyclopedia. Consultado em 30 de novembro de 2012 (em inglês)
- ↑ Warwick, K, Gasson, M, Hutt, B, Goodhew, I, Kyberd, P, Andrews, B, Teddy, P and Shad, A:“The Application of Implant Technology for Cybernetic Systems”, Archives of Neurology, 60(10), pp1369-1373, 2003
- ↑ https://www.independent.co.uk/news/professor-has-worlds-first-silicon-chip-implant-1174101.html
- ↑ «The xNT implantable NFC chip». Indiegogo (em inglês). Consultado em 26 de maio de 2017
- ↑ «Dangerous Things». Dangerous Things (em inglês). Consultado em 26 de maio de 2017
- ↑ «RFID Toys». amzn.to. Consultado em 26 de maio de 2017
- ↑ «Vivokey - The future is waiting...». vivokey.com (em inglês). Consultado em 26 de maio de 2017
- ↑ «Biohacking: tendência popular no Vale do Silício chega ao Brasil buscando "máxima performance física e mental"». Terra. Consultado em 7 de julho de 2020
- ↑ Evans, Antony. «Fórum». Glowing Plant. Tumblr. Consultado em 3 de dezembro de 2013 (em inglês)
- ↑ «Biohacking: tendência popular no Vale do Silício chega ao Brasil buscando "máxima performance física e mental"». Terra. Consultado em 7 de julho de 2020