Mostrar código-fonte de Bob Dylan

{{Mais notas|data=outubro de 2019}}
{{Info/Biografia
 |lang                  = br
 |nome                  = <font color="blue">Bob Dylan</font> [[Ficheiro:Nobel prize medal.svg|20px|Medalha Nobel|link=Prémio Nobel]]
 |nobel                 = sim
 |imagem                = Joan Baez Bob Dylan crop.jpg
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 |imagem_legenda        = Bob Dylan em 1963
 |nome_nativo           = 
 |nome_completo         = Robert Allen Zimmerman
 |pseudônimo            = Bob Dylan
 |outros_nomes          = {{Lista simples|
* Robert Dylan <small>(legal)</small> 
* Shabtai Zissel ben Avraham ({{Langx|He|שבתי זיסל בן אברהם|4=Shabtai Zisl ben Avraham}})<ref>{{citar periódico |primeiro1=Ari |último1=Ktorza |primeiro2=Shlomo |último2=Ben Zvi |titulo=Gefilte Jazz |publicado=Segula Magazine |data=Novembro de 2018 |volume=45 |número=45 |pagina=51}}</ref><ref name =Sounes14/>
* Elston Gunnn<!-- NÃO MUDE A ESCRITA DE Gunnn com três "n"s. -->
* Blind Boy Grunt
* Bob Landy
* Robert Milkwood Thomas
* Tedham Porterhouse
* [[Traveling Wilburys|Lucky Wilbury]]
* [[Traveling Wilburys|Boo Wilbury]]
* Jack Frost
* Sergei Petrov
* Zimmy
}}
 |nascimento_data       = {{dni|24|05|1941|lang=br}}
 |nascimento_local      = [[Duluth (Minnesota)|Duluth]], [[Minnesota]], [[Estados Unidos]]
 |residência            = [[Malibu]], [[Califórnia]], [[Estados Unidos]]
 |nacionalidade         = {{USAn|o}}
 |cônjuge               = {{Lista simples|
* [[Sara Dylan|Sara Noznisky]] <small>(c. 1965; div. 1977)</small>
* Carolyn Dennis <small>(c. 1986; div. 1992)</small>
}}
 |filhos                = 6, incluindo [[Jesse Dylan]] e [[Jakob Dylan]]
 |ocupação              = {{Lista horizontal|
* [[Canto (música)|Cantor]]
* [[Artista]]
* [[Escritor]]
}}
 |período_atividade     = 1959–presente<ref>[https://rockhall.com/inductees/bob-dylan/timeline/ Bob Dylan]. The Rock and Roll Hall of Fame and Museum. Consultado em 26 de janeiro de 2019.</ref>
 |gênero_musical        = {{Lista horizontal|
* [[Música tradicional|Folk]]
* [[Folk rock]]
* [[Blues]]
* [[Rock]]
* [[Música country|Country]]
* [[Música pop|Pop]]
* [[Jazz]] 
* [[Folk contemporâneo]]
* [[Música gospel|Gospel]]
}}
 |prêmios               = [[Prêmio Nobel de Literatura]] <small>(2016)</small>
 |instrumento           = {{Lista horizontal|
* [[Canto (música)|Vocal]]
* [[Guitarra]]
* [[Teclado (instrumento musical)|Teclado]]
* [[Harmônica]]
* [[Gaita]]
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 |gravadora             = {{Lista horizontal|
* [[Columbia Records|Columbia]]
* [[Asylum Records|Asylum]]
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 |filiação              = {{Lista horizontal|
* [[Joan Baez]]
* [[The Band]]
* [[Johnny Cash]]
* [[Grateful Dead]]
* [[George Harrison]]
*[[Mark Knopfler]]
*[[Tom Petty and the Heartbreakers]]
*[[Traveling Wilburys]]
}}
 |website               = {{URL|bobdylan.com}}
 |assinatura            = [[File:Bob Dylan signature.svg|90px]]
}}
'''Bob Dylan''', nascido '''Robert Allen Zimmerman''' ([[Duluth (Minnesota)|Duluth]], [[24 de maio]] de [[1941]]) é um [[Canto (música)|cantor]], [[compositor]], [[escritor]], [[ator]], [[Pintura|pintor]] e [[Artes visuais|artista visual]] [[Povo dos Estados Unidos|norte-americano]], e uma importante figura na cultura popular há mais de cinquenta anos. Grande parte de seu trabalho mais célebre data da década de 1960, quando canções como "[[Blowin' in the Wind]]" (1963) e "[[The Times They Are a-Changin' (canção)|The Times They Are a Changin']]" (1964) se tornaram hinos dos movimentos [[Movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos|pelos direitos civis]] e de [[Guerra do Vietnã|oposição à Guerra do Vietnã]]. Suas letras durante esse período incorporaram uma ampla gama de influências políticas, sociais, filosóficas e literárias, desafiaram as convenções da [[Música popular|música pop]] e apelaram à [[Contracultura da década de 1960|crescente contracultura]]. Por conta disso, a música Folk, na cultura norte-americana, atingiu o auge de popularidade nas décadas de 50 e 60 e Bob Dylan incorporou as tensões dessa época da melhor forma, com foco nos detalhes e humor.<ref>{{citar livro|título=1001 DISCOS PARA OUVIR ANTES DE MORRER|ultimo=Dimery|primeiro=Robert|editora=Sextante|ano=2007|local=Rio de Janeiro|acessodata=}}</ref>

Nascido no estado de [[Minnesota]], neto de imigrantes [[Israel|judeus]] [[Rússia|russos]], aos dez anos de idade Dylan escreveu seus primeiros [[poema]]s e, ainda adolescente, aprendeu [[piano]] e [[guitarra]] sozinho. Começou cantando em grupos de [[rock]], imitando [[Little Richard]] e [[Buddy Holly]], mas quando foi para a [[Universidade de Minnesota]] em 1959, voltou-se para a [[Folk contemporâneo|folk music]], impressionado com a obra musical do lendário cantor folk [[Woody Guthrie]], a quem foi visitar em [[Nova Iorque]] em 1961.

Em 2004 foi eleito pela revista [[Rolling Stone]] o 7º maior cantor de todos os tempos e, pela mesma revista, o 2º melhor artista da música de todos os tempos, ficando atrás somente dos [[The Beatles|Beatles]], e uma de suas principais canções, "[[Like a Rolling Stone]]", foi escolhida como a melhor de todos os tempos.<ref name="500 Greatest Songs of All Time">{{citar web |url=http://www.rollingstone.com/music/lists/the-500-greatest-songs-of-all-time-20110407/bob-dylan-like-a-rolling-stone-19691231 |título=Bob Dylan, 'Like a Rolling Stone' |acessodata=28 de setembro de 2012 |data= |obra= |publicado=Rolling Stone |língua=en }}</ref> Influenciou diretamente grandes nomes do rock americano e britânico dos anos de 1960 e 1970. Em 2012, Dylan foi condecorado com a [[Medalha Presidencial da Liberdade]] pelo [[presidente dos Estados Unidos]] [[Barack Obama]].<ref name="Tom Cohen">{{citar web |url=http://articles.cnn.com/2012-05-29/us/us_medal-of-freedom_1_presidential-medal-highest-civilian-honor-president-barack-obama?_s=PM:US |título=Albright, Dylan among recipients of Presidential Medal of Freedom |acessodata=28 de setembro de 2012 |autor=Tom Cohen |data=29 de maio de 2012 |obra=CNN |publicado=CNN U. S. |língua=en }}</ref>

Foi laureado com o [[Prêmio Nobel de Literatura|Nobel da Literatura]] de 2016, por "ter criado novos modos de expressão poética no quadro da tradição da música americana".<ref>{{Citar periódico|ultimo=Group|primeiro=Global Media|titulo=Nobel da Literatura vai para Bob Dylan|jornal=TSF Rádio Notícias|url=http://www.tsf.pt/cultura/interior/nobel-da-literatura-5439384.html}}</ref> E, assim, tornou-se o primeiro e único artista na história a ganhar, além do [[Prêmio Nobel]], o [[Prémio Pulitzer|Pulitzer]], o [[Óscar|Oscar]], o [[Grammy Awards|Grammy]] e o [[Prêmios Globo de Ouro|Globo de Ouro]].<ref>{{citar periódico|ultimo=Folha de S. Paulo|primeiro=|data=9 de dezembro de 2016|titulo=Dylan não vai à Suécia, e sim Patti Smith|jornal=Folha de S. Paulo|paginas=C6}}</ref><ref>{{citar web|url=http://oglobo.globo.com/cultura/livros/bob-dylan-o-primeiro-ganhar-nobel-pulitzer-oscar-grammy-globo-de-ouro-20281345|titulo=Bob Dylan é o primeiro a ganhar Nobel, Pulitzer, Oscar, Grammy e Globo de Ouro|data=13 de outubro de 2016|acessodata=12 de dezembro de 2016|publicado=O Globo|ultimo=|primeiro=}}</ref>

== Biografia ==
=== 1941-1960 ===
Robert Allen Zimmerman (nome hebraico: Zushe ben Avraham)<ref>{{citar web | url = http://www.chabad.org/news/article_cdo/aid/573406/jewish/SingerSongwriter-Bob-Dylan-Joins-Yom-Kippur-Services-in-Atlanta.htm | título = Singer/Songwriter Bob Dylan Joins Yom Kippur Services in Atlanta | data = 24 de setembro de 2007 | acessodata = 24 de maio de 2011 | publicado = Chabad.org News |língua=inglês}}</ref> nasceu no hospital St. Mary de [[Duluth (Minnesota)|Duluth]], em [[Minnesota]], no dia 24 de maio de 1941<ref>{{citar web | url = http://www.infoplease.com/biography/var/bobdylan.html | título = Bob Dylan | acessodata = 24 de maio de 2011}}</ref> e cresceu em [[Hibbing]], [[Minnesota]], no Mesabi Iron Range a oeste do [[Lago Superior]]. Os estudos realizados por vários de seus biógrafos mostraram que seus avós paternos, Zigman e Anna Zimmerman, emigraram de [[Odessa]] (atual [[Ucrânia]]) para os [[Estados Unidos]] por causa de um [[pogrom]] antissemita ocorrido em 1905.<ref name="Sounes-p12">Sounes, ''Down The Highway: The Life Of Bob Dylan'', pp. 12-13. ISBN 0-8021-1686-8</ref> Seus avós maternos, Benjamin e Lybba Edelstein, eram [[judeus]] [[Lituânia|lituanos]] que chegaram à [[América]] em 1902.<ref name = "Sounes-p12" /> Em sua autobiografia, ''[[Chronicles: Volume One|Crônicas, Vol. 1]]'', Dylan escreveu que o apelido de sua avó materna era [[Quirguizes|Kyrgyz]] e que sua família era procedente de [[Istambul]].<ref>Dylan, ''Chronicles, Volume One'' (em inglês), pp. 92-93. ISBN 0-7432-2815-4</ref>

Seus pais, Abram Zimmerman e Beatrice "Beatty" Stone, faziam parte de uma pequena mas muito unida comunidade judaica. Robert Zimmerman viveu em [[Duluth (Minnesota)|Duluth]] até seus seis anos, quando seu pai contraiu [[poliomielite]] e sua família voltou à cidade natal de sua mãe, [[Hibbing]], [[Minnesota]], onde passou o resto de sua infância.<ref>Shelton, ''No Direction Home'' (em inglês), pp. 25-33. ISBN 0-306-81287-8</ref> Robert passou boa parte de sua juventude escutando rádio: em um primeiro momento, escutando emissoras de [[Shreveport]], em [[Luisiana|Louisiana]], [[Música country|country]], e posteriormente, [[rock and roll]].<ref>Shelton, ''No Direction Home'', pp. 38-39. ISBN 0-306-81287-8</ref> Durante sua estadia na escola, formou várias bandas, como ''The Shadow Blasters'', de curta duração, e ''The Golden Chords'',<ref name=rsbio>{{citar web | url= http://www.contactmusic.com/info/bob_dylan | título= Bob Dylan: Biography | |língua=inglês |acessodata = 1 de abril de 2009 | publicado = Contactmusic.com}}</ref> com a qual chegaria a tocar no programa de busca de talentos ''Rock and Roll Is Here to Stay''.<ref>Sounes, ''Down The Highway: The Life Of Bob Dylan'', pp. 29-37. ISBN 0-8021-1686-8</ref> No anuário escolar de 1959, Robert Zimmerman assinalou sua principal ambição "unir-se a [[Little Richard]]".<ref name="Shelton, pp. 39-43">Shelton, ''No Direction Home'', pp. 39-43. ISBN 0-306-81287-8</ref> No mesmo ano, usando o pseudônimo de Elston Gunn, tocou em duas apresentações com [[Bobby Vee]], acompanhando ao piano e improvisando com palmas.<ref name = "Gunnn">{{citar web | url = http://expectingrain.com/dok/who/g/gunnnelston.html | título = Early alias for Robert Zimmerman |língua=inglês | data = 11 de agosto de 1999 | acessodata = 24 de maio de 2011 | publicado = Expecting Rain }}</ref><ref>Sounes, ''Down The Highway: The Life Of Bob Dylan'', pp. 41-42. ISBN 0-8021-1686-8</ref><ref>Heylin, ''Bob Dylan: Behind the Shades Revisited'' (em inglês), pp. 26-27. ISBN 0-06-052569-X</ref>

Em setembro de 1959, Zimmerman se mudou para [[Minneapolis]], para estudar na [[Universidade de Minnesota]]. Durante a época, seu interesse inicial no [[rock and roll]] deu lugar a uma aproximação ao [[Folk contemporâneo|folk]]. Em 1985, Dylan explicou sua atração pelo folk: "A coisa sobre o rock'n'roll é que para mim de qualquer jeito ele não era suficiente... Havia bons bordões e ritmo pulsante... mas as canções não eram sérias ou não refletiam a vida de um modo realista. Eu sabia que quando eu entrei na música folk, era um tipo de coisa mais sério. As canções eram enchidas com mais desespero, mais tristeza, mais triunfo, mais fé no sobrenatural, sentimentos mais profundos".<ref name = "Crowe-1985">Texto de [[Cameron Crowe]] no álbum de 1985 ''[[Biograph]]''.</ref> Logo começou a tocar no ''10 O'Clock Scholar'', uma cafeteria a poucas quadras do campus universitário, e se viu envolvido no circuito folk de Dinkytown.<ref>Shelton, ''No Direction Home'', pp. 65-82. ISBN 0-306-81287-8</ref>

Durante seus dias en Dinkytown, Zimmerman passou a se chamar de "Bob Dylan". Em uma entrevista concedida em 2004, Dylan disse: "Você nasce, sabe, com nomes errados, pais errados. Digo, isso acontece. Você se chama do que quiser se chamar. Este é o país da liberdade".<ref name = "rsbio" /> Em sua autobiografia, ''Crónicas, Vol. 1'', Dylan escreveu sobre a mudança de nome:

{{cita|"Eu havia visto alguns poemas de Dylan Thomas. A pronúncia de Dylann e Allyn era parecida. Robert Dylan. A letra D tinha mais força. Entretanto, o nome Roberto Dylan não era tão atraente como Robert Allyn. As pessoas sempre haviam me chamado de Robert ou Bobby, mas Bobby Dylan me parecia vulgar, e além disso já haviam Bobby Darin, Bobby Vee, Bobby Rydell, Bobby Neely e muitos outros Bobbies. A primeira vez que me perguntaram meu nome em Saint Paul, instintiva e automaticamente soltei: 'Bob Dylan'".<ref>Dylan, ''Chronicles, Vol. 1'', 78-79. ISBN 0-7432-2815-4</ref>}}
[[Ficheiro:Bob Dylan in November 1963.jpg|thumb|200px|right|Bob Dylan em novembro de 1963.]]

=== 1960-1963: Mudança para Nova Iorque e contrato de gravação ===
Dylan abandonou a universidade após seu primeiro ano. Em janeiro de 1961, mudou-se para [[Nova Iorque]] com a esperança de ver seu ídolo musical, [[Woody Guthrie]], que estava gravemente doente, com um estado avançado do [[Doença de Huntington|mal de Hutington]] no hospital psiquiátrico de Greystone Park.<ref>Dylan, ''Chronicles, Volume One'', p. 98. ISBN 0-7432-2815-4</ref> Guthrie foi uma das maiores influências nas primeiras apresentações de Dylan. Sobre Guthrie, Dylan chegou a dizer: "Você pode escutar suas canções e aprender a viver".<ref name="Shelton, pp. 39-43"/> Também escreveu, posteriormente: "As canções em si têm o infinito alcance de humanidade nelas... [Ele] era a verdadeira voz do espírito americano. Eu disse a mim que seria o maior discípulo de Guthrie".<ref>Dylan, ''Chronicles, Volume One'', pp. 244–246.</ref> À medida que o visitava no hospital, Dylan ficou amigo do assistente de Guthrie, [[Ramblin' Jack Elliott]]. Muito do repertório de Guthrie era na verdade canalizado através de Elliott, a quem Dylan prestou tributo em ''[[Chronicles: Volume One|Crônicas]]'' (2004).<ref>Dylan, ''Chronicles, Volume One'', pp. 250–252.</ref>

A partir de fevereiro de 1961, Dylan tocou em vários clubes do bairro de [[Greenwich Village]]. Em setembro, ele começou a ganhar certa reputação graças a uma resenha de [[Robert Shelton]] no ''[[The New York Times]]'' durante uma apresentação no Gerde's Folk City.<ref>{{citar web | url = http://web.archive.org/web/20080421173626/http://www.bobdylanroots.com/shelton.html | título = Bob Dylan: A Distinctive Stylist |língua=inglês | autor = Robert Shelton | data = 21 de setembro de 1961 | acessodata=24 de maio de 2011}}</ref> No mesmo mês, Dylan tocou a harmônica para Carolyn Hester durante a gravação de seu terceiro álbum, o que levou seus talentos para a atenção do produtor John H. Hammond.<ref>{{citar web | url = http://www.allmusic.com/cg/amg.dll?p=amg&sql=11:jifpxqq5ld6e~T1 | título = Carolyn Hester Biography |língua=inglês | autor = Richie Unterberger | data = 8 de outubro de 2003 | acessodata = 24 de maio de 2011}}</ref> Hammond contratou Dylan para a [[Columbia Records]] em outubro.

As interpretações incluídas em seu primeiro trabalho para a Columbia, intitulado ''[[Bob Dylan (álbum)|Bob Dylan]]'' e lançado em 1962, consistiam em material de música [[Folk contemporâneo|folk]], [[blues]] e [[Música gospel|gospel]] combinado com duas composições próprias, "Song to Woody" e "Talkin' New York". O álbum teve pouco êxito comercial, vendendo cinco mil cópias em seu primeiro ano, o suficiente para uma rescisão de contrato.<ref name="Scaduto110">Scaduto, ''Bob Dylan'' (em inglês), p. 110. ISBN 1-900924-23-4</ref> Dentro da Columbia, Dylan começou a ser tachado como a "tolice de Hammond" e sugeriram findar seu contrato. Apesar disso, Hammond defendeu vigorosamente Dylan, e ao mesmo tempo encontrou um bom defensor em [[Johnny Cash]], que havia assinado pela Columbia meses antes.<ref name = "Scaduto110" /> Durante seu trabalho para a Columbia, Dylan também gravou várias canções sob o pseudônimo de ''Blind Boy Grunt''<ref name = "Grunt">{{citar web|url=http://www.allmusic.com/artist/blind-boy-grunt-p447197/biography|título=Blind Boy Grunt|língua=inglês|autor=Richie Unterberger|publicado=All music|acessodata=24 de maio de 2011}}</ref> para a revista de música folk ''Broadside Magazine'', uma revista e gravadora de música folk.<ref>Shelton, ''No Direction Home'', pp. 157-158. ISBN 0-306-81287-8</ref> Dylan usou o pseudônimo Bob Landy para gravar como tocador de piano no álbum de antologia de 1964, ''The Blues Project'', lançado pela [[Elektra Records]].<ref name = "Grunt"/> Sob o pseudônimo de Tedham Porterhouse, Dylan contribuiu com a harmônica para o álbum de 1964 de Ramblin' Jack Elliott, ''Jack Elliott''.<ref name = "Grunt"/>
[[Ficheiro:Joan_Baez_Bob_Dylan.jpg|thumb|200px|right|Bob Dylan com [[Joan Baez]] na [[Marcha sobre Washington|Marcha por Trabalho e Liberdade]] em [[Washington, D.C.]], em 1963.]]

Em agosto de 1962, Dylan deu dois importantes passos em sua carreira musical ao modificar seu nome legalmente para Robert Dylan na Corte Suprema de Nova Iorque e ao firmar um contrato de representação com [[Albert Grossman]]. Grossman foi o empresário de Dylan até 1970 e se caracterizou por sua personalidade algumas vezes confrontativa e pela extrema proteção que mostrava para seu principal cliente.<ref>Gray, ''The Bob Dylan Encyclopedia'' (em inglês), pp. 283-284. ISBN 0-8264-6933-7</ref> Dylan descreveria posteriormente Grossman como "uma espécie de [[Tom Parker|Coronel Tom Parker]]... você podia cheirá-lo vindo".<ref>Shelton, ''No Direction Home'', p. 150. ISBN 0-306-81287-8</ref> As tensões entre Grossman e John Hammond obrigaram o segundo a abandonar as sessões de gravação do segundo trabalho discográfico de Dylan, sendo substituído pelo jovem produtor [[Tom Wilson]].<ref>Heylin, ''Bob Dylan: Behind the Shades Revisited'', pp. 115-116. ISBN 0-06-052569-X</ref>

De dezembro de 1962 a janeiro de 1963, Dylan fez sua primeira viagem ao [[Reino Unido]].<ref name = "Heylin-p35">Heylin, 1996, ''Bob Dylan: A Life In Stolen Moments'', pp. 35–39.</ref> Ele foi convidado pelo diretor de televisão Philip Saville para aparecer em um drama ''The Madhouse on Castle Street'', o qual Saville estava dirigindo a emissora [[BBC]].<ref>{{citar web| url = http://www.bbc.co.uk/bbcfour/music/bobdylan/madhouse.shtml| título = Dylan in the Madhouse| |língua=inglês |data = 14 de outubro de 2007| acessodata = 24 de maio de 2011| publicado = BBC TV}}</ref> No fim da apresentação, Dylan tocou "[[Blowin' in the Wind]]", uma das primeiras exibições da canção para um público maior.<ref>Sounes, Howard. Down the Highway: The Life Of Bob Dylan. Doubleday 2001. p159. ISBN 0-552-99929-6</ref> Enquanto em [[Londres]], Dylan tocou em alguns clubes folk da cidade, como ''Les Cousins'', ''The Pinder of Wakefield'',<ref>{{citar web| url=http://www.guardian.co.uk/music/2007/sep/17/popandrock.folk |título=Josh Ritter  | publicado=The Guardian | autor=Jude Rogers |língua=inglês  | data=17 de setembro de 2007 |acessodata=24 de maio de 2011}}</ref> e ''Bunjies''.<ref name = "Heylin-p35"/> Ele também aprendeu novas canções de alguns intérpretes britânicos, como Martin Carthy.<ref name = "Heylin-p35"/>

Próximo da época de seu segundo álbum, ''[[The Freewheelin' Bob Dylan]]'', lançado em maio de 1963, ele começou a fazer seu nome como cantor e compositor. Muitas das canções incluídas no álbum foram classificadas como [[Música de intervenção|canções de protesto]], inspiradas parcialmente em [[Woody Guthrie]] e influenciadas pela paixão de [[Pete Seeger]] por canções tradicionais.<ref>Shelton, ''No Direction Home'', pp. 138-142. ISBN 0-306-81287-8</ref> "Oxford Town", por exemplo, é um conto irônico sobre a arriscada matrícula de [[James Meredith]] como o primeiro negro na [[universidade do Mississippi]].<ref>Shelton, ''No Direction Home'', p. 156. ISBN 0-306-81287-8</ref>

Sua mais famosa canção à época, "[[Blowin' in the Wind]]", deriva parcialmente sua melodia da canção tradicional "No More Auction Block", apesar de sua letra questionar o ''status quo'' social e político da época.<ref>O livreto escrito por John Bauldie que acompanha o álbum ''[[The Bootleg Series Volumes 1-3 (Rare & Unreleased) 1961-1991]]'' (1991) diz: "Dylan reconheceu a dívida em 1978 ao Marc Rowland: Blowin' In The Wind' sempre foi um espiritual. Eu a tirei de uma canção chamada 'No More Auction Block'—que é um espiritual e 'Blowin' In The Wind' segue o mesmo sentimento." pp. 6–8.</ref> A canção teve muitas versões e tornou-se um sucesso internacional com [[Peter, Paul and Mary]], criando um precedente para muitos outros artistas que se alçariam com sucessos através de composições de Dylan. Por sua parte, a canção "A Hard Rain's a-Gonna Fall" se baseia nos acordes da balada folk "Lord Randall". Com suas referências ao [[guerra nuclear|apocalipse nuclear]], a canção ganhou ressonância durante o desenrolar da [[crise dos mísseis de Cuba]], poucas semanas depois de Dylan começar a tocá-la.<ref>Heylin, ''Bob Dylan: Behind the Shades Revisited'', pp. 101-103. ISBN 0-06-052569-X</ref> Como "Blowin' in the Wind", "A Hard Rain's a-Gonna Fall" marcou uma importante direção na composição de novas canções, mesclando o uso do [[fluxo de consciência]] e a lírica [[Imagismo|imagista]] com as formas tradicionais do folk.<ref>Ricks, ''Dylan's Visions of Sin'' (en inglés), pp. 329-344. ISBN 0-670-80133-X</ref>

Enquanto as primeiras canções de Dylan solidificaram sua reputação inicial, ''[[The Freewheelin' Bob Dylan]]'' também incluía canções de amor mescladas com uma lírica irônica e blues falado surreal. O humor se converteu em um dos pilares da personalidade de Dylan,<ref>Scaduto, ''Bob Dylan'', p. 35. ISBN 1-900924-23-4</ref> e a variedade de material impressionou muitos ouvintes, incluindo os [[The Beatles|Beatles]]. [[George Harrison]] comentou: "Só colocávamos e nos viajava. O conteúdo das letras de suas canções e só a atitude - era incrivelmente original e maravilhoso".<ref>Revista ''Mojo'' (dezembro de 1993).</ref>

A voz áspera de Dylan era perturbadora para alguns ouvintes iniciais, ao mesmo tempo que uma atração para outros. Descrevendo o impacto que Dylan havia ocasionado em seu marido e nela mesma, [[Joyce Carol Oates]] escreveu: "Quando escutei pela primeira vez essa voz crua, muito jovem e parecendo não treinada, francamente nasal, como se a lixa pudesse falar, o efeito foi dramático e eletrificante".<ref>{{citar web | url = http://www.usfca.edu/jco/bobdylan/ | título = Dylan at 60 |língua=inglês | autor = Joyce Carol Oates | data = 2004 | acessodata = 24 de maio de 2011}}</ref> Muitas de suas primeiras canções famosas alcançaram o público em geral através de versões imediatamente mais palatáveis de outros intérpretes, como [[Joan Baez]], que se converteu na protetora de Dylan assim como sua posterior amante.<ref name=rsbio /> Baez foi determinante na hora de levar Dylan à popularidade nacional e internacional com numerosas versões de suas canções e ao convidá-lo frequentemente ao palco em suas apresentações.<ref>Joan Baez entry, Gray, ''The Bob Dylan Encyclopedia'', pp. 28-31. ISBN 0-8264-6933-7</ref>

Alguns outros que gravaram e tiveram sucessos com canções de Dylan no início e metade da década de 1960 foram [[The Byrds]], [[Sonny & Cher]], [[The Hollies]], [[Peter, Paul and Mary]], [[The Association]], [[Manfred Mann]] e [[The Turtles]]. A maioria tentou dar uma batida pop e ritmo às canções, enquanto Dylan e Baez os tocavam na maior parte como peças folk esparsas. As versões ''cover'' tornaram-se tão ubíquas que a [[CBS]] começou a promovê-lo com a frase "Nobody Sings Dylan Like Dylan".<ref>{{citar web | url = http://www.smh.com.au/news/music/bob-dylans-songs-offer-rich-pickings-for-other-singers/2007/08/14/1186857512999.html |título= It ain't me babe but I like how it sounds | língua=inglês |data = 15 de agosto de 2007 | acessodata = 24 de maio de 2011 | autor = Steve Meacham | publicado= [[The Sydney Morning Herald]]}}</ref>

=== Transição ===
Mas logo Dylan mudou de rumos artísticos, afastando-se do movimento ''folk'' de protesto e voltando-se para canções mais pessoais, introspectivas, ligadas a uma visão muito particular de mundo. As questões sociopolíticas de seu tempo: [[racismo]], [[Guerra Fria]], [[Guerra do Vietnã]], injustiça social, cedem espaço para a temática das desilusões amorosas, amores perdidos, vagabundos errantes, liberdade pessoal, viagens oníricas e surrealistas, embaladas pela influência da [[Geração beat|poesia beat]]. Esta transição se dá entre 1964 e 1966, quando Dylan eletrifica a sua música, passa a tocar com uma banda de [[Blues rock|blues-rock]] como apoio e choca a plateia folk, com sua aproximação ao [[rock]]. Na época, muitos ignoravam que Dylan já havia tocado [[rock and roll]] na adolescência e apreciava artistas country como [[Johnny Cash]], que já trabalhavam com instrumentos elétricos desde os anos 50. O sucesso dos [[The Beatles|Beatles]] e demais roqueiros britânicos na releitura do rock americano também lhe chamaram a atenção. Em compensação, foi aclamado pela crítica, ampliou o seu público (mesmo sendo chamado de "traidor" por fãs do Dylan cantor ''folk''), tornando-se cada vez mais influente entre artistas contemporâneos ([[John Lennon]], [[Paul McCartney]], [[George Harrison]], [[Ringo Starr]] por exemplo) e lançando os mais apreciados discos de sua carreira, com uma série de canções clássicas de seu repertório: "[[Maggie's Farm]]", "[[Bringing It All Back Home|Subterranean Homesick Blues]]", "[[Gates of Eden]]", "It's Alright Ma (I'm Only Bleeding)", "[[Mr. Tambourine Man]]", "[[Ballad of a Thin Man]]", "[[Like a Rolling Stone]]", "[[Just like a Woman (canção)|Just Like a Woman]]", entre outras, lançadas em seus álbuns mais inspirados: ''[[Bringing It All Back Home]]'' e ''[[Highway 61 Revisited]]'' de 1965 e o duplo ''[[Blonde on Blonde]]'', de 1966.

Em maio de 1966, após uma tumultuada turnê pela [[Inglaterra]], devido ao formato rock dos shows, Dylan sofreu um grave acidente de moto que o afastou dos palcos e gravações até 1968. Em seu retorno, surpreendeu o público e a crítica com o álbum "John Wesling Hardin", fortemente influenciado pelo [[country]], tendência que acentuou-se no trabalho seguinte, "Nashville Skyline", que trouxe o clássico "Lay Lady Lay" para as paradas. Limitando-se a apresentações esporádicas, das quais a mais importante foi sua participação no [[Festival da Ilha de Wight]] em agosto de 1969, além de sua participação no [[Concerto para Bangladesh]], organizado por [[George Harrison]] em 1971, Dylan só voltaria a realizar turnês em 1974.

=== Anos 70 ===
O que produziu no início dos anos 70 não foi bem recebido pela crítica, considerado muito abaixo de seus hits originais. Apenas algumas canções destacam-se: "If Not For You" (1970), "[[Knockin' on Heaven's Door]]" (1973), "Forever Young" (1974). Mas ao voltar as turnês, acompanhado pelo grupo [[The Band]], retorna a evidência e ao sucesso, principalmente pelo elogiado duplo ao vivo "Before the Flood" (1974). Na retomada da carreira de forma mais ativa, Dylan produz "Blood On Tracks" (1975) e "Desire" (1976), seus melhores discos nos anos 70, aclamados pela crítica. Deste último, a canção "[[Hurricane (canção de Bob Dylan)|Hurricane]]", baseada na história de [[Rubin Carter]], um boxeador negro preso injustamente, foi um sucesso espetacular, ao mesmo tempo que a turnê Rolling Thunder Revue (75/76) era aclamada por crítica e público. São também de Desire as músicas [[Sara Dylan|Sara]] (dedicada a sua esposa) e Romance in Durango, essa última vertida para Romance no Deserto pelo letrista [[Fausto Nilo]] para o disco de mesmo nome do cantor [[Fagner|Raimundo Fagner]].

==== Conversão ====
[[Imagem:Bob Dylan June 23 1978.jpg|miniatura|Apresentação de Bob Dylan em Rotterdam, 23 De junho de 1978]]
Após seu divórcio em 1977, da esposa Sara Lownds, com quem era casado desde 1965, Dylan viveu uma grande crise pessoal, que refletiu-se em seu trabalho artístico. Depois de uma turnê mundial em 1978, em parte registrada no duplo ao vivo "At Budokan" (gravado no [[Japão]]), ele voltou-se para a [[música gospel]], após converter-se ao [[cristianismo]] e filiar-se a uma [[igreja]]. Foi o período mais controverso e polêmico de sua carreira, principalmente por Dylan afastar-se de seu repertório clássico e investir em canções com temática cristã. Nesta nova fase, surpreendeu seus antigos fãs e se aproximou de músicos do segmento cristão, como [[Larry Norman]],<ref>[http://web.utk.edu/~wparr/normandylan.html Larry Norman e Bob Dylan, uma troca de influências]</ref> Chuck Girard<ref>[http://web.utk.edu/~wparr/ChuckGirard.html Dylan e Chuck Girard]</ref> e [[Keith Green]], em cujo álbum ''"So You Wanna Go Back to Egypt"'' chega a gravar uma participação com sua [[Harmónica (instrumento musical)|harmônica]].<ref>[http://www.searchingforagem.com/1980s/1980.htm] Participação de Bob Dylan em "So You Wanna Go Back to Egypt", de Keith Green</ref>

Mais importante do que isso, motivado por sua nova espiritualidade, Dylan gravou três álbuns: ''"Slow Train Coming"'' (1979) considerado o mais inspirado dos três, deu a Dylan um [[Grammy Awards|Grammy]] de melhor vocal masculino, pela canção "Gotta Serve Somebody". O segundo álbum, ''"Saved"'' (1980), teve uma recepção menos entusiasmada, embora na opinião de Kurt Loder da [[Rolling Stone]] este álbum fosse superior ao primeiro.<ref>[http://www.rollingstone.com/artists/bobdylan/albums/album/175580/review/5944002/saved Revista Rolling Stone ''(1980-09-18)'']</ref> ''"Shot of Love"'' (1981) encerra a fase cristã de Dylan.

A despeito da intolerância das críticas à época do seu lançamento, em 2003, o conteúdo das músicas de ''"Gotta Serve Somebody"'' foi depurado, revisitado e redimido por nomes como Shirley Caesar, Helen Baylor, Chicago Mass Choir e outros representantes da música afro-americana, em ''"The Gospel Songs of Bob Dylan"'', um CD que se desdobrou em indicação para o Grammy e em documentário (2006) sobre esta fase. O jornal ''[[International New York Times|International Herald Tribune]]'' declarava que a interpretação afro-americana levava a música de Dylan a um outro patamar.<ref>[http://www.iht.com/articles/2005/12/27/opinion/zwer28.php International Herald Tribune]</ref>

=== Anos 80 ===
Com "Infidels", de 1983, Dylan afasta-se da fé cristã, volta-se inesperadamente para as suas raízes judaicas e parece reencontrar certo equilíbrio artístico. Bem recebido pela crítica, é considerado seu melhor álbum desde Desire. As apresentações ao vivo, em que volta a interpretar suas canções clássicas, marcam uma reconciliação com seu público. Em 1985 participa do especial [[We Are the World|We are the world]] com outros 40 grandes nomes da música estadunidense - entre eles [[Michael Jackson]], [[Tina Turner]], [[Ray Charles]], [[Stevie Wonder]] - pela campanha contra a fome na África.

Dylan continua a gravar regularmente, buscando uma sonoridade "made anos 80" ao mesmo tempo em que tenta preservar seu estilo. "Down In The Groove", álbum de 1988, passou despercebido, contém várias covers, mas equivale a uma declaração de princípios, com canções de folk-rock, gospel, rock, que demarcam os gostos artísticos preferenciais do artista. Depois de uma turnê com a lendária banda californiana [[Grateful Dead]], ele lança o álbum "Oh Mercy" (1989), elogiado pela qualidade inesperada das canções e volta às paradas com o super-grupo [[Traveling Wilburys]], formado com os amigos [[George Harrison]], [[Tom Petty]], além de [[Jeff Lynne]] e [[Roy Orbison]].

[[Imagem:Bob Dylan 1996.jpg|direita|miniatura|250px|Bob Dylan no Lida Festival de [[Estocolmo]], [[Suécia]], em 1996.]]

=== Anos 90 ===
No início dos anos 90, Bob Dylan parece dar uma "parada" na carreira. Para comemorar e fazer um balanço de seus 30 anos de trajetória, ele volta a gravar folk tradicional, acústico, sem importar-se com o pouco apelo comercial deste gênero nos dias atuais. Em 1992 é realizado um show-tributo em grande estilo, com a participação de vários nomes do rock, country e do soul cantando suas músicas entre eles: [[Eric Clapton]], [[George Harrison]], [[Stevie Wonder]], [[Neil Young]], [[Willie Nelson]], [[Lou Reed]], [[Eddie Vedder]] entre outros.

Depois do acústico produzido para a [[MTV]] em 1994, Dylan só voltaria com um CD de inéditas em 1997 (ano que vários outros famosos voltaram a ativa com sucesso, entre eles os [[Bee Gees]]). O álbum "Time Out Of Mind" ganharia vários prêmios Grammy e foi considerado por muitos uma nova ressurreição artística, confirmada pela qualidade de "Love and Theft" (2001). Neste mesmo ano a revista [[Rolling Stone]] publicou uma lista com as 500 melhores músicas da história e em primeiro lugar ficou ''[[Like a Rolling Stone]]'', de Bob Dylan. Atualmente registra-se um novo interesse pela vida e obra de Dylan, com o lançamento oficial de várias gravações piratas, além do lançamento do documentário "No Direction Home", de [[Martin Scorsese]], que flagra os anos iniciais de sua carreira (1961-1966) e, mais recentemente, com "Modern Times", seu novo álbum lançado em 2006, com o qual, pela quarta vez na carreira, Dylan conquistou a liderança do ranking dos mais vendidos dos Estados Unidos, vendendo 192 mil cópias na primeira semana. A última vez que Dylan tinha alcançado a liderança nos Estados Unidos, foi com o álbum "Desire", de 1976, que ficou 5 semanas no topo das paradas. Antes disso, alcançou o primeiro lugar com o clássico disco "Blood On The Tracks", em 1975, e com "Planet Waves", no ano anterior.

=== Século XXI e Prêmio Nobel 2016===
Em 13 de outubro de 2016, foi anunciada a escolha de Bob ao [[Prêmio Nobel de Literatura|Prêmio Nobel da Literatura]] de 2016, em um evento em [[Estocolmo]], na [[Suécia]]. Bob Dylan foi acusado de ser arrogante, inclusive por membros da Academia Sueca, pois ficou em silêncio após o anúncio de seu prêmio Nobel de Literatura e não respondeu às insistentes ligações da Academia.<ref>{{citar web | url = http://entretenimento.uol.com.br/noticias/afp/2016/10/21/academico-sueco-critica-arrogancia-de-bob-dylan-por-silencio-apos-nobel.htm |título= Acadêmico sueco critica "arrogância" de Bob Dylan por silêncio após Nobel |data = 21 de outubro de 2016 | publicado= [[AFP / UOL]]}}</ref>

Somente duas semanas depois, no dia 28 de outubro, Bob Dylan quebrou o silêncio acerca do Nobel. O cantor disse que é algo "difícil de acreditar", além de considerar "surpreendente e incrível" o laureamento. Contudo, o cantor não compareceu à cerimônia de premiação, alegando ter "outros compromissos".<ref>{{Citar periódico|ultimo=País|primeiro=Ediciones El|data=2016-11-16|titulo=Bob Dylan não irá a receber seu Nobel de Literatura|jornal=EL PAÍS|url=http://brasil.elpais.com/brasil/2016/11/16/cultura/1479311461_922277.html?id_externo_rsoc=TW_BR_CM}}</ref><ref>{{Citar web|url=http://cnnespanol.cnn.com/2016/11/16/bob-dylan-no-ira-a-la-ceremonia-de-entrega-del-premio-nobel/|titulo=Bob Dylan no irá a la ceremonia de entrega del Premio Nobel|data=2016-11-16|acessodata=2016-11-16|obra=CNNEspañol.com}}</ref> [[Patti Smith]] o representou na cerimônia, com uma interpretação de "A Hard Rain's A-Gonna Fall", uma das composições mais emblemáticas de Dylan.<ref>{{Citar periódico|titulo=No Nobel, Patti Smith canta música de Dylan e interrompe apresentação - Últimas Notícias - UOL Música|jornal=UOL Música|url=http://musica.uol.com.br/noticias/redacao/2016/12/10/no-nobel-patti-smith-canta-musica-de-dylan-e-interrompe-apresentacao.htm}}</ref>

Bob Dylan só veio a receber as premiações do Nobel - que incluem uma medalha, um diploma e cerca de 8 milhões de [[Coroa sueca|coroas suecas]] ([[Dólar dos Estados Unidos|US$]] 900 mil) em 1 de abril de 2017, após um encontro discreto com os representantes da Academia Sueca em Estocolmo.<ref>{{Citar periódico|data=2017-04-01|titulo=Com quase 4 meses de atraso, Bob Dylan recebe Nobel de Literatura &#124; VEJA.com|jornal=VEJA.com|url=http://veja.abril.com.br/entretenimento/com-quase-4-meses-de-atraso-bob-dylan-recebe-nobel-de-literatura/}}</ref><ref>{{Citar web|url=http://entretenimento.r7.com/pop/quatro-meses-depois-de-vencer-o-nobel-bob-dylan-recebe-o-premio-01042017|titulo=Quatro meses depois de vencer o Nobel, Bob Dylan recebe o prêmio - Entretenimento - R7 Pop|acessodata=2017-04-02|obra=entretenimento.r7.com}}</ref>

Em 6 de junho de 2017, a palestra Nobel de Dylan foi postada na página oficial do Prêmio Nobel. A secretária da academia Sara Danius comentou: "A conversa é extraordinária e, como se pode esperar, eloquente. Agora que a palestra foi entregue, a aventura Dylan está chegando ao fim".<ref>{{citar web| url = http://www.bbc.co.uk/news/entertainment-arts-40159988|título= Bob Dylan finally delivers his Nobel lecture|data= 5 de junho de 2017|acessodata= 6 de junho de 2017|publicado= BBC News}}</ref> Em seu ensaio Dylan escreve em detalhes sobre o impacto que três livros influentes - ''[[Moby Dick]]'' de [[Herman Melville]], ''[[Odisseia]]'' de [[Homero]] e ''[[Im Westen nichts Neues|Nada de Novo no Front]]'' de [[Erich Maria Remarque]] - tiveram sobre ele. Dylan conclui: "Nossas letras são vivas na terra dos vivos. Mas as letras são diferentes da literatura. Elas devem ser cantadas, não lidas. As palavras nas peças de Shakespeare devem ser atuadas no palco. Assim como as letras de músicas são cantadas, não lidas em uma página. E espero que alguns de vocês tenham a chance de ouvir essas letras da maneira como elas foram destinadas a serem ouvidas: em concertos ou gravadas ou como quer que as pessoas estão ouvindo músicas atualmente. Volto mais uma vez a Homero, que diz: "Cante em mim, oh Musa, e através de mim conte a história".<ref>{{citar web| url = http://www.svenskaakademien.se/en/nobel-lecture|título= Bob Dylan's Nobel Lecture|autor = Dylan, Bob|data= 6 de junho de 2017|acessodata= 6 de junho de 2017|publicado= Swedish Academy}}</ref>

Em Março de 2020, Dylan divulgou a sua primeira música original, desde o álbum de 2012 Tempest. “Murder Most Foul” é uma canção de 17 minutos que fala do assassinato de John F. Kennedy.<ref>{{citar web|URL=https://zap.aeiou.pt/bob-dylan-primeira-cancao-original-316172|título=Bob Dylan lança a primeira canção original em 8 anos. Tem 17 minutos|autor=|data=|publicado=|acessodata=}}</ref>

== Discografia ==
{{Artigo principal|Discografia de Bob Dylan}}
{{Div col|colwidth=25em}}
* ''[[Bob Dylan (álbum)|Bob Dylan]]'' (1962)
* ''[[The Freewheelin' Bob Dylan]]'' (1963)
* ''[[The Times They Are a-Changin']]'' (1964)
* ''[[Another Side of Bob Dylan]]'' (1964)
* ''[[Bringing It All Back Home]]'' (1965)
* ''[[Highway 61 Revisited]]'' (1965)
* ''[[Blonde on Blonde]]'' (1966)
* ''[[John Wesley Harding]]'' (1967)
* ''[[Nashville Skyline]]'' (1969)
* ''[[Self Portrait]]'' (1970)
* ''[[New Morning]]'' (1970)
* ''[[Pat Garrett & Billy the Kid (álbum)|Pat Garrett & Billy the Kid]]'' (1973)
* ''[[Dylan (álbum de 1973)|Dylan]]'' (1973)
* ''[[Planet Waves]]'' (1974)
* ''[[Blood on the Tracks]]'' (1975)
* ''[[The Basement Tapes]]'' (1975)
* ''[[Desire (álbum)|Desire]]'' (1976)
* ''[[Street Legal]]'' (1978)
* ''[[Slow Train Coming]]'' (1979)
* ''[[Saved (álbum)|Saved]]'' (1980)
* ''[[Shot of Love]]'' (1981)
* ''[[Infidels]]'' (1983)
* ''[[Empire Burlesque]]'' (1985)
* ''[[Knocked Out Loaded]]'' (1986)
* ''[[Down in the Groove]]'' (1988)
* ''[[Oh Mercy]]'' (1989)
* ''[[Under the Red Sky]]'' (1990)
* ''[[Good as I Been to You]]'' (1992)
* ''[[World Gone Wrong]]'' (1993)
* ''[[Time Out of Mind]]'' (1997)
* ''[[Love and Theft]]'' (2001)
* ''[[Modern Times (álbum de Bob Dylan)]]'' (2006)
* ''[[Together Through Life]]'' (2009)
* ''[[Christmas in the Heart]]'' (2009)
* ''[[Tempest (álbum de Bob Dylan)]]'' (2012)
* ''[[Shadows in the Night]]'' (2015)
* ''[[Fallen Angels (álbum de Bob Dylan)|Fallen Angels]]'' (2016)
* ''[[Triplicate (álbum de Bob Dylan)|Triplicate]]'' (2017)
* ''[[Rough and Rowdy Ways]]'' (2020)
* ''[[Shadow Kingdom]]'' (2023)
{{div col end}}


== Pintor ==
Bob Dylan também pinta e desenha tendo lançado um livro de desenhos "Drawn Blank" em 1994.

Fez a sua primeira exposição denominada "The Drawn Blank Series" no Museu Kunstsammlungen em [[Chemnitz]] ([[Alemanha]]) (onde há obras de [[Munch]] e [[Picasso]]) entre outubro de 2007 e 3 de fevereiro de 2008 com 175 [[aquarela]]s e [[guache]]s.

== Escritor ==
Dylan escreveu o livro ''Tarântula'' em 1966, mas só foi publicado em 1971 (New York: Macmillan). No Brasil, o livro foi publicado em 1986 pela [[Editora Brasiliense]] (Coleção Circo de Letras) com tradução de [[Paulo Henriques Britto]]. Foi publicado em Portugal em 2007, com tradução de Vasco Gato (Vila Nova de Famalicão: Quasi).

Embora durante toda a sua vida Dylan tenha publicado as suas ''songs book'', parece ser com o título de ''Lyrics'' que irá sucessivamente editar a compilação das letras das suas composições: ''lyrics'' de ''1962-1985'' (1985); em 1997, ampliadas ao período ''1962-1996''; em 1999, até ''1999''; em 2004, compreende as ''lyrics'' entre ''1962-2001''; em 2008, intituladas simplesmente ''Lyrics''; e finalmente em 2014, sob o título ''The Lyrics'': ''since 1962'', ed. por Christopher Ricks, Lisa Nemrow e Julie Nemrow (Nova Iorque: Simon & Schuster).

Em Portugal, as suas letras das canções foram editadas em dois volumes pela editora Relógio d’Água, em 2006 e 2008, respetivamente, abrangendo os períodos temporais indicados nos títulos: ''Canções 1962-2001'' – ''Volume 1 (1962-1973''), ''Volume 2 (1974-2001)'', ambos com traduções de Angelina Barbosa e Pedro Serrano.

Mais recentemente, em 2004, saiu a público o primeiro volume da autobiografia de Dylan, ''Chronicles, volume one'' (New York: Simon & Schuster), que teve logo tradução portuguesa por Bárbara Pinto Coelho: ''Crónicas'' (Lisboa: Ulisseia, 2005) e brasileira, por&nbsp;Lúcia Brito: ''Crônicas'' ''Vol. I'' (São Paulo: Planeta, 2005).

Dylan é amigo de [[Caetano Veloso]], amizade nascida após a leitura do livro ''Verdade Tropical''.

Em 13 de outubro de 2016, a [[Academia Sueca]] agraciou o poeta-cantor com o Prémio [[Nobel de Literatura]] por "''ter criado novos modos de expressão poética no quadro da tradição da música americana''". Esta atribuição inesperada do maior prémio... ''da literatura'' a alguém que era conhecido no mundo ''da música'' foi algo controverso e fez correr muita tinta.

==Em Portugal==
Bob Dylan deu sete concertos em Portugal, os primeiros em Julho 1993, no [[Coliseu do Porto]] e no Pavilhão de Cascais.

Em Abril de 1999 deu dois concertos no então [[Pavilhão Atlântico]], em Lisboa, e no Coliseu do Porto. Em julho de 2004, apresentou-se em [[Vilar de Mouros]] e, em 2008, no festival Nos Alive, em Algés, tendo em 2018 se apresentado na Altice Arena.

Volta a Portugal a 1 de Maio de 2019 no Coliseu do Porto.

Bob Dylan é uma influência assumida por músicos e compositores portugueses como [[Sérgio Godinho]],<ref>{{Citar web|url=http://portocanal.sapo.pt/noticia/103867|titulo=Dylan é "absolutamente um desbravador na canção americana" - Sérgio Godinho|acessodata=2016-10-13|obra=portocanal.sapo.pt}}</ref> [[Jorge Palma]],<ref>{{Citar web|url=http://discodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=50581|titulo=Jorge Palma canta Bob Dylan|acessodata=2016-10-13|obra=discodigital.sapo.pt}}</ref> [[Jorge Cruz]]{{carece de fontes}} e [[Samuel Úria]].<ref>{{Citar web|url=http://mag.sapo.pt/showbiz/artigos/nobel-e-como-se-tivesse-ganho-um-familiar-proximo-diz-samuel-uria?artigo-completo=sim|titulo=Nobel: "É como se tivesse ganho um familiar próximo", diz Samuel Úria|acessodata=2016-10-13|obra=SAPO Mag}}</ref>

Em Novembro de 2022, a [[Livraria Lello]] adquiriu um conjunto de 42 cartas escritas por Bob Dylan na década de 1950, por mais de 500 mil euros, num [[leilão]] em [[Nova Iorque]].<ref>{{citar web|url=https://ominho.pt/livraria-lello-comprou-em-leilao-as-cartas-de-amor-do-jovem-bob-dylan-por-meio-milhao-de-euros/|título=Livraria Lello comprou em leilão as cartas de amor do jovem Bob Dylan por meio milhão de euros|autor=|data=|publicado=|acessodata=|arquivourl=|arquivodata=|urlmorta=}}</ref>

==Ver também==
*[[Lista de recordistas de vendas de discos]]
*''[[I'm Not There]]'' - filme de 2007 sobre a vida e música de Bob Dylan

{{Referências}}

==Ligações externas==
{{correlatos
|commons=Bob Dylan
|wikiquote=Bob Dylan
}}
*{{link|en|http://www.bobdylan.com | Página oficial}}
*{{link|en|http://web.utk.edu/~wparr/SlowTrain.html | Bill Parr's Christianity and Bob Dylan}}
*{{link|en|http://www.gottaservesomebody.com/ | Gotta Serve Somebody - The Gospel Songs of Bob Dylan}}
*{{link|pt|http://revistatrip.uol.com.br/so-no-site/notas/bob-dylan-70-anos.html |Especial 70 anos de Bob Dylan no site da Trip}}
*{{link|es|https://www.todomusica.org/bob_dylan/ |Bob Dylan}}

{{Começa caixa}}
{{Caixa de sucessão
|título=[[Nobel de Literatura]]
|anos=2016
|antes=[[Svetlana Alexijevich]]
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{{Bob Dylan}}
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[[Categoria:Recordistas de vendas de discos nos Estados Unidos]]
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