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Bolívia: diferenças entre revisões

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{{ver desambig|a cidade norte-americana|Bolívia (Carolina do Norte)}}
{{Info/País
|nome_nativo = ''Estado Plurinacional de Bolivia'' <ref name="novonome">Em cumprimento ao estabelecido pela [http://www.vicepresidencia.gob.bo/Portals/0/documentos/NUEVA_CONSTITUCION_POLITICA_DEL_ESTADO.pdf Constituição Política do Estado de 2009], deverá ser utilizada em todos os atos públicos e privados, nas relações diplomáticas internacionais, assim como a correspondência oficial a nível nacional e internacional, a denominação '''Estado Plurinacional de Bolivia''', a partir de 18 de março de 2009 (segundo [http://www.derechoteca.com/gacetabolivia/decreto-supremo-0048-del-18-marzo-2009.htm Decreto supremo nº 48, de 18 de março de 2009]). A [[ONU]] [http://unterm.un.org/dgaacs/unterm.nsf/WebView/0FAAC0F4AFEF25888525759700495902?OpenDocument reconheceu a nova denominação oficial do estado boliviano em 7 de abril de 2009].</ref><small>([[Língua castelhana|espanhol]])</small><br />''Buliwya Mama Ilaqta'' <small>([[Língua quíchua|quíchua]])</small><br />''Wuliwya Suyu'' <small>([[Língua aimará|aimará]])</small>
|nome_longo_convencional = Estado Plurinacional da Bolívia
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|lema = ''¡La unión es la fuerza!''<br />("A união é a força!")
|hino = ''[[Hino nacional da Bolívia|Bolivianos, el hado propicio]]''<br />("Bolivianos, o futuro propício") [[Ficheiro:Bolivia.ogg|center|noicon]]
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|língua_oficial = [[Língua espanhola|Espanhol]], [[Língua quíchua|Quíchua]] e [[Aimará]]
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|título_líder1 = [[Anexo:Lista de presidentes da Bolívia|Presidente]]
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}}

'''Bolívia''' (<small>Pronúncia [[língua espanhola|espanhola]], [[Alfabeto fonético internacional|AFI]]:</small> /βoˈliβja/), oficialmente '''Estado Plurinacional da Bolívia''',<ref name="ReferenceA">http://www.who.int/countries/bol/en/</ref><ref>http://data.un.org/CountryProfile.aspx?crName=Bolivia%20(Plurinational%20State%20of)</ref> é um [[Anexo:Lista de países sem costa marítima|país encravado]] no centro da [[América do Sul]]. Faz fronteira com o [[Brasil]] ao norte e leste, [[Paraguai]] e [[Argentina]] ao sul, e [[Chile]] e [[Peru]] ao oeste.

Antes da colonização europeia, a [[Cordilheira dos Andes|região andina boliviana]] fazia parte do [[Império Inca]] - o maior Império da [[era pré-colombiana]]. O [[Império Espanhol]] invadiu e conquistou essa região no [[século XVI]]. Durante a maior parte do período colonial espanhol, este território era chamado ''Alto Peru'' ou ''Charcas'' e encontrava-se sob a administração do [[Vice-Reino do Peru]], que abrangia a maioria das colônias espanholas sul-americanas. Após declarar independência em 1809, 16 anos de guerras se seguiram antes do estabelecimento da República, instituída por [[Simón Bolívar]], em [[6 de agosto]] de [[1825]]. A Bolívia tem lutado em períodos de instabilidade política, ditaduras e problemas econômicos.

A Bolívia é uma [[república]] [[democracia|democrática]], dividida em nove departamentos. Sua geografia varia de picos andinos no oeste e as planícies orientais, situadas na [[Bacia Amazônica]]. É um [[país em desenvolvimento]], com um [[Índice de Desenvolvimento Humano]] (IDH) médio, e uma pobreza que atinge cerca de 60% da população. Dentre suas principais atividades econômicas, existe a [[agricultura]], [[silvicultura]], [[pesca]], [[mineração]], e bens de produção como [[tecido]]s, vestimentas, metais refinados, e [[petróleo]] refinado. A Bolívia é muito rica em minerais, especialmente em [[estanho]].

A população boliviana, estimada em 10 milhões de habitantes, é multiétnica, tendo na sociedade [[ameríndios]], [[mestiços]], [[europeus]], [[asiáticos]] e [[africanos]]. A principal língua falada é o [[língua espanhola|espanhol]], embora o [[Língua aimará|aimará]] e o [[quíchua]] também são comuns e elas, junto a outras 34 línguas indígenas, são oficiais. O grande número de diferentes culturas na Bolívia contribuiu muito para uma maior diversidade em áreas como a [[arte]], [[culinária]], [[literatura]], e [[música]].

== Etimologia ==
[[Ficheiro:Atardecer en la amazonia boliviana (Río Yacuma).jpg|thumbnail|esquerda|[[Pôr-do-sol]] na [[amazônia]] boliviana (Rio Yacuma).]]

O estado boliviano foi fundado sob o nome de "''República Bolívar''" em homenagem a seu libertador, [[Simón Bolívar]]. Posteriormente, foi modificada a proposta do deputado de [[Potosí]], presbítero [[Manuel Martín Cruz]], que argumentou com a seguinte frase: "''Se de [[Rômulo]], [[Roma]]; de [[Simón Bolívar|Bolívar]], Bolívia''".<ref name="topon">{{citar web| url=http://www.simon-bolivar.org/bolivar/repub_bolivia.html| titulo= La República de Bolivia | publicado=Jorge Mier Hoffman | acessodata=27 de janeiro de 2009}}</ref> A nova república adotou oficialmente o nome de ''Bolívia'' em [[3 de outubro]] de [[1825]].<ref name="topon"/>
Do mesmo modo, a Assembleia Deliberante nomeou o [[Simón Bolívar|Libertador Bolívar]], primeiro [[Anexo:Lista de presidentes da Bolívia|Presidente da República]], que a chamou de ''Filha Predileta''. Após a designação do país com seu nome, Bolívar fez a seguinte declaração:
{{quote1|Meu desespero aumenta ao contemplar a imensidão de vosso prêmio, porque depois de haver esgotado os talentos, as virtudes, o gênio mesmo do maior dos heróis, todavia seria eu indigno de merecer o nome que haveis querido dar, o meu! Falarei eu de gratidão, quando ela jamais conseguirá expressar nem suavemente o que experimento por vossa bondade que, como a de [[Deus]], passa todos os limites! Sim: somente [[Deus]] tinha o poder para chamar essa terra Bolívia… Que quer dizer Bolívia? Um amor desenfreado de liberdade, que ao receber vosso arroubo, não vejo nada que fosse igual a seu valor. Sem encontrar em vossa embriaguez uma demonstração adequada à veemência de seus sentimentos, arrancou vosso nome, e deu o meu a todas vossas gerações. Este, que é sem precedentes na [[História da Bolívia|história]] dos séculos, o é ainda mais na dos desprendimentos sublimes. Tal característica mostrará aos tempos que estão no pensamento do Eterno, o que anseia a posse de vossos direitos, que é a posse de exercer as virtudes políticas, de adquirir os talentos luminosos, e o gozo de serem homens. Este traço, repito, provará que vós éreis dignos a obter a grande benção do Céu — a Soberania do Povo — única autoridade legítima das Nações.<ref name="topon"/>}}

== História ==
{{artigo principal|[[História da Bolívia]]}}

=== Pré-história ===
[[Ficheiro:Puerta y escalinata del templo Kalasasaya Tiwanaku Bolivia.jpg|left|thumbnail|150px|Ruínas da Cultura Tiwanaku.]]

O território boliviano é habitado há mais de 12 000 anos. No local foram formadas várias [[Cultura da Bolívia|culturas]], principalmente nos [[Andes]], destacando-se especialmente a [[Tiwanaku|cultura Tiwanaku]] e os reinos [[aymara]]s posteriores à expansão [[Wari]]. Estes reinos foram, por sua vez, anexados ao [[Incas|Império Inca]] no [[século XIII]].

A [[Tiwanaku|Cultura Tiwanaku]], se desenvolveu em torno do centro cerimonial homônimo próximo ao [[lago Titicaca]]. A sua fundação ocorreu provavelmente antes do ano 300. Posteriormente, a cultura [[incas|inca]] estabeleceu um vasto império no [[século XV]], pouco antes da chegada dos [[espanhóis]]. Durante esse século, a Bolívia esteve ocupada por vários grupos de [[língua aymara]] (collas, pacajes, lupacas, omasuyos), destacando-se os collas, que dominaram un vasto território e lutaram com os [[quechua]]s de [[Cusco]] pelo controle da região. Os collas foram derrotados pelo inca [[Pachacuti]], que se apoderou de quase todo o [[planalto]] boliviano. A Bolívia constitui durante quase um século uma das quatro grandes divisões do ''[[Tahuantinsuyo]]'' ([[Inca|Império inca]]) sob o nome de [[Collasuyo]]. Estas antigas civilizações deixaram grandes monumentos arquitetônicos e atualmente as línguas [[aymara]] e [[quechua]] são muito difundidas no país.

=== Descobrimento e conquista ===
[[Ficheiro:Diego de Almagro.JPG|thumb|150px|left|[[Diego de Almagro]] foi o primeiro [[europeu]] a chegar ao atual território da Bolívia.]]
O primeiro [[europeu]] a chegar ao atual território da Bolívia foi [[Diego de Almagro]] em [[1535]], depois de partir de [[Cuzco]] a fim de conquistar o [[Chile]]. Com a morte de [[Diego de Almagro|Almagro]], [[Francisco Pizarro]] enviou seu irmão [[Gonzalo Pizarro]] para colonizar a [[província de Collao]] (Collasuyo). [[Pedro de Anzúriz]] fundou [[Chuquisaca]] (atual [[Sucre]]) em [[1538]], [[Potosí]] surgiu em [[1546]], [[La Paz]] em [[1548]] e [[Cochabamba]] em [[1574]].

A fundação espanhola se caracterizou por apresentar uma base mineiro-agrícola. A cidade de [[Potosí]], a mais populosa da [[América]] em [[1574]] (120.000 habitantes), se converteu em um grande centro mineiro pela exploração das minas de [[prata]] do [[Cerro Rico|Cerro Rico de Potosí]] e em [[1611]] era a maior produtora de [[prata]] do mundo.

O [[rei]] [[Carlos I de Espanha|Carlos I]] havia outorgado a esta cidade o título de vila imperial depois de sua fundação.

Durante mais de 200 anos o território da atual Bolívia constitui a [[Real Audiência de Charcas]], um dos centros mais prósperos e densamente povoados dos [[vice-reinado]]s espanhóis.

[[Potosí]] começou o seu declínio nas últimas décadas do [[século XVIII]] ao levar a mineração da [[prata]] a um estado de estagnação, como consequência do esgotamento das veias mais ricas, das antiquadas técnicas de extração e do desvio do comércio para outros países.

Em [[1776]], a [[Real Audiência de Charcas]], que até então fazia parte do [[Vice-Reino do Peru]], foi incorporada ao [[Vice-Reino do Rio da Prata]].

=== Independência ===
[[Ficheiro:Simon Bolivar.jpg|thumb|150px|left|O [[Libertador]] [[Simón Bolívar]], 1º Presidente da Bolívia.]]
[[Ficheiro:Jose de scure.jpg|thumbnail|right|150px|[[Antonio José de Sucre]], 2º presidente de Bolívia.]]
As [[Revolução de Chuquisaca|sublevações de Chuquisaca]] e [[Junta Tuitiva|La Paz]] foram o ponto de partida das guerras de [[independência]]. O país se declarou independente em [[6 de agosto]] de [[1825]] con o nome de [[República de Bolívar]], que foi alterado para ''República de Bolivia''.

Em [[1826]], o libertador [[Simón Bolívar]] outorgou ao país a primeira Constituição, que foi aprovada pelo Congresso de Chuquisaca. [[Antonio José de Sucre]], Gran Mariscal de [[Ayacucho]], foi eleito Presidente da República da Bolívia.

{{quote2|O General Sucre é o Pai de Ayacucho: é o redentor dos filhos do Sol; é o que quebrou as correntes com que envolveu Pizarro o império dos Incas. A posteridade representará a Sucre com um pé no Pichincha e o outro no Potosí, levando em suas mãos o berço de Manco-Capac e contemplando as correntes do Peru quebradas por sua espada.|Símon Bolívar}}

Desde o início de sua existência como nação independente, a Bolívia viveu quase em um estado crônico de revoluções e guerras civis, e durante os 50 anos seguintes os intervalos de estabilidade política foram breves e infrequentes. Em [[1837]], a Bolívia se uniu ao [[Estado Norte-Peruano]] e ao [[Estado Sul-Peruano]] para formar um novo Estado, A [[Confederação Peru-Boliviana]], que desapareceu dois anos depois, em [[1839]], pela oposição e declaração de guerra da [[Confederação Argentina]], [[Chile]] e um exército de restauradores peruanos.

Em [[1839]], a [[batalha de Yungay]] definiu a dissolução da [[Confederação Peru-Boliviana]].

=== Conflitos limítrofes ===
[[Ficheiro:Batalla de Ingavi.jpg|thumbnail|200px|Morte do Presidente Gamarra em Ingavi.]]
Os conflitos limítrofes da Bolívia começaram desde muito cedo. O primeiro de grande importância (que inclusive chegou a ser uma ameaça para a independência) foi a invasão pelo [[Peru]] realizada em 1828, com [[Agustín Gamarra]] à frente. Houve batalhas, e o exército peruano ocupou a maior parte do oeste boliviano. A guerra terminou com a assinatura do [[Tratado de Piquiza]] e a retirada peruana do solo boliviano.

Depois deste conflito, chegou ao poder na Bolivia o Mariscal de Zepita, [[Andrés de Santa Cruz]], que foi capaz de organizar, modernizar e instruir em táticas napoleônicas o exército boliviano. A eficácia da reforma no exército foi vista na invasão feita no Peru ante ao pedido de ajuda de [[Luis José de Orbegoso y Moncada]], depois da invasão da qual a Bolívia saiu vitoriosa, e o fuzilamento de [[Felipe Santiago Salaverry]], criando de fato a [[Confederação Peru-Boliviana]].

Em [[1836]], iniciou-se a confederação dos estados [[Estado Norte-Peruano|Norte-Peruano]], [[Estado Sul-Peruano|Sul-Peruano]] e Bolívia, mas por interesses econômicos do [[Chile]], de parte de peruanos contrários a Santa Cruz e por interesses territoriais da [[Confederação Argentina]] ([[Questão de Tarija]]), foi produzida uma guerra em duas partes de [[1837]] a [[1839]]. Na primeira, a confederação saiu vitoriosa produzindo o [[Tratado de Paucarpata]], mas na segunda se produziu a [[Batalha de Yungay]] e a Confederação foi dissolvida.

Pela parte argentina, a Bolívia com o general alemão [[Otto Philipp Braun]], comandante da frente boliviana, concentrou suas tropas em Tupiza e em fins de agosto de 1837 ingressou na [[Província de Jujuy]]. Os soldados confederados tiveram várias vitórias, chegando a ocupar setores fronteiriços das províncias de Jujuy e [[Salta (província)|Salta]]. Ante a uma série de contra-ataques argentinos, estes invadem o território boliviano. Os argentinos foram derrotados na [[Batalha de Montenegro]], mais conhecida na Argentina por Batalha da Costa de Coyambuyo. Em [[22 de agosto]] de [[1838]], Heredia ordenou a retirada e depois de Yungay as forças bolivianas evacuaram os setores fronteiriços que mantinham ocupados.

Depois da [[Confederação Peru-Boliviana]], na Bolívia e no Peru se produziu um período de anarquia, entre prós e contras a união de ambos países e por interesses políticos. No Peru, Gamarra foi o presidente, mas teve que controlar os possíveis usurpadores do poder. Na Bolívia, sucederam-se golpes de líderes. Gamarra tentou aproveitar-se disto para invadir a Bolívia e anexá-la, mas os bolivianos decidiram unir-se a um inimigo comum e deram os poderes do Estado a [[José Ballivián]].

Gamarra invadiu a Bolívia, ocupou várias zonas do [[La Paz|Departamento de La Paz]] mas foi derrotado ao morrer na [[Batalla de Ingavi]]. Depois da batalha, os bolivianos invadiram o Peru, mas firmaram o ''Tratado de Puno'' e se retiraram.

==== Perdas territoriais ====
[[Ficheiro:Territorios perdidos de Bolivia.png|thumbnail|esquerda|Territórios perdidos pela Bolívia por guerras ou diplomacia, segundo a historiografia boliviana.]]

Em [[1866]] e [[1874]], foram firmados tratados para resolver o litígio com o [[Chile]] sobre o [[deserto de Atacama]], rico em depósitos de nitratos de [[sódio]] e de [[cobre]]. Nesses tratados, adotou-se como linha limítrofe entre Chile e Bolívia o [[paralelo]] 24º de latitude sul. Foram outorgados ao Chile diversos direitos alfandegários e concessões de exploração mineral a empresários chilenos no Atacama boliviano. Estas últimas disposições originaram o litígio entre os dois países, ja que o estado boliviano não respeitou os acordos alfandegários, incrementando o imposto à extração de salitre às companhias salitreiras de capital chileno-britânico, e em [[1879]] o Chile ocupou o porto boliviano de [[Antofagasta]], iniciando a chamada Guerra do Pacífico, na qual a Bolívia e seu aliado Peru foram derrotados pelo Chile. Ao ser despojada de sua única possessão litoral, a Bolívia deixou de ter saída para o mar. O litoral boliviano abarcava aproximadamente 158.000 [[km²]] e, além de Antofagasta, contava com os portos maiores de [[Mejillones]], [[Cobija]] e [[Tocopilla]]. Em [[1904]], foi ratificado um tratado de paz e amizade que reconheceu o domínio perpétuo do território em litígio por parte do Chile, enquanto garantiu à Bolivia o livre acesso ao [[mar]].

A Bolívia manteve também uma [[Revolução Acreana|guerra com o Brasil pelo território do Acre]] que concluiu com a cessão de 191.000 [[km²]] a este país em troca de uma indenização econômica e uma pequena compensação territorial. Além desses, teve conflitos territoriais por questão de limites com a [[Argentina]], [[Peru]] e [[Paraguai]].

A solução pacífica do litígio com a Argentina foi atingida em [[1925]]. Em [[1930]], Peru e Bolívia nomearam uma comissão conjunta para delimitar a fronteira e solucionar o litígio sobre a [[península]] de [[Copacabana (Bolívia)|Copacabana]].

[[Ficheiro:Frontera Bolivia - Chile.jpg|thumbnail|150px|Fronteira Bolívia-[[Chile]].]]
O problema fronteiriço boliviano-paraguaio se centrou sobre o [[Grande Chaco|Chaco boreal]], uma zona de terras baixas situada ao norte do [[rio Pilcomayo]] e a oeste do [[rio Paraguai]], que se estende pela disputada fronteira de Bolívia. Os dois países reclamavam o território em sua totalidade. Em julho de [[1932]], eclodiu a [[guerra do Chaco]], conflito não-declarado que durou três anos e no qual morreram 50.000 bolivianos e 35.000 paraguaios. Em julho de [[1938]], foi firmado o [[tratado de paz]], segundo o qual o [[Paraguai]] ficava com 75% da região do [[Grande Chaco]]. Foi o maior conflito bélico da história boliviana: em três anos de contínuas lutas e perdas, a Bolívia sofreu um contínuo retrocesso que finalmente concluiu-se em [[Villamontes]], onde os fortes cordilheiranos ajudaram o exército da Bolívia a deter o avanço paraguaio.

Desde a fundação da [[Organização das Nações Unidas]] (ONU) em [[1945]], a Bolívia solicitou à [[Assembleia Geral das Nações Unidas|Assembleia Geral]] para que considerasse sua petição de recuperar una saída livre e soberana para o [[oceano Pacífico]]. Também apresentou o assunto na [[Organização dos Estados Americanos]] (OEA). Em [[1953]], o [[Chile]] concedeu à Bolívia um porto livre em [[Arica]], garantindo a esta direitos alfandegários especiais e instalações de armazenamento.

=== Revolução de 1952 ===


Durante as eleições presidenciais de maio de [[1951]], o líder exilado do Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR), [[Víctor Paz Estenssoro]], alcançou quase a metade dos votos expressos. No entanto, na ausência de um vencedor claro, o Congresso devia eleger o presidente entre o três candidatos mais votados. Com a finalidade de impedir a eleição de Paz Estenssoro, o Presidente [[Mamerto Urriolagoitia]] renunciou e entregou o governo a uma junta militar que nomeou como seu chefe o general [[Hugo Ballivián]]; em [[abril]] de [[1952]] foi derrubado pelo MNR.

Paz Estenssoro regressou do exílio para assumir a presidência. Sob sua orientação, o governo lançou um amplo programa de reformas econômicas, decretou a nacionalização das minas e o [[monopólio]] da exportação de [[estanho]]. No decurso de [[1954]], foi realizada a [[reforma agrária]] (parcelamento de terras para distribuir entre os indígenas), incentivou a prospecção de poços petrolíferos por empresas estrangeiras, instituiu o [[voto universal]] e realizou uma reforma educacional.

No final da [[década de 1950]] e início da [[década de 1960]], a economia boliviana sofreu com a queda dos preços do estanho no mercado mundial e com altos índices de [[inflação]]. As minas de estanho não eram rentáveis e os esforços do governo para reduzir o número de trabalhadores empregados e restringir os salários encontrou forte resistência dos sindicatos. A [[Constituição]] boliviana, que não contemplava a reeleição, impediu que Paz Estenssoro se candidatasse às eleições de [[1956]], mas seu vice-presidente [[Hernán Siles Zuazo]], filho de [[Hernando Siles]], as venceu como candidato do MNR.

Siles continuou com a política iniciada pelo governo de Paz Estenssoro, que voltou a ser eleito em [[1960]]. Paz solicitou a redação de uma nova Constituição, que aumentaria a autoridade econômica do governo e permitiria a reeleição. Em [[1964]], foi reeleeito, nomeando como [[vice-presidente]] o general [[René Barrientos]], chefe da [[Força Aérea]] e candidato de direita. Muitos dos antigos colaboradores de Paz o abandonaram, denunciando que o [[MNR]] havia esquecido sua política revolucionária. O governo de Paz Estenssoro foi derrubado um mês depois de sua reeleição em consequência do levante protagonizado pelos mineiros e estudantes. Tomou o poder uma junta militar encabeçada por [[René Barrientos]].

=== Governos militares ===
[[Ficheiro:Parag.1451.Banzer.jpeg|thumb|right|200px|[[Selo]] com a imagem de [[Hugo Banzer|Carlos Hugo Bánzer Suárez]], 65º e 79º Presidente da Bolívia.]]
O governo militar realizou uma política de reformas econômicas conservadoras, como a reabertura da indústria de minas de estanho ao investimento privado estrangeiro. Em [[julho]] de [[1966]], [[René Barrientos]] foi eleito [[presidente]] já como civil. No entanto, se viu forçado a depender dos militares para lidar com os movimentos guerrilheiros que haviam começado a atuar nas regiões montanhosas.

Em [[outubro]] de [[1967]], o Exército boliviano anunciou ter derrotado os rebeldes num local próximo à aldeia de [[Vallegrande]]. Havia sido capturado no campo de batalha [[Ernesto Che Guevara]], sendo pouco depois executado. Barrientos morreu em um estranho acidente de helicóptero em [[abril]] de [[1969]]. Sucederam-se no poder uma série de governos de curta duração, a maioria militares, e em agosto de [[1971]] o governo do general [[Juan José Torres]] foi derrubado por um golpe de Estado encabeçado pelo coronel [[Hugo Banzer]].

O regime de Banzer passou rapidamente de uma posição relativamente moderada a uma de maior repressão: aboliu o movimento trabalhista, suspendeu todos os direitos civis e enviou tropas aos centros de mineração. En [[1978]], Banzer renunciou e uma [[junta militar]] tomou o poder.

No início da década de [[1980]], o forte crescimento econômico da década anterior — que havia sido sustentado pelos altos preços do [[estanho]] no mercado mundial — levou o país à crise. A queda do preço do mineral e a má administração dos regimes militares haviam deixado a Bolívia com uma imensa dívida, uma situação [[Hiperinflação|hiperinflacionária]] e um declínio das receitas por exportações. A exportação ilegal de [[cocaína]] foi o principal recurso de divisas, até que os [[Estados Unidos]] pressionaram o governo da Bolívia para que tomasse medidas eficazes contra o tráfico desta [[droga]].

Em [[1980]], o General [[Luis García Meza]] e seu vice [[Luis Arce Gómez]] com apoio ativo da ditadura militar argentina e a ação de un comando terrorista denominado ''Novios de la Muerte''<ref>Nos ''Noivos da Morte'' atuavam também os terroristas italianos [[Stefano della Chiaie]] e [[Pierluigi Pagliani]], que haviam dinamitado um trem em [[Bolonha]] e fugido para Bolívia com [[Marco Diodato]] e cobertura da CIA.</ref><ref name="golpe">{{Citar web |url=http://www.bolpress.com/art.php?Cod=2006071704&PHPSESSID=da1d0df57b |título=''Para no olvidar el golpe del 17 de julio de 1980'', por Wilson García Mérida, Bolpres, 2006 |língua= |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref> e organizados pelo criminoso [[nazista]] [[Klaus Barbie]], deram un golpe de estado para evitar a eleição de Hernán Siles Suazo como presidente democrático.<ref name="golpe"/>

Em [[1982]], ele foi afastado da última junta militar que governava o país para reinstaurar a [[democracia]].

=== Governos democráticos ===
[[Ficheiro:Morales 20060113 02.jpg|thumb|esquerda|180px|[[Evo Morales]], atual Presidente da Bolívia.]]

[[Hernán Siles Zuazo]] chegou ao governo em [[10 de outubro]] de [[1982]] apoiado na Unidade Democrática e Popular (UDP), aliança que havia formado no fim da [[década de 1970]] entre seu [[Movimento de Esquerda Revolucionária]] (MIR), o Movimento Nacionalista Revolucionário de Esquerda (MNR) e o [[Partido Comunista|Partido Comunista da Bolívia]] (PCB). Seu governo durou até [[1985]]. Foi seguido pelo governo de [[Víctor Paz Estenssoro]] (1985-1989) do MNR.

Em 1989, assumiu [[Jaime Paz Zamora]], do [[Movimento de Esquerda Revolucionária|MIR]], com apoio da Ação Democrática Nacionalista(ADN). [[Gonzalo Sánchez de Lozada]], do MNR, assumiu de 1993-1997 e posteriormente [[Hugo Banzer Suárez]] (1997-2001), recebendo o apoio do ex-presidente [[Jaime Paz Zamora]], que desta maneira devolvia o favor por respaldar com seus deputados da ADN a governabilidade do país durante seu mandato. Banzer morreu antes de terminar seu mandato, sendo substituído por seu vice-presidente [[Jorge Quiroga Ramírez]] (2001-2002).

[[Ficheiro:Gonzálo Sánchez de Lozada-Agencia BrasilAntonio Cruz.jpg|180px|thumbnail|[[Gonzalo Sánchez de Lozada]].]]

[[Gonzalo Sánchez de Lozada]] (2002-2003) iniciou um segundo mandato, abreviado por uma revolta popular, e foi sucedido por seu vice-presidente [[Carlos Mesa]] (2003-2005). Este também foi derrubado pelos motins, assumindo [[Eduardo Rodríguez Veltzé]] (2005-2006), como interino. Na eleição presidencial realizada em 18 de dezembro de 2005, [[Evo Morales|Juan Evo Morales Ayma]] (do partido ''[[Movimiento ao Socialismo]]'', com o acrônimo em espanhol MAS, significando "mais") foi eleito com 53,7% dos votos, com mandato até 2010.

Antes de sua posse oficial em [[La Paz]], Morales tomou posse em um ritual [[aimará]] simbólico no sítio arqueológico de [[Tiwanaku]] perante uma multidão de milhares de pessoas e representantes de movimentos de [[esquerda]] de toda a [[América Latina]]. Desde a conquista espanhola no início do [[século 16]], esta região da América do Sul, com uma maioria da população nativa, tem sido governado principalmente por descendentes de europeus, com esparsos períodos de governantes [[mestiço]]s. Morales, um aimará, afirmou que os 500 anos de [[colonialismo]] terminaram e que a era da autonomia já começou.

Em [[1 de maio]] de [[2006]], Morales anunciou a sua intenção de renacionalização dos [[hidrocarbonetos]] bolivianos ativos. Embora afirmando que a iniciativa não seria uma [[expropriação]], Morales enviou tropas para ocupar 56 instalações de gás simultaneamente. Tropas também foram enviadas para duas refinarias de propriedade da [[Petrobras]] na Bolívia, que fornecem mais de 90% de capacidade de refino da Bolívia. Um prazo de 180 dias foi anunciado para que todas as empresas estrangeiras de energia fossem obrigados a assinar novos contratos que dão a Bolívia participação majoritária e até 82% das receitas (o último para os maiores campos de [[gás natural]]). Todas essas empresas assinaram contratos. Relatórios do governo boliviano e das empresas envolvidas são contraditórios quanto aos planos de investimentos futuros. De longe, o maior cliente de hidrocarbonetos boliviano foi Brasil, que importa dois terços do gás natural da Bolívia através de gasodutos operados pela Petrobras. Uma vez que o gás só pode ser exportado da Bolívia através de grandes (e caros) [[gasoduto]]s da Petrobras, o governo boliviano e a empresa estão fortemente ligados. A Petrobras anunciou planos de produzir gás natural para substituir o agora fornecido pela Bolívia até 2011.

== Geografia ==
{{artigo principal|[[Geografia da Bolívia]]}}

[[Ficheiro:Andes Nord Avril 03 Vigognes 002.JPG|thumb|200px|esquerda|[[Cordilheira dos Andes]] na Bolívia.]]

A Bolívia é um país sem litoral. O ocidente da Bolívia está situado na cordilheira dos [[Andes]], com o pico mais elevado, o [[Nevado Sajama]], a chegar aos 6542 metros. O centro do país é formado por um [[planalto]], o ''Altiplano'', onde vive a maioria dos bolivianos. O leste do país é constituído por terras baixas, e coberto pela floresta úmida da [[Amazônia]]. O lago [[Titicaca]] situa-se na fronteira entre a Bolívia e o [[Peru]]. No ocidente, no departamento de [[Potosi]], encontra-se o [[Salar de Uyuni]], a maior planície de sal do mundo.

As cidades principais são [[La Paz]], [[Sucre]], [[Santa Cruz de la Sierra]] e [[Cochabamba]].

A região Oriente, a norte e leste, compreende três quintos do território boliviano, é formada por baixas planícies de muitos rios e grandes pântanos. No extremo sul localiza-se o [[Chaco]] boliviano, pantanoso na estação chuvosa e semi-desértico nos meses de seca. A nordeste da bacia Titicaca visualizam-se montanhas extremamente altas de 3.000 a 6.500 metros. Notamos que as montanhas de mais altitude caem em ângulos praticamente retos até se transformarem em planícies.

Os Andes atingem a Bolívia e se dividem em duas grandes cadeias, a Oriental e a Ocidental. Nota-se que a cordilheira Ocidental é formada por vulcões inativos ou extintos, e suas rochas são formadas de lava vulcânica petrificada. A altitude máxima é de 3700 m, com 800&nbsp;km de comprimento e 130&nbsp;km de largura. A cordilheira Oriental é composta de diversos tipos de rochas e areia.

{{Montanhas da Bolívia}}

== Demografia ==
[[Ficheiro:Mujeres aymara con siku y caja - flickr-photos-micahmacallen-85524669 (CC-BY-SA).jpg|thumb|180px|direita|Pessoas vestidas para um [[Festival]] em [[Sucre]].]]

{{artigo principal|[[Demografia da Bolívia]]}}

A população da Bolívia é composta de [[quíchua]]s 30%, [[aimará]]s 25%, eurameríndios 15%, europeus ibéricos 15% e outros 15% (1996).

Os idiomas oficiais são o [[espanhol]], o [[quíchua]] e o [[aimará]].
* [[Religião]]: Cristianismo 98,9% (católicos 88,5% e protestantes 10,4%), outras 1,1% ([[1995]]).
* [[Densidade demográfica]]: 8 hab/km².
* [[Anexo:Lista de países por índice de urbanização|População urbana]]: 66% ([[2006]]).
* Crescimento demográfico: 2,3% ao ano ([[1995]]-[[2000]]).
* Taxa de fecundidade: 4,36 filhos por mulher ([[1995]]-[[2000]]).
* [[Expectativa de vida]]: 65,6 anos ([[Anexo:Lista de países por esperança média de vida à nascença|134º]])
** Esperança de vida masculina: 63,4 anos
** Esperança de vida feminina: 67,7 anos
* [[Mortalidade infantil]]: 45,6 por mil nascidos vivos ([[Anexo:Lista de países por índice de mortalidade infantil|132º]]).
* [[Anexo:Lista de países por índice de alfabetização|Analfabetismo]]: 9,3% ([[2007]]-[[2008]])
* [[IDH]] ([[2010]]): 0,643 ([[Anexo:Lista de países por Índice de Desenvolvimento Humano|95º]]) - {{médio}}

{{Cidades mais populosas da Bolívia}}

== Política ==
{{Artigo principal|[[Política da Bolívia]]}}
{| {{prettytable|clear: both}} align="right" width="10%"
|-
| align="center" bgcolor="gold" |'''Estado Boliviano'''
|-
| style="margin: 0.5em 0.5em 0.5em 1em; padding: 0.5em; font-size: 95%;" | [[Ficheiro:Evo morales 2 year bolivia Joel Alvarez.jpg|180px]]<br /> Presidente '''[[Evo Morales|Evo Morales Ayma]]
|-
| style="margin: 0.5em 0.5em 0.5em 1em; padding: 0.5em; font-size: 95%;" | [[Ficheiro:Palacio del Congreso Nacional La Paz Bolivia.jpg|180px]]<br /> Vista da Cúpula do '''Congresso Nacional da Bolívia''' que junto ao '''Palácio Quemado''' se encontram em [[La Paz]], sede do governo.
|-
| style="margin: 0.5em 0.5em 0.5em 1em; padding: 0.5em; font-size: 95%;" | [[Ficheiro:Palacio de Justicia o de Gobierno Sucre (Bolivia).jpg|180px]]<br /> '''Palácio da Corte Suprema de Justiça''', [[Sucre]]
|-
|}
A constituição da Bolívia de [[1967]], revista em [[1994]], prevê um sistema equilibrado entre os poderes executivo, legislativo e judiciário. O tradicionalmente forte executivo, no entanto, tende a deixar na sombra o [[congresso da Bolívia|Congresso]], cujo papel está em geral limitado a debater e aprovar legislação originária do executivo. O judiciário, composto pelo [[Supremo Tribunal]] e por tribunais departamentais e inferiores, é há muito corroído por corrupção e ineficiência. Através de revisões na [[constituição]], feitas em [[1994]], e de leis subsequentes, o governo iniciou reformas potencialmente profundas, nos sistema e processos judiciários.

Os nove departamentos da Bolívia receberam maior autonomia pela lei de Descentralização Administrativa de [[1995]], embora os principais dirigentes departamentais continuem a ser nomeados pelo governo central. As [[cidade]]s e [[vila]]s bolivianas são governadas pelos [[presidente de câmara|presidentes de câmara]] e por conselhos diretamente eleitos.

Em [[5 de Dezembro]] de [[2004]], foram realizadas eleições dos membros dos conselhos municipais, com mandato de 5 anos. A [[Lei de Participação Popular]], de Abril de [[1994]], que distribui uma porção significativa das receitas nacionais entre as autarquias, para seu uso discricionário, permitiu que comunidades anteriormente negligenciadas obtivessem grandes melhoramentos nas suas infra-estruturas e serviços. Apesar desse sistema, a Bolívia apresenta problemas de ordem socioeconômica muito intensos, agravados pela pobreza da maior parte do país.

A Bolivia é oficialmente um [[Estado]] [[estado unitário|unitário]] [[democracia|democrático]] organizado segundo a [[separação de poderes]] (Executivo, Legislativo, Judiciário e Eleitoral) e de maneira descentralizada e [[República presidencialista|presidencialista]]. O Estado se rege segundo a Constitução Política da Bolívia<ref>{{Citar web |url=http://www.laconstituyente.org/files/Libros/nuevacpebolivia.pdf?download |título=Constituição Política da República da Bolívia{{es}} |língua= |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref> aprovada em [[7 de fevereiro]] do ano de [[2009]], que entrou em vigor neste mesmo ano.

==== Poder Executivo ====
O [[Poder Executivo]] é encabeçado pelo Presidente da República. Este cargo é exercido por [[Evo Morales|Evo Morales Ayma]], membro do partido ''Movimiento al Socialismo''. O executivo é tradicionalmente o poder mais forte na política boliviana, tendendo a deixar em segundo plano a participação do Congresso, cujo rol se limita a debater e aprovar as iniciativas legislativas do presidente.

O presidente de Bolivia, eleito a cada cinco anos, é [[chefe de estado]] e de [[chefe de governo|governo]] e nomeia o gabinete de ministros.

===== Governo Departamental =====
Os governadores de cada departamento (chamados ''Prefeitos'') são eleitos democraticamente porém com regras diferentes das eleições nacionais e municipais. A variação consiste em que o candidato mais votado, seja por maioria simples ou absoluta, será eleito automaticamente prefeito. Alguns acreditam que, apesar das mudanças operadas, o processo de descentralização boliviano é incompleto, já que a Assembleia Constituinte é quem deixará claro os poderes e limitações dos prefeitos eleitos pela primeira vez pelo voto direto.

===== Municipalidades =====
Os [[município]]s são governados por prefeitos e conselhos eleitos diretamente pelo povo.

==== Poder legislativo ====
O [[Poder Legislativo]] constituído por duas câmaras, é presidido pelo vice-presidente do governo, atualmente [[Álvaro García Linera]]:

A Câmara de Senadores tem 27 membros, três representantes de cada departamento, dois deles do partido que recebe a maioria de votos e o terceiro do partido que ficou em segundo lugar. Os senadores são eleitos de listas partidárias para um período de cinco anos. A idade mínima para candidatar-se a tais cargos é de 35 anos.

A Câmara de Deputados tem 130 membros: 68 deputados são eleitos por votação direta para representar um distrito eleitoral e os outros 62 são eleitos por representação proporcional por meio de listas de cada partido em distrito único de todo o país. Os deputados também tem um mandato de cinco anos e devem ter no mínimo 25 anos completos no dia da eleição.

==== Poder judiciário ====
Os membros da Corte Suprema da Bolívia são eleitos para um mandato de 10 anos pelo Congresso Nacional.

=== Fronteiras ===
{{Fronteiras da Bolívia}}

A Bolívia limita-se a norte e leste com o [[Brasil]]. A leste-sudeste com o [[Paraguai]], a sul com a Argentina, a sul e oeste com o [[Chile]] e a oeste com o [[Peru]]. O perímetro total das [[fronteira]]s alcança 6834&nbsp;km.

=== Boliviamar ===
Durante uma visita diplomática ao Peru, o presidente [[Jaime Paz Zamora]] e seu homólogo peruano, [[Alberto Fujimori]], chegaram a um acordo com esta nação para a cessão de um pequeno território de 5&nbsp;km de costa e uma extensão territorial de 163,5 [[ha]] (1,635 [[km²]]) chamada ''Boliviamar''<ref>{{Citar web |url=http://WikiMapia.org/#lat=-17.739531&lon=-71.258011&z=14&l=3&m=a&v=2 |título=Vista de satélite no WikiMapia da Boliviamar situada próxima à cidade de [[Ilo]] ([[Peru]]) |língua= |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref> por um período de 99 anos renováveis desde 1992, depois dos quais toda construção e o território passam novamente ao Peru.

No acordo, a Bolívia utilizaria uma zona franca do porto de Ilo para sua administração e funcionamento.

Boliviamar é uma praia que faz parte do projeto de desenvolvimento turístico firmado entre Peru e Bolívia em [[24 de janeiro]] de [[1992]], e se encontra exatamente a 17&nbsp;km da cidade de [[Ilo]], na via costeira que une os departamentos de [[Tacna]] e [[Moquegua]].

A Bolívia também utiliza los portos de Maratani e Mollendo, do Peru.

=== Acesso ao [[oceano Atlântico]] pelo [[rio Paraná]] ===
A Bolívia possui instalações portuárias na "Zona Franca da Bolívia" em [[Rosário (Argentina)|Rosário]], desde [[1964]], porém em total estado de abandono. Dada a necessidade urbana, planeja-se sua tranferência para a [[Villa Constitución]], dentro da [[Santa Fé (Argentina)|província de Santa Fé]].

=== Política exterior ===
{{anexo|[[Anexo:Missões diplomáticas da Bolívia|Missões diplomáticas da Bolívia]]}}

[[Ficheiro:Flag of Mercosur.svg|thumbnail|200px|esquerda|Bandeira do [[Mercosul]], do qual a Bolívia é um estado associado.]]
<!-- {{Artigo principal|[[Relações internacionais da Bolívia]]}} -->

A história da política exterior boliviana é marcada por conflitos com países vizinhos, como o [[Chile]], [[Peru]] e [[Paraguai]]. A Bolívia chegou a perder territórios para estes três países através de guerras, como a [[Guerra do Pacífico (século XIX)]] e a [[Guerra do Chaco]]. A Bolívia também perdeu territórios para o [[Brasil]], que incluiu enfrentamentos militares sem que ocorresse uma guerra formal. Atualmente a Bolívia ainda mantém disputas fronteiriças e reivindicações territoriais com [[Chile]] e [[Peru]]. Estas reivindicações territoriais mantém algum grau de tensão política permanente com estes dois países vizinhos.

A [[Política externa|política exterior]] atual reflete uma marcada tendência a metas tais como o desenvolvimento social, a luta contra a pobreza, a modernização institucional, a captação de cooperação externa e investimentos estrangeiros e o combate ao narcotráfico.

No campo da integração comercial, o país busca desempenhar unm rol especial nos esforços para a conformação de um espaço integrado entre a [[Comunidade Andina]] e o [[Mercosul]]. Na área da integração energética, o país aspira converter-se no centro de distribuição e integração energética na [[América do Sul]]. Por último, na área da integração física, executam-se ações que se orientam ao desempenho de un papel significativo na união dos oceanos Pacífico e [[Atlântico]], mediante a planificação dos corredores de exportação.

É país membro das [[Nações Unidas]] e de alguns de seus organismos especializados e programas afins, como a [[OEA]], a [[Comunidade Andina de Nações]], [[Intelsat]], o [[Movimento de Países Não-Alinhados]], a [[União Interparlamentar|União Interparlamentar Internacional]], a [[Associação Latino-Americana de Integração]] (ALADI), a [[Organização Mundial do Comércio]], o [[Tratado Interamericano de Assistência Recíproca]], o [[Grupo do Rio]], o [[Pacto Amazônico]], do [[Mercosul]] e da [[UNASUL]].

Como resultado da [[Cúpula das Américas]] realizada em 1994, a Bolívia foi sede de uma conferência cúpula hemisférica para o desenvolvimento sustentável em dezembro de [[1996]].

A política exterior da Bolivia tem um forte viéis político-diplomático regional e um importante componente econômico-comerical, já que teve uma participação mais ativa na [[Organização dos Estados Americanos]] ([[OEA]]), o [[Grupo do Rio]], tem uma histórica relação com a [[Comunidade Andina de Nações|CAN]] e vem se tornando mais importante sua relação com o [[Mercosul]], havendo firmado com este um acordo de associação em 1996. A Bolívia promove suas políticas de desenvolvimento sustentável e em prol da habilitação do povo indígena.

==== Comunidade Andina ====
{{Artigo principal|Comunidade Andina de Nações}}

[[Ficheiro:Flag of the Andean Community of Nations.svg|thumbnail|200px|Bandeira da [[Comunidade Andina de Nações]].]]

A ''Bolívia'' pertenece à '''CAN''' ([[Comunidade Andina de Nações]]), uma pessoa jurídica de direito internacional integrada pela [[Colômbia]], [[Equador]], [[Peru]] e [[Venezuela]] (em processo de desvinculação), junto com os órgaos e instituções do Sistema Andino de Integração (SAI). Antes de [[1996]], era conhecida como o ''Pacto Andino ou Grupo Andino''.

A Comunidade Andina ou Comunidade Andina de Nações (CAN) é uma organização regional econômica e política com entidade jurídica internacional criada pelo Acordo de Cartagena em [[26 de maio]] de [[1969]]. Tem sede em [[Lima]], [[Peru]]. A debilitação da CAN, principalmente pela saída da maior economia do bloco, a [[Venezuela]] (em 2006) e ao fortalecimento do processo de aproximação comercial com o [[Mercosul]], especialmente com o [[Brasil]], somado ao aumento da influência política venezuelana e brasileira sobre o atual governo da Bolívia, existe uma forte intenção do governo em integrar-se definitivamente ao [[Mercosul]].<ref>{{Citar web |url=http://www.lostiempos.com/noticias/16-12-06/16_12_06_eco8.php |título=Mercosur plantea comisión para incluir a Bolivia (''Los Tiempos''){{es}} |língua= |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref>

=== Crise e instabilidade política ===
Algumas das mudanças políticas implementadas pelo governo Evo ampliaram as tensões entre o governo federal e os departamentos. A mudança mais polêmica e de maior repercussão talvez tenha sido a mudança na Lei Nº 3058, de 17 de maio de 2005, conhecida como [[Lei dos Hidrocarbonetos]], que modificou a distribuição dos [[royalties]] do [[petróleo]] e do [[gás]]. A renda advinda da exploração destes recursos ficava com os departamentos e foi federalizada, o que gerou fortes embates entre o governo e as províncias mais ricas em ambos, como [[Santa Cruz]].

As tensões foram intensificadas nos últimos anos e surgiram pressões por maior [[autonomia]], notadamente da parte dos departamentos mais ricos ([[Santa Cruz (departamento)|Santa Cruz]], [[Tarija (departamento)|Tarija]], [[Beni]] e [[Pando]]), que inicialmente defendiam a mudanças na distribuição dos impostos e a escolha dos seus próprios governantes - à maneira de uma [[federação]], como o [[México]] ou o [[Brasil]],<ref>VALENTE, Leonardo. [http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2007/04/28/295556845.asp ''Separatistas se armam na Bolívia em movimento que traz ameaças ao Brasil'']. '''[[O Globo]]''', 29 de abril de 2007.</ref><ref>SADER, Emir. ''O racismo separatista''. '''Agência Carta Maior'''. 29/04/2008. [http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=1&post_id=178]</ref> ameaçando a conflagração de uma [[guerra civil]]<ref>SEBBEN, Fernando D. O. (2008) ''Secessão Boliviana: Um Estudo de Caso sobre Conflito Regional''. I Seminário Nacional de Ciência Política da UFRGS, 2008. [[UFRGS]], Porto Alegre, RS.</ref> entre as duas grandes regiões da Bolívia.

O [[separatismo]] na Bolívia, identificado com o projeto de criação da [[Nação Camba]]<ref>{{Citar web |url=http://www.nacioncamba.net/index2.htm |título=NaciónCamba.net |língua= |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref> e ligado a organizações locais de Santa Cruz, como a União Juvenil Cruzenha e o Comitê Cívico Pró-Santa Cruz, passou a buscar apoio externo internacional, encontrando respando em alguns governos de direita opositores a Evo Morales ou inimigos de seus aliados. A polarização política da crise boliviana tornou-se mais complexa à medida que passou a se pautar pela polarização ideológica do [[continente]] sul-americano, com o governo [[Evo Morales]] recebendo apoio direto de [[Hugo Chavez]] e os separatistas sendo apoiodos indiretamente pela [[Colômbia]] e mais discretamente pelos EUA, durante o período do governo Bush.

Segundo o governo boliviano, os separatistas de [[Santa Cruz]] também teriam recebido apoio direto da diplomacia americana durante o governo [[Bush]]. As autoridades do país chegaram a expulsar o embaixador dos [[Estados Unidos]], [[Philip Goldberg]], após este ter se reunido sucessivas vezes com os separatistas.<ref>{{Citar web |url=http://www.estadao.com.br/internacional/not_int239497,0.htm |título=''Evo pede expulsão de embaixador americano na Bolívia'', 10 de agosto de 2008. |língua=português |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref><ref>{{Citar web |url=http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/09/080910_bolivia_embaixadorrg.shtml |título=''Morales expulsa embaixador dos EUA na Bolívia'', '''[[BBC Brasil]]''', 10 de agosto de 2008. |língua= |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref>

Mais recentemente, o diplomata Francisco Martinez (igualmente indicado no período [[Bush]]), também foi expulso do país depois das acusações de ter continuando a ter contato com os movimentos separatistas.<ref>{{Citar web |url=http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,bolivia-expulsa-diplomata-dos-eua-por-conspiracao,335917,0.htm |título=''Bolívia expulsa diplomata dos EUA por "conspiração"'', '''[[O Estado de S. Paulo]]''', 9 de março de 2008. |língua=português |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref>

Após um suposto atentado contra o [[cardeal]] primaz da Bolívia, Julio Terrazaso,<ref>{{Citar web |url=http://noticias.terra.com.br/mundo/interna/0,,OI3711159-EI8140,00.html |título=''Juiz ordena detenção de acusados terrorismo na Bolívia'', ''[[Terra (empresa)|Terra Notícias]]'', 18 de abril de 2009. |língua= |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref> a polícia boliviana alegou ter destruído uma [[célula terrorista]] em [[Santa Cruz]] formada por [[mercenários]] estrangeiros<ref>{{Citar web |url=http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u552311.shtml |título=''Interpol oferece ajuda para investigar suposto plano contra Morales'', ''[[Folha Online]]'', 17 de abril de 2009. |língua=português |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref> - alguns deles alegadamente com experiência na [[guerra civil da Iugoslávia]].<ref>{{Citar web |url=http://noticias.terra.com.br/mundo/interna/0,,OI3719526-EI8140,00.html |título=''Bolívia diz que 2 supostos terroristas estão foragidos'', ''Terra Notícias'', 22 de abril de 2009. |língua=português |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref><ref>{{Citar web |url=http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,testemunha-liga-oposicao-a-mercenarios-na-bolivia,365737,0.htm |título=''Testemunha liga oposição a mercenários na Bolívia'', ''[[O Estado de S. Paulo]]'' |língua=português |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref><ref>{{Citar web |url=http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2009/04/26/video+confirmaria+existencia+de+plano+para+assassinar+evo+morales+5757910.html |título=''Vídeo confirmaria existência de plano para assassinar Evo Morales'', ''[[Último Segundo]]''. 26 de abril de 2009. |língua=português |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref> O episódio do ataque terrorista ao [[Gasoduto Brasil-Bolívia]] em setembro de 2008, também acelerou o processo de isolamento político dos separatistas.<ref>''Atentado contra gasoduto na Bolívia reduz envio de gás ao Brasil'', '''Abril.com''', 10/09/2008 [http://www.abril.com.br/noticia/mundo/no_300772.shtml]</ref>

Após o fim do governo Bush e o fim do apoio indireto até então fornecido pela diplomacia americana, o separatismo se arrefeceu em fins de 2008 e início 2009. Mas foi decisivo o processo político regional, manifestado em sucessivas declarações da UNASUL de apoio à manutenção da ordem, da institucionalidade, da soberania e da integridade territorial da Bolívia.<ref>''Unasul apóia Morales e rejeita divisão territorial da Bolívia'', '''Jornal do Brasil''', 16/09/2008 [http://jbonline.terra.com.br/extra/2008/09/16/e160913686.html]</ref>

== Subdivisões ==
{{Artigo principal|[[Departamentos da Bolívia]]}}

A Bolívia se subdivide em 9 departamentos, 112 [[província]]s, 327 [[município]]s e 1.384 [[cantões]], os quais obtiveram uma maior [[autonomia]] logo com a Lei da Descentralização Administrativa<ref>No marco da Lei da Descentralização Administrativa (Decreto Supremo 24.206 de 29 de dezembro de 1995) modificou-se a estrutura organizacional do Estado e a distribuição dos ingressos (A distribução de ingressos é proporcional à população do departamento), transferindo responsabilidades, obrigações direitos para os Poderes Executivos Departamentais, constituídos pela Prefeitura e o Conselho Departamental.

Segundo esta Lei de Descentralização Administrativa, as prefeituras tem autonomia de gestão administrativa, técnica e financeira, patrimônio próprio e definição indefinida. Seu objetivo geral é promover o [[desenvolvimento econômico]] e social dos Departamentos mediante o planejamento regional, a realização de estudos de base, a formulação de programas e projetos, atuando também em diferentes setores do desenvolvimento regional, e concentrando seus investimentos nos campos da infraestrutura viária, infraestrutura sóciosanitária, promoção do desenvolvimento agropecuário e rural, e o fomento da pequena e média indústria.</ref> de [[1995]].

{{Subdivisões da Bolívia}}

== Economia ==
{{artigo principal|[[Economia da Bolívia]]}}
[[Ficheiro:Banco Central de Bolivia.png|thumb|150px|left|[[Banco Central da Bolívia]].]]
{| style = align="right" border="2" cellpadding="4" cellspacing="0" class="bonita" style="margin: 0.5em 0.5em 0.5em 1em; padding: 0.5em; background:#f9f9f9; border: 1px#aaa solid; border-collapse: collapse; font-size: 95%;"
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|}

A Bolívia é, há muito tempo, um dos países mais pobres e menos desenvolvidos da [[América Latina]], tendo feito progressos consideráveis no sentido do desenvolvimento de uma economia de mercado. Durante a [[Lista de presidentes da Bolívia|presidência]] de [[Sánchez de Lozada]] ([[1993]]-[[1997|97]]) a Bolívia assinou um tratado de comércio livre com o [[México]] e procedeu à privatização da linha aérea estatal, da companhia de telefone, das ferrovias, da companhia elétrica e da companhia petrolífera.
O crescimento abrandou em [[1999]], em parte devido a políticas orçamentais restritivas que limitaram os fundos necessários para programas de luta contra a [[pobreza]], e às consequências da [[crise asiática|crise financeira asiática]]. No ano [[2000]], sérios distúrbios públicos em abril e entre setembro e outubro baixaram o crescimento para 2,5%. O [[Produto Interno Bruto|PIB]] boliviano não cresceu em [[2001]] devido ao abrandamento global e à vagarosa actividade doméstica. Contudo o [[IDH]] da Bolívia apresentou um forte crescimento entre 2003 e 2007, quando aumentou 0,042 pontos, passando de 0,687 para 0,729.
Devemos lembrar também que a economia Boliviana possui grande influencia do Brasil, as atividades da Petrobras (estatal brasileira) no país, é responsável por 18% do PIB e 25% das arrecadações de impostos da Bolívia, a Petrobras é responsável pela extração do gás natural no país e a distribuição de todo esse gás para o Brasil. No 1º trimestre de 2009 com a crise econômica mundial, o PIB boliviano que crescia em torno de 6 % ano, passou a crescer 2,1%, devido à baixa demanda de gás no Brasil.
Já houve vários conflitos entre o governo boliviano e a Petrobras, afirmando que os brasileiros seriam imperialistas, por causa do monopólio da Petrobras sobre a extração do gás, assim Evo Morales, atual presidente da Bolívia, ordenou a invasão das refinarias e postos de extração da Petrobrás pelo exército, no que ocorreria na perda de mais de 2 bilhões de investimentos brasileiros no país. O problema foi resolvido após um reajuste de preço do gás vendido para o Brasil, a revolta não durou muito porque não teria quem comprasse o gás alem dos brasileiros e os bolivianos não possuem a tecnologia de extração.

== Infraestrutura ==
=== Educação ===
{{Artigo principal|[[Educação na Bolívia]]}}
A '''[[educação]] na Bolívia''', assim como outros aspectos na vida dos [[boliviano]]s, tem uma divisão entre a área rural e a urbana. O [[analfabetismo]] rural se mantém alto, mesmo que o resto do país tenha aumentando o índice de alfabetização. Essa diferença é causada parcialmente pelo fato de que muitas crianças vivendo em áreas rurais são forçadas a contribuir economicamente para a renda familiar, e assim é muito mais improvável que frequentem a escola. Na média, as crianças da área rural frequentam a escola por 4,2 anos{{carece de fontes|data=março de 2009}}, enquanto as crianças da área urbana recebem educação por uma média de 9,4. Uma diferença de gêneros também existe. O índice de alfabetização do país é de 86,7% é comparavelmente menor que os outros países da [[América do Sul]].{{carece de fontes|data=Março de 2009}}

Os problemas da educação da Bolívia não são necessariamente atribuídos à falta de fundos. O país reserva 23% do seu orçamento anual para gastos educacionais, um percentual maior do que a maioria dos outros países da América do Sul, apesar de ter um orçamento nacional menor.

Uma reforma fez algumas mudanças significativas. Iniciada em 1994, a reforma descentralizou os fundos para educação para se adequar as diversas necessidades locais, melhorar o treinamento de professores e o curriculum, formalizar e expandir a educação bilingue e modificar o sistema de séries escolares. A resistência da união de professores, entretanto, tem atrasado a implementação de algumas partes da reforma.

=== Transportes e comunicações ===
<!-- {{Artigo principal|[[Transportes na Bolívia]]}} -->
[[Ficheiro:Boeing 727-LAB.jpg|thumb||200px|right|[[Lloyd Aéreo Boliviano|'''LAB''']] Boeing 727-200 (CP-1366)]]

O território da Bolívia está comunicado por vários meios de transporte:

O Aéreo com mais de catorze aeroportos internacionais como o de [[Santa Cruz de la Sierra]], chamado ''[[Aeroporto Internacional Viru Viru]]'' o mais importante do país, o [[Aeroporto Internacional de Cochabamba]] de [[Cochabamba]], e o [[Aeroporto Internacional de El Alto]] de [[La Paz]], além dos 1.072 aeroportos situados nas localidades mais importantes do país.

O sistema fluvial com mais de 14.000 [[km]] de [[rio]]s navegáveis e uma serie de portos marítimos situados nos diversos países com os que tem convênios de navegação, como [[Peru]] e [[Chile]] no [[Oceano Pacífico]], e [[Argentina]], [[Brasil]] e [[Paraguai]] com a [[hidrovia Paraguai-Paraná]] com saída ao [[Oceano Atlântico]].

O sistema terrestre com mais de 49.900 [[km]] de [[rodovia]]s e arredor de 4.600 [[km]] pavimentados formada por várias [[rota]]s nacionais, o resto de rodovias é de [[cascalho]] ou [[terra]]. Além de contar com um ramal da [[Rodovia Pan-americana]] que cruza todo o altiplano conectando-se assim com os países limítrofes. Conta assim mesmo com um sistema [[ferrovia|ferroviário]] dividido em dos redes: a ''Rede Oriental'' com 1.222&nbsp;km, que se conecta com Brasil e Argentina e a ''Rede Ocidental'' com 2.318&nbsp;km de longitude, que une ao país com Peru e Chile.

== Cultura ==
{{artigo principal|[[Cultura da Bolívia]]}}
{| class="toc" cellpadding=0 cellspacing=2 width=250px style="float:right; margin: 0.5em 0.5em 0.5em 1em; padding: 0.5e text-align:left;clear:all; margin-left:3px; font-size:90%"
|colspan=3 style="background:#black; color:white;" align=center bgcolor="green"|'''Dias festivos oficiais'''
|-
! style="background:#e9e9e9;" |Data
! style="background:#e9e9e9;" |Motivo
|-
| style="background:#f0f0f0;" | [[1 de janeiro]]
| style="background:#f0f0f0;" | [[Ano novo]]
|-
|Data móvel "Religiosa" (Semana anterior a [[Quaresma]])
|[[Carnaval]] (''2 dias'')
|-
| style="background:#f0f0f0;" |[[19 de março]]
| style="background:#f0f0f0;" |[[Dia dos pais]]
|-
|[[23 de março]]
|Dia do mar
|-
| style="background:#f0f0f0;" |[[12 de abril]]
| style="background:#f0f0f0;" |[[Dia das crianças]]
|-
|Data móvel "Religiosa" (Semana Santa)
|[[Sexta-feira santa]]
|-
| style="background:#f0f0f0;" |[[1 de maio]]
| style="background:#f0f0f0;" |[[Dia do trabalho]]
|-
|[[27 de maio]]
|[[Dia das mães]]
|-
| style="background:#f0f0f0;" |[[15 de junho]]
| style="background:#f0f0f0;" |[[Corpus Christi]]
|-
|[[6 de agosto]]
|Aniversário do país
|-
| style="background:#f0f0f0;" |[[2 de novembro]]
| style="background:#f0f0f0;" |[[Dia de Todos-os-Santos]]
|-
| [[25 de dezembro]]
| [[Natal]]
|-
|}

A cultura da Bolívia tem muitas influências [[inca]]s e de outros povos [[índio]]s na religião, música e vestuário, como por exemplo os bem conhecidos chapéus de coco. A festa mais conhecida é o El Carnaval de [[Oruro]], património cultural da [[UNESCO]]. O entretenimento mais comum é o [[futebol]], desporto nacional, que é praticado quase em cada canto de rua. Os jardins zoológicos também são uma atracção popular.

{{Referências|col=2}}

== {{Ver também}} ==
* [[Anexo:Missões diplomáticas da Bolívia|Missões diplomáticas da Bolívia]]

== {{Ligações externas}} ==
{{Commonscat|Bolivia}}
{{Portal-Bo}}
* {{Link|es|2=http://www.bolivia.gov.bo/ |3=Portal do Governo boliviano}}
* {{Link|en|2=http://www.state.gov/r/pa/ei/bgn/35751.htm |3=Bolívia no sítio do departamento de estado dos EUA}}
* {{Link|en|2=http://lcweb2.loc.gov/frd/cs/botoc.html |3=A Country Study: '''Bolivia'''}} [[Library of Congress]].
* {{Link|en|2=https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/geos/bl.html|3=CIA - ''The World Factbook''. '''Bolivia'''.}}

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[[Categoria:Bolívia| ]]

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Revisão das 20h30min de 13 de abril de 2011