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Cadeira Portuguesa

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Cadeira Gonçalo)

A Cadeira Portuguesa[1] é um símbolo das esplanadas portuguesas.

O modelo 5008, popularmente chamado de Cadeira Portuguesa[2], foi criado pela ADICO nos anos 20. As primeiras cadeiras do modelo surgiram na capital, Lisboa, por volta dos anos da sua criação.

Este modelo passou a ser vulgarmente chamado de Cadeira Portuguesa por fazer parte do imaginário de milhões de Portugueses que já a sentem como sua. Basta pensar que é quase improvável encontrar um Português que nunca se tenha sentado nesta cadeira em algum momento da sua vida. Foi também largamente reproduzida e por diversas empresa que replicaram o modelo original ao longo dos anos devido ao seu sucesso.

A Cadeira Portuguesa é muito mais do que uma simples cadeira. É um símbolo da portugalidade reconhecido internacionalmente pelo seu desenho e história. Pelo que, quando um produto atinge este estatuto passa a ter lugar em qualquer tipo de espaço e acompanha qualquer tipo de decoração seja ela mais elaborada ou simples, de acordo com Miguel Rodrigues diretor geral da ADICO.

<< No final dos anos 80, a imagem do país quase foi destruída devido à propagação das cadeiras plásticas brancas. Mas, nos anos 90, com os preparativos da Lisboa Capital da Cultura Europeia e com a construção do Centro Cultural de Belém, uma revista italiana de arquitetura e design “Domus", publicou um artigo onde elogiou a cadeira “Portuguesa”. O edifício que fora projectado por Vittorio Gregotti e Manuel Salgado contou com a equipa do Atelier Daciano da Costa para a elaboração e escolha do mobiliário do CCB (Centro Cultural de Belém), que propôs entre outros modelos, a cadeira “Portuguesa” da ADICO. Para Daciano da Costa tratava-se de um design clássico modernista e bem português que era perfeito para as esplanadas do CCB.

Por volta do mesmo período a Câmara Municipal de Lisboa criou uma norma para obrigar os comerciantes a adoptarem, nomeadamente na Baixa, a cadeira “Portuguesa”, chegando ao ponto de escolher as cores conforme as zonas da cidade. O uso das cadeiras plásticas brancas foi abolido, parando assim com o degradamento e o desaparecimento das esplanadas.

Num artigo, de 1992, nos “Cadernos de Design” do Centro Português de Design, do qual o arquitecto e designer Sena da Silva que na altura era presidente, é então publicada na capa a cadeira e é baptizada com o nome de cadeira “Gonçalo”.

Este tratava-se de um serralheiro da empresa Arcalo que, nos anos 50, terá recriado a cadeira a partir de um modelo anterior, sendo este também de sua autoria. A partir desse momento, a história da cadeira entrou em discórdia acerca da autoria da cadeira.

O Arquitecto René Herbst e co-fundador da União de Artistas Modernos e considerado um dos pioneiros do design moderno, criou um modelo desta cadeira que apenas se diferencia pelo facto de ser estofada e por estar indicada para o interior. Quando analisamos a história, podemos ver que as cadeiras de concepção tubular aparecem em Portugal por volta dos anos 30, em cafés e hospitais.

Podemos ver alguns desses exemplos no Café Nicola, no Rossio em Lisboa, inspirados na Bauhaus e nas cadeiras em tubo de aço curvado de alguns pioneiros do design, como Marcel Breuer, Mies van der Rohe e Mart Stam editados pela Thonet.

A cadeira “Portuguesa” tornou-se então uma atractiva figura “vintage” que tem sido sucessivamente reinterpretada por diversos designers e parece, ainda nos dias de hoje, continuarem as suas reedições. >>[3]

No ano 2019, a empresa ADICO, de forma a alargar o seu ícone lançou o mesmo numa versão de polipropileno, conseguindo assim focar-se nas esplanadas portuguesas e uniformiza-las. É possível assim encontrar este modelo com as proporções originais na versão de ferro, alumínio e polipropileno.[4]


A marca BICACHAIR apostou numa reedição tentado elevar a cadeira portuguesa a um patamar superior de qualidade, focando-se apenas neste modelo como inspiração para todas as suas colecções e estratégia. Esta marca redefine também o padrão de atenção dado a esta peça de uma forma completamente nova. Existe ainda uma nova versão desta cadeira criada em 2013 totalmente produzida em madeira pela AROUNDTHETREE com o nome PORTUGUESROOTSCHAIR ( uma cadeira de Raízes Portuguesas ) com inúmeros prémios internacionais e presente na exposição permanente no MUDE ( Museu de Design e de moda ) .

Cadeira Portuguesa

A Adico foi fundada em 1920 pelo Comendador Adelino Dias Costa.

Adelino Dias Costa, foi um dos maiores industriais do seu tempo, tendo, como vulgarmente se costuma dizer, subindo a corda a pulso. Natural de Avanca, no concelho de Estarreja, onde a Adico tem a sua sede, desde tenra idade mostrou um apetite empreendedor invulgar para a época e para o meio onde nasceu e cresceu. Seu pai tinha uma pequena serralharia caseira, onde Adelino deu os primeiros passos na arte e ganhou gosto por este ofício. Com apenas dez anos, e à semelhança do que acontecia com muitos dos seus conterrâneos, logo pensou em emigrar para o Brasil, de onde chegavam notícias de gente que tinha conseguido melhores condições de vida, uma terra em que os horizontes eram melhores do que na sua localidade, com uma população maioritariamente camponesa e de baixa instrução.

E, de facto, ajudado por um tio, Adelino Dias Costa rumiu a terras de Santa Cruz com apenas doze anos. Começava, assim, o sonho de construir algo de importante, que encontrou as primeiras barreiras já em Belém do Pará. O pequeno emigrante, vítima de uma doença tropical, foi aconselhado a regressar à sua Terra Natal.

Passaram-se dois anos e a reabilitação do seu estado de saúde só foi possível graças a uma força interior invulgar que lhe deu ânimo para prosseguir na saga empreendedora de ir em busca dos seus sonhos. Adelino aconselhou-se com o seu pai e explicou-lhe que estava talhado a ser serralheiro e que queria entrar na oficina da sua terra, onde encontra-se um mestre a valer de quem aprendesse todos os segredos de trabalhar o ferro. Seu pai tentou demovê-lo, argumentando que a pequena serralharia que tinha dava apenas para pequenos gastos e que o trabalho no campo era, ainda assim, a fonte de rendimento. Adelino passou os dias da sua adolescência entre azáfama do cultivo, ao mesmo tempo que ia trabalhando peças para a lavoura na banca e forja da serralharia do seu pai.

Com vinte anos casou-se, ganhou outro tipo de independência em relação aos seus pais, com quem sempre manteve uma excelente relação. Mas haveria de ser chamado a cumprir serviço militar, em 1912. Domiciliou-se em Lisboa, terra de outras oportunidades, onde esperava conseguir dar azo ao seu grande objectivo profissional de vida. Depois de muito procurar conseguiu entrar para a Fábrica Portugal, de modo a poder dar-se como iniciado no fabrico de mobiliário metálico. Cedo deu nas vistas pela forma abnegada e perfeita como trabalhava os materiais e, passado apenas três meses já estava a ser transferido para a conceituada firma Silva & Silva.

No entanto, novo revés. Eclode, em 1914, a I Guerra Mundial e Adelino Dias Costa foi recrutado para prestar serviço nas colónias portuguesas, tendo sido distinguido pelos bons trabalhos efectuados na instituição castrense.

Só quatro anos depois surgiu a paz. O seu exemplar comportamento militar, os vários louvores recebidos e o grau de sargento miliciano faziam crer que o caminho de Adelino Dias Costa pudesse ser a carreira militar. Puro engano. O seu sonho de industrial continua bem vivo. Voltou a Lisboa para recomeçar a sua carreira de artífice na mesma firma, onde deixara grande cartel. Com a experiência começa a criar peças revolucionárias para a época e, em 1920 dá por terminada a sua fase de aprendizagem. Montou uma pequena oficina em Lisboa, onde trabalhou horas sobre horas, o que viria a debilitar o seu estado de saúde. Numa deslocação ao Porto, começou a estudar como se trabahava o fabrico de móveis metálicos no Norte do País. Gostou do que viu e decidiu lançar-se na sua terra, Avanca, uma fábrica desta indústria: nasce assim a Adico.


Referências

  1. ADICO 1930.
  2. Capitão 2015.
  3. «A Cadeira Portuguesa». Design de Interiores, Arquitectura e Decoração | MOYO Concept. Consultado em 23 de fevereiro de 2021 
  4. «Cadeira empilhável de polipropileno para jardim com braços A PORTUGUESA By Adico». Archiproducts. Consultado em 23 de fevereiro de 2021