Mostrar código-fonte de Café

{{Ver desambig|outros significados|Café (desambiguação)}}
{{mais notas|data=junho de 2020}}
{{Info/Bebida/Wikidata|legenda={{Big|Uma [[xícara]] com café}}.}}
O '''café''' é uma [[bebida]] produzida a partir dos grãos torrados do [[fruto]] do [[cafeeiro]]. É servido tradicionalmente quente, mas também pode ser consumido gelado. O café é um [[estimulante]], por possuir [[cafeína]] — geralmente 80 a 140&nbsp;mg para cada 207 ml dependendo do método de preparação.<ref>Erowid. [http://www.erowid.org/chemicals/caffeine/caffeine_info1.shtml Caffeine Content of Beverages, Foods, & Medications.] {{en}} Acessado em 7 de novembro de 2006.</ref> Estudos têm mostrado que pessoas que bebem quatro xícaras de café por dia têm um menor risco de morrer de um [[ataque cardíaco]].<ref>{{Citar periódico|ultimo=Saey|primeiro=Tina Hesman|data=2018-06-21|titulo=Here’s how drinking coffee could protect your heart|url=https://www.sciencenews.org/article/how-drinking-coffee-could-protect-your-heart?tgt=nr|jornal=Science News|lingua=en}}</ref> Dia 13/04 é dia mundial do café.<ref>{{Citar web|url=https://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2022/04/13/dia-mundial-do-cafe-13-fatos-que-talvez-voce-desconheca-sobre-essa-bebida.ghtml|titulo=Dia Mundial do Café: 13 fatos que talvez você desconheça sobre essa bebida|acessodata=2022-04-14|website=G1|lingua=pt-br}}</ref> Em alguns períodos da [[década de 1980]], o café era a segunda [[mercadoria]] mais negociada no mundo por valor monetário, atrás apenas do [[petróleo]].<ref>Portillo, L. (1993) "El Convenio Internacional del Café y la crisis del mercado". Comercio Exterior 43: 378-391. {{es}}</ref> Este dado estatístico ainda é amplamente citado, mas tem sido impreciso por cerca de duas décadas, devido à queda do preço do café durante a crise do produto na década de 1990, reduzindo o valor total de suas exportações. Em 2003, o café foi o sétimo produto agrícola de exportação mais importante em termos de valor, atrás de culturas como [[trigo]], [[milho]] e [[soja]].<ref>{{Citar web |url=http://faostat.fao.org/ |título=FAOSTAT Agriculture Data. Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação. |língua=en |obra= |data= |acessodata=31 de outubro de 2005 }}</ref> [[Minas Gerais]] é o estado com maior produção de café do [[Brasil]]<ref>{{citar web|url=https://web.archive.org/web/20131014033718/http://www.agricultura.mg.gov.br/noticias/156|título=Minas segue líder na produção de café|acessodata=13 de janeiro de 2012|autor=Portal Minas|data=|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref> (26,6 milhões de sacas),<ref name="Expo">{{citar web|url=https://web.archive.org/web/20141221134655/http://expocafe.com.br/cafe_em_numeros.pdf|título=Café em números|autor=Adm. do sítio web|data=2014|publicado=Secretaria de Agricultura Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais|acessodata=1 de agosto de 2014|ultimo=|primeiro=}}</ref> o que corresponde a mais de 50% da produção nacional do produto e 17% da produção mundial.<ref name="Expo" />

O município de [[Patrocínio]], em Minas Gerais, saltou três posições e assumiu a liderança no ranking de produtores do grão. Em 2012, a [[safra]] de café atingiu 64.789 mil toneladas naquele município (2,1% do total nacional). As informações são da Pesquisa Agrícola Municipal (PAM), divulgada&nbsp;pelo [[Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística]] (IBGE).

Na comparação por espécie, o município de Patrocínio (MG) é o líder em [[Coffea arabica|café arábica]]. No [[Coffea canephora|café robusta]] ou conilon, o topo da lista é puxado por [[Jaguaré]]. Ambos os municípios dedicam 100% da produção a cada uma dessas espécies.

Do total, o café arábica corresponde à 67% e o conilon à 33% em 2021.<ref>{{Citar web|url=https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/71086048/cafe-arabica-corresponde-a-67-e-cafe-conilon-a-33-da-producao-dos-cafes-do-brasil-em-2022|titulo=Café arábica corresponde a 67% e café conilon a 33% da produção dos Cafés do Brasil em 2022|acessodata=2022-09-08|website=www.embrapa.br|lingua=pt-BR}}</ref> Neste ano, o volume total de café produzido foi 47,7 milhões de sacas segundo a [[Companhia Nacional de Abastecimento]] (Conab). O resultado está abaixo do que foi colhido em 2020, quando a safra recorde foi 63,08 milhões de sacas de 60 kg.<ref>{{Citar web|url=https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2022-05/safra-de-cafe-2022-pode-chegar-534-milhoes-de-sacas|titulo=Safra de café 2022 pode chegar a 53,4 milhões de sacas|data=2022-05-19|acessodata=2022-09-08|website=Agência Brasil|lingua=pt-br}}</ref>

== História ==

{{artigo principal|História do café}}

O café é originário das terras altas da [[Etiópia]], em um local chamado Kaffa. Porém, a palavra "café" não é originária de Kaffa, e sim da palavra árabe ''qahwa'', que significa "vinho" (قهوة).<ref name="História_do_café">{{citar web|url=https://web.archive.org/web/20100703151155/http://www.pilao.com.br/br/Retail/CafesNoMundo/AHistoriaDoCaf%C3%A9/|titulo=A história do café|publicado=Café Pilão|data=2008|acessodata=30 de setembro de 2008|ultimo=|primeiro=}}</ref> Por esse motivo, o café era conhecido como "vinho da Arábia" quando chegou à Europa no [[Século XIV]].<ref name=":0">{{Citar web|titulo=Páginas de Experiência do Café - A História do Café|url=https://web.archive.org/web/20120401120040/http://www.starbucks.com.br/pt-br/_Worlds+Best+Coffee/_Coffee+Experience/|obra=web.archive.org|data=2012-04-01|acessodata=2020-07-16}}</ref><ref>Esat Ayyıldız. [https://ia801502.us.archive.org/27/items/kahve_202201/Kahve%20S%C3%B6zc%C3%BC%C4%9F%C3%BCn%C3%BCn%20Etimolojisi%20ve%20Arap%20Literat%C3%BCr%C3%BCndeki%20Yans%C4%B1malar%C4%B1.pdf “Kahve Sözcüğünün Etimolojisi ve Arap Literatüründeki Yansımaları”]. ''International Anatolian Conference on Coffee & Cocoa: Full Text Book''. ed. Sinem Karakundakoglu. Malatya: IKSAD Global Publishing House, 2021. p.61-68.</ref>

Uma [[lenda]] conta que um [[pastor]] chamado Kaldi observou que seus carneiros ficavam saltitantes e conseguiam percorrer longas distâncias ao comer as folhas e frutos do cafeeiro. Ele experimentou os frutos e sentiu maior vivacidade. Um monge da região, informado sobre o fato, começou a utilizar uma infusão de frutos para resistir ao sono enquanto orava <ref name="História_do_café" /><ref name=":0" /><ref>{{citar web |url= http://www.mexidodeideias.com.br/index.php/mundo-do-cafe/origens-do-cafe/ |título=Origens do Café |acessodata=13 de janeiro de 2012 |autor=Mexido de Ideias}}</ref> (''ver: [[Chá de folha de café]]'').

Parece que as tribos africanas, que conheciam o café desde a [[Antiguidade]], moíam seus [[Cereal|grãos]] e faziam uma pasta utilizada para alimentar os animais e aumentar as forças dos guerreiros.<sup>[carece de fontes]</sup>

Seu [[cultivo]] se estendeu primeiro na [[Arábia]], onde os manuscritos mais antigos mencionando a cultura do café datam de 575 no [[Iêmen]]. Até então, era comum o consumo da fruta ''[[in natura]]''.<ref name=":0" />

O conhecimento dos efeitos do café disseminaram-se e no século XVI o café foi levado a [[península arábica]], sendo torrado para se transformar em bebida pela primeira vez na [[Pérsia]].<ref name=":0" /><ref>{{citar web |url= http://www.clinicabitellirigazzi.com/website/index.php?option=com_content&view=article&id=26:vai-um-cafezinho-ai-&catid=21:nutricao&Itemid=54 |título=Vai um cafezinho aí? |acessodata=13 de janeiro de 2012 |autor=Clínica |data= |obra= |publicado= }}</ref>

Na [[Arábia]], a infusão do café recebeu o nome de ''kahwah'' ou ''cahue'' (ou ainda ''qah'wa'', do original em [[língua árabe|árabe]] قهوة). Enquanto na [[língua turco otomana]] era conhecido como ''kahve'', cujo significado original também era "vinho". A classificação ''[[Coffea arabica]]'' foi dada pelo naturalista [[Lineu]]. <!-- remoção de sentença: "força" em árabe está mais próximo de qúwwa (قوة) que kahwah (قهوة) -->

O café, no entanto, teve inimigos mesmo entre os árabes, que consideravam suas propriedades contrárias às leis do profeta [[Maomé]]. No entanto, logo o café venceu essas resistências e até os doutores muçulmanos aderiram à bebida para favorecer a [[digestão]], alegrar o espírito e afastar o [[sono]], segundo os escritores da época.
{{clr}}
{| class="wikitable"
|[[imagem:Canephora.jpg|x170px]]
|[[Imagem:Unroasted coffee.jpg|x170px]]
|[[Imagem:Roasted coffee beans.jpg|x170px]]
|-
|Grãos de café Conilon (Robusta).
|Grãos de café Arábica.
|Grãos de café Arábica torrados.
|}{{clr}}

=== Na Ásia, África e América: ===

[[Imagem:CoffeePalestineStereo.jpg|thumb|direita|250px|Café na [[Palestina (região)|Palestina]] em 1900. Imagem estereoscópica de Keystone View Company]]

Em 1475, surgiu em [[Constantinopla]] a primeira loja de café, [[produto (indústria)|produto]] que para se espalhar pelo mundo se beneficiou, primeiro, da expansão do [[Islão|Islã]] e, em uma segunda fase, do desenvolvimento dos [[negócio]]s proporcionado pelos [[Descobrimentos portugueses|descobrimentos]].

Por volta de 1570, o café foi introduzido em [[Veneza]], [[Itália]], mas a bebida, considerada maometana, era proibida aos [[cristãos]] e somente foi liberada após o [[papa Clemente VIII]] provar o café.

Na [[Inglaterra]], em 1652, foi aberta a primeira casa de café da [[Europa ocidental]], seguindo-se a [[Itália]] dois anos depois. Em 1672, coube a [[Paris]] inaugurar a sua primeira casa de café. Foi precisamente na [[França]] que, pela primeira vez, se adicionou [[açúcar]] ao café, o que aconteceu durante o reinado de [[Luís XIV]], a quem haviam oferecido um cafeeiro em 1713.

Na sua peregrinação pelo mundo o café chegou a [[Java (ilha)|Java]], alcançando posteriormente os [[Países Baixos]] e, graças ao dinamismo do comércio marítimo holandês executado pela [[Companhia das Índias Ocidentais]], o café foi introduzido no [[Novo Mundo]], espalhando-se nas [[Guiana]]s, [[Martinica]], [[Ilha de São Domingos|São Domingos]], [[Porto Rico]] e [[Cuba]]. [[Gabriel Mathien de Clieu]], oficial francês, foi quem trouxe para a América os primeiros grãos.

Ingleses e portugueses tentaram a sua sorte nas zonas tropicais da [[Ásia]] e da [[África]].

=== Lavouras de café no Brasil ===

{{Artigo principal|Produção de café no Brasil|Ciclo do café}}
{{AP|vt=s|História da alimentação no Brasil}}

[[Imagem:Coffee grains and hand.jpg|200px|miniaturadaimagem|direita|Colheita do grão de café]]

Em 1727, o sargento-mor [[Francisco de Melo Palheta]], a pedido do governador do [[Estado do Grão-Pará]], lançou-se numa missão para conseguir mudas de café, produto que já tinha grande valor comercial. Para isso, fez uma viagem à [[Guiana Francesa]] e lá se aproximou da esposa do governador da capital [[Caiena]]. Conquistada sua confiança, conseguiu dela uma muda de [[Coffea arabica|café-arábico]], que foi trazida clandestinamente para o Brasil.

Das primeiras plantações na [[Região Norte do Brasil|Região Norte]], mais especificamente em [[Belém (Pará)|Belém]], as mudas foram usadas para plantios no [[Maranhão]] e na [[Bahia]], na [[Região Nordeste do Brasil|Região Nordeste]].<ref name="História_do_café_no_Brasil">{{citar web | url = http://www.abic.com.br/scafe_historia.html | titulo = O café no Brasil, in A história do café. |data= 2008 | publicado = ABIC (Associação Brasileira da Indústria do Café) |acessodata= 9 de outubro de 2008 }}</ref>[[Imagem:Faz São Luiz - Macuco - 050507 REFON 14.JPG|220px|thumb|esquerda|Fazenda típica de café, vista do terreiro de secagem do café ao fundo instalações - [[Avaré]]]]

As condições climáticas não eram as melhores nessa primeira escolha e, entre 1800 e 1850, tentou-se o cultivo noutras regiões: o desembargador [[João Alberto Castelo Branco]] trouxe mudas do Pará para a [[Região Sudeste do Brasil|Região Sudeste]] e as cultivou no [[Rio de Janeiro (estado)|Rio de Janeiro]], local onde o sucesso foi total. O negócio do café começou, assim, a desenvolver-se de tal forma que se tornou a mais importante fonte de receitas do Brasil e de divisas externas durante muitas décadas a partir da década de 1850. Em 1860, por exemplo, o Brasil correspondia a 60% da [[produção]] mundial de café, e o Rio de Janeiro correspondia a 90% da produção brasileira. O sucesso da produção cafeeira no Rio foi tão grande que derrubou os preços do café no mundo inteiro, popularizando a bebida, até então considerado um artigo de luxo. No final do Império, devido ao esgotamento do solo no sul do Rio de Janeiro ([[Vale do Paraíba]] fluminense), a produção cafeeira se deslocou para o norte do Estado do Rio (para os municípios de [[Itaperuna]] e [[Cantagalo (Rio de Janeiro)|Cantagalo]]) e, especialmente, para São Paulo e para a [[Zona da Mata mineira]]. Assim, no início do século XX, a produção paulista e mineira acabam por superar a produção cafeeira do Rio de Janeiro, embora Itaperuna permaneça como o maior produtor de café do Brasil ao longo de toda a 1ª República.<ref>{{citar livro|titulo=O Rio de Todos os Brasis|ultimo=Lessa|primeiro=Carlos|editora=Record|ano=2000|local=Rio de Janeiro|paginas=101-124|acessodata=}}</ref>[[Imagem:Sacos de café, Casa do Bandeirante 2.JPG|miniaturadaimagem|Café em sacos]]
O sucesso da [[lavoura]] cafeeira em São Paulo, durante a primeira parte do século XX, fez com que o Estado se tornasse um dos mais ricos do país, permitindo que vários fazendeiros indicassem ou se tornassem [[presidente]]s do Brasil (política conhecida como ''[[Política do café com leite|café com leite]]'', por se alternarem na presidência paulistas e mineiros), até que se enfraqueceram politicamente com a [[Revolução de 1930]].

O café era escoado das fazendas depois de secados nos terreiros de café, no interior do estado de São Paulo, até as estações de trem, onde eram armazenados em sacas, nos armazéns das ferrovias, e, depois embarcado nos trens e enviado ao [[Porto de Santos]], através de ferrovias, principalmente pela inglesa [[São Paulo Railway]].

==== O fim do tráfico de escravos e seus efeitos ====

{{AP|Tráfico de escravos para o Brasil}}
{{AP|vt=s|Escravidão no Brasil|Pós-abolição no Brasil}}

O [[tráfico negreiro]] era um dos negócios mais lucrativos da economia brasileira e movimentava muito dinheiro. Com sua proibição, os [[Capital (economia)|capitais]] antes aplicados na compra de [[escravo]]s foram deslocados para outras atividades. Ocorreu assim um incremento das [[indústria]]s, das [[ferrovia]]s, dos [[telégrafo]]s e da [[navegação]]. Junto com o café, o fim do tráfico proporcionou o início da modernização brasileira.<ref>{{citar web |url=http://educacao.uol.com.br/historia-brasil/abolicao-da-escravatura-brasil-demorou-a-acabar-com-o-trabalho-escravo.jhtm |título=Abolição da escravatura - História |acessodata=13 de janeiro de 2012 |autor=UOL Educação}}</ref>

Reagindo aos efeitos da extinção do tráfico negreiro, os cafeicultores recorreram ao tráfico interprovincial e desenvolveram uma política de atração de imigrantes europeus para suas lavouras. As lavouras decadentes da [[cana-de-açúcar]] no Nordeste ampliaram a venda de escravos para as lavouras do Centro-Sul, que se transformaram na principal região escravista do país. Porém, o trabalho dos imigrantes só ganharia peso na década de 1880, quando os cafeicultores já não conseguiam segurar os escravos nas fazendas, devido à força da [[Abolicionismo no Brasil|campanha abolicionista brasileira]] (''ver: [[Pós-abolição no Brasil]]'').
[[Ficheiro:Bolsa Oficial do Café, Santos 2018 044.jpg|alt=Bolsa Oficial do Café, Santos, São Paulo, Brasil|miniaturadaimagem|Bolsa Oficial do Café (atual Museu do Café), Santos, São Paulo, Brasil]]

==== O café e a geada ====

[[Imagem:Coffee Plantation.jpg|thumb|direita|400px|Plantação próxima da cidade de [[São João do Manhuaçu]] - [[Minas Gerais]] - Brasil]]

O café foi plantado no oeste do estado de [[São Paulo (estado)|São Paulo]], nos lugares mais altos, os espigões, divisores das [[Bacia hidrográfica|bacias dos rios]] que desembocam no [[rio Paraná]], lugares menos propensos à [[geada]]s que as baixadas dos rios. Nestes espigões foram também construídas as [[ferrovia]]s e as cidades do Oeste de São Paulo, longe da [[malária]] que era comum nas proximidades dos rios. O café em São Paulo sofreu sobremaneira com a "grande geada de 1918" e a [[Nevada de 1975 no Paraná|geada de 18 de julho de 1975]], que atingiu também o norte do estado do [[Paraná]], dizimando todos os cafezais das regiões de [[Londrina]] e [[Maringá]].<ref>{{citar web |url=http://www.criareplantar.com.br/agricultura/lerTexto.php?categoria=39&id=609 |título=Agricultura |acessodata=13 de janeiro de 2012 |autor=Criar e Plantar }}</ref>

==== A valorização do café ====

O mais conhecido convênio de estados cafeeiros para obter financiamento externo para estocagem de café em armazéns a fim de diminuir a oferta externa e conseguir preços mais elevados para o mesmo foi o [[Convênio de Taubaté]] de 1906. O pressuposto da retenção de [[estoque]]s de café era a crença de que depois de uma safra boa, a próxima seria uma safra ruim, durante a qual o café estocado no ano anterior seria exportado. A partir da década de 1920, a valorização do café tornou-se permanente, aumentado muito o volume estocado, fazendo os preços se elevarem, atraindo com isso novos países produtores ao [[mercado]] fazendo [[concorrência (economia)|concorrência]] ao Brasil. Com a [[crise de 1929]], a partir do governo de [[Getúlio Vargas]], todos os estoques de café tiveram que ser queimados para os preços subirem. A escolha foi feita de modo a manter o café como um produto destinado às elites. Ou seja, o governo preferiu queimar o café à vendê-lo por um preço mais baixo, o que o tornaria acessível a qualquer cidadão da época. Foram queimados de 1931 a 1943, 72 milhões de sacas, equivalentes a quatro boas safras. A partir de 1944, a oferta de café passou a ser regulada por convênios entre países produtores.<ref>MERGULHÃO, Benedito, ''O General Café e a revolução Branca de 1937'', Irmãos Pongetti Editores, Rio de Janeiro, 1943</ref><ref>MERGULHAO, A Santa Inquisição do Café, Irmãos Pongetti Editores, Rio de Janeiro, 1940</ref>

==== Consumo e produção atual no Brasil ====

[[Imagem:Carte Coffea robusta arabic.svg|thumb|direita|400px|Distribuição geográfica dos diferentes cultivos (r: robusta, m: robusta e arábica e a: arábica)]]

Atualmente o Brasil consome anualmente 20 milhões de sacas de café, o que corresponde a 173 bilhões de xícaras.<ref name=fsp_2013>{{citar web|url=http://www1.folha.uol.com.br/mercado/1217529-industria-nacional-de-cafe-se-arma-para-disputar-mercado-com-estrangeiras.shtml|titulo=Indústria nacional de café se arma para disputar mercado com estrangeiras|autor=Zafalon, Mauro|data=20/01/2013|publicado=Folha de S. Paulo Online|acessodata=20/01/2013}}</ref> Apesar de ser o principal exportador do grão sem valor agregado, o volume de café torrado e moído exportado diminui a cada ano.<ref name=fsp_2013/> Com o aparecimento dos cafés ''blends'', que misturam cafés de várias procedências, o café brasileiro perde [[competitividade]], já que a lei brasileira impede a importação de café verde de outros países.<ref name=fsp_2013/>

Produção dos Cafés do Brasil ocupa 1,82 milhão de hectares em 2022.<ref>{{Citar web|url=https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/68437155/producao-dos-cafes-do-brasil-ocupa-182-milhao-de-hectares-em-2022|titulo=Produção dos Cafés do Brasil ocupa 1,82 milhão de hectares em 2022|acessodata=2022-09-08|website=www.embrapa.br|lingua=pt-BR}}</ref> Em 2020, Minas Gerais era o maior produtor de [[Coffea arabica|café arábica]] do país, com 74% do total nacional (1,9 milhão de toneladas, ou 31,2 milhões de sacas de 60&nbsp;kg). Já o Espírito Santo era o maior produtor de [[Coffea canephora|café conillon]], com participação de 66,3% do total (564,5 mil toneladas, ou 9,4 milhões de sacas de 60&nbsp;kg).<ref>[https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/26537-ibge-preve-safra-recorde-de-graos-em-2020 IBGE prevê safra recorde de grãos em 2020]</ref> Em 2017, Minas respondia por 54,3% da produção nacional total de café (1º lugar), Espírito Santo respondia por 19,7% (segundo lugar) e São Paulo, 9,8% (terceiro lugar).<ref>[https://www.crea-pr.org.br/ws/wp-content/uploads/2018/09/GA_Jacarezinho_0111.pdf A Reivenção da cafeicultura no Paraná]</ref>

=== Na Europa ===

[[Imagem:Café Nicola.jpg|thumb|Café Nicola, em [[Lisboa]]]]

Os estabelecimentos comerciais na [[Europa]] consolidaram o uso da bebida do café, e diversas casas de café ficaram mundialmente conhecidas, como o ''Café Nicola'', em [[Lisboa]], onde se encontravam políticos e escritores, sendo de realçar o poeta [[Manuel Maria Barbosa du Bocage|Bocage]], o ''Virgínia Coffee House'', em [[Londres]], e o ''Café de La Régence'' em Paris, onde se reuniam nomes famosos como [[Jean-Jacques Rousseau|Rousseau]], [[Voltaire]], e [[Diderot]].

O invento da [[cafeteira]], já em finais do [[século XVIII]], por parte do conde de [[Rumford]], deu um grande impulso à proliferação da bebida, ajudada ainda por uma outra cafeteira de 1802, esta da autoria do francês [[Descroisilles]], onde dois recipientes eram separados por um filtro.

Em 1822, uma outra [[invenção]] surge em França, a máquina de [[café expresso]] (''do italiano spremutom ou seja, espremido''), embora ainda não passasse de um [[protótipo]]. Em 1855, foi apresentada em uma exposição, em Paris, uma máquina mais desenvolvida, mas foi em Itália que a aperfeiçoaram.

Assim, coube aos italianos, apenas em 1905, comercializar a primeira máquina de expresso, precisamente no mesmo ano em que foi inventado um processo que permitia "descafeinar" o café. Em 1945, logo após o final da [[Segunda Guerra Mundial]], a Itália continua tendo a primazia sobre os expressos e [[Giovanni Gaggia]] apresenta uma máquina onde a [[água]] passa pelo café depois de pressionada por uma bomba de pistão. O sucesso foi notório.<ref>{{citar web |url=http://www.mundoeducacao.com.br/historiadobrasil/economia-cafeeira.htm |título=Economia Cafeeira |acessodata=13 de janeiro de 2012 |autor=Mundo Educação }}</ref><ref>{{citar web |url=http://escritorio.cotanet.com.br/locacoes-de-maquinas-de-cafe/locacao-de-maquinas-de-cafe-expresso-2 |título=Locação de Máquinas de Café Expresso |acessodata=11 de Julho de 2018 |autor=Cotanet }}</ref>

== A crise de 1929 ==

Com a "quebra" da Bolsa de Valores americana em [[Crise de 1929|1929]], o Brasil teve a primeira grande crise de superprodução do café, tendo que o governo brasileiro promover a queima de estoques para tentar segurar os preços.<ref>{{citar web |url=http://www.suapesquisa.com/pesquisa/crise_1929.htm |título=A Crise de 1929 |acessodata=13 de janeiro de 2012 |autor=Sua Pesquisa }}</ref>

Superada mais essa crise, o Brasil continuou a ser o maior produtor mundial de café, embora nos últimos anos tenha de concorrer com outros países da [[América Latina]] e [[Ásia]], como [[Colômbia]], [[Vietnã]] e [[Indonésia]].

O café é, atualmente, a bebida preparada mais consumida no mundo, sendo servidas cerca de 400 bilhões de [[xícara]]s por ano. O tipo de café mais comum é o arábica, ocupando cerca de três quartos da produção mundial, seguido do robusta ou conilon, que tem o dobro da [[cafeína]] contida no primeiro.

== Valor nutricional ==
{| class="wikitable"
|+ Valor nutricional por cada 100g
|-
| kJ || 2
|-
| Carboidratos || 0
|-
| Gordura || 0,02 g
|-
| Gordura saturada || 0,02 g
|-
| [[Gordura trans]]|| 0 g
|-
| Gordura monoinsaturada || 0,015 g
|-
| Gordura polinsaturada|| 0,001 g
|-
| Água || 99,39 g
|-
| Proteínas || 0,12 g
|-
| Cafeína || 40&nbsp;mg
|-
| Vitamina A || 0&nbsp;ug
|-
| Betacaroteno|| 0&nbsp;ug
|-
| Vitamina B1 || 0,014&nbsp;mg
|-
| Vitamina B2 || 0,076&nbsp;mg
|-
| Vitamina B3 || 0,191&nbsp;mg
|-
| Vitamina B5|| 0,254&nbsp;mg
|-
| Vitamina B6|| 0,001&nbsp;mg
|-
| Vitamina E|| 0,01&nbsp;mg
|-
| Vitamina K|| 0,0001&nbsp;mg
|-
| Cálcio|| 2&nbsp;mg
|-
| Ferro|| 0,01&nbsp;mg
|-
| Magnésio|| 3&nbsp;mg
|-
| Manganês|| 0,023&nbsp;mg
|-
| Fósforo|| 3&nbsp;mg
|-
| Potássio|| 49&nbsp;mg
|-
| Sódio|| 2&nbsp;mg
|-
| Zinco|| 0,02&nbsp;mg
|}
''Fonte: [http://www.nal.usda.gov/fnic/foodcomp/search/ Base de dados de nutrientes (USDA)]''

== Produção ==

{| border="0" cellpadding="4" cellspacing="0" style="border-collapse:collapse; margin-left:1em; margin:auto;"
|-
| colspan="7" style="text-align:center; background:peru;"|
'''Principais produtores'''<br /> (venda em milhares de ton)<br />Fonte: [[Organização Internacional do Café|OIC]]
|- style="background:#eed8ae;"
|| '''Ano''' || colspan="2" style="background:#eed8ae; text-align:center;"|'''1984''' || colspan="2" style="background:#eed8ae; text-align:center;"| '''1994'''|| colspan="2" style="background:#eed8ae; text-align:center;"| '''2004'''
|-
| style="background:#eed8ae;"| {{BRA}} || style="text-align:right; background:#ffedd5;"| 1 284 || style="text-align:right; background:#ffedd5;"| <small> 25%</small> || style="text-align:right; background:#ffedd5;"| 1 692 || style="text-align:right; background:#ffedd5;"| <small> 30%</small>|| style="text-align:right; background:#ffedd5;"| 2 356 || style="text-align:right; background:#ffedd5;"| <small> 35%</small>
|-
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| style="background:#eed8ae;"| {{PNG}} || style="text-align:right; background:#fff7ea;"| 45 || style="text-align:right; background:#fff7ea;"| <small> 1%</small> || style="text-align:right; background:#fff7ea;"| 68 || style="text-align:right; background:#fff7ea;"| <small> 1%</small>|| style="text-align:right; background:#fff7ea;"| 60 || style="text-align:right; background:#fff7ea;"| <small> 1%</small>
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| style="background:#eed8ae;"| {{VEN}} || style="text-align:right; background:#fff7ea;"| 59 || style="text-align:right; background:#fff7ea;"| <small> 1%</small> || style="text-align:right; background:#fff7ea;"| 56 || style="text-align:right; background:#fff7ea;"| <small> 1%</small>|| style="text-align:right; background:#fff7ea;"| 42 || style="text-align:right; background:#fff7ea;"| <small> 1%</small>
|-
| style="background:#eed8ae;"| Outros || style="text-align:right; background:#ffedd5;"| 554 || style="text-align:right; background:#ffedd5;"| <small> 11%</small> || style="text-align:right; background:#ffedd5;"| 397 || style="text-align:right; background:#ffedd5;"| <small> 7%</small>|| style="text-align:right; background:#ffedd5;"| 264 || style="text-align:right; background:#ffedd5;"| <small> 4%</small>
|-
| style="background:#eed8ae;"| '''Total''' || style="text-align:right; background:#eed8ae;"| '''5 039''' || style="text-align:right; background:#eed8ae;"| <small> '''100%'''</small> || style="text-align:right; background:#eed8ae;"| '''5 624''' || style="text-align:right; background:#eed8ae;"| <small> '''100%'''</small> || style="text-align:right; background:#eed9ae;"| '''6 760''' || style="text-align:right; background:#eed8ae;"| <small> 100%</small>
|}

== Consumo ==

Com o cafezinho incluído tradicionalmente na [https://umcafeeumamor.com.br/a-tradicao-do-cafezinho-no-brasil/ cultura brasileira], atualmente o Brasil é o 14º país que mais consome café por habitante do mundo, sendo a [[Finlândia]] o atual líder do ranking com 3 a 4 xícaras de café por dia, o que equivale a aproximadamente 5,8kg ao ano.<ref>{{Citar web|url=https://folhabv.com.br/noticia/CIDADES/Capital/Brasil-e-o-14--pais-que-mais-consome-cafe-no-mundo-/83946|titulo=Brasil é o 14° país que mais consome café no mundo|acessodata=2022-09-08|website=Folha de Boa Vista}}</ref>

Em [[Portugal]] consomem-se 4,7 quilos de café por pessoa por ano, valor abaixo do [[consumo]] médio no resto da Europa - 6,4 quilos por ano.<ref>{{citar web|url=http://sol.sapo.pt/inicio/Economia/Interior.aspx?content_id=103476|título=Portugueses abaixo da média europeia a beber café|data=|publicado=|acessodata=}}</ref>

== Ver também ==
{{div col}}
* [[Barista]]
* [[Cacau]]
* [[Café (semente)]]
* [[Café de mistura]]
* [[Café especial]]
* ''[[Cappuccino]]''
* [[Chá]]
* [[Chocolate]]
* [[Erva-mate]]
{{div col end}}

{{Referências|col=3}}

== Ligações externas ==

{{Correlatos|commons=Category:Coffee|wikisource=|wikiquote=Café|wikilivros=Café|wikinoticias=|wikcionario=café|wikispecies=}}
* {{Link|en|2=http://www.ico.org |3= International Coffee Organization (ICO) |4=- Organização Internacional do Café}}
* {{Link|en|2=http://www.ico.org/countries/brazil.pdf |3= International Coffee Organization (ICO) - Brazil |4=- Estatísticas sobre café no Brasil}}
* {{Link|pt|2=http://www.indexmundi.com/pt/pre%E7os-de-mercado/?mercadoria=caf%C3%A9-ar%C3%A1bica-suave&meses=300 |3=Preços históricos do café arábica}}
* {{Link|pt|2=http://www.indexmundi.com/pt/pre%E7os-de-mercado/?mercadoria=caf%C3%A9-robusta&meses=300 |3=Preços históricos do café robusta}}
* {{Link|pt|2=http://www.abic.com.br |3= ABIC |4=- Associação Brasileira da Indústria de Café}}
* {{Link|pt|2=http://www.ifcmarkets.com/pt/infographics/infographic-coffee-cocoa |3= Café contra Cacau Infográfico}}

{{Café}}{{Commodity}}{{controle de autoridade}}
{{Portal3|Bebidas}}

{{DEFAULTSORT:Cafe}}
[[Categoria:Café| ]]
[[Categoria:Drogas]]