Camada leucoplaquetária

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Componentes do sangue após centrifugação
Sangue humano após separação por centrifugação. O plasma (camada superior), a camada leucoplaquetária (camada branca no meio) e a camada de eritrócitos (células vermelhas) podem ser vistos

A camada leucoplaquetária é a fração de uma amostra de sangue anticoagulado que contém a maioria das células brancas do sangue e plaquetas após a centrifugação.[1]

Descrição[editar | editar código-fonte]

Depois da centrifugação, pode-se distinguir uma camada de líquido claro (o plasma), uma camada de líquido vermelho contendo a maioria das células vermelhas, e uma camada fina no meio. Compondo menos do que 1% do volume total do sangue, a camada leucoplaquetária, contém a maioria das células brancas do sangue e plaquetas.[2][3] A camada leucoplaquetária é usualmente de cor esbranquiçada, mas às vezes é verde se a amostra de sangue contém uma grande quantidade de neutrófilos, que são ricos em mieloperoxidase, de cor verde. A camada abaixo da leucoplaquetária contém granulócitos e células vermelhas do sangue.

A camada leucoplaquetária é comumente utilizada para extração de DNA,[4] com as células brancas fornecendo fontes aproximadamente 10 vezes mais concentradas de células nucleadas.[5] Elas são extraídas do sangue de mamíferos porque as células vermelhas mamíferas do sangue são anucleadas e não contêm DNA. O protocolo comum é armazenar espécimes de camada leucoplaquetária para futura isolação de DNA e esses podem permanecer em armazém congelado por muitos anos.[6]

Usos diagnósticos[editar | editar código-fonte]

Camada leucoplaquetária quantitativa (CLQ), baseada na estratificação centrífuga de componentes do sangue é um teste laboratorial para detecção de parasitas de malária, assim como para outros parasitas do sangue.[7]

O sangue é apanhado em um tubo capilar de CLQ que é revestido com laranja de acridina (um corante fluorescente) e centrifugado; os eritrócitos parasitados fluorescentes se concentram em uma camada que pode então ser observada por um microscópio de fluorescência,[7] sob luz ultravioleta na interface entre as células vermelhas e a camada leucoplaquetária. Esse teste é mais sensível do que o esfregaço de sangue convencionall e em mais de 90% dos casos a espécie do parasita também ser identificada.[8][9]

Em casos de contagem extremamente baixa de células brancas, pode ser difícil realizar um diferencial manual dos vários tipos de células brancas, e pode ser virtualmente impossível obter um diferencial automatizado. Em casos assim, o analista clínico pode obter uma camada leucoplaquetária, da qual um esfregaço sanguíneo é feito. Esse esfregaço contém um número muito maior de células brancas do sangue do que sangue total.

Veja também[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Cottler-Fox, Michele; Montgomery, Matthew; Theus, John (1 de janeiro de 2009), Treleaven, Jennifer; Barrett, A John, eds., «CHAPTER 24 - Collection and processing of marrow and blood hematopoietic stem cells», ISBN 978-0-443-10147-2, Edinburgh: Churchill Livingstone, Hematopoietic Stem Cell Transplantation in Clinical Practice (em inglês), pp. 249–256, consultado em 9 de agosto de 2022 
  2. Cottler-Fox, Michele; Montgomery, Matthew; Theus, John (1 de janeiro de 2009), Treleaven, Jennifer; Barrett, A John, eds., «CHAPTER 24 - Collection and processing of marrow and blood hematopoietic stem cells», ISBN 978-0-443-10147-2, Edinburgh: Churchill Livingstone, Hematopoietic Stem Cell Transplantation in Clinical Practice (em inglês), pp. 249–256, consultado em 9 de agosto de 2022 
  3. Marieb, Elaine N. (2007). Human Anatomy & Physiology Seventh ed. San Francisco: Pearson Benjamin Cummings. ISBN 978-0-8053-5910-7  Verifique o valor de |url-access=registration (ajuda)
  4. Mychaleckyj, Josyf C; Farber, Emily A; Chmielewski, Jessica; Artale, Jamie; Light, Laney S; Bowden, Donald W; Hou, Xuanlin; Marcovina, Santica M (10 de junho de 2011). «Buffy coat specimens remain viable as a DNA source for highly multiplexed genome-wide genetic tests after long term storage». Journal of Translational Medicine. 9. 91 páginas. ISSN 1479-5876. PMC 3128059Acessível livremente. PMID 21663644. doi:10.1186/1479-5876-9-91 
  5. Fabre, Anne-Lise; Luis, Aurélie; Colotte, Marthe; Tuffet, Sophie; Bonnet, Jacques (30 de novembro de 2017). «High DNA stability in white blood cells and buffy coat lysates stored at ambient temperature under anoxic and anhydrous atmosphere». PLOS ONE. 12 (11): e0188547. Bibcode:2017PLoSO..1288547F. PMC 5708797Acessível livremente. PMID 29190767. doi:10.1371/journal.pone.0188547Acessível livremente 
  6. Gustafson, Sarah; Proper, Jacqueline A.; Bowie, E. J. Walter; Sommer, Steve S. (1 de setembro de 1987). «Parameters affecting the yield of DNA from human blood». Analytical Biochemistry (em inglês). 165 (2): 294–299. ISSN 0003-2697. PMID 3425899. doi:10.1016/0003-2697(87)90272-7 
  7. a b Ahmed, Nishat Hussain; Samantaray, Jyotish Chandra (2014). «Quantitative Buffy Coat Analysis-An Effective Tool for Diagnosing Blood Parasites». Journal of Clinical and Diagnostic Research. 8 (4): DH01. ISSN 2249-782X. PMC 4064892Acessível livremente. PMID 24959448. doi:10.7860/JCDR/2014/7559.4258 
  8. Sherman, Angel (2018). Medical Parasitology. [S.l.]: EDTECH. ISBN 9781839473531 
  9. Kochareka, Manali; Sarkar, Sougat; Dasgupta, Debjani; Aigal, Umesh (outubro de 2012). «A preliminary comparative report of quantitative buffy coat and modified quantitative buffy coat with peripheral blood smear in malaria diagnosis». Pathogens and Global Health. 106 (6): 335–339. PMC 4005131Acessível livremente. PMID 23182137. doi:10.1179/2047773212Y.0000000024