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Coalizão do Povo para Azauade

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Coalizão do Povo para Azauade ou Coalizão para o Povo de Azawad (em francês: Coalition du peuple pour l'Azawad, CPA) é um movimento político e militar tuaregue formado em 2014 durante a Guerra do Mali.

A Coalizão do Povo para Azauade foi formada oficialmente em 18 de março de 2014 em Hassi Labyad, uma localidade desértica a 350 quilômetros a noroeste de Timbuktu, diante de uma assembleia de 700 pessoas.[1][2]

Organização

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O movimento foi fundado por Ibrahim Ag Mohamed Assaleh, um antigo alto oficial do Movimento Nacional de Libertação do Azauade (MNLA). Reivindica igualmente a adesão de membros do MNLA, do Alto Conselho para a Unidade de Azauade (HCUA) e do Movimento Árabe de Azauade (MAA).[1] No verão de 2014, a Coalizão do Povo para Azauade aderiu à Coordenação dos Movimentos de Azauade (CMA).[3]

Em 21 de maio de 2015, Ibrahim Ag Mohamed Assaleh é excluído da Coalizão do Povo para Azauade. O movimento afirma em um comunicado que: "Esta decisão segue a sua insistência em não aderir ao compromisso das populações civis e militares militantes da Coalizão do Povo para Azauade que expressaram solenemente desde 15 de maio de 2015, assinando o Acordo de Paz e Reconciliação no Mali". O secretário-geral do movimento será então Mohamed Ousmane Ag Mohamedoun.[4][5][6]

Um congresso é realizado entre 30 de julho a 1 de agosto de 2016 em Soumpi, no qual Mohamed Ousmane Ag Mohamedoun e Ibrahim Ag Mohamed Assaleh assinam um acordo. No final do congresso, Mohamed Ousmane é aclamado como secretário-geral da Coalizão do Povo para Azauade.[7]

Em 20 de novembro de 2016, Ibrahim Ag Mohamed Assaleh anuncia a dissolução da Coalizão do Povo para Azauade e sua adesão ao MNLA. No entanto, essas declarações são contestadas por Mohamed Ousmane Ag Mohamedoun, que afirma que Ibrahim Ag Mohamed Assaleh não representa mais o movimento.[7]

Em 11 de novembro de 2017, Coalizão do Povo para Azauade funda com outros grupos a Coordenação dos Movimentos da Entente (CME)[8][9].

No início de março de 2014, Ibrahim Ag Mohamed Assaleh reivindica possuir até 8.000 combatentes.[10] Uma estimativa possivelmente muito exagerada.[2] No início de 2016, durante o estabelecimento do acantonamento dos combatentes no âmbito do Acordo de Argel, a Coalizão do Povo para Azauade declara possuir 1.700 homens, no entanto, em um relatório redigido em março de 2016, a MINUSMA estima que o grupo na realidade compute 500 homens.[11]

Um relatório da ONU datado de 8 de agosto de 2018 acusa Alkassoum Ag Abdoulaye, chefe do Estado maior da Coalizão do Povo para Azauade, de cooperar com grupos jihadistas, especialmente durante o ataque a Soumpi, por razões oportunistas, seu principal objetivo seria recuperar armas e munições.[12] Mohamed Ousmane Ag Mohamedoune também é acusado de "contribuir ativamente para retardar a implementação da paz e a reconciliação nas regiões de Timbuktu e Gao."[13]

Em 20 de dezembro de 2018, o Conselho de Segurança da ONU adota sanções contra o secretário geral Mohamed Ousmane Ag Mohamedoun, que é proibido viajar por sua obstrução ao acordo de paz de 2015.[14][15]

Referências

  1. a b Benjamin Roger, Mali : Ibrahim Ag Mohamed Assaleh créé la Coalition du peuple pour l’Azawad (CPA), Jeune Afrique, 19 de março de 2014.
  2. a b Steven Jambot, Nord-Mali : Ibrahim Ag Mohamed Assaleh crée un mouvement dissident du MNLA, France 24, 19 de março de 2014.
  3. Mali: signature de l'accord de paix, sans les principaux groupes rebelles, RFI, 15 de maio de 2015.
  4. Communiqué d’exclusion d’Ibrahim Ag Mohamed Assaleh de la CPA, 21 de maio de 2015.
  5. Bamako: Les enfants d’un responsable de groupe armé enlevés, Maliweb, 2 de outubro de 2016.
  6. Mali: deux enfants d'un responsable touareg enlevés à Bamako, RFI, 4 de outubro de 2016.
  7. a b Bakary Sogodogo, Mali : «Dissolution» de la coalition du peuple pour l’Azawad : La CPA nie toute légitimité à Assaleh, Le Prétoire, 23 de setembro de 2016.
  8. Mali : création de la CME pour l'inclusivité dans l'Accord pour la paix, Studio Tamani, 12 de novembro de 2017.
  9. Coordination des Mouvements de l’Entente (MSA, CPA, FPA, CJA, MPSA) : Déclaration du premier congrès ordinaire, Kibaru, 11 de maio de 2018.
  10. Benjamin Roger, Mali – Ag Mohamed Assaleh : « J’annonce haut et fort ma dissidence du MNLA », Jeune Afrique, 10 de março de 2014.
  11. Baba Ahmed, Mali : le business du cantonnement ?, Jeune Afrique, 29 de abril de 2016.
  12. Morgane Le Cam, Au Mali, des signataires de l’accord de paix accusés de terrorisme, Le Monde, 28 de agosto de 2018.
  13. Aïssatou Diallo et Matthieu Millecamps, Rapport de l’ONU sur le Mali : ceux qui font obstacle à la paix, Jeune Afrique, 30 de agosto de 2018.
  14. Accord de paix: premières sanctions de l'ONU contre des Maliens, Le Figaro avec AFP, 20 de dezembro de 2018.
  15. Baba Ahmed et Mohamed Salaha, Mohamed Ousmane Ag Mohamedoun: «il faut que les gens comprennent que nous ne pouvons pas engager nos communautés comme des chair à canons», Nord Sud Journal, 24 de dezembro de 2018.