Mostrar código-fonte de Cryptomycota

{{Short description|Clade of microscopic fungi}}
{{taxobox
| name=Cryptomycota<br>Rozellomyceta
| image = Rozella allomycis2.jpg
| image_caption = ''[[Rozella]] allomycis'' a parasitar um quitrídio ''[[Allomyces]]'' sp.
| domain = [[Eukaryota]]
| unranked_superregnum = [[Opisthokonta]]
| unranked_regnum = [[Holomycota]]
| regnum = [[Fungi]]
| phylum = [[Rozellomycota]]
| classis = '''Rozellidea'''
| ordo = '''Rozellida'''
| ordo_authority = Cavalier-Smith 2013
| familia = 
| subdivision_ranks = Géneros
| subdivision =
* ''[[Mitosporidium]]''
* ''[[Morellospora]]''
* ''[[Nucleophaga]]''
* ''[[Paramicrosporidium]]''
* ''[[Rozella]]''
| synonyms =
* Cryptomycota <small>Jones & Richards 2011 em. Karpov & Aleoshin 2014</small>
* [[Rozellida]] <small>Lara et al. 2010 non Cavalier-Smith 2013</small>
* [[Rozellosporidia]] <small>Karpov 2017</small>
* [[Rozellomycotina]] <small>Tedersoo et al. 2018</small>
}}
'''Cryptomycota''' ([[grego clássico|grego]]: ''crypto'', 'escondido' e ''mycota'', 'fungo'), também conhecido por '''Rozellida''' e '''Rozellomycota''', é um [[clado]] que corresponde a um [[grupo basal]] de [[fungos]] que se postula ser o [[grupo irmão]] de todos os outros membros do [[reino Fungi]].
==Descrição==
Os Cryptomycota ('fungos escondidos') são um [[clado]] de microrganismos que são [[fungos]] ou um [[grupo irmão]] dos fungos. Diferem dos fungos clássicos por não possuírem paredes celulares [[quitinosas]] em qualquer estágio [[trófico]] do seu [[ciclo de vida]], conforme comprovado por um estudo abrangente realizado em 2011.<ref name="Jones 2011a"/><ref name="Jones 2011"/>

Nesse estudo, e em contraste com os restantes fungos, nos Cryptomycota não foi detectada a presença de [[quitina]] e [[celulose]] nas [[parede celular|paredes celulares]]. Apesar de seus hábitos alimentares não convencionais, a presença de quitina foi observada na camada interna de [[Esporo de repouso|esporos de repouso]] e em esporos de repouso imaturos de algumas espécies de ''[[Rozella]]'', conforme indicado pelo teste do branco de [[calcoflúor]], bem como a presença de um gene da [[quitinossintase]] específico para fungos.<ref name="James 2012"/>

Rozellida foram detectados pela primeira vez como [[sequência de DNA]] recuperadas de laboratório de estudo de ecologia de água doce. A análise [[filogenética]] dessas sequências formou um único clado terminal de afiliação, então desconhecida, que foi provisoriamente designaod após o primeiro clone no clado: ''LKM11''.<ref name="van Hannen 1999"/>

O único género formalmente descrito no clado é ''[[Rozella]]'', que anteriormente era considerado um [[quitrídio]]. A existência de organismos relacionados era apenas conhecida a partir de sequências de [[DNA ambiental]].<ref name="Lara 2010"/>

Outros membros do grupo foram isolados em 2011 por uma equipa liderada por Thomas Richards, do [[Museu de História Natural, Londres|Museu de História Natural de Londres]], e também um geneticista evolutivo da [[Universidade de Exeter]]. A equipa usou técnicas de [[DNA]] para revelar a existência de material genético desconhecido retirado do lago da universidade. Uma vez que apresentavam algumas sequências desconhecidas, marcaram com [[fluorescência]] pequenas sequências de DNA deixaram que se ligassem ao DNA correspondente em toda a amostra ([[hibridização in situ fluorescente]]). Sob [[microscopia de fluorescência]], puderam ver que as células eram [[ovoide]]s e tinham 3–5 [[micrómetro]]s de diâmetro. A partir daí puderam estabelecer que o grupo de organismos estava presente em outras amostras retiradas de outros ambientes de água doce, solos e sedimentos marinhos.<ref name="Turner 2011"/><ref name="Ghosh 2011"/>

As células das espécies entretanto identificadas têm 3 a 5 µm de comprimento, com forma ovaloide. Quando são [[zoósporo]]s móveis apresentam um [[Flagelo eucariota|flagelo]], mas ocorrem também como células sem flagelo ligadas a outras células, como [[diatomáceas]]. Também foram detetadas como formas livres na fase de [[cisto (biologia)|cistos]]. Exatamente como essas formas estão relacionadas entre si no [[ciclo de vida]] e se existem outras formas é atualmente desconhecido.<ref name="disc" />

A característica comum dos membros do clado é não apresentarem paredes celulares quitinosas, característica presente em quase todos os fungos previamente descobertos (incluindo os [[microsporídios]]) e que é uma das principais características do reino. Sem a quitina, os criptomicotas podem ser parasitas [[fagotrófico]]s que se alimentam ligando-se, engolfando ou vivendo dentro de outras células. A maioria dos fungos conhecidos alimenta-se por [[osmotrofia]], absorvendo nutrientes de fora da célula.<ref name="Turner 2011"/>

== Taxonomia e sistemática ==
O grupo foi identificado usando [[Sequenciação de ADN|análise de sequência]] do [[DNA ribossomal]]. O único [[género (biologia)|género]] descrito dentro do Cryptomycota é o fungo parasita ''[[Rozella]]''. Como outros Cryptomycota ainda não foram [[cultura de células|cultivados]] em laboratório, todo o conhecimento sobre o grupo vem da análise de amostras obtidas da natureza. Sequências de DNA atribuídas a Cryptomycota foram encontradas em amostras aquosas de uma variedade de fontes, incluindo sedimentos marinhos, água doce, fontes sulfurosas e [[solo]].<ref name="disc" />

Uma publicação de 2012 propõe a extinção do grupo. No novo arranjo taxonómico, o género ''[[Rozella]]'' é integrado no agrupamento [[Nucletmycea]] e não deve ser classificado como fungo.<ref name="adl12" />
==Taxonomia e filogenia==
[[File:Holomycota.jpg|thumb|400px|Posição filogenética dos Cryptomycota.]]
Uma possível [[árvore filogenética]] para os Cryptomycota (ou Rozellomyceta) é a seguinte:<ref name="Wijayawardene_2020">{{Cite journal |display-authors=6 |vauthors=Wijayawardene NN, Hyde KD, Al-Ani LK, Tedersoo L, Haelewaters D, Rajeshkumar KC, Zhao RL, Aptroot A, Leontyev DV, Saxena RK, Tokarev YS, Dai DQ, Letcher PM, Stephenson SL, Ertz D, Lumbsch HT, Kukwa M, Issi IV, Madrid H, Phillips AJ, Selbmann L, Pfliegler WP, Horváth E, Bensch K, Kirk PM, Kolaříková K, Raja HA, Radek R, Papp V, Dima B, Ma J, Malosso E, Takamatsu S, Rambold G, Gannibal PB, Triebel D, Gautam AK, Avasthi S, Suetrong S, Timdal E, Fryar SC, Delgado G, Réblová M, Doilom M, Dolatabadi S, Pawłowska J, Humber RA, Kodsueb R, Sánchez-Castro I, Goto BT, Silva DK, de Souza FA, Oehl F, da Silva GA, Silva IR, Błaszkowski J, Jobim K, Maia LC, Barbosa FR, Fiuza PO, Divakar PK, Shenoy BD, Castañeda-Ruiz RF, Somrithipol S, Lateef AA, Karunarathna SC, Tibpromma S, Mortimer PE, Wanasinghe DN, Phookamsak R, Xu J, Wang Y, Tian F, Alvarado P, Li DW, Kušan I, Matočec N, Maharachchikumbura SS, Papizadeh M, Heredia G, Wartchow F, Bakhshi M, Boehm E, Youssef N, Hustad VP, Lawrey JD, Santiago AL, Bezerra JD, Souza-Motta CM, Firmino AL, Tian Q, Houbraken J, Hongsanan S, Tanaka K, Dissanayake AJ, Monteiro JS, Grossart HP, Suija A, Weerakoon G, Etayo J, Tsurykau A, Vázquez V, Mungai P, Damm U, Li QR, Zhang H, Boonmee S, Lu YZ, Becerra AG, Kendrick B, Brearley FQ, Motiejūnaitė J, Sharma B, Khare R, Gaikwad S, Wijesundara DS, Tang LZ, He MQ, Flakus A, Rodriguez-Flakus P, Zhurbenko MP, McKenzie EH, Stadler M, Bhat DJ, Liu JK, Raza M, Jeewon R, Nassonova ES, Prieto M, Jayalal RG, Erdoğdu M, Yurkov A, Schnittler M, Shchepin ON, Novozhilov YK, Silva-Filho AG, Liu P, Cavender JC, Kang Y, Mohammad S, Zhang LF, Xu RF, Li YM, Dayarathne MC, Ekanayaka AH, Wen TC, Deng CY, Pereira OL, Navathe S, Hawksworth DL, Fan XL, Dissanayake LS, Kuhnert E, Grossart HP, Thines M |title = Outline of Fungi and fungus-like taxa |journal=Mycosphere |year=2020 |volume=11 |issue=1 |pages=1060–1456 |url=http://www.mycosphere.org/pdf/MYCOSPHERE_11_1_8-1.pdf  |issn=2077-7019 |doi=10.5943/mycosphere/11/1/8 |pmid= |doi-access=free }}</ref>

<center>
{{clade|style=font-size:90%;line-height:100%;width:350px
|label1=[[Fungi]]
|1={{clade
  |1={{clade
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   }}
}}

</center>
* Filo '''Rozellomycota''' <ref>{{Cite journal |author = Karpov|display-authors=etal|title = Morphology, phylogeny and ecology of the aphelids (Aphelidea, Opisthokonta) and proposal for the new superphylum Opisthosporidia |journal = Frontiers in Microbiology | volume = 5| pages = 112| year = 2014 | pmid = 24734027| doi = 10.3389/fmicb.2014.00112 |pmc =3975115 |doi-access=free }}</ref>
** Classe '''Rozellidea''' <small>Cavalier-Smith 2013 s.s.</small>
*** Ordem '''Rozellida''' <small>Cavalier-Smith 2013 s.s.</small>
**** Género ''[[Mitosporidium]]'' <small>Haag et al. 2014</small>
**** Género ''[[Morellospora]]'' <small>Corsaro et al. 2020</small>
**** Género ''[[Nucleophaga]]'' <small>Dangeard 1895</small>
**** Género ''[[Paramicrosporidium]]'' <small>Corsaro et al. 2014</small>
**** Género ''[[Rozella]]'' <small>Cornu 1872</small>

== Referências ==
<references>
<ref name="disc">
{{Literatur |autor=Meredith D. M. Jones, Irene Forn, Catarina Gadelha, Martin J. Egan1, David Bass, Ramon Massana, Thomas A. Richards |título=Discovery of novel intermediate forms redefines the fungal tree of life |periódico=[[Nature]] |ano=2011 |língua=en |url=http://www.imafungus.org/issue/3/07.pdf|formato=PDF|DOI=10.1038/nature09984}}
</ref>
<ref name="adl12">
{{Literatur |autor=Adl, S. M., Simpson, A. G. B., Lane, C. E., Lukeš, J., Bass, D., Bowser, S. S., Brown, M. W., Burki, F., Dunthorn, M., Hampl, V., Heiss, A., Hoppenrath, M., Lara, E., le Gall, L., Lynn, D. H., McManus, H., Mitchell, E. A. D., Mozley-Stanridge, S. E., Parfrey, L. W., Pawlowski, J., Rueckert, S., Shadwick, L., Schoch, C. L., Smirnov, A. and Spiegel, F. W. |título=The Revised Classification of Eukaryotes |periódico=Journal of Eukaryotic Microbiology |volume=59 |número=3 |data=2012-09-28 |página=429–514 |língua=en |DOI=10.1111/j.1550-7408.2012.00644.x}}</ref>

<ref name="Ghosh 2011">{{cite news |author=Ghosh P. |url=https://www.bbc.co.uk/news/mobile/science-environment-13363932 |title='Missing link' fungi found in Devon pond |work=BBC News |date=11 Maio 2011 |access-date=2014-10-31}}</ref>

<ref name="James 2012">{{cite journal |vauthors=James TY, Berbee ML |year=2011 |title=No jacket required—New fungal lineage defies dress code |journal=BioEssays |volume=34 |issue=2 |pages=94–102 |pmid=22131166 |doi=10.1002/bies.201100110 |doi-access=free |s2cid=12406213}}</ref>

<ref name="Jones 2011a">{{cite journal |vauthors=Jones MD, Richards TA, Hawksworth DL, Bass D |title=Validation and justification of the phylum name Cryptomycota phyl. nov. |journal=IMA Fungus |year=2011 |volume=2 |issue=2 |pages=173–7 |doi=10.5598/imafungus.2011.02.02.08 |doi-access=free |pmid=22679602 |pmc=3359815}}</ref>

<ref name="Jones 2011">{{cite journal |vauthors=Jones MD, Forn I, Gadelha C, Egan MJ, Bass D, Massana R, Richards TA |title=Discovery of novel intermediate forms redefines the fungal tree of life |journal=Nature |year=2011 |volume=474 |issue=7350 |pages=200–3 |doi=10.1038/nature09984 |pmid=21562490|s2cid=4412818 }}</ref>

<ref name="Lara 2010">{{cite journal |vauthors=Lara E, Moreira D, López-García P |title=The environmental clade LKM11 and ''Rozella'' form the deepest branching clade of fungi |journal=Protist |volume=161 |issue=1 |pages=116–21 |year=2010 |pmid=19674933 |doi=10.1016/j.protis.2009.06.005|url=http://doc.rero.ch/record/17571/files/Lara_Enrique_-_The_Environmental_Clade_LKM11_and_Rozella_20100319.pdf }}</ref>

<ref name="Turner 2011">{{cite journal |author=Turner M. |title=The evolutionary tree of fungi grows a new branch |journal=Nature News |date=11 Maio 2011 |doi=10.1038/news.2011.285 |doi-access=free}}</ref>

<ref name="van Hannen 1999">{{cite journal |vauthors=van Hannen EJ, Mooij W, van Agterveld MP, Gons HJ, Laanbroek HJ |year=1999 |title=Detritus-dependent development of the microbial community in an experimental system: Qualitative analysis by denaturing gradient gel electrophoresis |journal=Applied and Environmental Microbiology |volume=65 |issue=6 |pages=2478–84 |doi=10.1128/AEM.65.6.2478-2484.1999 |doi-access=free |pmid=10347030 |pmc=91365}}</ref>
</references>

== {{Links}} ==
{{Commonscat|Cryptomycota}}

{{Taxonbar|from=Q1142300}}
{{Fungi}}

[[Categoria:Fungos]]